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Jair Souza Leal _ Artigos de 11 a 15 .

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11 - Lógica de Deus
12 - Deus está perdendo
13 - A Numerologia que suprime a vida
14 - Sucesso em meio ao fracasso
15 - Os Loucos e os incoerentes

  11 - A Lógica de Deus

 

            De maneira a mais básica e popular, e não sem a ajuda do Aurélio, poderíamos definir ‘lógica’ como sendo: “a coerência de raciocínio, de idéias”. E de forma teológica, espiritual e com a simplicidade divina que é sempre tão peculiar, contrária à humana que é sempre tão complexa, poderíamos afirmar que: A lógica de Deus é inversamente proporcional à lógica do homem, ela é matemática e filosoficamente louca, mas, espiritual e divinamente sábia.

            Os gigantes do mundo são como Golias, os gigantes de Deus são como o pequeno Davi. Os gigantes humanos, são grandes, fortes, bem armados e desprezam a Deus, confiam nas próprias forças, no poder das suas armas, naquilo que é aparente e visível, naquilo que a lógica humana determina. Os gigantes de Deus, são totalmente dependentes dEle, reconhecem a sua fraqueza e inapetência e confiam único e exclusivamente em Deus, pois, enquanto os enormes gigantes do mundo apoiam-se nos próprios pés, os pequenos gigantes de Deus apoiam-se nos joelhos. É de joelhos que o gigante de Deus é maior.

              Na lógica divina, os fracos é que são fortes: "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte.” (2 Coríntios 12:9-10)  Na lógica humana, isto é irracional, pois o mundo não aprecia os fracos, eles devem ser eliminados, apreciam a lei do mais forte onde estes prevalecem.

            A lógica divina, diz ao que quer ser grande entre os seus irmãos que ele deve se tornar o menor e servir aos demais. A lógica humana abomina esta idéia; todos querem ser servidos e querem mostrar o quanto são grandes, poderosos e importantes. O Senhor ensina ao que quer ser exaltado que ele deve se humilhar, pois o que se exaltar será humilhado.

            Os conquistadores do mundo são os bravos, os fortes, os guerreiros, os que impõem a sua vontade pela força, mas na lógica divina, os mansos é quem herdarão a terra e eles devem se tornar como crianças e simples como a pomba. Deus é aquele que diminuiu o exército de Gideão para conquistar a vitória sobre um poderoso e numeroso exército inimigo.

            E o que dizer da lógica humana que busca por meio dos prazeres, lícitos ou ilícitos, encontrar a felicidade, fazendo o que pode para não encarar a vida em suas decepções e desafios, e para eliminar a tristeza e o choro. E vem Deus com a sua lógica dizendo: "Felizes os que choram pois eles serão consolados." (Mateus 5:4)

            Na lógica humana há amor, amor entre os que se amam; ela ensina as pessoas a procurar viver em paz, mas, caso seja ferido ou magoado, obviamente seria querer demais não se vingar; até ensina a perdoar ao que vem buscar perdão e esteja pronto a não repetir o erro. Entretanto, Deus, na sua lógica, ensina os seus a amar não somente os amigos como também os inimigos; a tomar a iniciativa de perdoar o ofensor e não somente uma vez mas até setenta vezes sete; a oferecer a outra face ao invés de vingar-se.

            O mundo aprende a acumular para si riquezas, mas Deus, ensina que melhor é dar do que receber; que a verdadeira riqueza deve ser acumulada nos céus; que o coração não deve estar nas riquezas, mas nEle, pois, onde estiver o tesouro do homem, ali estará o seu coração, e as riquezas humanas são perecíveis, as que se acumulam nos céus, são eternas e mais valiosas, portanto devemos ser ricos para com Deus.

            Contrário à lógica humana, Deus ensina que: os últimos serão os primeiros; Ele não veio chamar os justos mas os pecadores ao arrependimento; o que entra no homem não o contamina, mas, sim, o que sai, pois é do coração que provém toda a maldade existente. Quanto ao mundo que tanto almeja poder e longevidade, Deus, ao invés de fazer do homem um ser divino, imortal e cheio de poderes, prefere, Ele mesmo, tornar-se  homem mortal e passível de fraquezas.

