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SILOÉ MINISTÉRIO EM MISSÕES : MONOGRAFIA

CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMPOS DE ANDRADE
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO COM ÊNFASE EM MARKETING

PROJETO AMAZONAS
UM ESTUDO NO TERCEIRO SETOR

CURITIBA
NOVEMBRO/2002

MARCELO TABORDA

PROJETO AMAZONAS
UM ESTUDO NO TERCEIRO SETOR

Monografia apresentada ao Centro Universitário Campos de Andrade, Departamento de Administração com Ênfase em marketing, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração de Empresas, sob a orientação do Prof. Sérgio Kazuo Tsuru.


CURITIBA
NOVEMBRO/2002

TERMO DE AVALIAÇÃO

A todos que incentivaram e colaboraram para a realização deste projeto, o meu sincero agradecimento e reconhecimento e, acima de tudo, agradeço a Deus por me mostrar o caminho e estar ao meu lado a cada passo para chegar até aqui.

SUMÁRIO

RESUMO......................................................................................................................
1 INTRODUÇÃO ..... 1
2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................... 5
3.OBJETIVOS............................................................................................................ 7
3.1 Geral ................................................................................................................... 7
3.2 Específico .......................................................................................................... 7
4. METODOLOGIA.................................................................................................... 8
5. REVISÃO TEÓRICA............................................................................................ 9
5.1 Pesquisa Social................................................................................................... 10
5.2 Entendendo quem são os pobres .. 11
5.3.Resgate Histórico - Terceiro Setor .................................................................. 13
5.4 Perfil Sócio - Cultural - Econômico................................................................. 19
5.5 O que é terceiro setor ...................................................................................... 30
6. ANÁLISE E RESULTADOS.............................................................................. 33
7. CONCLUSÃO...................................................................................................... 45
BIBLIOGRAFIA . 50-51


ANEXO 1 - CAPA DO FOLDER DA SILOÉ MINISTÉRIO EM MISSÕES............................................................................................... 52
ANEXO 2 - CONTRACAPA DO FOLDER DA SILOÉ MINISTÉRIO EM MISSÕES................................................................................................ 54
ANEXO 3 - RECORTE DO UNIVERSO ACADÊMICO ANO I NO. 5 INFORMATIVO UNIANDRADE........................................................... 56
ANEXO 4 - CÓPIA DO RELATÓRIO DO PROJETO AMAZONAS 2001............... 58
ANEXO 5 - TRÊS INFORMATIVOS DA SILOÉ MINISTÉRIO EM MISSÕES PARA DESCREVER UM POUCO DO TRABALHO NO MOMENTO....................................................................................... 67
ANEXO 6 - RECORTE DO UNIVERSO ACADÊMICO ANO II NO. 7 INFORMATIVO UNIANDRADE.......................................................... 74
ANEXO 7 - E-MAILS E CARTAS DESCREVENDO UM POUCO DA REPERCUSSÃO DO PROJETO EM 2001 E E-MAIL DESCREVENDO ALGUMAS DAS NECESSIDADES QUE TERIAM QUE SER SANADAS DO PROJETO EM 2002.................... 76
ANEXO 8 - RECORTE DO UNIVERSO ACADÊMICO ANO II NO. 11 INFORMATIVO UNIANDRADE........................................................... 81
ANEXO 9 - CARTA ABERTA SOBRE TRABALHOS ENTRE OS ÍNDIOS (AGÊNCIAS EVANGÉLICAS BUSCAM APOIO CONTRA MEDIDAS QUE RESTRINGEM TRABALHO MISSIONÁRIO ENTRE OS ÍNDIOS) ............................................... 83


RESUMO


O presente trabalho procura inserir no contexto social e no âmbito da administração o que é, o desconhecimento, as dificuldades nas ações e implementações de Projetos de melhoria de vida das comunidades carentes através de ONGs - Organizações Não- Governamentais, consideradas hoje o Terceiro Setor da economia.
Além de conceitos e resgate histórico sobre ONGs, este trabalho compôs-se de dados investigados, os quais foram permeados por aspectos etnográficos, seguido de análise de resultados e conclusão. No tocante às pesquisas, estas contaram com a revisão bibliográfica e foram enriquecidas por experiências adquiridas durante quatro anos em missões/projetos de apoio às populações predominante ribeirinhas, as quais viviam em meio a extrema precariedade e, como não poderia deixar de ser, submetidas a condições sub-humanas e até esquecidas no norte do Brasil.
Diante desse quadro, o Terceiro Setor, embora desconhecido por parte da maioria da sociedade e, portanto, muitas vezes incompreendido em meio às dificuldades gerais, tem exercido um papel fundamental na angariação de recursos e na prática de ações que minimizem um pouco a desigualdade social.

= = = =

1 INTRODUÇÃO
Trata-se de um projeto em nível acadêmico e fruto de estudos, pesquisas e experiências durante quatro (4) anos, o qual procura enfocar uma realidade premente para a nossa sociedade onde a responsabilidade é de todos, assim como a luta pela realização social para um mundo melhor.
Aqui procura-se visualizar, parcialmente, as ações do "Terceiro Setor" que ainda é incompreendido e/ou desconhecido pela maioria. Setor este da nossa economia que, por falta de maiores esclarecimentos, ainda está deficitário em termos de atuações ficando muito em papéis e projetos. Além de tratar do que é realizado por grupos bastante atuantes e conscientes de que o "amor ao próximo" não é uma expressão ao vento e sim uma grande verdade, mas em pequeno número de pessoas, são abordados pontos como o surgimento deste Setor Econômico no Brasil, a sua atuação em mais de 200.000 organizações, gerando emprego para um milhão de pessoas, aproximadamente, como por exemplo, no Rio de Janeiro, uma Entidade Espírita que promove a distribuição de alimentos a pessoas carentes, hoje, com mais de 187.000 cadastrados.
Igualmente, é citada uma organização de sucesso - ONG - O Projeto Tamar, onde se verifica que, como as organizações não-governamentais, utilizam a mídia através dos meios de comunicação, para a divulgação de seus trabalhos e projetos, objetivando a angariação de recursos.
O "Projeto Amazonas", mostra a realização de um trabalho junto as populações ribeirinhas e/ou com mais dificuldades de acesso a recursos de toda espécie e, como não poderia deixar de ser, mais carentes e até esquecidos ao norte do nosso país.
Cabe ao grupo a procura, através da divulgação, angariar maior número de integrantes para que as tarefas sejam efetuadas com mais qualidade uma vez que a quantidade, por si só, proporciona a divisão de responsabilidades.
Além desses, há o CDC = Centro de Desenvolvimento Comunitário, que é um projeto já bem estruturado na religião da floresta Amazônica e que presta assistência à população ribeirinha procurando através de seus próprios meios recursos para o auto-sustento, por exemplo, a agricultura, fazendo com que os moradores aumentem a auto-estima proporcionando a si mesmos uma qualidade de vida melhor.
As fotos a seguir: apresentadas do número 1 até 4 são uma pequena amostra de como, juntado-se forças, puderam ser feitos os projetos realizados junto a comunidades ribeirinhas dos rios do Amazonas e também na cidade de Lábrea situada no mesmo Estado. Temos na primeira foto a primeira equipe que percorreu em torno de 3.000 Km., para ajudar brasileiros esquecidos à própria sorte. Na segunda foto temos uma equipe de adolescentes que nos apoiou nos afazeres diários, trabalho este que foi preponderante para o sucesso deste projeto. Na terceira temos o trabalho de duas equipes visando um bem maior, levar o amor e o apoio a tantos que necessitam e não os têm. A última foto representa um pouco da realidade vivida nestes locais de tão difícil acesso, onde tudo falta e o pouco que é dado representa tanto.


FIGURA 1 - Equipe das Missões de Curitiba- Pr.

