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Jair Souza Leal _ Artigos de 01 a 05

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01 - A História da humanidade sem história

02 - Atração Fatal
03 - A Globalização da Fé Cristã
04 - Independência ou morte
05 - Aprendendo com a adversidade

 

01 - A História da humanidade sem história

 

            Temos tornado a vida um ciclo interminável de erros, de falhas humanas e de repetições, e isto por não aprendermos com a história, nem atentar para ela. Cada nova geração deveria vir acrescida do saber anterior, vir fortalecida e vacinada contra os erros e falhas dantes cometidas.

Desta forma, é certo que cometeríamos erros novos, mas faríamos também novas descobertas. Em ciclos sucessivos de gerações, haveria desenvolvimento e aperfeiçoamento. Cada nova fase da vida humana deveria ser melhor.

Esta deveria ser uma lógica plausível. Entretanto, não é isto o que se observa. Os mesmos erros cometidos por nossos antepassados, ainda que os mais longínquos, são os erros da modernidade. Os mesmos problemas enfrentados por eles continuam a existir.

As dificuldades e problemas enfrentados pelos mais rudes e primitivos, são os mesmos enfrentados por homens mais civilizados, cultos, nobres e educados. Então não se trata de uma questão cultural ou de civilização.

            Cada nova geração parece ser a primeira a existir, e tudo se reinicia. Quando está começando aprender a viver, chega ao fim e nasce outra, que vai iniciar o processo. É certo que algumas coisas são acrescidas no decorrer da vida, mas geralmente são coisas e fatores externos que mudam muito pouco a humanidade, tome por exemplo a tecnologia, as formas políticas, os costumes, os tabus e tradições, etc., e o homem continua o mesmo.

            Muitas coisas que já foram comprovadas como destruidoras e inerentemente má aos seres humanos, ainda permanecem. A guerra, por exemplo, nunca trouxe benefícios, somente destruição sofrimento e perda às partes envolvidas, e tem sido sempre o meio usado para resolver os conflitos; há milhares de anos atrás ou nos dias atuais. Neste caso, ao que parece, a única coisa que se aperfeiçoa são as armas.

Poderíamos citar milhares de outros exemplos destas fraquezas humanas, que só trazem dor e sofrimento mas que insistem em permanecer a cada nova geração, como ódio, exploração, escravidão, pobreza, miséria, orgulho, infidelidade, corrupção, depravação, vício, mentira, ciúme, cobiça, vingança, enfim. Faça você mesmo uma reflexão sobre cada item citado e descobrirá que nada mudou, senão externamente. Seria o homem o mesmo ontem, hoje e sempre?

            Isto não se aplica somente à humanidade, mas também a nós como indivíduos. Cada ano que passa deveria acrescentar algo às nossas vidas, nos aperfeiçoar e nos tornar melhores, mais justos, nobres, compreensivos, pacientes, virtuosos, prudentes, competentes, sábios, cheios de fé e esperança, e, certamente, deveria nos levar a não cometer os mesmos erros. O fim da vida seria o auge do saber, da perfeição, do amadurecimento.

            Infelizmente, o que observamos ser  real em se tratando da raça humana, o é também em se tratando do indivíduo. Afinal, o que é a raça humana senão o conjunto de indivíduos? Analise a sua própria vida e veja os erros e falhas que tem cometido, descubra o quanto cresceu no decorrer dos anos.

Faça uma comparação entre o seu comportamento e dificuldade com o comportamento e dificuldade de seus pais, avós, bisavós. Certamente que vais descobrir, estarrecido, o quanto terias sido poupado tão somente tivesses ouvido seus conselhos, seguido os seus passos nas virtudes e desviado e evitado nos erros.  Sendo assim, a história aperfeiçoaria a história

            Penso ser esta a razão por que Deus sempre deixou os sinais e marcos como memorial a seu povo, a fim de nunca esquecerem da Sua pessoa nem da Sua atuação na história. Temos no Antigo Testamento o arco-íris; “O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por sinal de haver um pacto entre mim e a terra” (Gênesis 9:13). A circuncisão; “Circuncidar-vos-eis na carne do prepúcio; e isto será por sinal de pacto entre mim e vós” (Gênesis 17:11). O sábado; “Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações como pacto perpétuo. Entre mim e os filhos de Israel será ele um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, e ao sétimo dia descansou, e achou refrigério. E deu a Moisés, quando acabou de falar com ele no monte Sinai, as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus” (Êxodo 31:16-18).