            Bem podemos dizer que a sabedoria de Deus é vista pelo homem como louca, é humanamente ilógica. Por isso Deus escondeu-a dos sábios e entendidos deste mundo e a revelou aos pequeninos, aos ignorantes, incultos, os João-ninguém. Ele escolheu as coisas que não são para confundir as que são.            

            E enquanto os gregos, senhores da lógica, buscavam sabedoria e conhecimento coerente; e os judeus, detentores das alianças e promessas de Deus, buscavam sinais do céu, para crer que Jesus era o Deus encarnado. Aquele, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria, em cumprimento das promessas dadas ao seu povo, adentrou este mundo, revelando toda a sua glória e sabedoria aos pequeninos. Assim, os sábios e poderosos não O reconhecem, antes, crucificam-no, expulsando-o deste mundo, e continuam em busca de conhecimento e sinais.

            Agora entendo porque “Naquela mesma hora exultou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos; sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.” (Lucas 10:21)

 

 

 

 12 - Deus está perdendo?

           

Porque, meu Deus, sinto que tens se tornado cada vez menos atrativo para as pessoas do que as drogas, os vícios, as bebidas, as farras. Teus louvores tem atraído menos do que as músicas irracionais promotoras da incultura e dos desejos bestiais. O desejo por Ti tem sido menor do que o desejo por sexo, que está sendo exaltado, e hoje anda livre e descompromissado, alcançando mais e mais discípulos, cada vez mais jovens, e lançando-os na vida sem qualquer preparo.

Estas coisas tem sido mais divulgadas, exploradas, procuradas e experimentadas do que Tu, oh Deus. Elas trazem algum prazer momentâneo e aparente, mas são destrutivas, físico e emocionalmente, enquanto Tu edificas, ofereces uma vida abundante, cheia de felicidade e amor verdadeiro, e trazes benefícios eternos para o corpo, alma e espírito. Porque então tens sido preterido a estas coisas? Tu estas perdendo?

            Porque, meu Deus, vejo mais pessoas servindo ao capitalismo, aos poderosos do mundo, aos traficantes, à corrupção, aos próprios interesses, aos prazeres insanos e pervertidos, do que a Tua nobre, santa, amorosa e exaltada pessoa. Tu estás perdendo?

Porque, meu Deus, vejo mais pessoas buscando dinheiro, satisfazer a qualquer preço os seus insaciáveis desejos, a fama, a auto promoção, do que buscando conhecer-Te, saber a Tua vontade e em como poderão agradar-Te. Tu estás perdendo?

Porque, meu Deus, vejo mais pessoas em boates, nas mesas de bar, em discotecas, nas festas. Mais pessoas em locais que desonram o Teu nome. Mais pessoas desafiando os Teus preceitos. Mais até do que nos locais de adoração, onde se presta culto a Ti. Mais até do que nos locais onde és honrado, ensinado e crido. Tu estás perdendo?

Porque, meu Deus, ouço mais pessoas contando piadas imorais, falando de futebol, de mulher, de carro, de efemeridades, do que falando de Ti. Elas falam de tudo, com grande satisfação, até dos seus erros e pecados, mas não tem a mesma disposição e coragem para falar do Teu amor, do Teu nome, da Tua  pessoa, das Tuas obras. Tu estás perdendo?

Porque, meu Deus, percebo que há mais ódio do que amor entre as pessoas; mais tristeza do que alegria; mais egoísmo do que altruísmo; mais infidelidade e traição do que sinceridade e fidelidade; mais incredulidade do que fé; mais orgulho do que humildade; mais individualismo do que solidariedade; mais destruição do que milagres; mais males do que bem; mais pecado do que piedade. Tu estás perdendo?       

Se és a fonte de todo bem, de todo amor, da felicidade e da paz. Se és o único capaz de preencher o vazio que há em nós e os anseios do coração. Então, onde as pessoas têm buscado a paz? Onde têm buscado a felicidade? Que amor é este que dizem ter? Como tem preenchido as suas vidas? Quais são as suas motivações, esperança e futuro? O que esperam alcançar?