Fonte: Taborda, 2000

FIGURA 2 - Equipe local de Missões em Lábrea - AM

Fonte: Taborda, 2000


FIGURA 3 - Juntos Trabalhando
Fonte: Taborda, 2000



FIGURA 4 - Juntos contra a Miséria
Fonte: Taborda, 2000


2 JUSTIFICATIVA

Segundo evidências e reportagens através de conceituadas revistas em circulação, vê-se que o alvo das grandes empresas, no passado, sempre foi o lucro proveniente do comércio de sua produção, o que, conseqüentemente, gerava para a sociedade consumidora, por falta de opção, produtos de baixa qualidade e também pouca variedade.
Hoje, por exigência do mercado competitivo, as empresas buscam o aprimoramento tecnológico, padrão em sua matéria prima e, acima de tudo, com profissionais mais bem preparados, poder oferecer produtos e serviços mais próximos do personalizado, representado muitas vezes pelo "selo de qualidade" chamado "ISO 9000". ISO - International Standartization Organization.
Diante do ambiente de mudança, almeja-se que o direito de igualdade chegue a todos os cidadãos, não interessando onde estão e nem como vivem, interessando sim é que os direitos e uma melhor qualidade de vida estejam presentes na vida de todos, com apoio do Terceiro Setor.
Analisando "in loco" cada comunidade, pode-se detectar situações que fogem ao controle e nas quais é quase impossível uma reestruturação, principalmente no que diz respeito à cultura já bastante enraizada nas regiões. Como exemplo, a religião que praticamente "pensa" pelas pessoas, não criando, em momento algum. E o senso crítico sobre qualquer assunto que define tudo como: - "Foi Deus quem quis assim..." ou - "Se você está sem dinheiro ou está doente, é porque está em pecado...".
Outra variável é a que provém do governo. Este, é claro e evidente, ignora qualquer melhoria em termos de empresas e empregos, acarretando assim poucas possibilidades de trabalho, gerando pouco giro financeiro, o que por si diminui o poder cultural e intelectual, atendimento à saúde a à alimentação das comunidades.
As fotos propostas logo abaixo na figura 5 demonstram a clara realidade encontrada em quatro estada da Federação (Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre) e o total descaso do Governo com seu povo. Esta situação poderia ser resolvida com ações simples, caso houvesse um real interesse em dar um fim a estes problemas que assolam nossa Nação.

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FIGURA 5 - Amostra do Descaso Governamental
Fonte: Taborda, 2000

A desnutrição, representada aqui por uma criança sendo carregada por sua avó, que foi rapidamente medicada com polivitamínicos, o que até então não tinha sido feito pelo hospital local, pois o mesmo não tem nenhum pediatra há mais de 10 anos e em muitos casos quem atende são enfermeiros que receitam na maioria dos casos antibióticos os quais debilitavam ainda mais a saúde da mesma. Diante do cenário exposto, este trabalho tem por finalidade responder "como o Terceiro Setor pode ser um aliado na Administração Contemporânea".

3. OBJETIVOS

3.1 GERAL
Realizar um estudo teórico - pratico do terceiro setor na Região norte do Brasil.

3.2 ESPECÍFICOS

· Pesquisar na literatura a evolução do Terceiro Setor, seu conceito e suas características;
· Realizar entrevistas em profundidade com as populações ribeirinhas
· Apresentar casos práticos dos projetos realizados na região norte do Brasil.

4. METODOLOGIA

 

 

Foram utilizados estudos  etnográficos que observam as diferenças entre as sociedades, anotam todos os detalhes da vida comum desde o modo de andar, e usar o corpo até a celebração do casamento e funerais. Ele descreve e analisa toda a vida social de um povo e um lugar, observa principalmente o que esse povo diz de si mesmo e o modo como  identifica  seus participantes. O etnógrafo estuda a cultura, tendo sido uma invenção dos europeus que estudavam a desigualdade das raças para justificar seus objetivos colonizadores.


5. REVISÃO TEÓRICA

 

 

               Constará dos seguintes temas:

 

·        Pesquisa Social: mostrando os tópicos que estão envolvidos numa pesquisa sociológica como: demografia, ecologia e cultura .

·        Entendendo quem são os pobres: contará a história de um homem que  pesquisou o porquê da pobreza dos pobres.

·        Resgate Histórico do Terceiro Setor: uma  visão do desenvolvimento e alguns exemplos da abrangência de ações deste setor.

·        Perfil Sócio – Cultural – Econômico: abrangendo os quatros estados do norte analisados.

·         O que é o Terceiro Setor: dando uma rápida definição do mesmo.

 

5.1 PESQUISA SOCIAL

 

“A pesquisa social é um processo que utiliza metodologia científica, por meio da qual se podem obter novos conhecimentos no campo da realidade social. O American Journal of Sociology publicou um esquema organizado pela Sociedade Americana de Sociologia, indicando o campo que a pesquisa social abrange”. (ANDER, 1978:30):

1.      Natureza e personalidade humanas;

2.      Povos e grupos culturais;

3.      A família;

4.      Organização social e instituição social;

5.      População e grupos territoriais:

a.       demografia e população;

b.      ecologia.

6.      A comunidade rural;

7.      A conduta coletiva:

a.       periódica;

b.      recreação, comemorações, festivais.

8.      Grupos antagônicos e associativos:

a.       sociologia da religião;

b.      sociologia da educação;

c.      tribunais e legislação;

d.      mudança social e evolução social.

9.      Problemas sociais, patologia social e adaptações sociais:

a.       pobreza e dependência;

b.      crime e delinqüência;

c.      saúde;

d.      enfermidade;

e.      higiene.

10. Teoria e métodos:

a.       estudo de casos individuais;

b.      teoria sociológica e histórica.

Este esquema engloba, de forma geral, as instituições sociais, as áreas de cooperação e conflito, os problemas sociais. Todas as variedades das relações humanas estão incluídas no total dos problemas enfocados pela pesquisa social. Todavia, o esquema não está completo. Um dos aspectos não enfocados refere-se à comunicação e, especificamente, às medidas de opinião e atitudes (MARCONI, 1999).

 

 

5.2 ENTENDENDO QUEM SÃO OS POBRES

 

Estes relatos a seguir são descritos por Viv Grigg, neozelandês nascido em 1950, que foi influenciado aos 10 anos pela bibliografia de Toyohiko Kanawa, um missionário japonês que viveu no começo do século XX. Quando ainda era estudante, Toyohiko percebeu que para salvar o povo favelado no seu país, teria que viver entre eles e não só pregar. Os pobres nunca aceitariam algo que lhes fosse oferecido por pessoas ricas e respeitáveis, que viessem do outro lado do rio, entregassem o evangelho por caridade e depois voltassem para casa. A igreja teria de ser plantada nas favelas e cultivada dia e noite. Em 1909, Toyohiko fez exatamente isto, aos 21 anos de idade: colocou seus pertences num carrinho de mão, atravessou a ponte, e foi morar nas favelas de Shinkawa, por mais de quatorze anos. Este exemplo seria um fator marcante na vida de Viv.

Para entender o que Jesus queria que fizéssemos pelos pobres, assentei-me com um amigo um dia, e copiei em cartõezinhos brancos todos os versos da Bíblia que falam sobre estes. Carreguei-os comigo por quatro anos. Eram a minha meditação dia e noite: eles determinavam cada decisão importante.

As perguntas dominavam continuamente o meu pensamento: “Por que os pobres são pobres?”, “Por que eles são abençoados?”, “Quais pobres são bem- aventurados?”, “Por que Tiago os chama de ricos na fé?”, “Quem são os pobres de quem Jesus fala?”.

Depois de estudar os textos bíblicos, e de viver durante anos junto com os pobres nas favelas, cheguei à conclusão que há três causas principais de pobreza.

1.      Em primeiro lugar a pobreza é causada por pecado pessoal e familiar. O livro de Provérbios fala sobre vários pecados que trazem pobreza: oprimir o pobre (22.16), planejamento apressado (21.5), imoralidade e ligação com mulheres licenciosas (5.3-11), amor aos prazeres (21.17), cobiça e ganância (28.22), bebedice e glutonaria (23.21).

Ao mesmo tempo, a pobreza também causa pecado. A estrutura social falida das áreas faveladas cria um ambiente que favorece o pecado. Impulsiona o povo a roubar, como também o livro de Provérbios adverte (Pv 30.8,9). Outro círculo vicioso com a pobreza é a embriaguez, que traz pobreza, mas também é resultado dela (veja Pv. 31.6,7).