A páscoa; “E este dia vos será por memorial, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; através das vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo” (Êxodo 12:14). As tábuas da lei, a arca da aliança, o monte Sinai; Respondeu-lhe Deus: “Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado do Egito o meu povo, servireis a Deus neste monte” (Êxodo 3:12). O maná; “E disse Moisés: Isto é o que o Senhor ordenou: Dele enchereis um gômer, o qual se guardará para as vossas gerações, para que elas vejam o pão que vos dei a comer no deserto, quando eu vos tirei da terra do Egito” (Êxodo 16:32). As pedras, quando Deus fez seu povo atravessar o no Jordão; “e estas pedras serão para sempre por memorial aos filhos de Israel” (Josué 4:7).

No Novo Testamento encontramos o batismo, os elementos da ceia (pão e vinho) símbolos da nova aliança; “Isto é o meu corpo que é por vós; fazei isto em memória de mim... Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim” (1 Coríntios 11:24-25). Serviriam como memorial, para que a humanidade jamais esqueça o mais importante evento ocorrido na história - o sacrifício do filho de Deus na cruz em nosso lugar. Posteriormente a cruz e o peixe também se tornaram símbolos históricos da fé cristã.

A própria Bíblia, que é o registro da revelação de Deus e da Sua atuação na história humana, veio à existência, e foi também preservada no decorrer dos séculos, por Deus, com este mesmo objetivo.

            Tão somente o povo de Israel atentasse para este fato, observando a sua própria história, procurando conhecer o Deus de seus pais e viver conforme as Suas alianças históricas e mandamentos, haveriam sido poupados de intensos sofrimentos no decorrer da sua história como nação.

Igualmente, se a Igreja cristã atentasse em conhecer e aprender com a sua história, estaria seguindo um rumo diferente do atual, e teria sido poupado de muitos infortúnios. Os erros que ela vem cometendo no decurso da sua existência são quase sempre os mesmos.   

            Então, é tempo de refletir, de planejar, de avaliar, de rever, de recomeçar. É tempo de crescer, de se aperfeiçoar. É tempo de mudar a história. É tempo de mudar a nossa história. É tempo de viver o presente, sonhando e planejando o futuro, sem nunca desprezar o passado. Lembrando sempre que, um dia, o Senhor da história a adentrou para transformá-la e dar-lhe um novo rumo. Ele se tornou parte dela. Ela se dividiu. Ele veio para mudar a nossa história, para nos dar uma história, para não sermos uma humanidade sem história e, para que esta história não tenha fim.

            Deixe o Senhor da história mudar e aperfeiçoar a sua história. Quando Ele veio, teve dificuldades para encontrar lugar onde nascer. Que Ele não ache também dificuldades para encontrar lugar em seu coração. E quando Ele voltar, iniciará um novo momento na história da humanidade, e você estará inserido nesta história.

 02 - Atração Fatal

 

Há alguns anos atrás o cristianismo evangélico, no Brasil, possuía uma conotação negativa para a sociedade brasileira. Ser “crente” (como era conhecido o cristão evangélico), na visão do povo, era equivalente a ser analfabeto, irracional, doido, inculto, pobre, ignorante, entre outros adjetivos que nos era atribuído.

Parte desta imagem negativa nós mesmos passamos, outra parte, vem da imaginação fértil de quem está de fora, e, certa parcela, deve ser atribuída à satanás, em seu afã de sempre querer depreciar a obra de Deus.

            Vivíamos meio que na defensiva, cheios de suspeita e desconfiança por tudo que era novo. O rádio, a TV, a política, a cultura, a tecnologia e até o avanço da ciência, eram vistos com maus olhos por alguns e considerados inimigos que deviam ser combatidos por serem armas de satanás.

            Os pobres, e quase somente eles, eram o alvo na evangelização. A igreja na sua maioria, era composta de pessoas das classes menos favorecidas da população brasileira. Muita coisa era importada de outras culturas e países (músicas, instrumentos, estilo e até alguns costumes).

A liturgia, usos e costumes, e as práticas, eram por vezes rígidas e experimentavam mui pouca variação. Algumas chegavam a ser bizarras, outras incompreensíveis, e não faltavam as que eram inexplicáveis.