Será isto a razão do aumento da violência? Da guerra iminente? Da fome e exploração de seres humanos? Da falta de amor que impera no mundo? Da corrupção cada vez maior? Do individualismo?

Será isto a razão de pais que matam filhos e filhos que matam pais? De famílias desajustadas, desestruturadas e destruídas? Do aumento do divórcio, da solidão e de todos os males que assolam a humanidade?

 

Mas, parte desta inversão, não seria culpa dos teus atalaias que se calaram, ou não falam o suficiente de Ti? Dos teus embaixadores que não demonstram que a pátria celeste é superior à terrestre? Dos teus representantes que não Te apresentam à altura? Dos responsáveis em mostrar Sua imagem entre os homens, mas, que, da forma como vivem, e pelos atos que praticam, tem trazido uma imagem distorcida da Tua pessoa? Dos teus servos, que não tem te servido como convém?

Até quando isto permanecerá? Até quando os filhos comerão as bolotas que pertencem aos porcos sem se lembrar que na casa do Pai há abundância, e tudo é muito melhor? Quem está perdendo? Porventura és Tu oh Deus? Ou somos nós que estamos perdendo, e se perdendo, sem Ti? 

  

13 - A Numerologia que suprime a vida

 

            Hoje em dia a vida humana tem valor ou é mero número de estatística? Ao que parece, até as instituições religiosas, muitas vezes chamadas igrejas cristãs, tem valorizado mais o número que as pessoas representam nas suas estatísticas, do que a pessoa em si. Denominações trabalham, fazem de tudo, não visando a vida humana, mas o número, a estatística. O mesmo acontece entre as diversas religiões. As pessoas têm sido disputadas, não por elas em si, mas pelo impacto que trazem aos números dos relatórios.

            O que tem sido mais importante em nossas igrejas: o patrimônio ou as pessoas? O rótulo denominacional ou a vida? O ser humano enquanto alma eterna a ser resgatada ou pessoas religiosas para engrossar o rol de membros? Como se direciona as finanças da Igreja: em prol das pessoas ou da aquisição de coisas? Para abençoar, alcançar e construir vidas ou, para construir templos, comprar e acumular riquezas e bens materiais? 

            Esta tendência pelo número já é uma realidade na política, saúde, educação e economia. Tudo gira em torno dos números e estatística. Interessante é que, até em tragédias, não se pensa muito em quem morreu mas, em quantos morreram. A própria polícia trabalha com estatística e números.

            Infelizmente, a mentalidade do número ofuscou também a fé. Número, eqüivale a mais recursos, a mais poder, a mais patrimônio, a mais respeito, a mais prestígio. Portanto, quanto maior o número que tivermos em nossas fileiras, melhor. E se for de classes mais abastadas, de entre pessoas famosas, de prestigio social, status e influências, é ainda melhor.

            Há uma crise existencial entre os evangélicos brasileiros, um complexo de inferioridade. Aqueles que durante séculos foram oprimidos, rejeitados, caluniados, considerados a escória, e que sempre estiveram em segundo plano, hoje sentem a necessidade de reverter o quadro e mostrar o quanto são importantes, o quanto cresceram e ainda crescem, como atingiram as camadas sociais mais elevadas, devendo ser respeitados e honrados, pois agora são mais intelectuais, científicos e até grandes concorrentes dos poderes seculares (como mídia, música, universidades, escolas, política, etc.). Tudo isto pode e deve ter algum valor, desde que não se imponha em supressão da vida humana.

            Quer ver um exemplo simples de como a numerologia suprimiu a vida? Basta você responder a estas simples perguntas: Seu pastor te conhece? sabe seu nome? onde você mora? qual a sua profissão? se está ou não empregado? No seu aniversário ele te liga para dar os parabéns? já foi à sua casa? conhece a sua mulher, os seus filhos? Quantas vezes já tomou um café ou já almoçou com você? conhece os seus talentos e potenciais, as suas fraquezas e anseios? Nota quando você deixa de freqüentar os cultos? ou só quando deixa de entregar o dízimo? É capaz de perder uma noite de sono ou deixar de se alimentar se isto vai trazer benefício espiritual para você? Já se assentou com você para conversar, aconselhar, orar e chorar juntos? ou a agenda dele é cheia demais com numerosos congressos, palestras, reuniões, conferências, pregações em eventos, para perder tempo com um único e simples mortal como você?