A primeira coisa que se nota nas áreas de muita pobreza é o grande número de homens bêbados. Beber com os amigos é um modo de preencher o dia e lançar fora a tristeza, o desespero e a falta de respeito próprio herdado do desemprego.

A pobreza também gera um ambiente próprio para a imoralidade. Nas favelas onde morei, poucos casais eram legalmente casados. As mulheres, na maioria, já tinham vivido com dois ou três maridos diferentes. Os homens geralmente tinham uma segunda mulher, uma segunda família. E muitos filhos crescendo no meio de todo este caos familiar e social. A imoralidade cria a pobreza por gerar amargura, ciúme, insegurança, desorganização familiar, ódio e morte.

2.      Pobreza causada por calamidades. São pessoas com deficiências, como os surdos-mudos, os paralíticos, aqueles que têm doenças ou fraquezas, e não conseguem trabalhar. Também fazem parte desta classe de pobres as viúvas, e as crianças abandonadas. Há muitos outros fatores externos que podem trazer pobreza: enchentes, guerras, terremotos, e toda espécie de calamidade natural e humana;

3.      Finalmente, existe a pobreza causada por opressão. Evidentemente, é o tipo de pobreza que Deus mais condena, no sentido de trazer juízo aos opressores e exploradores humanos. Já houve muito mais opressão no passado da história humana, mas ainda existe escravidão, exploração econômica, opressão dos ricos, dos líderes ou governantes de um país, ou também de uma nação dominadora sobre outras. Existe tráfico de crianças e tráfico de meninas para organizações de drogas e prostituição. (Revista Impacto junho 2002).

Como pode-se ler acima, a pobreza é uma situação e não um defeito, como dizem, e ela está presente a cada canto e se apresenta de várias maneiras e por vários motivos sem que alguém ou alguma coisa possa extingui-la num instante. Por isso, a razão de tantos projetos como o Siloé que não poderá extirpa-la, mas sim ameniza-la gradativamente por onde se passa.

 

 

 

 

5.3 RESGATE HISTÓRICO – TERCEIRO SETOR

 

Na América Latina, Brasil inclusive, é mais abrangente falar-se de "Sociedade Civil" e de suas Organizações. Este é um conceito do século dezoito que desempenhou papel importante na filosofia política moderna, sobretudo entre autores da Europa continental. Designava um plano intermediário de relações entre a natureza, pré-social, e o Estado, onde a socialização completar-se-ia pela obediência a leis universalmente reconhecidas. No entendimento clássico, incluía a totalidade das organizações particulares que interagem livremente na sociedade (entre as quais as empresas e seus negócios), limitadas e integradas, contudo, pelas leis nacionais. O conceito foi recuperado na América Latina no período recente das lutas contra o autoritarismo (como, aliás, também na Europa de Leste). A literatura hegeliana de esquerda foi instrumental neste sentido, tendo Gramsci como principal referência. O marxismo de linhagem italiana contribuiu, assim, para que a intelectualidade de esquerda reconsiderasse a questão da autonomia da "sociedade civil", com suas inúmeras instituições, frente ao Estado. Ocorre, no entanto, que o uso recente trouxe uma importante transformação no escopo do conceito original. Fala-se hoje das "organizações da sociedade civil" (OSCs) como um conjunto que, por suas características, distingue-se não apenas do Estado, mas também do mercado. Recuperada no contexto das lutas pela democratização, a idéia de "Sociedade Civil" serviu para destacar um espaço próprio, não governamental, de participação nas causas coletivas. Nela e por ela, indivíduos e instituições particulares exerceriam a sua cidadania, de forma direta e autônoma. Estar na "Sociedade Civil" implicaria um sentido de pertença cidadã, com seus direitos e deveres, num plano simbólico que é logicamente anterior ao obtido pelo pertencimento político, dado pela mediação dos órgãos de governo. Marcando um espaço de integração cidadã, a "Sociedade Civil" distingue-se, pois do Estado; mas caracterizando-se pela promoção de interesses coletivos, diferencia-se também da lógica do mercado. Forma, por assim dizer, um "terceiro setor..." (WOLFE, 1992).

Em resumo, pelo que foi visto até aqui, pode-se dizer que o "Terceiro Setor" é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não governamental, dando continuidade às práticas tradicionais da caridade, da filantropia e do mecenato e expandindo o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil (FERNANDES, 1995 e 1996a).

Esta definição soa um tanto estranha porque combina palavras de épocas e de contextos simbólicos diversos, que transmitem, inclusive, a memória de uma longa história de divergências mútuas. A filantropia contrapôs-se à caridade, assim como a cidadania ao mecenato. São diferenças que ainda importam, mas que parecem estar em processo de mutação. Perdem a dureza da contradição radical e dão lugar a um jogo complexo e instável de oposições e complementaridades. Não se confundem, mas já não se separam de todo tampouco. Recobrem-se parcialmente, alternando situações de conflito, de cooperação e de indiferença. A irmã de caridade que defende sua creche como uma "ação de cidadania" ou o militante de organizações comunitárias que elabora projetos para o mecenato empresarial tornaram-se figuras comuns.

Segundo o RAIS, do Ministério do Trabalho, em 1991 existiam mais de 200 mil organizações sem fins lucrativos no Brasil, empregando mais de um milhão de pessoas (Goes, 1995). São números nada banais, que colocam o setor como a terceira maior categoria na geração de empregos no país. Analisando dados da Receita Federal do mesmo ano, Landin (1993) constatou que a maior parte delas (77%) é composta de "associações" (cerca de 170.000). Dentre as associações, por sua vez, os maiores números distribuem-se entre "Beneficientes e Assistenciais" (29%), "Recreativas e Esportivas" (23%) e "Culturais, Científicas e Educacionais" (19%). Estão entre as últimas, em 1985, 895 museus e 21.602 bibliotecas. Esses números são notoriamente frágeis, pois as informações sobre o mundo "sem fins lucrativos" não têm sido levadas a sério no país.

Valorizá-las é uma parte importante do processo de consolidação do setor. Os números que temos, no entanto, dão uma idéia das dimensões do objeto, ainda que tentativa e incompleta. Não inclui, por exemplo, o trabalho social que é feito no âmbito dos templos religiosos. Cada paróquia da Igreja Católica desenvolve, ao menos, um projeto social. As Ordens Religiosas desenvolvem trabalhos que ultrapassam os limites das obras formalmente registradas. É comum, por exemplo, que um colégio católico inclua projetos sociais em suas atividades extracurriculares. Os Vicentinos, no Brasil desde 1873, especializam-se na organização de voluntários leigos, com um forte componente jovem, que se dedicam a obras sociais de forma sistemática e regular. Organiza-se em grupos locais chamados "Conferências", cada um composto no máximo de quinze pessoas, que levantam recursos e aplicam-nos segundo uma metodologia comum. Em 1991, as Conferências Vicentinas coordenavam o trabalho social de 300.000 voluntários, com um orçamento anual acima de dezoito milhões de dólares (NOVAES, 1995). Não há Centro Espírita que não faça, ao menos, uma obra de caridade - uma creche, um ambulatório, campanhas de atendimento.

 Pesquisa feita sobre a assistência social espírita no Estado do Rio de Janeiro, encontrou, por exemplo, que somente na distribuição de alimentos, a ação espírita no estado beneficia regularmente cerca de 187 mil pessoas cadastradas (GIUMBELLI, 1995). O trabalho voluntário é tão valorizado entre os espíritas que adquire um sentido propriamente religioso, como a principal expressão prática da doutrina.

Pesquisa sobre as igrejas evangélicas no Rio de Janeiro, indica que cerca de 20% de seus membros dão algum tempo de trabalho voluntário pelos necessitados num ritmo semanal. Isto significa algo próximo de trezentos mil voluntários evangélicos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Pouco sabemos de sistemático sobre os investimentos das empresas particulares em projetos sem fins lucrativos. Vale citar, no entanto, que os projetos apresentados pelas 99 empresas concorrentes ao Prêmio Eco de Filantropia Empresarial, em 1995, totalizavam investimentos no valor de US$285.338.662,00.