            Mesmo os seminários não eram bem vistos por alguns. De literatura, havia grande escassez... os poucos livros que tínhamos eram de autores estrangeiros (infelizmente, esta é uma área em que não avançamos muito até o presente e esta tendência ainda insiste em permanecer).

            Visivelmente, não havia grandes atrativos na fé evangélica. Mas foi justamente neste contexto que a igreja mais cresceu, avançou, desbravou e se estabeleceu no país como a maior força religiosa do mundo.

Apesar da aparente “falta de atrativos”, as pessoas afluíam aos pés de Cristo. Foi uma época de grande fervor e fortes convicções. Nos tornamos o celeiro do mundo, a maior parcela evangélica dele (até então os EUA podiam ser assim considerados - antes recebíamos missionários, hoje enviamos).

            Atingimos camadas antes inalcançadas. Entramos na política, no rádio, na TV, nas faculdades, na internet (o mais recente e avançado meio de comunicação do mundo).

Temos arrebanhado pessoas dos mais variados meios, como: artistas, músicos, empresários, intelectuais, universitários, também homens e mulheres da alta sociedade (já se fala até num possível presidente evangélico).

Temos atuado em áreas sociais como um dos principais parceiros do país na recuperação de pessoas, e cooperado ativamente em tragédias de cunho nacional que por vezes assolam a nação.

            O quadro mudou, a liderança e a mentalidade também, e com ele o número. Muito do que importávamos, hoje exportamos. Temos agora estilo próprio, cantamos nossas músicas, adoramos e cultuamos a Deus de maneira toda nossa.

            Temos nos tornado relevantes, fortes e atrativos. Hoje dá até status ser evangélico. Temos atraído multidões (e o que realmente as tem atraído?), todos nos apreciam e até admiram com respeito. Alguns interpretam isto como sendo o mundo entrando na igreja e a corrompendo, outros, mais otimistas, pensam que, enfim, a  igreja entrou no mundo para transformá-lo.

            Em meio a todo este entusiasmo e euforia devido ao incrível poder de atração da igreja, é preciso algum cuidado. Não precisamos mostrar que o passado ou o presente eram melhores (há sem dúvida elementos que devem ser preservados e outros substituídos), mas pensar e se perguntar: O que temos atraído para as nossas igrejas? Espectadores ou discípulos?

            Espectadores são atraídos pela visão, pelo belo, confortável, agradável e admirável; entretanto, os discípulos são atraídos pela Palavra pregada e vivida, que entra na mente, desce ao coração e atua na vontade, chamando a um compromisso real e à mudança de vida.

            Enquanto houver shows, ali estarão os espectadores, mas eles se tornam cada vez mais exigentes e volúveis; somente com discípulos se pode contar. Os espectadores formam as grandes multidões; discípulos às vezes são em pequeno número.

Espectadores dão resultados rápidos e fáceis, pois são superficiais (são como folhas em uma frondosa árvore); discípulos dão trabalho para se formar, gastam tempo, mas no fim, dão frutos, porque tem raízes profundas, mas o resultado é seguro. Espectador espera; discípulo faz. Espectador gosta de ser servido; o discípulo serve.

            Nem sempre Jesus se animou muito com as multidões, embora nunca as desprezasse. Ele falou algo do seu poder de atração: “e eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.” (João 12:32).

            É preciso muito cuidado, se nosso principal alvo for números, estatística, grandeza ou honra, pois nem sempre indicam resultados reais ou frutos dignos. Além do que, é Jesus quem deve atrair, não são as coisas, nem as pessoas, nem as formas, nem mesmo os resultados. Então, todo cuidado é pouco pois a atração pode ser fatal.

 

  

 03 - A Globalização da Fé Cristã

 

            Globalização, é um termo que está muito em voga nestes nossos dias, apesar de ser relativamente novo, ele vem sendo apresentado geralmente no âmbito da política, economia, tecnologia, informática, telecomunicações e etc..

Penso que o tema se desgastou, tal a ênfase colocada no mesmo nos últimos anos, então pouca coisa nova poderá ser acrescida ao mesmo que não seja mera repetição, mas não é este o nosso desejo, pois há um aspecto da globalização que pouco se tem falado, por isso propus refletir sobre o mesmo, ao me conscientizar que não estaria sendo redundante e irrelevante. Entendo que estamos abordando um conhecimento da atualidade, mas por um prisma diferente, emitindo sobre ele um parecer não necessariamente desprezível.