            Século estranho este nosso, não? O leão vem para atacar a ovelha, mas, como ela não marcou horário com seu pastor, através da secretária, terá de perecer. É que são tantas atividades, e não se pode abrir mão das mesmas. A ovelha se desgarrou e está ferida no vale, mas, as reuniões, convenções e programações são tão numerosas que impede-o no cuidado e resgate da mesma, terá de perecer, mas que bom que ele talvez nem fique sabendo..

            Queridos, como temos nos afastado da vontade de Deus pelo secularismo que nos pressiona. É claro que Moisés tentou cuidar de todo o rebanho sozinho, até ser orientado pelo sogro a dividir o trabalho (Êxodo 18:13-25). Os apóstolos, instituem os diáconos para ter tempo de se dedicar a oração e ensino (Atos 6:1-4). Paulo, coloca anciãos para cuidar do povo, pois a igreja crescia muito, ele queria ganhar o mundo, desejando que todos fossem salvos das trevas pela pregação da palavra mas, sabia que precisavam de cuidado diário, intenso e pessoal (Atos 14:21-23). Tudo isto porque as vidas é que tinham valor, não o número, embora este se avolumasse e eles tivessem que se organizar, visando o cuidado individual para com todos.

            Então, uma coisa é a organização cujo objetivo é fazer com que todos sejam alimentados e cuidados, e outra, é a mera preocupação com o crescimento numérico que não leva em conta as pessoas, senão pelo número que representam.

 

            Pensem um pouco no sacerdote e no levita (da parábola do bom samaritano narrada em Lucas 10:30-36), como um líder religioso que tinha uma importante reunião, ou mesmo, que dirigir o culto no Templo, e não dava pra parar e perder tempo atendendo um moribundo, pois iriam se atrasar. Não é interessante pensar que a religiosidade impede o homem de servir a Deus?

            Tudo se faz em nome dEle, mas as prioridades estão invertidas. Na vontade de Deus há prioridades. O dever do sacerdote e do levita foi instituído por Deus, e era a Sua vontade que eles o cumprissem, mas, a sensibilidade, a misericórdia, o amor ao próximo, a percepção de que algo mais urgente e prioritário se destacava, deveria sobrepujar as atividades religiosas regulares.

            Este foi um dos erros dos fariseus. Guardar o sábado era ordem de Deus, mas amor e misericórdia, também. Portanto, fica aqui um importante princípio, de que, mesmo em se fazendo a vontade de Deus, devemos reconhecer as prioridades dela, e o amor, a valorização da vida humana, estão acima das regras. Há coisas que fazemos que são importantes, mas por vezes, se tornam segundo plano. Então, se queremos reconhecer as prioridades de Deus, devemos ter sensibilidade espiritual.

 

            Queremos lutar com armas humanas, usar o nosso poder, a nossa força e recursos, como Davi, que ao fazer o censo, queria estar seguro de que tinha número suficiente de soldados para batalhar, e assim estaria seguro e não dependeria da vontade de Deus, o Senhor dos Exércitos (2 Samuel 24). Que falácia! Davi, esqueceu-se que Deus deu vitória a Gideão em número reduzido (Juizes 7:7). Certamente que Gideão não é um bom modelo para os nossos dias, não é mesmo? É mais fácil confiar na multidão visível do que no Deus invisível.

           

            Jesus fazia a vontade do Pai e estava sempre atento e sensível à Suas prioridades. Aqui está um pastor que conhece suas ovelhas pelo nome, que se preocupa com elas, que vai em sua casa, conhece a sua história, dá a vida por elas, e está mais preocupado com elas do que consigo mesmo. Os pastores de hoje tem sido imitadores de Jesus?