A cultura da solidariedade e da cidadania é uma construção recente e ainda frágil. Há setores do Estado que temem a participação da sociedade como uma intromissão indevida em suas áreas reservadas de competência. Há também setores da sociedade que percebem a interação com o Estado, sobretudo como um risco de manipulação e cooptação.

Resistências, preconceitos e desconfiança mútua estão, no entanto, sendo superados na medida em que ações em parceria se generalizam, sobretudo a nível local.

Este novo padrão de relacionamento entre Sociedade Civil, Estado e Mercado está sendo testado em experiências inovadoras, como a do Movimento Viva Rio no Rio de Janeiro, de mobilização de atores públicos e privados para o enfrentamento de questões definidas consensualmente como de inequívoco interesse público. O fortalecimento do Terceiro Setor implica, por sua vez, na construção de respostas a quatro grandes desafios que estão hoje colocados à expansão e qualificação de suas atividades:

“Produzir e disseminar informações sobre o que é e o que faz o Terceiro Setor; melhorar a qualidade e eficiência da gestão de organizações e programas sociais; aumentar a base de recursos e a sustentabilidade das organizações da sociedade civil de caráter público; criar condições para o aumento da participação voluntária dos cidadãos” .

A afirmação deste novo perfil participante e responsável da sociedade brasileira se traduz na busca de novas formas de articulação entre organizações do Terceiro Setor, órgãos governamentais e empresas.

A colaboração trans-setorial assume os contornos de um desenho de geometria variável. Através da experimentação de ações em parceria, Governo e sociedade começam a aprender a pensar e agir juntos, identificando o que cada um faz melhor e somando esforços em prol de objetivos de interesse comum.

Identificam-se pautas de ação consensual sem prejuízo da persistência necessária e fecunda de conflitos e tensões. A ampliação das áreas de convergência não implica no apagamento das diferenças entre os setores. Pelo contrário, por serem diferentes é que podem canalizar recursos e competências específicas e complementares.

Valorizar a co-responsabilidade dos cidadãos não significa tampouco eximir o Governo de suas responsabilidades. Significa, isto sim, reconhecer que a parceria com a sociedade é que permite ampliar a mobilização de recursos para iniciativas de interesse público. No mundo contemporâneo, a democracia como exercício quotidiano não é mais possível sem a presença e ação fiscalizadora dos cidadãos. O papel de uma sociedade informada e atuante não é o de esperar tudo do Estado. Cuidar junto aparece, cada vez mais, como alternativa eficiente e democrática.

A emergência do Terceiro Setor no Brasil é um fenômeno das últimas três décadas. Esta mobilização de recursos privados para fins públicos rompe com a tradição inversa e perversa representada pela apropriação privada dos recursos públicos.

Paradoxalmente, o fortalecimento da sociedade civil no Brasil se deu no bojo da resistência à ditadura militar. No momento em que o regime autoritário bloqueava a participação dos cidadãos na esfera pública, micro-iniciativas na base da sociedade foram inventando novos espaços de liberdade e reivindicação. Falava-se, então, muito de Estado e pouco de Mercado. Repressão política e dominação econômica se interpenetravam e se reforçavam mutuamente.

Neste contexto, a solidariedade, sempre presente nas relações interpessoais, nas redes de vizinhança e ajuda mútua, inspira a ação de movimentos voltados para a melhoria da vida comunitária, defesa de direitos e luta pela democracia. É deste encontro da solidariedade com a cidadania que vão surgir e se multiplicar as organizações não-governamentais de caráter público.

Nos anos 70 o fortalecimento da sociedade civil - embrião do Terceiro Setor - se fez em oposição ao Estado autoritário. Com o avanço da redemocratização e as eleições diretas para todos os diversos níveis de governo, as organizações de cidadãos assumem um relacionamento mais complexo com o Estado. Reivindicação e conflito passam a coexistir, segundo os momentos e as circunstâncias, com diálogo e colaboração. Nos anos 90 surge a palavra parceria enquanto expressão de um novo padrão de relacionamento entre os três setores da sociedade.

O Estado começa a reconhecer que as ONG’s acumularam um capital de recursos, experiências e conhecimentos sobre formas inovadoras de enfrentamento das questões sociais que as qualificam como interlocutores e parceiros das políticas governamentais. O Mercado, antes distante, para não dizer indiferente às questões de interesse público, começa a ser penetrado pela noção de responsabilidade social e passa a ver nas organizações sem fins lucrativos canais para concretizar o investimento do setor privado empresarial na área social, ambiental e cultural.

O próprio conceito de Terceiro Setor começa a se ampliar para além do círculo das ONG’s, valorizando outros atores e serviços como a filantropia empresarial, as associações beneficentes e recreativas, as iniciativas das igrejas e o trabalho voluntário.

O fortalecimento de um Terceiro Setor no Brasil não se compreende com um olhar restrito à esfera nacional.

Na última década, os principais problemas que afetam a comunidade internacional - destruição do meio ambiente, explosão populacional, narcotráfico, proliferação de doenças, instabilidade dos mercados financeiros, aumento da pobreza e desemprego - passaram a ser percebidos como questões globais. Ou seja, vão além das fronteiras e excedem os recursos de que dispõem os Estados nacionais. Pela primeira vez organizações de cidadãos desempenham papel decisivo na definição de uma nova agenda internacional na qual democracia e direitos humanos, respeito ao meio ambiente, igualdade de gênero, luta contra a pobreza e a exclusão social passam a ser reconhecidos como questões do interesse de toda a humanidade.

A exemplo do que se passa no interior de cada país, o crescente protagonismo e influência dos cidadãos nos debates sobre a nova ordem mundial, antes privilégio dos Estados e empresas multinacionais, configura o surgimento de uma esfera pública internacional.

 

5.4 PERFIL SÓCIO – CULTURAL – ECONÔMICO

 

A importância de ter sido escolhido estes estados do norte do País, e não outra região se torna notória quando são levadas algumas questões em foco:

 

·        Grande ênfase de recursos  que foram doados ao nordeste do País, por ser esta uma região de seca e de grandes necessidades, de emprego e desenvolvimento  nestes locais.

·        A grande concentração de riquezas tanto no sul como no sudeste no País, o que mostra claramente que estas regiões já dispõem de inúmeros trabalhos nas áreas aqui abordadas.

·        A forte concentração da política no centro-oeste que. por este motivo não necessita de auxílio de fora, visto que esta região tem como consegui-lo.

 

O norte é uma região pouco desenvolvida, levando em consideração as grandes distâncias, a desigualdade de distribuição de rendas, a fraca economia sendo que esta é basicamente desenvolvida a partir do extrativismo.

Levando em consideração estas informação ora expostas, fica clara a necessidade de um trabalho mais efetivo junto a estes estados para tentar torná-los mais equiparado aos desafios de um País cada vez mais globalizado e moderno.

 

 

ESTADO DO ACRE:        

 

De acordo com os dados pesquisados sobre o estado do Acre temos que: no extremo oeste da região Norte, fazendo divisa com Peru e Bolívia, 2183 km de fronteiras formam dois lados de um tosco triângulo de 153.150 km². É o Acre, Estado criado em 15 de julho de 1962. Vinte e cinco anos depois, seu principal problema ainda é a dificuldade de contato com o resto do Brasil: em 1986, o Estado contava com pouco mais de 2000 km de rodovias.

 

Saúde

A mortalidade infantil:44,7%(1998) surge como um dos grandes vilões da falta de qualidade de vida. Neste estado, como também nos outros que foram estudados, não há médicos: 4,77 por 10 mil hab. (1999), por falta de incentivo do governo também há  falta de  leitos hospitalares: 2,8 por mil hab.(1999).

 

Educação

Criança de 7 a 14 anos fora da escola: 20, 7% (1996), sendo que as escolas que há são de baixo aprendizado e professores em muitos casos com poucas condições de lecionar. Analfabetismo: 17,71% (1996), tende a ser bem maior do que é divulgado pela mídia, pois em muitos casos o mesmo é dado é forjado.

