Jair
Souza Leal _ Artigos de 01 a 05
www.uniaonet.com/msgjairleal1a5.htm 01 - A História da humanidade sem história 02 - Atração Fatal 03 - A Globalização da Fé Cristã 04 - Independência ou morte 05 - Aprendendo com a adversidade 01 - A História
da humanidade sem história
Temos tornado a vida um ciclo interminável de erros, de falhas
humanas e de repetições, e isto por não aprendermos com a história,
nem atentar para ela. Cada nova geração deveria vir acrescida do saber
anterior, vir fortalecida e vacinada contra os erros e falhas dantes
cometidas. Desta
forma, é certo que cometeríamos erros novos, mas faríamos também novas
descobertas. Em ciclos sucessivos de gerações, haveria desenvolvimento
e aperfeiçoamento. Cada nova fase da vida humana deveria ser melhor.
Esta
deveria ser uma lógica plausível. Entretanto, não é isto o que se observa.
Os mesmos erros cometidos por nossos antepassados, ainda que os mais
longínquos, são os erros da modernidade. Os mesmos problemas enfrentados
por eles continuam a existir. As
dificuldades e problemas enfrentados pelos mais rudes e primitivos,
são os mesmos enfrentados por homens mais civilizados, cultos, nobres
e educados. Então não se trata de uma questão cultural ou de civilização.
Cada nova geração parece ser a primeira a existir, e tudo se
reinicia. Quando está começando aprender a viver, chega ao fim e nasce
outra, que vai iniciar o processo. É certo que algumas coisas são acrescidas
no decorrer da vida, mas geralmente são coisas e fatores externos que
mudam muito pouco a humanidade, tome por exemplo a tecnologia, as formas
políticas, os costumes, os tabus e tradições, etc., e o homem continua
o mesmo.
Muitas coisas que já foram comprovadas como destruidoras e inerentemente
má aos seres humanos, ainda permanecem. A guerra, por exemplo, nunca
trouxe benefícios, somente destruição sofrimento e perda às partes envolvidas,
e tem sido sempre o meio usado para resolver os conflitos; há milhares
de anos atrás ou nos dias atuais. Neste caso, ao que parece, a única
coisa que se aperfeiçoa são as armas. Poderíamos
citar milhares de outros exemplos destas fraquezas humanas, que só trazem
dor e sofrimento mas que insistem em permanecer a cada nova geração,
como ódio, exploração, escravidão, pobreza, miséria, orgulho, infidelidade,
corrupção, depravação, vício, mentira, ciúme, cobiça, vingança, enfim.
Faça você mesmo uma reflexão sobre cada item citado e descobrirá que
nada mudou, senão externamente. Seria o homem o mesmo ontem, hoje e
sempre?
Isto não se aplica somente à humanidade, mas também a nós como
indivíduos. Cada ano que passa deveria acrescentar algo às nossas vidas,
nos aperfeiçoar e nos tornar melhores, mais justos, nobres, compreensivos,
pacientes, virtuosos, prudentes, competentes, sábios, cheios de fé e
esperança, e, certamente, deveria nos levar a não cometer os mesmos
erros. O fim da vida seria o auge do saber, da perfeição, do amadurecimento.
Infelizmente, o que observamos ser
real em se tratando da raça humana, o é também em se tratando
do indivíduo. Afinal, o que é a raça humana senão o conjunto de indivíduos?