            Ele sabe que a misericórdia, o amor e a mensagem salvadora e transformadora tem prioridade máxima na vontade de Deus (João 4:5-42). Os discípulos ainda não tinham entendido isto quando aconteceu esta história (de Jesus e a mulher samaritana). Viam apenas um homem falando com uma mulher (algo teologicamente inútil); um judeu falando com uma samaritana (algo socialmente inaceitável), e até deixando de comer por causa disto, sendo que Ele estava exausto e com fome (isto era algo biologicamente trágico). Mas o pior, falando com uma mulher da vida (algo moralmente incorreto).

            Tudo o que não sabiam é que era algo divinamente agradável à Deus. E Jesus sabia que a vontade de Deus tinha prioridade sobre a sua, sabia que as coisas espirituais precedem as físicas, que uma alma vale mais do que o mundo inteiro, que as coisas eternas tem mais valor do que as materiais e passageiras.

            O ser humano está no centro das atenções do Pai e de Jesus, e Ele valoriza individualmente a cada um e coletivamente a todos (v. 39-41).

 

            Lembre-se sempre que, assim como há mandamento maior que outros (Mateus 22:36-40), graus de castigo diferenciados (Mateus 11:22; Hebreus 10:29), e de galardão (Mateus 5:12; 1 Coríntios 2:8, 14-15), assim a vontade de Deus terá graus de prioridade. Portanto, diante das decisões que tiver de tomar, lembre-se de levar em conta a vontade prioritária e maior de Deus e seja sensível a Ele.

 

            Uma ilustração final pode te ajudar a compreender melhor o que dissemos até aqui. Imagine que você tem um importante compromisso na Igreja; vai pregar num grande evento. Você trabalhou o dia todo, está cansado, não deu para alimentar-se direito, vai comer antes do culto. Pega o carro e parte, vai cumprir o compromisso, está moralmente correto e fazendo a vontade de Deus. No caminho, vê um acidente, alguém agonizante que você poderá salvar se socorrer a tempo. A estrada está deserta. Mas o seu compromisso é tão importante, tantas pessoas estão lhe esperando para ouvir o sermão e ser abençoadas. Depois, se socorrer a vítima, vai ter de se explicar no hospital, vai se sujar e talvez até seja acusado de tê-la atropelado. E o pior é que os irmãos não toleram atrasos nem furos.

            Qual a vontade de Deus neste caso? Cumprir o compromisso e sair moralmente honrado e aplaudido por uma multidão; ou, socorrer apenas uma vítimazinha agonizante a beira da morte e incorrer em toda a complicação advinda do ato? Como aplicar o princípio aprendido? Deus quer que amemos o próximo, mas quer também que tenhamos palavra e honremos os nosso compromisso. Como você agradaria mais a Deus? Em qual das decisões tomadas estaria cumprindo a vontade de Deus?

            Deu para entender que até em se cumprindo a vontade de Deus devemos descobrir as Suas prioridades? A decisão está em suas mãos. Então, não se deixe influenciar pela numerologia que suprime a vida, antes, seja sensível e conhecedor das prioridades de Deus.

 

 

 14 - Sucesso em meio ao fracasso

 

            Ser cristão não significa, como erroneamente se pensa, que tudo vai dar certo na vida, que estaremos isentos das impropéries e dificuldades comuns a todos os mortais, que não teremos problemas em nossos empreendimentos, relacionamentos, trabalho, saúde, estudos, amizades, decisões, investimentos.

            A conjuntura econômica, financeira, cultural e social, afeta a todos de igual modo, bem como o desemprego, a crise, as dificuldades, a falta de planejamento, de conselhos, de competência. Isto independe da fé.

            Não fosse assim, livrarias e editoras cristãs jamais deixariam de existir; empresários cristãos jamais saberiam o que é concordata, falência, dívidas, arroxo, financiamento, crise, concorrência; o político cristão jamais perderia uma eleição; o estudante cristão seria o melhor em classe; o funcionário cristão seria o melhor na empresa; o profissional cristão seria insuperável. E sabemos que isto não é assim, seria bom que fosse, mas parece ser o inverso. Até igrejas, outrora financeiramente prósperas e numericamente florescentes, costumam fechar as suas portas.