 

História

Até o início do século 20 o Acre pertencia à Bolívia. Porém, desde o princípio do século 19, grande parte de sua população era de brasileiros que exploravam seringais e que, na prática, acabaram criando um território independente. Em 1899, os bolivianos tentaram assegurar o controle da área, mas os brasileiros se revoltaram. Em 17 de novembro de 1903, com a assinatura do tratado de Petrópolis, o Brasil recebeu a posse definitiva da região em troca de terras do Mato Grosso, do pagamento de 2 milhões de libras esterlinas e do compromisso de construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré. O Acre foi então integrado ao Brasil como território, dividido em três departamentos. Em 1920 foi unificado e, em 15 de junho de 1962, elevado à categoria de Estado.

No Acre, a mais importante via de Comunicação e transporte são os rios. Mas essas "estradas de água" só podem ser navegadas na época das cheias, pois durante a seca só se pode percorrê-las em canoas leves. Por isso, os principais, portos que escoam a produção acreana situam-se no Estado do Amazonas: Boca do Acre, para a bacia do rio Purus, e Eirunepé, para a do rio Juruá. Esse relativo isolamento do Acre, somado à grande extensão de suas fronteiras internacionais, tem outras conseqüências. Assim, o arroz, os óleos combustíveis, enlatados e outros industriais de Cruzeiro do Sul, segundo cidade mais populosa do Acre, vêm, sobretudo, de Pucallpa, no Peru, a preços bem inferiores aos do mercado brasileiro. Da mesma forma, ao longo dos 1565 km que fazem limite com o Peru, muitas são as crianças que atravessam diariamente a fronteira e aprendem espanhol nas escolas peruanas, por falta de escolas nacionais na região.

Os prolongamentos orientais dos Andes peruanos vão perdendo altitude pouco a pouco. Ultrapassada a serra do Divisor, também chamada da Contamana - barreira entre as bacias dos rios Juruá e Ucayali, já se está em terras do Brasil. Nessa região, as maiores altitudes não ultrapassam 600 m. O relevo do Acre é formado por uma vasta planície de terras firmes, de altitude entre 100 e 300 m. Não existem aí as grandes várzeas tão comuns no resto da região Norte. De modo geral, os terrenos são formados de rochas sedimentares ("areias" resultantes do desgaste de terrenos antigos). A falta de afloramentos rochosos (e o Acre é o único Estado brasileiro nessa situação) cria um problema especial: é difícil construir os alicerces das casas, calçar as ruas e conservar o piso das poucas estradas, pois o chão é "arenoso".

Como em toda a Amazônia, o clima do Acre é muito quente e úmido. Ocorre, entretanto, uma curta, mas nítida estação seca entre junho e agosto: durante um ou dois meses as chuvas praticamente desaparecem. Em sua maioria, os rios do Acre têm leitos estreitos e várzeas insignificantes. Os principais são o Juruá, o Puru, o Acre, o Abunã, o Iaco, o Tarauacá e o Envira. Apesar dos rios e do relevo sem acidentes, a ocupação do Acre foi dificultada pela presença de uma densa mata de terra firme, cujas árvores alcançam porte incomum no resto da região Norte.

 

Povoamento e economia

O povoamento do Acre foi feito principalmente por nordestinos, em fins do século passado. Em busca da borracha, subiram os cursos do Purus e do Juruá, ultrapassando em muito as fronteiras do Brasil estabelecidas em 1750 pelo tratado de Madri (que cedia aos portugueses terras a oeste do meridiano de Tordesilhas, antes pertencentes aos espanhóis). Quando o Governo boliviano tentou impor tarifas às mercadorias entradas e saídas da região, seus habitantes rebelaram-se e, liderados por Plácido de Castro, foram vitoriosos em diversos choques armados. Em 1903, o Tratado de Petrópolis solucionou os conflitos: o Brasil ficava com o Acre, comprometendo-se a indenizar a Bolívia com a quantia de 2 milhões de libras e a construir a Estrada de Ferro Madeira - Mamoré, facilitando o escoamento dos produtos bolivianos. Com o declínio da borracha, nos anos 20, o Acre sofreu um esvaziamento demográfico: em 1920 possuía 92 379 habitantes, que se reduziram a apenas 80 000 em 1940. Em 1980, os acreanos somavam 301 303 habitantes, e a taxa de crescimento era a menor de toda a região Norte. Mais de 1/3 da população do Estado se concentra na capital, Rio Branco, que tinha 117 103 habitantes em 1980 e funciona como centro comercial de uma vasta área que se estende além dos limites estaduais.

 

Extrativismo e subsistência

O pequeno crescimento demográfico do Acre é conseqüência de seus problemas econômicos. Ao contrário dos demais Estados, é o único que ainda depende do extrativismo vegetal. É o primeiro produtor nacional de borracha e o terceiro de castanha-do-pará. A agricultura, baseada no cultivo de mandioca, arroz, milho e feijão, são praticados apenas ao redor de Rio Branco e Cruzeiro do Sul, para consumo local. A pecuária, embora esteja ocupando as terras, serve ao desenvolvimento de superlatifúndios ligados a grandes grupos econômicos do sudeste e sul do país. Donos de vastas extensões de terra chegam a transformar a mata em pastos (expulsando "posseiros" que vivem do extrativismo), mas ainda não há estradas que tornem viáveis a importação de gado e o comércio de carne e outros produtos da pecuária (como o leite e o queijo).

Seringal Lorena fica a cinco horas de barco a motor de Plácido de Castro. A pé, pela mata, são dois dias de caminhada. Domingos e Maria de Lurdes tiveram de fazer o segundo percurso levando só a bicicleta e as cinco crianças - a mais velha, com 11 anos, e a mais nova, com 11 meses - para não levantar suspeitas do patrão. Escravizados no país vizinho, recordam-se de quando o filho caçula, tomado pela malária, não pôde contar com médicos nem mesmo com permissão para ser transportado até o lado brasileiro em busca de tratamento. O dono do seringal dizia que a febre não passava de "frescura de menino". O "patrão", no caso, é um brasileiro conhecido em Plácido de Castro como Raimundo Miguel. Trata-se de um arrendatário de seringais cujos donos são bolivianos. Derrotado na aventura, Sousa hoje só quer arrumar emprego numa das fazendas do Acre. Borracha, nunca mais. "Isso não sustenta ninguém. Nem no Brasil nem na Bolívia".

Hoje em dia, o Exército boliviano mantém um batalhão na fronteira e não permite que os trabalhadores brasileiros visitem os seringais sem autorização dos proprietários. A militarização da área impede qualquer ação fiscalizadora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Plácido de Castro, impotente diante das denúncias de trabalho escravo. "Nós só sabemos do sofrimento de quem está lá pelos relatos dos que conseguem fugir", reconhece o presidente do sindicato, José Augusto da Silva Gama, 34 anos. O verbo utilizado é esse mesmo: fugir. Situação oposta à sonhada por Chico Mendes, que via na extração do látex, o leite que escorre da seringueira sangrada, não só uma atividade rentável e auto-sustentável como o caminho para a independência de milhares de trabalhadores amazônicos. Os sindicatos rurais ainda existem no Acre, mas, com os baixos preços da borracha e a falta de uma voz de liderança, não conseguem controlar os desmandos. Assim, a soldadesca boliviana segue controlando o fluxo e a vida dos brasileiros desesperados por trabalho. A experiência de Sousa retrata bem a saga. "Somos tratados como escravos. Se plantarmos, não podemos comer o que colhemos porque a comida pertence ao patrão. “Além disso, há a famigerada taxa de estrangeiro (que os bolivianos chamam de estrangeira), paga três ou quatro vezes por ano, hoje fixada em R$ 15,00. Ou seja, para trabalhar em condições subumanas, paga-se. E quem cobra, mais uma vez, são os fardados”.

O trabalho nos seringais do país vizinho vale nada. O seringueiro tem de vender o quilo da borracha a R$ 0,40. Para comprar uma lata de óleo, desembolsa cinco vezes mais. Uma das formas que a escravidão assume, por aquelas bandas, é o endividamento. Os brasileiros se enredam nas inevitáveis contas de mercearia e, quando a situação se torna insustentável, voltam para o Brasil deixando para trás todos os pertences.