Analise a sua própria vida e veja os erros e falhas que tem cometido,
descubra o quanto cresceu no decorrer dos anos. Faça
uma comparação entre o seu comportamento e dificuldade com o comportamento
e dificuldade de seus pais, avós, bisavós. Certamente que vais descobrir,
estarrecido, o quanto terias sido poupado tão somente tivesses ouvido
seus conselhos, seguido os seus passos nas virtudes e desviado e evitado
nos erros. Sendo assim,
a história aperfeiçoaria a história
Penso ser esta a razão por que Deus sempre deixou os sinais e
marcos como memorial a seu povo, a fim de nunca esquecerem da Sua pessoa
nem da Sua atuação na história. Temos no Antigo Testamento o arco-íris;
“O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por sinal de haver um
pacto entre mim e a terra” (Gênesis 9:13). A circuncisão; “Circuncidar-vos-eis
na carne do prepúcio; e isto será por sinal de pacto entre mim e vós”
(Gênesis 17:11). O sábado; “Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel,
celebrando-o nas suas gerações como pacto perpétuo. Entre mim e os filhos
de Israel será ele um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor
o céu e a terra, e ao sétimo dia descansou, e achou refrigério. E deu
a Moisés, quando acabou de falar com ele no monte Sinai, as duas tábuas
do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus” (Êxodo 31:16-18). A
páscoa; “E este dia vos será por memorial, e celebrá-lo-eis por festa
ao Senhor; através das vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo”
(Êxodo 12:14). As tábuas da lei, a arca da aliança, o monte Sinai; Respondeu-lhe
Deus: “Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que
eu te enviei: Quando houveres tirado do Egito o meu povo, servireis
a Deus neste monte” (Êxodo 3:12). O maná; “E disse Moisés: Isto é o
que o Senhor ordenou: Dele enchereis um gômer, o qual se guardará para
as vossas gerações, para que elas vejam o pão que vos dei a comer no
deserto, quando eu vos tirei da terra do Egito” (Êxodo 16:32). As pedras,
quando Deus fez seu povo atravessar o no Jordão; “e estas pedras serão
para sempre por memorial aos filhos de Israel” (Josué 4:7). No
Novo Testamento encontramos o batismo, os elementos da ceia (pão e vinho)
símbolos da nova aliança; “Isto é o meu corpo que é por vós; fazei isto
em memória de mim... Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei
isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim” (1 Coríntios
11:24-25). Serviriam como memorial, para que a humanidade jamais esqueça
o mais importante evento ocorrido na história - o sacrifício do filho
de Deus na cruz em nosso lugar. Posteriormente a cruz e o peixe também
se tornaram símbolos históricos da fé cristã. A
própria Bíblia, que é o registro da revelação de Deus e da Sua atuação
na história humana, veio à existência, e foi também preservada no decorrer
dos séculos, por Deus, com este mesmo objetivo.
Tão somente o povo de Israel atentasse para este fato, observando
a sua própria história, procurando conhecer o Deus de seus pais e viver
conforme as Suas alianças históricas e mandamentos, haveriam sido poupados
de intensos sofrimentos no decorrer da sua história como nação. Igualmente,
se a Igreja cristã atentasse em conhecer e aprender com a sua história,
estaria seguindo um rumo diferente do atual, e teria sido poupado de
muitos infortúnios. Os erros que ela vem cometendo no decurso da sua
existência são quase sempre os mesmos.
Então, é tempo de refletir, de planejar, de avaliar, de rever,
de recomeçar. É tempo de crescer, de se aperfeiçoar. É tempo de mudar
a história. É tempo de mudar a nossa história. É tempo de viver o presente,
sonhando e planejando o futuro, sem nunca desprezar o passado. Lembrando
sempre que, um dia, o Senhor da história a adentrou para transformá-la
e dar-lhe um novo rumo. Ele se tornou parte dela. Ela se dividiu. Ele
veio para mudar a nossa história, para nos dar uma história, para não
sermos uma humanidade sem história e, para que esta história não tenha
fim.
Deixe o Senhor da história mudar e aperfeiçoar a sua história.
Quando Ele veio, teve dificuldades para encontrar lugar onde nascer.
Que Ele não ache também dificuldades para encontrar lugar em seu coração.
E quando Ele voltar, iniciará um novo momento na história da humanidade,
e você estará inserido nesta história. 02 - Atração FatalHá
alguns anos atrás o cristianismo evangélico, no Brasil, possuía uma
conotação negativa para a sociedade brasileira. Ser “crente” (como era
conhecido o cristão evangélico), na visão do povo, era equivalente a
ser analfabeto, irracional, doido, inculto, pobre, ignorante, entre
outros adjetivos que nos era atribuído. Parte
desta imagem negativa nós mesmos passamos, outra parte, vem da imaginação
fértil de quem está de fora, e, certa parcela, deve ser atribuída à
satanás, em seu afã de sempre querer depreciar a obra de Deus.
Vivíamos meio que na defensiva, cheios de suspeita e desconfiança
por tudo que era novo. O rádio, a TV, a política, a cultura, a tecnologia
e até o avanço da ciência, eram vistos com maus olhos por alguns e considerados
inimigos que deviam ser combatidos por serem armas de satanás.
Os pobres, e quase somente eles, eram o alvo na evangelização.
A igreja na sua maioria, era composta de pessoas das classes menos favorecidas
da população brasileira. Muita coisa era importada de outras culturas
e países (músicas, instrumentos, estilo e até alguns costumes). A
liturgia, usos e costumes, e as práticas, eram por vezes rígidas e experimentavam
mui pouca variação. Algumas chegavam a ser bizarras, outras incompreensíveis,
e não faltavam as que eram inexplicáveis.
