Pastor Marcos Schmidt _ 29/10 LUTERANOS LEMBRAM 485 ANOS DA REFORMA LUTERANA

Para lembrar os 485 anos da Reforma Luterana, os cristãos luteranos de Pelotas estão celebrando um culto público nesta Quinta-feira, 20h30min, no Teatro Guarani. As 20 horas, no mesmo local, a Câmara de Vereadores faz uma sessão solene para homenagear as igrejas luteranas do município.

No dia 31 de outubro de 1517 o monge alemão Martinho Lutero condenou publicamente a venda do perdão dos pecados praticada pela Igreja Romana, marcando assim o início do luteranismo. As causas deste cisma não foram apenas religiosas já que alguns governantes introduziram a Reforma em seus países por motivos políticos e outros receberam favoravelmente pela oportunidade de escapar das exigências financeiras da Igreja Romana. No entanto, a causa mais importante foi sem dúvida religiosa.

Mas enquanto que o 31 de outubro é para os cristãos luteranos e evangélicos em geral uma data festiva, por outro revela o aspecto doloroso e humano da igreja. Se bem que Lutero e seus seguidores não queriam esta divisão na esperança apenas que a igreja romana atendesse o chamamento para o debate e retorno às verdades bíblicas. O próprio Martinho Lutero, no auge de seu movimento em 1522, escreveu: "Eu peço, que se silencie acerca do meu nome e ninguém se denomine luterano, mas, sim cristão. Quem é Lutero? A doutrina não é minha, e, também, não fui crucificado por ninguém".

Também pode-se afirmar que o começo do luteranismo não se encontra no cenário alvoroçado do movimento protestante nem neste dia em que Lutero publicou as 95 teses. As origens estão escondidas atrás dos muros do convento onde, nas difíceis lutas íntimas, o monge Lutero procurava desesperadamente a resposta para uma pergunta que a igreja da época não tinha. O ponto de interrogação na alma de Lutero "como poderei obter um Deus misericordioso?" é sem dúvida o começo deste movimento que também mudou o curso da história secular. Ao buscar a resposta, Lutero encontrou nas palavras bíblicas de Romanos 1.17: "O justo viverá por fé" a convicção de que o pecador é salvo não por suas obras, como ele mesmo havia tentado, mas sim pelo perdão que Cristo lhe dá unicamente pela fé. Quando descobriu que o povo era enganado com a venda do perdão dos pecados e confiava num caminho errado para a salvação eterna, desafiou essa maneira da igreja arrecadar dinheiro, fazendo um convite para um debate sobre o tema com suas famosas 95 Teses, penduradas na porta do castelo de Wittenberg. Apesar da oposição da Igreja Romana, o movimento luterano alcançou em poucos anos quase toda a Europa.

Hoje a maioria dos teólogos cristãos concorda que as idéias do fundador do luteranismo são um ótimo ponto de partida para o diálogo na busca pela unidade cristã. Isto porque, além das diferenças teológicas e interpretações bíblicas que dividem a igreja, o cristianismo continua lutando contra os perigos de uma pregação que busca uma unidade maquiada e manipulada por pensamentos humanos, tirando Cristo do centro da pregação.

Certamente Lutero é um exemplo de firmeza na luta em favor da Igreja Cristã, sobretudo quando são lembradas as suas palavras diante do Imperador Carlos V exigindo que se retratasse das suas idéias: "Minha consciência é cativa da Palavra de Deus. Não quero revogar nada, porque ir contra a consciência não é honesto, nem seguro".

Hoje existem aproximadamente 61 milhões de luteranos no mundo filiados em 146 igrejas independentes, entre elas a Igreja Evangélica Luterana do Brasil com 230 mil membros e a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil com 1 milhão de membros. Em Pelotas estas duas igrejas luteranas nacionais têm em torno de 15 mil membros em 11 paróquias subdivididas em 31 congregações e atendidas por 16 pastores.

Na programação desta quinta-feira no Teatro Guarani, a data da Reforma Luterana será lembrada com a participação de diversos corais sendo aberto para todas as pessoas com entrada franca.

Pastor Marcos Schmidt