No lado brasileiro, o cenário não é tão melhor. Os poucos trabalhadores que ainda insistem em extrair a borracha não conseguem vendê-la porque simplesmente não há compradores. O produto de dias de trabalho acaba sendo trocado por mantimentos, mais uma vez. A maioria dos seringueiros deixa as colocações, conseguidas com muito sacrifício, para inchar os bairros das periferias das cidades. A pauperização é só o que prospera. Em Brasiléia, município de 13.900 habitantes a 233 quilômetros de Rio Branco, capital do estado, acaba de nascer o bairro Sumaúma 3, ainda mais miserável que seus antecessores, Sumaúma 1 e 2, criados a partir de 1990. Bairro é modo de dizer: são ajuntamentos de casinholas de madeiras sem nenhuma infra-estrutura. "Vim para cá com a corda no pescoço, moço, como se fosse um cachorro. No dia em que vendi minha colocação, chorava dentro de casa que nem criança", lembra Joaquim Dias de Lima, 68 anos, há cinco instalados com a mulher em uma casinha de Sumaúma 2. Ele veio do Seringal Sacado, na Reserva Extrativista Santa Quitéria, nos arredores de Brasiléia. Resistiu até 1993, quando percebeu que seu trabalho não valia mais nada: "Sumiu primeiro o patrão que comprava a borracha. Depois sumiu o marreteiro que aceitava trocar nossa produção por mercadoria. Vim para a cidade para não morrer de fome", afirma o neobiscateiro. Tem consciência cristalina do drama pelo qual está passando. "Perdi minha independência e minha identidade". Lima e seus vizinhos abandonaram a mata, mas deixaram por lá sua história. Tornam-se hoje uma legião anônima, feita de diaristas de prefeituras, peões de fazendas, camelôs, sorveteiros. A cada dia, novas levas invadem as cidades acreanas, inclusive a pequena Xapuri, com 12.700 habitantes, terra de Chico Mendes. Seringais como o de Triunfo, de 11.800 hectares, estão se transformando em colônias agrícolas, num completo processo de desfiguração: as colocações são divididas em lotes de 50 hectares cada uma, e árvores de 30 metros, que demoram cerca de 40 anos para se desenvolver, são assassinadas em segundos por motosserras. As queimadas nublam o céu e, na terra arrasada, vão surgindo roças e criações de animais. (Época, 1998).

 

 

ESTADO DO AMAZONAS

 

O Estado do Amazonas (1.577.820,2 km² de área absoluta) abriga a maior floresta equatorial do planeta, sua bacia hidrográfica (6.217.220 Km²) possui mais de 20 mil km de vias navegáveis. Seus principais rios são o Amazonas, o Negro, o Solimões, o Purus, o Juruá e o Madeira.

A população do Estado (Amazonense), amável e acolhedora, está estimada em 2.389 mil habitantes, sendo 48 % vivendo em Manaus (Manauara ou Manauense), e uma densidade demográfica de 1,51 hab./km² (fonte IBGE/96). Possui hoje duas expectativas de economia, a Zona Franca criada em 1967 e o turismo ecológico em franco desenvolvimento. Alguns pólos de mineração, agricultura, pecuária e extração racional de madeira vem se desenvolvendo.

O Amazonas está situado no centro da Região Norte do Brasil, limitando-se ao norte com o Estado de Roraima, Venezuela e Colômbia; a leste com o Estado do Pará; a Sudeste com o Estado do Mato Grosso; ao sul com o Estado de Rondônia e a sudoeste com o Estado do Acre e o Peru.

O clima é Tropical quente e úmido, a temperatura média de 31,4 o C, a estação das chuvas é de Dezembro a Maio, e a cheia do rio Negro tem seu ponto máximo em meados do mês de Junho, a maior vazante no mês de Setembro. A pluviosidade média mensal na Capital é de 210 mm.

Seu relevo caracteriza-se pela ocorrência de terras firmes, planas e baixas. As elevações são encontradas nos limites com Roraima e a Venezuela, onde encontramos as serras de Itapirapecó, Imeri, Urucuzeiro e Cupim. Nesta área verifica-se a presença do Pico da Neblina (3.014 m), ponto mais alto do Brasil.

A planície Amazônica é formada de Várzeas e Igapós (Planície de inundação) e Terras Firmes. A vegetação é densa e heterogênea, de uma biodiversidade fantástica, abriga espécies ainda desconhecidas da ciência, recobrindo 90% da superfície da área do Estado. Apresenta os seguintes tipos florestais:

- Floresta Perenifolia Paludosa Ribeirinha - mata de várzea (inundada em determinados períodos).

- Floresta Perenifolia Hileiana Amazônica - mata de terra firme.

- Mata de Igapó - sempre inundada.

Sua capital - Manaus, foi uma das primeiras no país a possuir energia elétrica, teve seu apogeu na época da borracha (Hevea Brasiliensis), quando os "Senhores da borracha" investiram em exuberantes monumentos arquitetônicos como o Teatro Amazonas e o Porto Flutuante.

Manaus, cujo nome é alusão aos índios Manaus que habitavam a região, situa-se à margem esquerda do Rio Negro, próximo ao encontro com as águas do Rio Solimões, cujas diferenças em suas características da água (temperatura, densidade e velocidade) proporcionam um espetáculo de alguns quilômetros, onde as águas dos Rios Negro e Solimões deslizam lado a lado para formarem o Rio Amazonas.

O fuso horário é de -1 hora em relação ao horário de Brasília (O Estado está fora do horário de verão, quando isso acontece o fuso passa a ser de -2 horas), os bancos funcionam das 9:00 às 15:00 h, horário local.

 

Culinária: Baseada em frutas tropicais, peixe e farinha de mandioca.

 

 

ESTADO DO MATO GROSSO

 

          Atividades Econômicas: indústrias (alimentícias, metalúrgica), exploração de madeira de lei (angico, aroeira, peroba, jacarandá preto, sucupira, cedro, louro, angelim, canela, jequitibá, pau-santo), plantas medicinais (ipecacuanha, quina, genciana, camomila, julepo, copaíba, baunilha) e borracha, minerais (calcário, estanho, ouro), agropecuária (arroz, banana, cana-de-açúcar, feijão, laranja, mandioca, soja, milho, algodão, amendoim, criação de bovinos, suínos e aves).

 

Geografia

Estado pertencente à região Centro-Oeste do território brasileiro. A cidade mais populosa e capital do estado é Cuiabá. O estado possui fronteira internacional com a Bolívia (ao sudoeste) e fronteiras interestaduais com Rondônia (ao noroeste), Amazonas e Pará (ao norte), Tocantins e Goiás (ao leste) e Mato Grosso do Sul (ao extremo sul). A malha hidrográfica do estado é bastante rica, constituída pela Bacia Amazônica, Bacia do Paraguai e Bacia do Paraná. O estado portanto é servido por rios como Juruena, Roosevelt, Arinos, Paraguai, Cuiabá, São Lourenço (região fronteiriça com Goiás e Mato Grosso do Sul), Teles Pires (também São Manuel), Xingu, Araguaia e Manso (também Rio das Mortes).

Economicamente, o estado possui uma indústria pouco desenvolvida: o principal setor é o da metalurgia. A maior parte da economia do estado volta-se para as atividades rurais, como a criação de bovinos (pecuária extensiva) e atividades agrícolas, esta última tendo o café e a cana como principais produtos. O extrativismo da castanha -do- Pará também tem grande importância econômica para o estado.

A infra-estrutura do estado é deficiente: não existem ferrovias e a malha rodoviária possui poucas estradas pavimentadas, embora a região tenha se desenvolvido mais a partir da construção da cidade de Brasília, em Goiás, que tinha por um de seus objetivos levar desenvolvimento às regiões do interior do Brasil.

Outro aspecto de importância no estado trata-se da Reserva Indígena do Xingu, uma das maiores reservas brasileiras, que abriga a segunda maior população indígena do país. Apesar de toda a legislação que favorece a manutenção da reserva, esta área delimitada sofre sob um grande número de invasores, colocando o Mato Grosso entre os vários estados em que os conflitos de terra são graves e constantes.

 

Histórico

No início do processo de colonização européia na América, a região do atual Mato Grosso era pertencente à Espanha, segundo o Tratado de Tordesilhas. No entanto, mais tarde, a descoberta de metais preciosos na região atrai aventureiros e bandeirantes. As Bandeiras foram responsáveis por um grande fluxo de povoamento português na região.