Mesmo os seminários não eram bem vistos por alguns. De literatura,
havia grande escassez... os poucos livros que tínhamos eram de autores
estrangeiros (infelizmente, esta é uma área em que não avançamos muito
até o presente e esta tendência ainda insiste em permanecer).
Visivelmente, não havia grandes atrativos na fé evangélica.
Mas foi justamente neste contexto que a igreja mais cresceu, avançou,
desbravou e se estabeleceu no país como a maior força religiosa do mundo.
Apesar
da aparente “falta de atrativos”, as pessoas afluíam aos pés de Cristo.
Foi uma época de grande fervor e fortes convicções. Nos tornamos o celeiro
do mundo, a maior parcela evangélica dele (até então os EUA podiam ser
assim considerados - antes recebíamos missionários, hoje enviamos).
Atingimos camadas antes inalcançadas. Entramos na política, no
rádio, na TV, nas faculdades, na internet (o mais recente e avançado
meio de comunicação do mundo). Temos
arrebanhado pessoas dos mais variados meios, como: artistas, músicos,
empresários, intelectuais, universitários, também homens e mulheres
da alta sociedade (já se fala até num possível presidente evangélico).
Temos
atuado em áreas sociais como um dos principais parceiros do país na
recuperação de pessoas, e cooperado ativamente em tragédias de cunho
nacional que por vezes assolam a nação.
O quadro mudou, a liderança e a mentalidade também, e com ele
o número. Muito do que importávamos, hoje exportamos. Temos agora estilo
próprio, cantamos nossas músicas, adoramos e cultuamos a Deus de maneira
toda nossa.
Temos
nos tornado relevantes, fortes e atrativos. Hoje dá até status
ser evangélico. Temos atraído multidões (e o que realmente as tem atraído?),
todos nos apreciam e até admiram com respeito. Alguns interpretam isto
como sendo o mundo entrando na igreja e a corrompendo, outros, mais
otimistas, pensam que, enfim, a
igreja entrou no mundo para transformá-lo.
Em meio a todo este entusiasmo e euforia devido ao incrível poder
de atração da igreja, é preciso algum cuidado. Não precisamos mostrar
que o passado ou o presente eram melhores (há sem dúvida elementos que
devem ser preservados e outros substituídos), mas pensar e se perguntar:
O que temos atraído
para as nossas igrejas? Espectadores ou discípulos?
Espectadores são atraídos pela visão, pelo belo, confortável,
agradável e admirável; entretanto, os discípulos são atraídos pela Palavra
pregada e vivida, que entra na mente, desce ao coração e atua na vontade,
chamando a um compromisso real e à mudança de vida.
Enquanto houver shows, ali estarão os espectadores, mas eles
se tornam cada vez mais exigentes e volúveis; somente com discípulos
se pode contar. Os espectadores formam as grandes multidões; discípulos
às vezes são em pequeno número. Espectadores
dão resultados rápidos e fáceis, pois são superficiais (são como folhas
em uma frondosa árvore); discípulos dão trabalho para se formar, gastam
tempo, mas no fim, dão frutos, porque tem raízes profundas, mas o resultado
é seguro. Espectador espera; discípulo faz. Espectador gosta de ser
servido; o discípulo serve.
Nem sempre Jesus se animou muito com as multidões, embora nunca
as desprezasse. Ele falou algo do seu poder de atração: “e eu, quando
for levantado da terra, todos atrairei a mim.” (João 12:32).
É preciso muito cuidado, se nosso principal alvo for números,
estatística, grandeza ou honra, pois nem sempre indicam resultados reais
ou frutos dignos. Além do que, é Jesus quem
deve atrair, não são as coisas, nem as pessoas, nem as formas, nem mesmo
os resultados. Então, todo cuidado é pouco pois
a atração pode
ser fatal. 03 - A Globalização da Fé Cristã
Globalização, é um termo que está muito em voga nestes nossos
dias, apesar de ser relativamente novo, ele vem sendo apresentado geralmente
no âmbito da política, economia, tecnologia, informática, telecomunicações
e etc.. Penso
que o tema se desgastou, tal a ênfase colocada no mesmo nos últimos
anos, então pouca coisa nova poderá ser acrescida ao mesmo que não seja
mera repetição, mas não é este o nosso desejo, pois há um aspecto da
globalização que pouco se tem falado, por isso propus refletir sobre
o mesmo, ao me conscientizar que não estaria sendo redundante e irrelevante.