Pense na história de José como um bom exemplo desta argumentação (Gênesis 37 a 47). Ele era um servo do Senhor. Deus estava no controle da sua vida e tinha planos especiais para ele. Mas, aparentemente, tudo dava errado em sua vida. A primeira parte dela apresenta um derrotado, fracassado, traído, humilhado. Tudo seguia na contramão dos seus sonhos. Contudo, era no fundo do poço, ou melhor, no fundo do cárcere que estava o gancho que o elevaria. Precisou chegar bem fundo, pois era lá que se encontrava o elo de ligação com a sua ascensão e vitória. 

            Aprendo disto que, antes de nos elevar às alturas, Deus nos lança ao pó. Para nos fazer sempre lembrar que em tudo devemos depender dEle. Por mais brilhantes e talentosos que sejamos, tudo que temos provém dEle. Devemos, inicialmente, reconhecer isto, em seguida, usar a capacidade recebida para trazer-Lhe glória. Enquanto isto não acontecer, até o sucesso que pensamos ter é um verdadeiro fracasso

            Então, se o fracasso pode vir a fazer parte da nossa história, é sábio levar em conta o princípio bíblico que diz: “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28). Até o fracasso contribui para ensinar e amadurecer o cristão. Aliás, quando corretamente encarado, o fracasso se torna uma dolorosa e boa aula divina que ensina sem palavras.

Precisamos desde já aprender a fazer e planejar as coisas como se tudo dependesse de nós, e a orar de tal forma, como se tudo dependesse de Deus. Este é um excelente ponto de equilíbrio para a nossa carreira e vida cristã neste mundo.           Quanto estiver ao seu alcance, procure ser o melhor; procure investir, avaliar. Não tome decisões nem entre em uma empreitada sem antes exaurir todas as possibilidades, sem antes ouvir conselhos de outras pessoas, pois a Palavra diz: "Onde não há conselho, frustram-se os projetos; mas com a multidão de conselheiros se estabelecem" (Provérbios 15:22). Se tudo parecer favorável, vá em frente, faça o que tem de ser feito, não deixe de fazer por temer fracassar.

Nunca deixe um fracasso anterior impedir novas possibilidades de risco. Melhor, entenda seus fracassos como sendo a necessidade que teve de uma boa lição, que de outra forma jamais seria aprendido. É obvio que é um aprendizado doloroso, mas necessário. É a melhor maneira de se aprender sobre humildade e dependência de Deus que palavras e mestres jamais seriam capazes de ensinar.

No mais, a vida em si é um risco, e quem nela não se aventura, com sabedoria é claro, vive na mesmice. Jamais experimentará o sabor de viver, o sabor de conquistar, o sabor das possibilidades. Obviamente que, com Deus, a nossa aventura se torna uma boa aventura (Salmo 128).

Se competência, vontade, análises favoráveis, conselhos, não é o seu problema, ore bastante e vá em frente. Um fracasso sofrido não significa derrota total, antes, é a lição de um sucesso diferente. Nunca desista. Pense que é melhor o fracasso do que tenta do que o sucesso do inútil.

            Deus é bom. Ele não está contra você e não te capacitou para depois te impedir de usar a sua capacidade. Ele te ama e quer te ver bem sucedido. Cumpra o seu ministério, a sua missão, dando “frutos onde Deus te plantar”. Ele luta a nosso favor, e quando temos intimidade com Ele, a nossa vontade será a vontade dEle, e a vontade dEle será a nossa.

O maior fracassado não é aquele que vê os seus planos falharem, mas aquele que falha em não se encontrar nos planos de Deus. Faça sucesso mesmo em meio ao fracasso. Se preciso for, seja um fracassado bem sucedido.

            Jamais arrisque a sua fé, ou a sua eternidade, se aventurando no pecado e se aventurando a viver longe de Cristo. Quanto ao mais, faça como Pedro, o aventureiro apóstolo de Jesus, que teve experiências únicas e extraordinárias com Cristo que os demais apóstolos não tiveram, tudo isto porque não temia o fracasso.