            Então, qual seria o aspecto deste tema, já tão explorado, que tem sido deixado de fora nas discussões do assunto, e que poderíamos dar a nossa contribuição? A globalização da fé cristã, e neste modo de ver, podemos estar seguros de que, com exceção do termo, o conceito é muito mais antigo do que se possa imaginar, e todos os setores de atuação humana  têm muito que aprender conosco.

            Desde a Criação do mundo até a construção da Torre de Babel (narrado em Gênesis 11), esta realidade da globalização tem estado presente. A raça humana era unificada, havia uma linguagem comum, eles viviam sem fronteiras ou barreiras políticas/geográficas de quaisquer espécies, o próprio Deus se revelava à humanidade como um todo. A globalização era uma realidade plena em cada aspecto da vida humana possível de imaginar, e era bem real e prática.

            Mas foi esta mesma globalização que levou o homem à ruína, devido a sua malfadada busca da independência de Deus, e rebeldia contra Ele. Em Babel, Deus pôs fim à globalização, estabelecendo barreiras físicas e sociais.

A linguagem foi confundida, os homens espalhados sobre a face da terra, deixados à própria sorte, para buscar o seu caminho. E cada qual procurou estabelecer sua cultura, religião, e forma de se autogovernar, assim surgem os reinos, as nações e cidades, que buscavam o auto-sustento, ainda que para isto fosse preciso guerrear.

            Fica aqui um alerta, sempre que o homem ousa desafiar a Deus, e pensa ser auto-suficiente e independente dEle, isto o leva à ruína, quer como indivíduo, quer como sociedade organizada. Toda rebeldia trás consigo penoso castigo.

            Deus então dá inicio a um novo conceito de globalização. Com a chamada de Abraão, tem início a globalização espiritual, nos moldes divinos, embora a princípio existisse de forma embrionária e oculta (Gálatas 3:8), pois, o inicio desta chamada, culmina com o surgimento de uma nação teocrática e de uma fé nacionalista que excluía todos os demais. Israel torna-se a nação detentora e guardiã do conhecimento de Deus e de Sua revelação salvadora.

Mas eles foram chamados para apresentar este novo conceito de globalização ao mundo, tornando assim conhecidas às promessas de Deus, Sua pessoa e obras, e a revelação salvadora a todas as nações da terra (Gênesis 12:3; 18:18; 22:18; 26:4), mas falharam, e não cumpriram esta missão.

            Raras foram as vezes em que houve uma proclamação além das fronteiras de Israel. A única que temos notícia, foi a tímida e rancorosa pregação de Jonas aos ninivitas (ele foi o único profeta enviado para uma evangelização supranacional).

Se houve alguma conversão de gentios ao Deus de Israel, estas foram circunstanciais, como a de Raabe, Rute, os povos babilônicos, medo-persas, gregos, romanos. A fé se tornou uma globalização exclusivista. Caso alguém quisesse participar das promessas e do conhecimento de Deus, que se tornasse um prosélito, abandonando tudo para seguir os preceitos civis e religiosos de Israel (Mateus 23:15).

            Certamente isto nos faz lembrar a globalização atual, onde os poderes dominantes convergem tudo para si e para os seus interesses de modo imperialista. Todos os pequenos, que participam deste processo de globalização, têm se tornado, meros fantoches no cumprimento dos interesses de poderes dominantes e das grandes corporações supranacionais.

            Mas o cativeiro babilônico, e a sucessiva dominação e exploração dos judeus por nações gentílicas, juntamente com algumas profecias bíblicas mal entendidas, desenvolveu uma esperança e um sentimento judaico de globalização ainda mais equivocada.

Eles passam a esperar um Messias que porá fim ao domínio estrangeiro,  restaurando Israel, que passará a dominar o mundo, tornando-se o centro político, econômico e religioso dele, onde as nações ficam subordinadas a eles, e lhes prestam honra.

            A vinda do messias prometido não satisfez esta esperança, ele veio ao seu povo (Mateus 10:6; 15:21-28; João 1:11), estes não O receberam. Jesus tinha um discurso de globalização espiritual e inclusivista, e não satisfez a esperança daqueles.

Mas com Ele, o conceito de globalização divina, até então existente na sua forma embrionária, começa a florescer (João 12:20-24; Mateus 21:43). O reino é tirado da nação exclusivista, e dado a outro povo, que teria novos conceitos de globalização - A Igreja que é a nova nação divina, é a concretização do Seu conceito de globalização. 