Entendo que estamos abordando um conhecimento da atualidade, mas por
um prisma diferente, emitindo sobre ele um parecer não necessariamente
desprezível.
Então, qual seria o aspecto deste tema, já tão explorado, que
tem sido deixado de fora nas discussões do assunto, e que poderíamos
dar a nossa contribuição? A globalização da fé cristã, e neste
modo de ver, podemos estar seguros de que, com exceção do termo, o conceito
é muito mais antigo do que se possa imaginar, e todos os setores de
atuação humana têm muito que aprender conosco.
Desde a Criação do mundo até a construção da Torre de Babel (narrado
em Gênesis 11), esta realidade da globalização tem estado presente.
A raça humana era unificada, havia uma linguagem comum, eles viviam
sem fronteiras ou barreiras políticas/geográficas de quaisquer espécies,
o próprio Deus se revelava à humanidade como um todo. A globalização
era uma realidade plena em cada aspecto da vida humana possível de imaginar,
e era bem real e prática.
Mas foi esta mesma globalização que levou o homem à ruína, devido
a sua malfadada busca da independência de Deus, e rebeldia contra Ele.
Em Babel, Deus pôs fim à globalização, estabelecendo barreiras físicas
e sociais. A
linguagem foi confundida, os homens espalhados sobre a face da terra,
deixados à própria sorte, para buscar o seu caminho. E cada qual procurou
estabelecer sua cultura, religião, e forma de se autogovernar, assim
surgem os reinos, as nações e cidades, que buscavam o auto-sustento,
ainda que para isto fosse preciso guerrear.
Fica aqui um alerta, sempre que o homem ousa desafiar a Deus,
e pensa ser auto-suficiente e independente dEle, isto o leva à ruína,
quer como indivíduo, quer como sociedade organizada. Toda rebeldia trás
consigo penoso castigo.
Deus então dá inicio a um novo conceito de globalização. Com
a chamada de Abraão, tem início a globalização espiritual, nos
moldes divinos, embora a princípio existisse de forma embrionária e
oculta (Gálatas 3:8), pois, o inicio desta chamada, culmina com o surgimento
de uma nação teocrática e de uma fé nacionalista que excluía todos os
demais. Israel torna-se a nação detentora e guardiã do conhecimento
de Deus e de Sua revelação salvadora. Mas
eles foram chamados para apresentar este novo conceito de globalização
ao mundo, tornando assim conhecidas às promessas de Deus, Sua pessoa
e obras, e a revelação salvadora a todas as nações da terra (Gênesis
12:3; 18:18; 22:18; 26:4), mas falharam, e não cumpriram esta missão.
Raras foram as vezes em que houve uma proclamação além das fronteiras
de Israel. A única que temos notícia, foi a tímida e rancorosa pregação
de Jonas aos ninivitas (ele foi o único profeta enviado para uma evangelização
supranacional). Se
houve alguma conversão de gentios ao Deus de Israel, estas foram circunstanciais,
como a de Raabe, Rute, os povos babilônicos, medo-persas, gregos, romanos.
A fé se tornou uma globalização exclusivista. Caso alguém quisesse participar
das promessas e do conhecimento de Deus, que se tornasse um prosélito,
abandonando tudo para seguir os preceitos civis e religiosos de Israel
(Mateus 23:15).
Certamente isto nos faz lembrar a globalização atual, onde os
poderes dominantes convergem tudo para si e para os seus interesses
de modo imperialista. Todos os pequenos, que participam deste processo
de globalização, têm se tornado, meros fantoches no cumprimento dos
interesses de poderes dominantes e das grandes corporações supranacionais.
Mas o cativeiro babilônico, e a sucessiva dominação e exploração
dos judeus por nações gentílicas, juntamente com algumas profecias bíblicas
mal entendidas, desenvolveu uma esperança e um sentimento judaico de
globalização ainda mais equivocada. Eles
passam a esperar um Messias que porá fim ao domínio estrangeiro, restaurando Israel, que passará a dominar
o mundo, tornando-se o centro político, econômico e religioso dele,
onde as nações ficam subordinadas a eles, e lhes prestam honra.
A vinda do messias prometido não satisfez esta esperança, ele
veio ao seu povo (Mateus 10:6; 15:21-28; João 1:11), estes não O receberam.
Jesus tinha um discurso de globalização espiritual e inclusivista, e
não satisfez a esperança daqueles. Mas
com Ele, o conceito de globalização divina, até então existente na sua
forma embrionária, começa a florescer (João 12:20-24; Mateus 21:43).
