Jair
Souza Leal _ Artigos de 11 a 15 .
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De maneira a mais básica e popular, e não sem a ajuda do
Aurélio, poderíamos definir ‘lógica’ como sendo: “a coerência
de raciocínio, de idéias”. E de forma teológica, espiritual e
com a simplicidade divina que é sempre tão peculiar, contrária
à humana que é sempre tão complexa, poderíamos afirmar que: A
lógica de Deus é inversamente proporcional à lógica do homem,
ela é matemática e filosoficamente louca, mas, espiritual e divinamente
sábia.
Os gigantes do mundo são como Golias, os gigantes de Deus
são como o pequeno Davi. Os gigantes humanos, são grandes, fortes,
bem armados e desprezam a Deus, confiam nas próprias forças, no
poder das suas armas, naquilo que é aparente e visível, naquilo
que a lógica humana determina. Os gigantes de Deus, são totalmente
dependentes dEle, reconhecem a sua fraqueza e inapetência e confiam
único e exclusivamente em Deus, pois, enquanto os enormes gigantes
do mundo apoiam-se nos próprios pés, os pequenos gigantes de Deus
apoiam-se nos joelhos. É de joelhos que o gigante de Deus é maior.
Na lógica
divina, os fracos é que são fortes: "A minha graça te basta, porque
o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade
antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse
sobre mim o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas,
nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias
por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou
forte.” (2 Coríntios 12:9-10)
Na lógica humana, isto é irracional, pois o mundo não aprecia
os fracos, eles devem ser eliminados, apreciam a lei do mais forte
onde estes prevalecem.
A lógica divina, diz ao que quer ser grande entre os seus
irmãos que ele deve se tornar o menor e servir aos demais. A lógica
humana abomina esta idéia; todos querem ser servidos e querem
mostrar o quanto são grandes, poderosos e importantes. O Senhor
ensina ao que quer ser exaltado que ele deve se humilhar, pois
o que se exaltar será humilhado.
Os conquistadores do mundo são os bravos, os fortes, os
guerreiros, os que impõem a sua vontade pela força, mas na lógica
divina, os mansos é quem herdarão a terra e eles devem se tornar
como crianças e simples como a pomba. Deus é aquele que diminuiu
o exército de Gideão para conquistar a vitória sobre um poderoso
e numeroso exército inimigo.
E o que dizer da lógica humana que busca por meio dos prazeres,
lícitos ou ilícitos, encontrar a felicidade, fazendo o que pode
para não encarar a vida em suas decepções e desafios, e para eliminar
a tristeza e o choro. E vem Deus com a sua lógica dizendo: "Felizes
os que choram pois eles serão consolados." (Mateus 5:4)
Na lógica humana há amor, amor entre os que se amam; ela
ensina as pessoas a procurar viver em paz, mas, caso seja ferido
ou magoado, obviamente seria querer demais não se vingar; até
ensina a perdoar ao que vem buscar perdão e esteja pronto a não
repetir o erro. Entretanto, Deus, na sua lógica, ensina os seus
a amar não somente os amigos como também os inimigos; a tomar
a iniciativa de perdoar o ofensor e não somente uma vez mas até
setenta vezes sete; a oferecer a outra face ao invés de vingar-se.
O mundo aprende a acumular para si riquezas, mas Deus,
ensina que melhor é dar do que receber; que a verdadeira riqueza
deve ser acumulada nos céus; que o coração não deve estar nas
riquezas, mas nEle, pois, onde estiver o tesouro do homem, ali
estará o seu coração, e as riquezas humanas são perecíveis, as
que se acumulam nos céus, são eternas e mais valiosas, portanto
devemos ser ricos para com Deus.
Contrário à lógica humana, Deus ensina que: os últimos
serão os primeiros; Ele não veio chamar os justos mas os pecadores
ao arrependimento; o que entra no homem não o contamina, mas,
sim, o que sai, pois é do coração que provém toda a maldade existente.
Quanto ao mundo que tanto almeja poder e longevidade, Deus, ao
invés de fazer do homem um ser divino, imortal e cheio de poderes,
prefere, Ele mesmo, tornar-se
homem mortal e passível de fraquezas.