Por exemplo, o medo de afundar não o impediu de caminhar sobre as águas do mar. É verdade, ele afundou, mas não antes de caminhar sobre as águas (Mateus 14:25-33). Quem, além dele e Jesus, tiveram este privilégio? Se você quer andar sobre as águas, tem de correr o risco de afundar.

Pedro foi um dos que mais fracassou, porque também foi um dos que mais arriscou. Mas, quem entre os apóstolos se tornou mais conhecido? Quem herdou maior responsabilidade? Quem se tornou líder entre eles? O que nunca fracassou? Não! O mais fracassado se tornou o melhor sucedido.

 

 

 15 - Os loucos e os incoerentes

 

A tragédia que se abateu sobre os EUA e abalou o mundo, quando aviões comerciais foram seqüestrados por extremistas islâmicos do grupo Al Qaeda, chefiado por Bin Laden, e lançados sobre as torres gêmeas do World Trade Center, já faz parte da nossa história.

Muitas vidas foram ceifadas, o mundo viveu a terrível angústia da expectativa de uma possível terceira guerra mundial, mas, foi o Afeganistão quem sofreu mesmo a maior parcela da tragédia com a resposta americana ao atentado.

Todos conhecemos e acompanhamos, exaustivamente, pelos noticiários, este ocorrido e as suas conseqüências. Então, não seria necessário que nos puséssemos a falar sobre isto novamente, e não é este o nosso objetivo.

Queremos, antes, tirar deste acontecimento, algumas lições práticas, bíblicas e espirituais, para aplicar às nossas vidas hoje, porque estou convencido de que podemos e devemos tirar lições da adversidade, pois mesmo a loucura pode nos ensinar, ensinar os erros que não devemos cometer.

Sendo assim, que lições podemos aprender com a tragédia que abalou o mundo capitalista?

 

1. Que os nossos mártires são melhores do que os deles

            Esta é, sem dúvida, uma história de mártires, sob o ponto de vista do grupo religioso que comandou o atentado. Cada um dos homens bomba, cada um dos pilotos suicidas que tivemos notícia, deram a sua vida por uma causa, por uma promessa, por um deus que veneram.

            Entretanto, quando comparamos estes mártires, aos mártires do cristianismo, percebemos que, embora ambos, sejam motivados por uma fé religiosa, os homens bombas de Alá não se comparam com os homens bons do Senhor Jesus.

            Os homens bombas são movidos por ódio; os homens bons por amor. Os homens bombas odeiam o mundo e tudo que contrariam os seus ideais; os homens bons amam o mundo e dão a sua vida por ele, e é o mundo quem os odeia, os persegue, e tira-lhes a vida.

Os homens bombas tiram a vida de pessoas, inclusive as próprias; os homens bons dão suas vidas para que outros continuem a viver felizes, não só neste mundo, como também no vindouro. Os homens bombas agem egoisticamente, pensando nos benefícios que obterão no paraíso por suas ações; os homens bons agem movidos por amor, pensando nos benefícios que podem trazer aos moribundos e escravos do pecado. Os homens bombas trazem desgraça, destruição, dor e sofrimento; os homens bons trazem amor, paz e a alegria da salvação.

É possível continuar mostrando a superioridade dos mártires cristãos sobre os mártires que conhecemos há dois anos atrás. Entretanto, há outra lição que podemos tirar desta tragédia.

 

2. Os filhos das trevas são mais prudentes que os filhos da luz

            O islamismo, atualmente, é a religião que mais cresce. É a segunda maior religião do mundo, perdendo somente para o cristianismo, e assim mesmo, porque se junta na contagem, católicos e protestantes.

Vale lembrar que eles têm uma desvantagem em relação a nós de seiscentos anos. Enquanto temos cerca de dois mil anos de história, eles têm apenas mil e quatrocentos, e estão cada vez mais crescentes e infiltrados em todas as partes do mundo.