O reino é tirado da nação exclusivista, e dado a outro povo, que teria
novos conceitos de globalização - A Igreja que é a nova nação divina,
é a concretização do Seu conceito de globalização.
O que mais poderia ser? Um reino composto por indivíduos escolhidos
de todas as partes da terra, de todos os povos, tribos, línguas e nações,
onde já não há distinção de gênero, etnia, idade, cor, cultura, condição
social ou econômica (Mateus 28:19; Marcos 16:15; Atos 1:8; 26:18 Romanos
3:22; 10:12; Efésios 3:5-6; Gálatas 3:25-29; 1 Pedro 2:9-10; Apocalipse
7:9). Na Igreja encontramos o conceito de globalização divina como realidade
espiritual.
O Pentecostes, foi o marco do florescer desta globalização inclusivista.
Em Pentecostes, a maldição de Babel é desfeita juntamente com seu conceito
humano de globalização (que busca a independência de Deus e se rebela
contra Ele), e a fé, que desconhece barreiras, se torna novamente imperativo
da globalização inclusivista (Atos 2). É
urgente o desafio de agora reconquistar o mundo para Deus, de proclamar
a “dependência de Deus ou morte”. Assim começa o florescer desta globalização,
que foi impulsionado pelas missões (Atos 9:15; 13:2) e também pelas
perseguições (Atos 8:1).
Inicialmente, o cristianismo era uma religião de periferia, existia
no submundo, era marginalizada, perseguida e martirizada, mas com bravura,
ainda que derramando seu sangue por contradizer os poderes dominantes
do Império, insistia em permanecer e crescer ganhando o mundo - esta
foi a era de mártires. Alguns
anos depois, grandes mentes da época se converteram, e se tornaram grandes
apologistas da fé - foi a vez dos grandes mestres. Posteriormente, em
cerca do ano 300 d.C., Constantino, o Imperador Romano, se converte
à fé cristã, e deste ponto em diante, o cristianismo se torna a religião
do Império, a religião mundial. Isto desvirtuou o conceito de globalização
proposta pelo Senhor, pois agora ela falha como Israel, tornando-se
uma globalização imperialista, ao lado dos poderes seculares.
A globalização da fé assume aspectos políticos e econômicos.
O Império, se estendia a quase todas as partes do mundo conhecido da
época, poucas eram as regiões conhecidas que não estavam vinculadas
às suas fronteiras. Assim
houve o casamento da religião com a coroa, ou na expressão de alguns
historiadores, da cruz com a espada, e a globalização secular se funde
à espiritual, passando a caminhar juntas. A conquista do império, era
a conquista da religião e vice-versa.
Por isto, daqui por diante, qualquer discussão de globalização,
que não levar em conta a religião cristã, será incompleta e falha. O
rápido avanço islâmico, e a conquista de terras e regiões antes dominadas
pelo Império e igualmente pela religião cristã, torna-se uma ameaça
político religiosa. As guerras terão caráter religioso (as grandes cruzadas
são um bom exemplo disto).
As reações que se seguiram a estes acontecimentos, culminam com
os eventos que levaram a fortes crises internas na religião e ao grande
cisma com a Reforma Protestante e as contra-reformas católicas. A
religião foi a mola mestra do Renascentismo, das Grandes Navegações,
da descoberta de novas terras, do expansionismo, e indiretamente, a
responsável por tudo que daí decorre: A Revolução da ciência, a Revolução
Industrial, as duas grandes guerras, o surgimento do socialismo e do
capitalismo, a formação dos dois grandes blocos, a guerra fria, a corrida
armamentista, a corrida espacial, a derrota do socialismo pelo capitalismo
e a atual tentativa de se formar os grandes blocos econômicos (Mercosul,
Comunidade Européia, Alca, Tigres asiáticos), para fazer frente ao imperialismo
dominante.
E se estes eventos são os elementos centrais da globalização
secular, como poderia ser esquecida a religião cristã? A própria disputa
católico x protestante, na luta por um quinhão maior, trouxe consigo
a justa acusação de que colonização, era sinônimo de cristianização,
e foi responsável direta pelos eventos acima citados, tudo isto, forma
o pano de fundo da religião cristã atual.