Bem podemos dizer que a sabedoria de Deus é vista pelo
homem como louca, é humanamente ilógica. Por isso Deus escondeu-a
dos sábios e entendidos deste mundo e a revelou aos pequeninos,
aos ignorantes, incultos, os João-ninguém. Ele escolheu as coisas
que não são para confundir as que são.
E enquanto os gregos, senhores da lógica, buscavam sabedoria
e conhecimento coerente; e os judeus, detentores das alianças
e promessas de Deus, buscavam sinais do céu, para crer que Jesus
era o Deus encarnado. Aquele, em quem estão escondidos todos os
tesouros da sabedoria, em cumprimento das promessas dadas ao seu
povo, adentrou este mundo, revelando toda a sua glória e sabedoria
aos pequeninos. Assim, os sábios e poderosos não O reconhecem,
antes, crucificam-no, expulsando-o deste mundo, e continuam em
busca de conhecimento e sinais.
Agora entendo porque “Naquela mesma hora exultou Jesus
no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu
e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos,
e as revelaste aos pequeninos; sim, ó Pai, porque assim foi do
teu agrado.” (Lucas 10:21)
12
Porque,
meu Deus, sinto que tens se tornado cada vez menos atrativo para
as pessoas do que as drogas, os vícios, as bebidas, as farras.
Teus louvores tem atraído menos do que as músicas irracionais
promotoras da incultura e dos desejos bestiais. O desejo por Ti
tem sido menor do que o desejo por sexo, que está sendo exaltado,
e hoje anda livre e descompromissado, alcançando mais e mais discípulos,
cada vez mais jovens, e lançando-os na vida sem qualquer preparo.
Estas
coisas tem sido mais divulgadas, exploradas, procuradas e experimentadas
do que Tu, oh Deus. Elas trazem algum prazer momentâneo e aparente,
mas são destrutivas, físico e emocionalmente, enquanto Tu edificas,
ofereces uma vida abundante, cheia de felicidade e amor verdadeiro,
e trazes benefícios eternos para o corpo, alma e espírito. Porque
então tens sido preterido a estas coisas? Tu estas perdendo?
Porque, meu Deus, vejo mais pessoas servindo ao capitalismo,
aos poderosos do mundo, aos traficantes, à corrupção, aos próprios
interesses, aos prazeres insanos e pervertidos, do que a Tua nobre,
santa, amorosa e exaltada pessoa. Tu estás perdendo? Porque,
meu Deus, vejo mais pessoas buscando dinheiro, satisfazer a qualquer
preço os seus insaciáveis desejos, a fama, a auto promoção, do
que buscando conhecer-Te, saber a Tua vontade e em como poderão
agradar-Te. Tu estás perdendo? Porque,
meu Deus, vejo mais pessoas em boates, nas mesas de bar, em discotecas,
nas festas. Mais pessoas em locais que desonram o Teu nome. Mais
pessoas desafiando os Teus preceitos. Mais até do que nos locais
de adoração, onde se presta culto a Ti. Mais até do que nos locais
onde és honrado, ensinado e crido. Tu estás perdendo? Porque,
meu Deus, ouço mais pessoas contando piadas imorais, falando de
futebol, de mulher, de carro, de efemeridades, do que falando
de Ti. Elas falam de tudo, com grande satisfação, até dos seus
erros e pecados, mas não tem a mesma disposição e coragem para
falar do Teu amor, do Teu nome, da Tua pessoa, das Tuas obras. Tu estás perdendo? Porque,
meu Deus, percebo que há mais ódio do que amor entre as pessoas;
mais tristeza do que alegria; mais egoísmo do que altruísmo; mais
infidelidade e traição do que sinceridade e fidelidade; mais incredulidade
do que fé; mais orgulho do que humildade; mais individualismo
do que solidariedade; mais destruição do que milagres; mais males
do que bem; mais pecado do que piedade. Tu estás perdendo? Se
és a fonte de todo bem, de todo amor, da felicidade e da paz.