            O que mais poderia ser? Um reino composto por indivíduos escolhidos de todas as partes da terra, de todos os povos, tribos, línguas e nações, onde já não há distinção de gênero, etnia, idade, cor, cultura, condição social ou econômica (Mateus 28:19; Marcos 16:15; Atos 1:8; 26:18 Romanos 3:22; 10:12; Efésios 3:5-6; Gálatas 3:25-29; 1 Pedro 2:9-10; Apocalipse 7:9). Na Igreja encontramos o conceito de globalização divina como realidade espiritual.

            O Pentecostes, foi o marco do florescer desta globalização inclusivista. Em Pentecostes, a maldição de Babel é desfeita juntamente com seu conceito humano de globalização (que busca a independência de Deus e se rebela contra Ele), e a fé, que desconhece barreiras, se torna novamente imperativo da globalização inclusivista (Atos 2).

É urgente o desafio de agora reconquistar o mundo para Deus, de proclamar a “dependência de Deus ou morte”. Assim começa o florescer desta globalização, que foi impulsionado pelas missões (Atos 9:15; 13:2) e também pelas perseguições (Atos 8:1).

            Inicialmente, o cristianismo era uma religião de periferia, existia no submundo, era marginalizada, perseguida e martirizada, mas com bravura, ainda que derramando seu sangue por contradizer os poderes dominantes do Império, insistia em permanecer e crescer ganhando o mundo - esta foi a era de mártires.

Alguns anos depois, grandes mentes da época se converteram, e se tornaram grandes apologistas da fé - foi a vez dos grandes mestres. Posteriormente, em cerca do ano 300 d.C., Constantino, o Imperador Romano, se converte à fé cristã, e deste ponto em diante, o cristianismo se torna a religião do Império, a religião mundial. Isto desvirtuou o conceito de globalização proposta pelo Senhor, pois agora ela falha como Israel, tornando-se uma globalização imperialista, ao lado dos poderes seculares.

            A globalização da fé assume aspectos políticos e econômicos. O Império, se estendia a quase todas as partes do mundo conhecido da época, poucas eram as regiões conhecidas que não estavam vinculadas às suas fronteiras.

Assim houve o casamento da religião com a coroa, ou na expressão de alguns historiadores, da cruz com a espada, e a globalização secular se funde à espiritual, passando a caminhar juntas. A conquista do império, era a conquista da religião e vice-versa.

            Por isto, daqui por diante, qualquer discussão de globalização, que não levar em conta a religião cristã, será incompleta e falha. O rápido avanço islâmico, e a conquista de terras e regiões antes dominadas pelo Império e igualmente pela religião cristã, torna-se uma ameaça político religiosa. As guerras terão caráter religioso (as grandes cruzadas são um bom exemplo disto).

            As reações que se seguiram a estes acontecimentos, culminam com os eventos que levaram a fortes crises internas na religião e ao grande cisma com a Reforma Protestante e as contra-reformas católicas.

A religião foi a mola mestra do Renascentismo, das Grandes Navegações, da descoberta de novas terras, do expansionismo, e indiretamente, a responsável por tudo que daí decorre: A Revolução da ciência, a Revolução Industrial, as duas grandes guerras, o surgimento do socialismo e do capitalismo, a formação dos dois grandes blocos, a guerra fria, a corrida armamentista, a corrida espacial, a derrota do socialismo pelo capitalismo e a atual tentativa de se formar os grandes blocos econômicos (Mercosul, Comunidade Européia, Alca, Tigres asiáticos), para fazer frente ao imperialismo dominante.

            E se estes eventos são os elementos centrais da globalização secular, como poderia ser esquecida a religião cristã? A própria disputa católico x protestante, na luta por um quinhão maior, trouxe consigo a justa acusação de que colonização, era sinônimo de cristianização, e foi responsável direta pelos eventos acima citados, tudo isto, forma o pano de fundo da religião cristã atual. 

            Na modernidade, houve o divórcio entre o que pertence a Deus e o que pertence a César (Marcos 22:21), e novamente podemos ver a Igreja Cristã lutando e se voltando à globalização proposta por Jesus. A missão de ganhar o mundo para Deus, nos moldes de Zacarias 4:6, demorou a ser entendida, e esta demora trouxe muitos desgastes desnecessários, mas ainda em tempo, a Igreja cristã acordou para a realidade da verdadeira globalização, e percebeu que ela é espiritual e independente dos poderes seculares. A nobre missão, a antiga visão, o ide do Mestre, se torna novamente um desafio e um ideal. O mundo para Deus é o grande desafio atual.