De acordo com novos tratados, em que as terras pertenceriam ao ocupador efetivo, a região do Mato Grosso passa para o domínio português.  Já no período da República no Brasil, as atividades mineradoras entram em decadência com o esgotamento das minas. Isto gera conflitos internos que vêm a fomentar uma rebelião separatista. No entanto, o governo de Floriano Peixoto tratou de conter o movimento de separação.

De acordo com o desenvolvimento de duas cidades, Cuiabá e Campo Grande, dois pólos urbanos mais desenvolvidos eram formados, gerando então um motivo para a separação do estado em duas porções. Assim, em 1977, segundo uma lei complementar promulgada sob a presidência de Ernesto Geisel, o Mato Grosso perde cerca de 30 % de seu antigo território: esta porção desmembrada veio a tornar-se o estado do Mato Grosso do Sul, tendo Campo Grande como capital.

O descobrimento, por bandeirantes paulistas, das "Minas de Cuyabá", iniciou o período colonizador. O interesse por esta imensa região deveu-se principalmente ao ouro. Os reinos na América do Sul eram divididos por uma linha que cortava a Ilha de Marajó, os rios Tocantins e Araguaia, a extremidade ocidental do Distrito Federal, o Triângulo Mineiro, os arredores da cidade paulista de Bauru, a região entre Curitiba e Paranaguá, no Paraná e a catarinense cidade de Laguna. Mato Grosso era território espanhol.

No tempo da assinatura do Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo em duas partes, portuguesa e espanhola, as terras mato-grossenses eram ocupadas por nações indígenas, vivendo um mundo bem à parte, com magníficas florestas, rios, vales, cachoeiras e alimento abundante. O Tratado de Tordesilhas, mudou o cenário mundial, sua assinatura entre os reinos de Castela (Espanha) e Portugal, ocorreu por conseqüência do Estado de guerra em que viviam potências ibéricas, na Segunda metade do século XV.

O primeiro Tratado entre as potências, foi assinado em 1480, em Toledo (Espanha), sob intermediação do Papa. O acordo dividiu o mundo entre duas potências e foi feito em sentido dos paralelos: ao norte das Ilhas Canárias, incluídas, ficava a área de Castela, ao sul ficava o domínio de Portugal. Criou-se então, um hemisfério espanhol, e ao sul um hemisfério português.  Portugal, através de Bartolomeu Dias, descobriu o Oceano índico, em 1488, através do Cabo da Boa Esperança. Em março de 1493, quando retornava de sua viagem à recém descoberta América, Colombo desembarca em Lisboa e dá a notícia do descobrimento do Novo Mundo, que consideravam a Índia.

O rei de Portugal, João II, por julgar que o Tratado de Toledo fora rompido, pois haviam informações de que as novas terras estavam ao sul das Ilhas Canárias, prepara suas tropas e ameaça invadir a Espanha.O Papa Espanhol Alexandre (1492-1505) propôs um acordo, sendo que desta feita, o mundo seria dividido em dois hemisférios.

O Papa publicou a bula Inter Coetera, a 03 de maio de 1493, recusada por Portugal. O novo acordo, assinado sem a presença do Papa, na cidade de Tordesilhas, a 07 de junho de 1494, é definitivo. Portugal impõe 370 léguas a oeste de Cabo verde (1.184 milhas), garantindo o monopólio lusitano sobre as duas margens do Atlântico.

 

Os Diamantes de Juína:

A região diamantífera de Juína localiza-se na porção noroeste do Estado de Mato Grosso e encontra-se delimitada pelas coordenadas geográficas 11o20’e 11o50’S e 58o45’ e 59o25’W. As principais áreas produtoras de diamantes são as altas bacias dos rios Juína Mirim, Vinte e Um (de Abril) e Cinta Larga, situados a SW da cidade de Juína. Estima-se a produção total dessa bacia em torno de 2,5 a 3,0 milhões de quilates.

 

ESTADO DE RONDÔNIA

 

Estado brasileiro localizado na região Norte. Tem como limites: Amazonas (N), Mato Grosso (L), Bolívia (S e O), e Acre (O). Ocupa uma área de 238.512,8km2. Sua capital é Porto Velho. Suas cidades mais populosas são: Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes, Cacoal e Vilhena. Seu relevo é suavemente ondulado;94% do território encontram-se entre as altitudes de 100 e 600m. Madeira, Ji-Paraná, Guaporé e Mamoré são os rios principais. O clima é equatorial e a economia se baseia na agricultura (café, cacau, arroz, mandioca, milho) e no extrativismo (borracha, madeira, minérios).

Somente algumas missões religiosas se haviam aventurado pela região até o século 17. Com a descoberta do ouro no vale do rio Cuiabá, no século 18, os bandeirantes começaram a explorar o vale do rio Guaporé. Um fator importante para a colonização foi o auge do ciclo da borracha, no final do século 19, quando muitos nordestinos migraram para a área. O início da construção da ferrovia Madeira - Mamoré, em 1907, constituiu outro impulso para o povoamento.

Em 1943, foi criado o Território Federal de Guaporé, em terras desmembradas do Amazonas e do Mato Grosso. O território recebeu o nome de Rondônia em 1956, em homenagem a Cândido Rondon, o desbravador da região.

A descoberta de cassiterita estimulou a economia local e, em 1981, Rondônia tornou-se Estado. Já naquela época, milhares de famílias que viviam na região aguardavam a distribuição de terras pelo Incra, situação que ainda não encontrou uma solução definitiva.

 

5.5 O QUE É O TERCEIRO SETOR

 

É uma expressão ainda pouco utilizada no Brasil. Na verdade, quase ninguém a reconhece por aqui. Já foram presenciadas cenas curiosas, em que pessoas, as mais cultas, reagem de pronto ao ouvi-la: - "O quê? Que negócio é este?".

Foi traduzida do inglês ("Third Sector") e faz parte do vocabulário sociológico corrente nos Estados Unidos. No Brasil, começa a ser usada com naturalidade por alguns círculos ainda restritos. É cedo, portanto, para saber se vai vingar entre nós, mas vale a pena discuti-la, pois carrega implicações que a todos importam.

Nos Estados Unidos, costuma ser usada paralelamente a outras expressões, entre as quais duas se destacam: a primeira diz "Organizações Sem Fins Lucrativos" ("Non Profit Organizations"), significando um tipo de instituição cujos benefícios financeiros não podem ser distribuídos entre seus diretores e associados. A segunda, "Organizações Voluntárias", tem um sentido complementar ao da primeira. Se o lucro não lhes é permitido e se, como também se supõe, não resultam de uma ação governamental, deriva-se que sua criação seja fruto de um puro ato de vontade de seus fundadores. E mais, supõe-se ainda que duram no tempo, em grande medida, graças a um conjunto complexo de adesões e contribuições igualmente voluntárias.

A lei inglesa, tradicionalista como é, usa uma expressão mais antiga para designar nosso objeto. Fala de "Caridades" ("Charities"), o que remete à memória religiosa medieval e enfatiza o aspecto da doação (de si, para o outro) que caracteriza boa parte das relações idealizadas neste campo. A noção de "Filantropia", contraponto moderno e humanista à caridade religiosa, também aparece com freqüência, sobretudo na literatura anglo-saxã. Mecenato é outra palavra correlata, que nos faz lembrar a renascença e o prestígio derivado do apoio generoso às artes e ciências.

Da Europa Continental vem o predomínio da expressão "Organizações Não Governamentais" (ONG’s), cuja origem está na nomenclatura do sistema de representações das Nações Unidas. Chamou-se assim às organizações internacionais que embora não representassem governos, pareciam significativas o bastante para justificar uma presença formal na ONU. O Conselho Mundial de Igrejas e a Organização Internacional do Trabalho eram exemplos em pauta. Por extensão, com a formulação de programas de cooperação internacional para os desenvolvimentos estimulados pela ONU, nos anos sessenta e setenta, cresceram na Europa Ocidental "ONG’s" destinadas a promover projetos de desenvolvimento no Terceiro Mundo. Formulando ou buscando projetos em âmbito não governamental, as ONG’s européias procuraram parceiros no mundo a fora e acabou por fomentar o surgimento de ONG’s nos continentes do hemisfério Sul.