Se és o único capaz de preencher o vazio que há em nós e os anseios
do coração. Então, onde as pessoas têm buscado a paz? Onde têm
buscado a felicidade? Que amor é este que dizem ter? Como tem
preenchido as suas vidas? Quais são as suas motivações, esperança
e futuro? O que esperam alcançar? Será
isto a razão do aumento da violência? Da guerra iminente? Da fome
e exploração de seres humanos? Da falta de amor que impera no
mundo? Da corrupção cada vez maior? Do individualismo? Será
isto a razão de pais que matam filhos e filhos que matam pais?
De famílias desajustadas, desestruturadas e destruídas? Do aumento
do divórcio, da solidão e de todos os males que assolam a humanidade? Mas,
parte desta inversão, não seria culpa dos teus atalaias que se
calaram, ou não falam o suficiente de Ti? Dos teus embaixadores
que não demonstram que a pátria celeste é superior à terrestre?
Dos teus representantes que não Te apresentam à altura? Dos responsáveis
em mostrar Sua imagem entre os homens, mas, que, da forma como
vivem, e pelos atos que praticam, tem trazido uma imagem distorcida
da Tua pessoa? Dos teus servos, que não tem te servido como convém? Até
quando isto permanecerá? Até quando os filhos comerão as bolotas
que pertencem aos porcos sem se lembrar que na casa do Pai há
abundância, e tudo é muito melhor? Quem está perdendo? Porventura
és Tu oh Deus? Ou somos nós que estamos perdendo, e se perdendo,
sem Ti? 13
Hoje em dia a vida humana tem valor ou é mero número de
estatística? Ao que parece, até as instituições religiosas, muitas
vezes chamadas igrejas cristãs, tem valorizado mais o número que
as pessoas representam nas suas estatísticas, do que a pessoa
em si. Denominações trabalham, fazem de tudo, não visando a vida
humana, mas o número, a estatística. O mesmo acontece entre as
diversas religiões. As pessoas têm sido disputadas, não por elas
em si, mas pelo impacto que trazem aos números dos relatórios.
O que tem sido mais importante em nossas igrejas: o patrimônio
ou as pessoas? O rótulo denominacional ou a vida? O ser humano
enquanto alma eterna a ser resgatada ou pessoas religiosas para
engrossar o rol de membros? Como se direciona as finanças da Igreja:
em prol das pessoas ou da aquisição de coisas? Para abençoar,
alcançar e construir vidas ou, para construir templos, comprar
e acumular riquezas e bens materiais?
Esta tendência pelo número já é uma realidade na política,
saúde, educação e economia. Tudo gira em torno dos números e estatística.
Interessante é que, até em tragédias, não se pensa muito em quem
morreu mas, em quantos morreram. A própria polícia trabalha com
estatística e números.
Infelizmente, a mentalidade do número ofuscou também a
fé. Número, eqüivale a mais recursos, a mais poder, a mais patrimônio,
a mais respeito, a mais prestígio. Portanto, quanto maior o número
que tivermos em nossas fileiras, melhor. E se for de classes mais
abastadas, de entre pessoas famosas, de prestigio social, status
e influências, é ainda melhor.
Há uma crise existencial entre os evangélicos brasileiros,
um complexo de inferioridade. Aqueles que durante séculos foram
oprimidos, rejeitados, caluniados, considerados a escória, e que
sempre estiveram em segundo plano, hoje sentem a necessidade de
reverter o quadro e mostrar o quanto são importantes, o quanto
cresceram e ainda crescem, como atingiram as camadas sociais mais
elevadas, devendo ser respeitados e honrados, pois agora são mais
intelectuais, científicos e até grandes concorrentes dos poderes
seculares (como mídia, música, universidades, escolas, política,
etc.). Tudo isto pode e deve ter algum valor, desde que não se
imponha em supressão da vida humana.
Quer ver um exemplo simples de como a numerologia suprimiu
a vida? Basta você responder a estas simples perguntas: Seu pastor
te conhece? sabe seu nome? onde você mora? qual a sua profissão?
se está ou não empregado? No seu aniversário ele te liga para
dar os parabéns? já foi à sua casa? conhece a sua mulher, os seus
filhos? Quantas vezes já tomou um café ou já almoçou com você?
conhece os seus talentos e potenciais, as suas fraquezas e anseios?