Na modernidade, houve o divórcio entre o que pertence a Deus
e o que pertence a César (Marcos 22:21), e novamente podemos ver a Igreja
Cristã lutando e se voltando à globalização proposta por Jesus. A missão
de ganhar o mundo para Deus, nos moldes de Zacarias 4:6, demorou a ser
entendida, e esta demora trouxe muitos desgastes desnecessários, mas
ainda em tempo, a Igreja cristã acordou para a realidade da verdadeira
globalização, e percebeu que ela é espiritual e independente dos poderes
seculares. A nobre missão, a antiga visão, o ide do Mestre, se torna
novamente um desafio e um ideal. O mundo para Deus é o grande desafio
atual.
As novas terras descobertas, que no passado foram vistas como
“os confins da terra” (de Atos 1:8), foram alcançados, e agora o caminho
se inverte, precisamos voltar dos “confins da terra” para Jerusalém,
pois nas terras onde o cristianismo floresceu, se tornou apenas “antigas
lembranças”, narradas em mofados livros de história.
Que grande essência da globalização é a fé cristã. A Igreja do
Senhor, Seu Reino, sua Nação eleita, formada por pessoas nascidas de
novo, composta pela nova humanidade de Deus (Efésios 2 e 4:24), vindas
de todas as nações, tribos, etnias, línguas, raça, cor, cultura e condição
econômica/social, gênero, idade. E
todos introjetados pelo Espirito Santo neste mesmo corpo, formando a
grande família de Deus (Efésios 4:4-6; Atos 4:32), direcionando todos
os recursos na manutenção e execução desta obra. Formando esta irmandade
que nos faz sentir em casa estando em qualquer parte do mundo onde haja
um participante desta globalização. Que
possui a mesma linguagem espiritual de amor, a mesma Palavra, os mesmos
elementos de culto e de adoração à Deus, que ora, sabendo que a oração
desconhece fronteiras, mesmo as celestiais. Amados, como os poderes
seculares e humanos precisam aprender com a fé cristã, se quiserem saber
o que é globalização, e se quiserem subsistir.
Mas nosso discurso estaria incompleto se não mencionássemos o
indivíduo, como a essência e o fundamento desta abordagem. Em termos
de globalização secular, o indivíduo só é levado em conta, enquanto
número de estatística que representa, mas a fé cristã valoriza o indivíduo,
aliás, sem ele não há globalização.
Para ser deste reino e participar desta globalização, é absolutamente
necessário que cada um de per si, exerça a fé, esta é a única condição
imposta, mas é uma condição “sine que non”. Não há salvação familiar,
nem coletiva e menos ainda nacional. A salvação é individual e pessoal
(Marcos 16:16; João 3:18; 3:36; 6:35). É preciso que o indivíduo creia,
após ouvir a pregação da Palavra, a anunciação do Evangelho de Deus.
E nisto está a glória e supremacia da globalização cristã. Pessoas
são enviadas ao mundo para pregar, mas ao mesmo tempo, nas palavras
do Rev. Caio Fábio, cada qual “dá frutos aonde Deus o plantou”. Quer
na sua própria localidade, quer pelo mundo afora, cada um participa
desta missão de anunciar o Evangelho. A visão é o mundo - investimos
onde estamos inseridos, sem esquecermos de investir a um e ao mesmo
tempo no mundo inteiro.
Desta forma, os indivíduos têm a oportunidade de ouvir e crer,
e de se tornar parte deste corpo espiritual (Romanos 12:5; 1 Coríntios
12:27; Efésios 4:4-6). Um a um, o conjunto vai se formado (1 Pedro 2:5),
cada elemento é essencial e fundamental na formação do todo, e todos,
individualmente, irão prestar contas a Deus (Hebreus 4:13; Apocalipse
20:12-13), pois há privilégio e também responsabilidade.
Ao relembrar a esperança messiânica judaica, constatamos que
há elementos comuns e elementos divergentes em relação à esperança cristã.
Nós
esperamos a vinda de nosso Senhor, fundamentados em Suas próprias promessas
(João 14:18; Atos 1:4-11), o dia em que Ele voltará e inaugurará uma
nova era na história da humanidade. Ele
vai voltar e inaugurar Um novo Reino, reino universal onde habita a
justiça e que é governado por Ele mesmo (2 Pedro 3:13), não restrito
a uma nação, mas a todos que se tornaram participantes do Reino, em
todas as eras da existência humana, a todos os que individualmente foram
nele introduzidos. Estes terão a honra de participar da consumação e
plenitude da globalização espiritual, ao lado do próprio autor - Deus.
Haverá um só rebanho e um só pastor (João 10:16; 1 Pedro 5:4).
Mas de tudo quanto falamos, o mais importante é que você possa
responder a esta pergunta crucial: Você fará parte deste evento? Lembre-se,
só há uma maneira, e depende de você (Atos 16:31; 17-30:31).