            As novas terras descobertas, que no passado foram vistas como “os confins da terra” (de Atos 1:8), foram alcançados, e agora o caminho se inverte, precisamos voltar dos “confins da terra” para Jerusalém, pois nas terras onde o cristianismo floresceu, se tornou apenas “antigas lembranças”, narradas em mofados livros de história.

            Que grande essência da globalização é a fé cristã. A Igreja do Senhor, Seu Reino, sua Nação eleita, formada por pessoas nascidas de novo, composta pela nova humanidade de Deus (Efésios 2 e 4:24), vindas de todas as nações, tribos, etnias, línguas, raça, cor, cultura e condição econômica/social, gênero, idade.

E todos introjetados pelo Espirito Santo neste mesmo corpo, formando a grande família de Deus (Efésios 4:4-6; Atos 4:32), direcionando todos os recursos na manutenção e execução desta obra. Formando esta irmandade que nos faz sentir em casa estando em qualquer parte do mundo onde haja um participante desta globalização.

Que possui a mesma linguagem espiritual de amor, a mesma Palavra, os mesmos elementos de culto e de adoração à Deus, que ora, sabendo que a oração desconhece fronteiras, mesmo as celestiais. Amados, como os poderes seculares e humanos precisam aprender com a fé cristã, se quiserem saber o que é globalização, e se quiserem subsistir.

            Mas nosso discurso estaria incompleto se não mencionássemos o indivíduo, como a essência e o fundamento desta abordagem. Em termos de globalização secular, o indivíduo só é levado em conta, enquanto número de estatística que representa, mas a fé cristã valoriza o indivíduo, aliás, sem ele não há globalização.

            Para ser deste reino e participar desta globalização, é absolutamente necessário que cada um de per si, exerça a fé, esta é a única condição imposta, mas é uma condição “sine que non”. Não há salvação familiar, nem coletiva e menos ainda nacional. A salvação é individual e pessoal (Marcos 16:16; João 3:18; 3:36; 6:35). É preciso que o indivíduo creia, após ouvir a pregação da Palavra, a anunciação do Evangelho de Deus.

            E nisto está a glória e supremacia da globalização cristã. Pessoas são enviadas ao mundo para pregar, mas ao mesmo tempo, nas palavras do Rev. Caio Fábio, cada qual “dá frutos aonde Deus o plantou”. Quer na sua própria localidade, quer pelo mundo afora, cada um participa desta missão de anunciar o Evangelho. A visão é o mundo - investimos onde estamos inseridos, sem esquecermos de investir a um e ao mesmo tempo no mundo inteiro.

            Desta forma, os indivíduos têm a oportunidade de ouvir e crer, e de se tornar parte deste corpo espiritual (Romanos 12:5; 1 Coríntios 12:27; Efésios 4:4-6). Um a um, o conjunto vai se formado (1 Pedro 2:5), cada elemento é essencial e fundamental na formação do todo, e todos, individualmente, irão prestar contas a Deus (Hebreus 4:13; Apocalipse 20:12-13), pois há privilégio e também responsabilidade.

            Ao relembrar a esperança messiânica judaica, constatamos que há elementos comuns e elementos divergentes em relação à esperança cristã.

Nós esperamos a vinda de nosso Senhor, fundamentados em Suas próprias promessas (João 14:18; Atos 1:4-11), o dia em que Ele voltará e inaugurará uma nova era na história da humanidade.

Ele vai voltar e inaugurar Um novo Reino, reino universal onde habita a justiça e que é governado por Ele mesmo (2 Pedro 3:13), não restrito a uma nação, mas a todos que se tornaram participantes do Reino, em todas as eras da existência humana, a todos os que individualmente foram nele introduzidos. Estes terão a honra de participar da consumação e plenitude da globalização espiritual, ao lado do próprio autor - Deus. Haverá um só rebanho e um só pastor (João 10:16; 1 Pedro 5:4).

            Mas de tudo quanto falamos, o mais importante é que você possa responder a esta pergunta crucial: Você fará parte deste evento? Lembre-se, só há uma maneira, e depende de você (Atos 16:31; 17-30:31). 