Nota quando você deixa de freqüentar os cultos? ou só quando deixa
de entregar o dízimo? É capaz de perder uma noite de sono ou deixar
de se alimentar se isto vai trazer benefício espiritual para você?
Já se assentou com você para conversar, aconselhar, orar e chorar
juntos? ou a agenda dele é cheia demais com numerosos congressos,
palestras, reuniões, conferências, pregações em eventos, para
perder tempo com um único e simples mortal como você?
Século estranho este nosso, não? O leão vem para atacar
a ovelha, mas, como ela não marcou horário com seu pastor, através
da secretária, terá de perecer. É que são tantas atividades, e
não se pode abrir mão das mesmas. A ovelha se desgarrou e está
ferida no vale, mas, as reuniões, convenções e programações são
tão numerosas que impede-o no cuidado e resgate da mesma, terá
de perecer, mas que bom que ele talvez nem fique sabendo..
Queridos, como temos nos afastado da vontade de Deus pelo
secularismo que nos pressiona. É claro que Moisés tentou cuidar
de todo o rebanho sozinho, até ser orientado pelo sogro a dividir
o trabalho (Êxodo 18:13-25). Os apóstolos, instituem os diáconos
para ter tempo de se dedicar a oração e ensino (Atos 6:1-4). Paulo,
coloca anciãos para cuidar do povo, pois a igreja crescia muito,
ele queria ganhar o mundo, desejando que todos fossem salvos das
trevas pela pregação da palavra mas, sabia que precisavam de cuidado
diário, intenso e pessoal (Atos 14:21-23). Tudo isto
porque as vidas é que tinham valor, não o número, embora este
se avolumasse e eles tivessem que se organizar, visando o cuidado
individual para com todos.
Então, uma coisa é a organização cujo objetivo é fazer
com que todos sejam alimentados e cuidados, e outra, é a mera
preocupação com o crescimento numérico que não leva em conta as
pessoas, senão pelo número que representam.
Pensem um pouco no sacerdote e no levita (da parábola do
bom samaritano narrada em Lucas 10:30-36), como um líder religioso
que tinha uma importante reunião, ou mesmo, que dirigir o culto
no Templo, e não dava pra parar e perder tempo atendendo um moribundo,
pois iriam se atrasar. Não é interessante pensar que a religiosidade
impede o homem de servir a Deus?
Tudo se faz em nome dEle, mas as prioridades estão invertidas.
Na vontade de Deus há prioridades. O dever do sacerdote e do levita
foi instituído por Deus, e era a Sua vontade que eles o cumprissem,
mas, a sensibilidade, a misericórdia, o amor ao próximo, a percepção
de que algo mais urgente e prioritário se destacava, deveria sobrepujar
as atividades religiosas regulares.
Este foi um dos erros dos fariseus. Guardar o sábado era
ordem de Deus, mas amor e misericórdia, também. Portanto, fica
aqui um importante princípio, de que, mesmo em se fazendo a vontade
de Deus, devemos reconhecer as prioridades dela, e o amor, a valorização
da vida humana, estão acima das regras. Há coisas que fazemos
que são importantes, mas por vezes, se tornam segundo plano. Então,
se queremos reconhecer as prioridades de Deus, devemos ter sensibilidade
espiritual.
Queremos lutar com armas humanas, usar o nosso poder, a
nossa força e recursos, como Davi, que ao fazer o censo, queria
estar seguro de que tinha número suficiente de soldados para batalhar,
e assim estaria seguro e não dependeria da vontade de Deus, o
Senhor dos Exércitos (2 Samuel 24). Que falácia! Davi, esqueceu-se
que Deus deu vitória a Gideão em número reduzido (Juizes 7:7).
Certamente que Gideão não é um bom modelo para os nossos dias,
não é mesmo? É mais fácil confiar na multidão visível do que no
Deus invisível.
Jesus fazia a vontade do Pai e estava sempre atento e sensível
à Suas prioridades. Aqui está um pastor que conhece suas ovelhas
pelo nome, que se preocupa com elas, que vai em sua casa, conhece
a sua história, dá a vida por elas, e está mais preocupado com
elas do que consigo mesmo. Os pastores de hoje tem sido imitadores
de Jesus?