São generosos contribuintes da sua fé e causa. São fervorosos ao extremo e amplamente envolvidos na sua missão. Cada islâmico é um islâmico de verdade, crêem profundamente no seu Alcorão e profeta Maomé.

Eles não têm meio termo, não têm vergonha da sua fé, não se deixam misturar com aquilo que seja contrário aos seus princípios, e utilizam todos os recursos arrecadados na ampliação da religião, além de terem uma maior unidade interna do que nós.

Não é esta uma triste comparação para nós cristãos? A tímida participação financeira na obra missionária e pregação da mensagem que sabemos ser a verdade? O  tímido avanço? O fraco envolvimento dos fiéis na obra?

A má administração dos recursos, a falta de unidade, o divisionismo que nos assola, além de que, a cultura secular penetra a cada dia na Igreja fazendo enormes estragos. Sem falar na frieza dos fiéis e no seu envolvimento com as coisas materiais e o pouco conhecimento da Palavra e do mestre Jesus.

Bem disse Ele: “Pois os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração que os filhos da luz” (Lucas 16:8). Mas a próxima lição, é ainda mais triste.

 

3. Os loucos e os incoerentes

            Nós cremos que eles, embora sinceros, estão equivocados na sua fé. Mas precisamos reconhecer que são coerentes naquilo em que acreditam, e agem baseados na fé que professam; a ponto mesmo de, se preciso, dar a sua vida, sacrificar-se.

            Nós cristãos, que conhecemos e cremos na verdade revelada, do único e verdadeiro Deus, agimos de modo incoerente com esta fé. Foi o próprio Ghandi quem um dia declarou; “eu admiro o vosso Cristo, mas aborreço o vosso cristianismo”, isto, após estudar o Novo Testamento e comparar com a maneira como os cristãos viviam.

            É triste e intrigante reconhecer que esta sempre foi uma infeliz verdade acerca daqueles que servem a Yahweh. Quando lemos Jeremias 35, encontramos algo semelhante.

            Os judeus, povo de Deus na antiga Aliança, estavam a ponto de serem levados cativos para a Babilônia, por causa da sua idolatria, corrupção e desobediência a Deus. Apesar dos esforços dEle, enviando profetas e advertindo constantemente, e apesar de serem guardiães dos oráculos divinos.

            Deus então, para mostrar-lhes o erro, chama o profeta Jeremias, e manda-lhe convidar os recabitas, homens que não conheciam a Deus e viviam baseado em algumas orientações de um dos seus antepassados, Jonadabe.

            Eles deram uma lição de fidelidade e coerência que o próprio Deus se alegrou, a ponto de prometer-lhes bênçãos, tal a sinceridade em que viviam, numa religião baseada em preceitos humanos, enquanto Seu povo, que conheciam pessoalmente a Deus, tinham a verdade revelada, eram incoerentes, desobedientes, arrogantes, vivendo na mais cruel indiferença e pecado, trazendo juízo sobre sua vida e nação. Deus usou os ímpios babilônicos para trazer juízo sobre a casa de Israel.

            A Palavra de Deus é tão atual, e fala com tanta propriedade nos dias de hoje, que esta história se aplica perfeitamente a nós. Observamos hoje um cristianismo nominal, cristãos envolvidos com o mundo, cheios de indiferença, incoerentes, arrogantes, desobedientes a Deus, e pregando aquilo que não vivem.

            Mas conforme aprendemos na palavra de Jeremias, o povo de Deus não fica sem castigo. Ele levanta outros povos para trazer juízo aos seus e chamar-lhes a uma obediência mais sincera e íntegra, ao arrependimento.

            Não seria este um momento de pensar que algumas coisas que nos sobrevêm, poderiam ser juízos de Deus sobre os nossos pecados e desobediência?

            Que cada um tire as próprias conclusões. Uma coisa nós devemos reconhecer, não concordamos com a maneira como aqueles homens agiram: são para nós, loucos. Mas também não concordamos com a maneira com os ditos cristãos de hoje vivem a sua fé. São para nós, incoerentes. Ambos precisam conhecer e viver para o verdadeiro Deus.

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