 

 04 - Independência ou morte

 

            A cento e oitenta e um anos atrás, ouviram, as margens plácidas do rio Ipiranga, o brado retumbante de um povo heróico. Eram aqueles que acompanhavam D. Pedro I no grito nacional:  “Independência ou morte”.

            Poeticamente até se declarou que, em raios fulgidos, o sol da liberdade brilhou no céu da pátria nesse instante.

            A história nos relata que foram muitas as lutas pela libertação do Brasil. Inúmeros brasileiros deram a sua vida nestas lutas. Os que morreram, fizeram por achar que valia a pena sacrificar-se para que nós, hoje, pudéssemos ter uma pátria livre para viver.

            Era forte o controle que Portugal exercia sobre o Brasil. O Brasil era explorado ao máximo e Portugal não se importava com a situação dos brasileiros.

Por isso, houve muitas revoltas neste período. Índios e negros se revoltaram contra o governo, igualmente os colonos, mineiros, padres, poetas, militares e até os senhores de engenho.

Os brasileiros clamavam por liberdade e independência. Lutavam contra o domínio português e contra os governantes que o rei de Portugal nomeava para controlar o Brasil.

Em todas as principais colônias e províncias brasileiras houve guerras e revoltas. Muitos mártires despontaram. Um deles, e talvez o mais conhecido (Joaquim José da Silva Xavier - o Tiradentes), declarou: “Se dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria”.

Este ideal de liberdade era tão forte que, hoje, podemos vê-lo estampado na bandeira de Minas Gerais: “Liberdade ainda que tarde”.

O penhor dessa igualdade, conseguimos conquistar com braço forte. Para que vivêssemos no seio da liberdade, nossos antepassados entregaram o peito a própria morte. Derramando o seu sangue para que você e eu pudéssemos declarar a flâmula: “Paz no futuro e glória no passado”.

Esta é a pátria amada. O gigante pela própria natureza. O florão da América, de sonho intenso e raio vívido. Com céu formoso, risonho e límpido, onde resplandece a imagem do Cruzeiro. Forte impávido colosso, cujo futuro espelha grandeza. 

Mas não foi sem muita luta e sangue derramado, ó pátria amada, que esta brava gente brasileira conquistou a liberdade e independência para podermos hoje declarar:

 

“Já podeis, da Pátria filhos, ver contente a mãe gentil; Já raiou a Liberdade  no horizonte do Brasil. Brava gente brasileira! Longe vá temor servil! Ou ficar a Pátria livre, Ou morrer pelo Brasil. Os grilhões que nos forjava, da perfídia astuto ardil...  Houve mão mais poderosa: zombou deles o Brasil. Revoavam tristes sombras, da cruel guerra civil, mas fugiam apressadas, vendo o anjo do Brasil. Mal soou na serra ao longe, nosso grito varonil, nos imensos ombros logo, a cabeça ergue o Brasil.”

 

          Nunca houve, jamais, em toda a história da humanidade, liberdade e independência sem que sangue fosse derramado, sem que muita luta a precedesse, sem que pessoas dessem a sua vida.

O impressionante desta afirmação é que ela também é verdadeira em relação a liberdade e independência espiritual. É gratificante relacionar a luta pela liberdade e independência do Brasil com a luta que ocorreu pela liberdade e independência espiritual da humanidade.

A Bíblia afirma que todos os homens são pecadores (Romanos 3:23), e que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado (João 8:34). Logo, se todos somos pecadores, todos somos também escravos do pecado. Mas Jesus afirmou: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:36).

Como ele pode nos oferecer esta liberdade? A dois mil anos atrás, ouviu-se o maior brado retumbante, às margens do monte Calvário. Era o grito de Jesus: “está consumado”. Esta era a declaração de que, pela sua morte e sangue derramado, a independência e liberdade da humanidade havia sido conquistada.

Ali estava Jesus, nosso rei e salvador, derramando o seu sangue, entregando a sua vida, lutando por nós, para que pudéssemos receber a liberdade da escravidão do pecado em que nos encontrávamos, e poder declarar independência de Satanás.

E hoje Ele oferece, a todos, e de graça, a libertação do engano, da mentira, do pecado, do mundo, da condenação eterna, de Satanás e de você mesmo. Bastando para isto que você creia nEle, recebendo-o como seu único salvador e senhor.