Ele sabe que a misericórdia, o amor e a mensagem salvadora
e transformadora tem prioridade máxima na vontade de Deus (João
4:5-42). Os discípulos ainda não tinham entendido isto quando
aconteceu esta história (de Jesus e a mulher samaritana). Viam
apenas um homem falando com uma mulher (algo teologicamente inútil);
um judeu falando com uma samaritana (algo socialmente inaceitável),
e até deixando de comer por causa disto, sendo que Ele estava
exausto e com fome (isto era algo biologicamente trágico). Mas
o pior, falando com uma mulher da vida (algo moralmente incorreto).
Tudo o que não sabiam é que era algo divinamente agradável
à Deus. E Jesus sabia que a vontade de Deus tinha prioridade sobre
a sua, sabia que as coisas espirituais precedem as físicas, que
uma alma vale mais do que o mundo inteiro, que as coisas eternas
tem mais valor do que as materiais e passageiras.
O ser humano está no centro das atenções do Pai e de Jesus,
e Ele valoriza individualmente a cada um e coletivamente a todos
(v. 39-41).
Lembre-se sempre que, assim como há mandamento maior que
outros (Mateus 22:36-40), graus de castigo diferenciados (Mateus
11:22; Hebreus 10:29), e de galardão (Mateus 5:12; 1 Coríntios
2:8, 14-15), assim a vontade de Deus terá graus de prioridade.
Portanto, diante das decisões que tiver de tomar, lembre-se de
levar em conta a vontade prioritária e maior de Deus e seja sensível
a Ele.
Uma ilustração final pode te ajudar a compreender melhor
o que dissemos até aqui. Imagine que você tem um importante compromisso
na Igreja; vai pregar num grande evento. Você trabalhou o dia
todo, está cansado, não deu para alimentar-se direito, vai comer
antes do culto. Pega o carro e parte, vai cumprir o compromisso,
está moralmente correto e fazendo a vontade de Deus. No caminho,
vê um acidente, alguém agonizante que você poderá salvar se socorrer
a tempo. A estrada está deserta. Mas o seu compromisso é tão importante,
tantas pessoas estão lhe esperando para ouvir o sermão e ser abençoadas.
Depois, se socorrer a vítima, vai ter de se explicar no hospital,
vai se sujar e talvez até seja acusado de tê-la atropelado. E
o pior é que os irmãos não toleram atrasos nem furos.
Qual a vontade de Deus neste caso? Cumprir o compromisso
e sair moralmente honrado e aplaudido por uma multidão; ou, socorrer apenas uma vítimazinha agonizante a beira
da morte e incorrer em toda a complicação advinda do ato? Como
aplicar o princípio aprendido? Deus quer que amemos o próximo,
mas quer também que tenhamos palavra e honremos os nosso compromisso.
Como você agradaria mais a Deus? Em qual das decisões tomadas
estaria cumprindo a vontade de Deus?
Deu para entender que até em se cumprindo a vontade de
Deus devemos descobrir as Suas prioridades? A decisão está em
suas mãos. Então, não se deixe influenciar pela numerologia que
suprime a vida, antes, seja sensível e conhecedor das prioridades
de Deus. 14
Ser cristão não significa, como erroneamente se pensa,
que tudo vai dar certo na vida, que estaremos isentos das impropéries
e dificuldades comuns a todos os mortais, que não teremos problemas
em nossos empreendimentos, relacionamentos, trabalho, saúde, estudos,
amizades, decisões, investimentos.
A conjuntura econômica, financeira, cultural e social,
afeta a todos de igual modo, bem como o desemprego, a crise, as
dificuldades, a falta de planejamento, de conselhos, de competência.
Isto independe da fé.
Não fosse assim, livrarias e editoras cristãs jamais deixariam
de existir; empresários cristãos jamais saberiam o que é concordata,
falência, dívidas, arroxo, financiamento, crise, concorrência;
o político cristão jamais perderia uma eleição; o estudante cristão
seria o melhor em classe; o funcionário cristão seria o melhor
na empresa; o profissional cristão seria insuperável. E sabemos
que isto não é assim, seria bom que fosse, mas parece ser o inverso.