A cento e oitenta e um anos atrás, ouviram, as margens plácidas
do rio Ipiranga, o brado retumbante de um povo heróico. Eram aqueles
que acompanhavam D. Pedro I no grito nacional:
“Independência ou morte”.
Poeticamente até se declarou que, em raios fulgidos, o sol da
liberdade brilhou no céu da pátria nesse instante.
A história nos relata que foram muitas as lutas pela libertação
do Brasil. Inúmeros brasileiros deram a sua vida nestas lutas. Os que
morreram, fizeram por achar que valia a pena sacrificar-se para que
nós, hoje, pudéssemos ter uma pátria livre para viver.
Era forte o controle que Portugal exercia sobre o Brasil. O Brasil
era explorado ao máximo e Portugal não se importava com a situação dos
brasileiros. Por
isso, houve muitas revoltas neste período. Índios e negros se revoltaram
contra o governo, igualmente os colonos, mineiros, padres, poetas, militares
e até os senhores de engenho. Os
brasileiros clamavam por liberdade e independência. Lutavam contra o
domínio português e contra os governantes que o rei de Portugal nomeava
para controlar o Brasil. Em
todas as principais colônias e províncias brasileiras houve guerras
e revoltas. Muitos mártires despontaram. Um deles, e talvez o mais conhecido
(Joaquim José da Silva Xavier - o Tiradentes), declarou: “Se dez vidas
eu tivesse, dez vidas eu daria”. Este
ideal de liberdade era tão forte que, hoje, podemos vê-lo estampado
na bandeira de Minas Gerais: “Liberdade ainda que tarde”. O
penhor dessa igualdade, conseguimos conquistar com braço forte. Para
que vivêssemos no seio da liberdade, nossos antepassados entregaram
o peito a própria morte. Derramando o seu sangue para que você e eu
pudéssemos declarar a flâmula: “Paz no futuro e glória no passado”. Esta
é a pátria amada. O gigante pela própria natureza. O florão da América,
de sonho intenso e raio vívido. Com céu formoso, risonho e límpido,
onde resplandece a imagem do Cruzeiro. Forte impávido colosso, cujo
futuro espelha grandeza. Mas
não foi sem muita luta e sangue derramado, ó pátria amada, que esta
brava gente brasileira conquistou a liberdade e independência para podermos
hoje declarar: “Já
podeis, da Pátria filhos, ver contente a mãe gentil; Já raiou a Liberdade
no horizonte do Brasil. Brava gente brasileira! Longe vá temor
servil! Ou ficar a Pátria livre, Ou morrer pelo Brasil. Os grilhões
que nos forjava, da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa: zombou deles o Brasil. Revoavam tristes
sombras, da cruel guerra civil, mas fugiam apressadas, vendo o anjo
do Brasil. Mal soou na serra ao longe, nosso grito varonil, nos imensos
ombros logo, a cabeça ergue o Brasil.”
Nunca houve, jamais, em toda a história da humanidade, liberdade
e independência sem que sangue fosse derramado, sem que muita luta a
precedesse, sem que pessoas dessem a sua vida. O impressionante desta afirmação
é que ela também é verdadeira em relação a liberdade e independência
espiritual. É gratificante relacionar a luta pela liberdade e independência
do Brasil com a luta que ocorreu pela liberdade e independência espiritual
da humanidade. A Bíblia afirma que todos
os homens são pecadores (Romanos 3:23), e que todo aquele que comete
pecado é escravo do pecado (João 8:34). Logo, se todos somos pecadores,
todos somos também escravos do pecado. Mas Jesus afirmou: “Se o Filho
vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:36). Como ele pode nos oferecer
esta liberdade? A dois mil anos atrás, ouviu-se o maior brado retumbante,
às margens do monte Calvário. Era o grito de Jesus: “está consumado”.
Esta era a declaração de que, pela sua morte e sangue derramado, a independência
e liberdade da humanidade havia sido conquistada. Ali estava Jesus, nosso rei
e salvador, derramando o seu sangue, entregando a sua vida, lutando
por nós, para que pudéssemos receber a liberdade da escravidão do pecado
em que nos encontrávamos, e poder declarar independência de Satanás. E hoje Ele oferece, a todos,
e de graça, a libertação do engano, da mentira, do pecado, do mundo,
da condenação eterna, de Satanás e de você mesmo. Bastando para isto
que você creia nEle, recebendo-o como seu único salvador e senhor. É independência ou morte.