É independência ou morte. Ou você é libertado de todas estas coisas, ou morrerá em seus delitos e pecados. Sendo assim, sua sentença será a eterna separação de Deus.  

Então, não espere mais tempo. Declare hoje mesmo, em Jesus Cristo, a sua independência espiritual, e viva a liberdade que só um filho de Deus pode experimentar. Torne-se um cidadão do reino de Deus, onde prevalece a justiça, a paz, o amor e a felicidade suprema.

Que cada um de nós possamos comemorar o nosso setembro espiritual, a cada ano, por toda a eternidade. A vitória já foi conquistada na cruz, basta apropriar-se dela.

 

 05 Aprendendo com a adversidade

 

            Sentimo-nos desafiados frente à morte, especialmente quando esta atinge alguém que de alguma forma está ligada a nós, e nos é querida. Embora seja algo esperado por todos, e que todos temos ciência de mais dia, menos dia, vai acontecer, quando este dia chega é doloroso, e por mais que venhamos a nos sentir preparados, quando acontece, é difícil, muito difícil agüentar.

            Sentimo-nos impotentes, pequenos, e percebemos que não temos controle absoluto sobre todas as coisas. Sentimos que há algo que vai além do nosso controle e possibilidades, apesar de todo avanço e arrogância da ciência de querer explicar e resolver tudo. Este momento, sem palavras, mostra toda a nossa pequenez.

O que fazer neste momento? Como encará-lo? Como aliviá-lo? Como não sentir tanta dor? Penso que a maioria de nós já passou por tal situação, e sabemos o que se sente pela ausência e perda de alguém que nos é caro. Mas, se não podemos mudar o fato, podemos ao menos encará-lo de forma diferente: com coragem, e aproveitar para repensar e refletir na nossa caminhada - nós os que ficamos. Tem valido a pena? Tem contribuído para alguém ou, para alguma coisa?

Constantemente ouvimos ou pronunciamos a expressão: “Para morrer, basta estar vivo”. Mas, viver, é simplesmente o mero existir? Apenas um respirar? Somente uma caminhada para o fim que é comum a todos? Se para morrer basta estar vivo, para viver não basta ter nascido, é preciso algo mais.

Aproveitemos então este momento que por si nos leva a pensar, para relembrar algumas coisas que talvez nos console, ou,  ao menos, alivie um pouco a dor que arde no peito:

a)   O nascimento e a morte, são uma das únicas coisas que torna igual a todos nós, e independe da posição social, política, econômica, religiosa. Aqui não há distinção de sexo, cor, idade, nacionalidade. As coisas que nos distanciam uns dos outros, só acontecem enquanto em vida, no intervalo.

b)   É neste instante que percebemos o valor das pessoas. Fica pois uma crítica: Quantas vezes só valorizamos as pessoas quando não as temos mais?

c)   Todos são importantes para alguém. Por mais vil, desprezado ou desconhecido que você seja, sempre haverá alguém para te lamentar. Você pode não ser importante ou reconhecido por todo mundo, mas neste mundo, haverá sempre alguém para quem você é muito importante.

d)   Nosso choro deve ser pela ausência e perda, não pelo arrependimento de ter feito ou deixado de fazer algo e que agora é tarde demais, não há mais como reparar.

e)   Este momento nos torna mais “religiosos”, e nos leva a pensar: “ele foi para um bom lugar”, mas será que no seu momento, da forma como tem administrado a sua vida, você vai encontrar com ele, no mesmo “bom lugar”?

f)     Você que despreza e não valoriza os outros, vê que seu princípio e fim são o mesmo,  o que faz a diferença nas pessoas é a maneira como vivem no intervalo, entre estes dois momentos que chamamos de vida. É nele que deixamos nossa marca, nossa lembrança, nossas contribuições, sejam elas boas ou más.

            Não é este um momento de solidariedade? Onde os nobres sentimentos por vezes enferrujados afloram? Não é este o momento oportuno de querer ser diferente? De querer viver de tal forma que a morte seja apenas a consumação de todas as boas coisas que oferecemos ao mundo?

            Tenho pensado muito, e cheguei a uma conclusão: Eu não quero passar pela vida, sem deixar a minha contribuição. Quero que as pessoas, de mim, tenham boas lembranças. Nas palavras de outro digo: quero servir para viver, vivendo para servir. E você?

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