Até igrejas, outrora financeiramente prósperas e numericamente
florescentes, costumam fechar as suas portas. Pense
na história de José como um bom exemplo desta argumentação (Gênesis
37 a 47). Ele era um servo do Senhor. Deus estava no controle
da sua vida e tinha planos especiais para ele. Mas, aparentemente,
tudo dava errado em sua vida. A primeira parte dela apresenta
um derrotado, fracassado, traído, humilhado. Tudo seguia na contramão
dos seus sonhos. Contudo, era no fundo do poço, ou melhor, no
fundo do cárcere que estava o gancho que o elevaria. Precisou
chegar bem fundo, pois era lá que se encontrava o elo de ligação
com a sua ascensão e vitória.
Aprendo disto que, antes de nos elevar às alturas, Deus
nos lança ao pó. Para nos fazer sempre lembrar que em tudo devemos
depender dEle. Por mais brilhantes e talentosos que sejamos, tudo
que temos provém dEle. Devemos, inicialmente, reconhecer isto,
em seguida, usar a capacidade recebida para trazer-Lhe glória.
Enquanto isto não acontecer, até o sucesso que pensamos ter é
um verdadeiro fracasso
Então, se o fracasso pode vir a fazer parte da nossa história,
é sábio levar em conta o princípio bíblico que diz: “todas as
coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos
8:28). Até o fracasso contribui para ensinar e amadurecer o cristão.
Aliás, quando corretamente encarado, o fracasso se torna uma dolorosa
e boa aula divina que ensina sem palavras. Precisamos
desde já aprender a fazer e planejar as coisas como se tudo dependesse
de nós, e a orar de tal forma, como se tudo dependesse de Deus.
Este é um excelente ponto de equilíbrio para a nossa carreira
e vida cristã neste mundo. Quanto
estiver ao seu alcance, procure ser o melhor; procure investir,
avaliar. Não tome decisões nem entre em uma empreitada sem antes
exaurir todas as possibilidades, sem antes ouvir conselhos de
outras pessoas, pois a Palavra diz: "Onde não há conselho, frustram-se
os projetos; mas com a multidão de conselheiros se estabelecem"
(Provérbios 15:22). Se tudo parecer favorável, vá em frente, faça
o que tem de ser feito, não deixe de fazer por temer fracassar.
Nunca
deixe um fracasso anterior impedir novas possibilidades de risco.
Melhor, entenda seus fracassos como sendo a necessidade que teve
de uma boa lição, que de outra forma jamais seria aprendido. É
obvio que é um aprendizado doloroso, mas necessário. É a melhor
maneira de se aprender sobre humildade e dependência de Deus que
palavras e mestres jamais seriam capazes de ensinar. No
mais, a vida em si é um risco, e quem nela não se aventura, com
sabedoria é claro, vive na mesmice. Jamais experimentará o sabor
de viver, o sabor de conquistar, o sabor das possibilidades. Obviamente
que, com Deus, a nossa aventura se torna uma boa aventura (Salmo
128). Se
competência, vontade, análises favoráveis, conselhos, não é o
seu problema, ore bastante e vá em frente. Um fracasso sofrido
não significa derrota total, antes, é a lição de um sucesso diferente.
Nunca desista. Pense que é melhor o fracasso do que tenta do que
o sucesso do inútil.
Deus é bom. Ele não está contra você e não te capacitou
para depois te impedir de usar a sua capacidade. Ele te ama e
quer te ver bem sucedido. Cumpra o seu ministério, a sua missão,
dando “frutos onde Deus te plantar”. Ele luta a nosso favor, e
quando temos intimidade com Ele, a nossa vontade será a vontade
dEle, e a vontade dEle será a nossa. O
maior fracassado não é aquele que vê os seus planos falharem,
mas aquele que falha em não se encontrar nos planos de Deus. Faça
sucesso mesmo em meio ao fracasso. Se preciso for, seja um fracassado
bem sucedido.
Jamais arrisque a sua fé, ou a sua eternidade, se aventurando
no pecado e se aventurando a viver longe de Cristo. Quanto ao
mais, faça como Pedro, o aventureiro apóstolo de Jesus, que teve
experiências únicas e extraordinárias com Cristo que os demais
apóstolos não tiveram, tudo isto porque não temia o fracasso.