Ou você é libertado de todas estas coisas, ou morrerá em seus delitos
e pecados. Sendo assim, sua sentença será a eterna separação de Deus.
Então, não espere mais tempo.
Declare hoje mesmo, em Jesus Cristo, a sua independência espiritual,
e viva a liberdade que só um filho de Deus pode experimentar. Torne-se
um cidadão do reino de Deus, onde prevalece a justiça, a paz, o amor
e a felicidade suprema. Que cada um de nós possamos
comemorar o nosso setembro espiritual, a cada ano, por toda a eternidade.
A vitória já foi conquistada na cruz, basta apropriar-se dela.
05
Aprendendo
com a adversidade
Sentimo-nos desafiados frente à morte, especialmente quando esta
atinge alguém que de alguma forma está ligada a nós, e nos é querida.
Embora seja algo esperado por todos, e que todos temos ciência de mais
dia, menos dia, vai acontecer, quando este dia chega é doloroso, e por
mais que venhamos a nos sentir preparados, quando acontece, é difícil,
muito difícil agüentar.
Sentimo-nos impotentes, pequenos, e percebemos que não temos
controle absoluto sobre todas as coisas. Sentimos que há algo que vai
além do nosso controle e possibilidades, apesar de todo avanço e arrogância
da ciência de querer explicar e resolver tudo. Este momento, sem palavras,
mostra toda a nossa pequenez. O
que fazer neste momento? Como encará-lo? Como aliviá-lo? Como não sentir
tanta dor? Penso que a maioria de nós já passou por tal situação, e
sabemos o que se sente pela ausência e perda de alguém que nos é caro.
Mas, se não podemos mudar o fato, podemos ao menos encará-lo de forma
diferente: com coragem, e aproveitar para repensar e refletir na nossa
caminhada - nós os que ficamos. Tem valido a pena? Tem contribuído para
alguém ou, para alguma coisa? Constantemente
ouvimos ou pronunciamos a expressão: “Para morrer, basta estar vivo”.
Mas, viver, é simplesmente o mero existir? Apenas um respirar? Somente
uma caminhada para o fim que é comum a todos? Se para morrer basta estar
vivo, para viver não basta ter nascido, é preciso algo mais. Aproveitemos
então este momento que por si nos leva a pensar, para relembrar algumas
coisas que talvez nos console, ou,
ao menos, alivie um pouco a dor que arde no peito: a) O
nascimento e a morte, são uma das únicas coisas que torna igual a todos
nós, e independe da posição social, política, econômica, religiosa.
Aqui não há distinção de sexo, cor, idade, nacionalidade. As coisas
que nos distanciam uns dos outros, só acontecem enquanto em vida, no
intervalo. b) É
neste instante que percebemos o valor das pessoas. Fica pois uma crítica:
Quantas vezes só valorizamos as pessoas quando não as temos mais? c) Todos
são importantes para alguém. Por mais vil, desprezado ou desconhecido
que você seja, sempre haverá alguém para te lamentar. Você pode não
ser importante ou reconhecido por todo mundo, mas neste mundo, haverá
sempre alguém para quem você é muito importante. d) Nosso
choro deve ser pela ausência e perda, não pelo arrependimento de ter
feito ou deixado de fazer algo e que agora é tarde demais, não há mais
como reparar. e) Este
momento nos torna mais “religiosos”, e nos leva a pensar: “ele foi para
um bom lugar”, mas será que no seu momento, da forma como tem administrado
a sua vida, você vai encontrar com ele, no mesmo “bom lugar”? f) Você
que despreza e não valoriza os outros, vê que seu princípio e fim são
o mesmo, o que faz a diferença
nas pessoas é a maneira como vivem no intervalo, entre estes dois momentos
que chamamos de vida. É nele que deixamos nossa marca, nossa lembrança,
nossas contribuições, sejam elas boas ou más.
Não é este um momento de solidariedade? Onde os nobres sentimentos
por vezes enferrujados afloram? Não é este o momento oportuno de querer
ser diferente? De querer viver de tal forma que a morte seja apenas
a consumação de todas as boas coisas que oferecemos ao mundo?
Tenho pensado muito, e cheguei a uma conclusão: Eu não quero
passar pela vida, sem deixar a minha contribuição. Quero que as pessoas,
de mim, tenham boas lembranças. Nas palavras de outro digo: quero servir
para viver, vivendo para servir. E você? Participe! Envie-nos seu comentário : iceuniao@uol.com.br - www.uniaonet.com |
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