Por
exemplo, o medo de afundar não o impediu de caminhar sobre as
águas do mar. É verdade, ele afundou, mas não antes de caminhar
sobre as águas (Mateus 14:25-33). Quem, além dele e Jesus, tiveram
este privilégio? Se você quer andar sobre as águas, tem de correr
o risco de afundar. Pedro
foi um dos que mais fracassou, porque também foi um dos que mais
arriscou. Mas, quem entre os apóstolos se tornou mais conhecido?
Quem herdou maior responsabilidade? Quem se tornou líder entre
eles? O que nunca fracassou? Não! O mais fracassado se tornou
o melhor sucedido. 15 A
tragédia que se abateu sobre os EUA e abalou o mundo, quando aviões
comerciais foram seqüestrados por extremistas islâmicos do grupo
Al Qaeda, chefiado por Bin Laden, e lançados sobre as torres gêmeas
do World Trade Center, já faz parte da nossa história. Muitas
vidas foram ceifadas, o mundo viveu a terrível angústia da expectativa
de uma possível terceira guerra mundial, mas, foi o Afeganistão
quem sofreu mesmo a maior parcela da tragédia com a resposta americana
ao atentado. Todos
conhecemos e acompanhamos, exaustivamente, pelos noticiários,
este ocorrido e as suas conseqüências. Então, não seria necessário
que nos puséssemos a falar sobre isto novamente, e não é este
o nosso objetivo. Queremos,
antes, tirar deste acontecimento, algumas lições práticas, bíblicas
e espirituais, para aplicar às nossas vidas hoje, porque estou
convencido de que podemos e devemos tirar lições da adversidade,
pois mesmo a loucura pode nos ensinar, ensinar os erros que não
devemos cometer. Sendo
assim, que lições podemos aprender com a tragédia que abalou o
mundo capitalista? 1.
Que os nossos mártires são melhores do que os deles
Esta é, sem dúvida, uma história de mártires, sob o ponto
de vista do grupo religioso que comandou o atentado. Cada um dos
homens bomba, cada um dos pilotos suicidas que tivemos notícia,
deram a sua vida por uma causa, por uma promessa, por um deus
que veneram.
Entretanto, quando comparamos estes mártires, aos mártires
do cristianismo, percebemos que, embora ambos, sejam motivados
por uma fé religiosa, os homens bombas de Alá não se comparam
com os homens bons do Senhor Jesus.
Os homens bombas são movidos por ódio; os homens bons por
amor. Os homens bombas odeiam o mundo e tudo que contrariam os
seus ideais; os homens bons amam o mundo e dão a sua vida por
ele, e é o mundo quem os odeia, os persegue, e tira-lhes a vida.
Os
homens bombas tiram a vida de pessoas, inclusive as próprias;
os homens bons dão suas vidas para que outros continuem a viver
felizes, não só neste mundo, como também no vindouro. Os homens
bombas agem egoisticamente, pensando nos benefícios que obterão
no paraíso por suas ações; os homens bons agem movidos por amor,
pensando nos benefícios que podem trazer aos moribundos e escravos
do pecado. Os homens bombas trazem desgraça, destruição, dor e
sofrimento; os homens bons trazem amor, paz e a alegria da salvação. É
possível continuar mostrando a superioridade dos mártires cristãos
sobre os mártires que conhecemos há dois anos atrás. Entretanto,
há outra lição que podemos tirar desta tragédia. 2.
Os filhos das trevas são mais prudentes que os filhos da luz
O islamismo, atualmente, é a religião que mais cresce.
É a segunda maior religião do mundo, perdendo somente para o cristianismo,
e assim mesmo, porque se junta na contagem, católicos e protestantes.
Vale
lembrar que eles têm uma desvantagem em relação a nós de seiscentos
anos. Enquanto temos cerca de dois mil anos de história, eles
têm apenas mil e quatrocentos, e estão cada vez mais crescentes
e infiltrados em todas as partes do mundo. São
generosos contribuintes da sua fé e causa. São fervorosos ao extremo
e amplamente envolvidos na sua missão. Cada islâmico é um islâmico
de verdade, crêem profundamente no seu Alcorão e profeta Maomé.
Eles
não têm meio termo, não têm vergonha da sua fé, não se deixam
misturar com aquilo que seja contrário aos seus princípios, e
utilizam todos os recursos arrecadados na ampliação da religião,
além de terem uma maior unidade interna do que nós. Não
é esta uma triste comparação para nós cristãos? A tímida participação
financeira na obra missionária e pregação da mensagem que sabemos
ser a verdade? O tímido avanço? O fraco envolvimento dos
fiéis na obra? A
má administração dos recursos, a falta de unidade, o divisionismo
que nos assola, além de que, a cultura secular penetra a cada
dia na Igreja fazendo enormes estragos. Sem falar na frieza dos
fiéis e no seu envolvimento com as coisas materiais e o pouco
conhecimento da Palavra e do mestre Jesus. Bem disse Ele: “Pois os filhos
deste mundo são mais prudentes na sua geração que os filhos da
luz” (Lucas 16:8). Mas a próxima lição, é ainda mais triste. 3.
Os loucos e os incoerentes
Nós cremos que eles, embora sinceros, estão equivocados
na sua fé. Mas precisamos reconhecer que são coerentes naquilo
em que acreditam, e agem baseados na fé que professam; a ponto
mesmo de, se preciso, dar a sua vida, sacrificar-se.
Nós cristãos, que conhecemos e cremos na verdade revelada,
do único e verdadeiro Deus, agimos de modo incoerente com esta
fé. Foi o próprio Ghandi quem um dia declarou; “eu admiro o vosso
Cristo, mas aborreço o vosso cristianismo”, isto, após estudar
o Novo Testamento e comparar com a maneira como os cristãos viviam.
É triste e intrigante reconhecer que esta sempre foi uma
infeliz verdade acerca daqueles que servem a Yahweh. Quando lemos
Jeremias 35, encontramos algo semelhante.
Os judeus, povo de Deus na antiga Aliança, estavam a ponto
de serem levados cativos para a Babilônia, por causa da sua idolatria,
corrupção e desobediência a Deus. Apesar dos esforços dEle, enviando
profetas e advertindo constantemente, e apesar de serem guardiães
dos oráculos divinos.
Deus então, para mostrar-lhes o erro, chama o profeta Jeremias,
e manda-lhe convidar os recabitas, homens que não
conheciam a Deus e viviam baseado em algumas orientações de um
dos seus antepassados, Jonadabe.
Eles deram uma lição de fidelidade e coerência que o próprio
Deus se alegrou, a ponto de prometer-lhes bênçãos, tal a sinceridade
em que viviam, numa religião baseada em preceitos humanos, enquanto
Seu povo, que conheciam pessoalmente a Deus, tinham a verdade
revelada, eram incoerentes, desobedientes, arrogantes, vivendo
na mais cruel indiferença e pecado, trazendo juízo sobre sua vida
e nação. Deus usou os ímpios babilônicos para trazer juízo sobre
a casa de Israel.
A Palavra de Deus é tão atual, e fala com tanta propriedade
nos dias de hoje, que esta história se aplica perfeitamente a
nós. Observamos hoje um cristianismo nominal, cristãos envolvidos
com o mundo, cheios de indiferença, incoerentes, arrogantes, desobedientes
a Deus, e pregando aquilo que não vivem.
Mas conforme aprendemos na palavra de Jeremias, o povo
de Deus não fica sem castigo. Ele levanta outros povos para trazer
juízo aos seus e chamar-lhes a uma obediência mais sincera e íntegra,
ao arrependimento.
Não seria este um momento de pensar que algumas coisas
que nos sobrevêm, poderiam ser juízos de Deus sobre os nossos
pecados e desobediência?
Que cada um tire as próprias conclusões. Uma coisa nós
devemos reconhecer, não concordamos com a maneira como aqueles
homens agiram: são para nós, loucos. Mas também não concordamos
com a maneira com os ditos cristãos de hoje vivem a sua fé. São
para nós, incoerentes. Ambos precisam conhecer e viver para o
verdadeiro Deus.
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