Assim, ainda que designe uma característica geral ao campo em questão, que é justamente sua natureza não governamental, o termo "ONG" no Brasil está mais associado a um tipo particular de organização, surgida aqui a partir dos anos setenta, no âmbito do sistema internacional de cooperação para o desenvolvimento. Sua origem no período autoritário e seu horizonte internacionalizado numa época de exacerbação dos embates ideológicos globais resultaram numa ênfase na dimensão política das ações, aproximando-as do discurso e da agenda das esquerdas.


6 ANÁLISE E RESULTADOS

 

A proposição inicial era participar de grupos com o simples intuito de ser mais um no contexto e mais um se sentindo “humano”.

Após serem vivenciados os trabalhos, participar das equipes, faz sentir o quanto Deus faz dos homens seus instrumentos e o quanto isso aproxima da tão pronunciada e buscada palavra “felicidade”. É gratificante ser útil, por um momento ser tão importante e saber que um sorriso, um olhar ou um gesto se torna o principal alimento.

Sendo assim, hoje existe o “PROJETO AMAZONAS”, que foi criado a partir da colaboração de grupos que são:

-         MÉDICOS DE CRISTO;

-         PROJETO MISERICÓRDIA;

-         SILOÉ MISSIONS.

O trabalho que está sendo realizado busca técnicas e práticas mais eficazes para a continuidade e o crescimento e sendo assim a concretização dos objetivos pré-estabelecidos.

Outrossim, a busca para realmente fazer parte de um “mundo melhor” faz com que a proposta para a realização de trabalhos comunitários não seja incessante e a compreensão de que o ser humano não existe por acaso e nem vive isolado, por isso, grupos para missões junto a outros grupos deverão ser mais e mais significativos do “ser humano”.

Em todas as viagens houve uma prévia preparação em termos espirituais e materiais. No que se refere à preparação espiritual, o que guia a todos é a oração e a percepção para o “chamado” de Deus para a missão. Todos os missionários são preparados para levar a fé e a esperança àqueles abandonados por toda sorte de recursos e atendimentos, inclusive aconselhamento aos que, por falta de esclarecimentos, se perdem e/ou desviam das culturas e costumes da vida de cada região.

Com relação à parte material, também é imprescindível uma preparação adequada que abrange:

-         documentação;

-         equipamentos pessoais necessários para este tipo de viagem;

-         materiais que serão doados às populações atendidas, como roupas e medicamentos (ver figura 6);

-          prevenção de doenças (vacinas, levar remédios, etc.)

 

FIGURA 6 – Doação de Medicamentos

Fonte: Taborda,  2002

 

Analisando, após contatos através das viagens, pode-se perceber o quanto se faz necessária à atuação junto ao povo “esquecido” pelo desenvolvimento, pelo amor e pelos irmãos.

O que deixa a todos ainda mais seguros e felizes com esse trabalho é o fato de que essas pessoas fazem parte de um território, de um Estado e não recebem nenhum tipo de assistência que não seja de grupos do Terceiro Setor, e este apoio que é levado até eles faz crer, cada vez mais, que todos são irmãos e o quanto todos são grandes no sentido “humano”.

Comparando os resultados das viagens, percebe-se que todos são cada vez mais amados e requisitados pelas comunidades que são visitadas, assim como, para cada próxima viagem, o entusiasmo é cada vez maior pois quando da chegada nas localidades, já existem muitos amigos e constata-se alguns efeitos na continuidade daquilo que foi implantado anteriormente.

 

Como poderá ser visto neste breve histórico de todos os projetos realizados nestes anos de sucesso do Projeto Amazonas:

O Projeto Misericórdia realiza viagens ao Amazonas.

Em obediência a Atos 1:8; "... mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra".

Com uma equipe formada por voluntários, realizaram oito viagens ao Amazonas, com duração de um mês, onde prestaram assistência aos moradores ribeirinhos, às margens do Rio Purús (figura 7), nas localidades de Camaruã, Canutama e Lábrea. Abaixo descrevemos as supracitadas viagens.

1ª Viagem – Agosto/1994 - 01 participante = 01 Médico Cirurgião.

2ª Viagem – Julho/1995 - 05 participantes = 01pastor, 01 enfermeira, 01 auxiliar de enfermagem, 01 estudante de medicina e 01 médico cirurgião.

3ª Viagem – Fevereiro/1996 - 04 participantes = 01 estudante do centro de treinamento missionário, 01 vestibulanda de medicina, 01 assistente social (da Alemanha) e 01 médico cirurgião.

4ª Viagem – Julho/1996 - 06 participantes - 01 enfermeira, 01 engenheiro, 01 estudante de medicina, 01 líder de evangelização (teatro), 01 auxiliar para a evangelização e 01 médico cirurgião.

Nestas quatro viagens foram realizados vários trabalhos em muitas áreas, mas abaixo são numerados os executados na área médica:

 

                                  FIGURA 7 - Rio Purús  -  AM

Fonte: Taborda, 2000

 

TABELA 1 – Trabalhos De Atendimentos Médicos Das 04 Viagens.

TIPO DE ATENDIMENTO

CAMARUÃ

CANUTAMA

TOTAL

Pequenas cirurgias

23

17

40

Preventivo de Câncer

16

-

16

Retosigmoiedoscopia

02

-

02

Irrigação de ouvido

02

-

02

Confecção de gesso

01

-

01

Exame parasight-malária

37

-

37

Consultas

50

84

134

Reuniões com parteiras

04

-

04

Reunião c/ cand. a agentes de saúde

04

-

04

Palestras (AIDS/Saúde)

02

-

02

Cirurgia/ anestesia raquidiana

-

07

07

Total

           141

              108

249

FONTE: Projeto Misericórdia, 1996.

 

5ª Viagem – Julho/1997 - 12 participantes = 03 médicos (01 da Austrália), 03 conselheiros, 01 assistente social, 02 enfermeiras, 01 psicóloga, 01 terapeuta ocupacional, 01 intérprete. Nesta viagem foram realizadas consultas médicas no hospital de Lábrea, na Fundação de Pescadores, no hospital de Canutama, no asilo de idosos em Lábrea e na Fundação Nacional de Saúde, com os hansenianos. Na ocasião, a terapeuta ocupacional promoveu o treinamento “avaliação física” de enfermeiros que trabalham com hansenianos. Também foram levados remédios para os pacientes atendidos e ainda, foi ministrado curso de “primeiros socorros”.

A seguir, a tabela numérica dos trabalhos:

 

 

TABELA 2 – Trabalhos de Atendimento da 5a viagem.

TIPO DE ATENDIMENTO

LÁBREA

CANUTAMA

COMUNIDADES RIBEIRINHAS

TOTAL

Consultas

272*

       30

60

362

Curso de 1ºs Socorros

01

-

-

01

Orientação p/ Enfermagem

01

-

-

01

Total

274

         30

60

364

Fonte: Projeto Misericórdia, 1997. 

* Estas consultas foram realizadas no Hospital de Lábrea, na Associação de Pescadores, num asilo e numa comunidade que atende hansenianos.

 

FIGURA 8 – Palestra sobre Higiene  Pessoal para Mulheres

Fonte: Taborda, 2000

 

6ª Viagem – 14 a 29/jun/2000 - 14 participantes - 02 médicos (01 pediatra e 01 cirurgião geral), 03 conselheiros, 01 assistente social, 02 enfermeiras, 01 terapeuta ocupacional e 05 missionários. Nesta viagem foram realizados atendimentos em Porto Velho – RO e em Lábrea – AM, onde se trabalhou em comunidades de ribeirinhos, permanecendo inclusive acampados junto a essas comunidades, no asilo de idosos e na Fundação Nacional de Saúde, com os hansenianos. Entre muitas atividades, foi aplicado flúor e conversado muito sobre higiene pessoal (figura 8), fora os testes de malária (figura 9). A equipe também levou mais de 300 Kg (trezentos quilos) de medicamentos.

 

FIGURA 9 – Porto Velho – Ro. Base da Jocum em  Julho/2000

Laboratório de Análise de Malária

 

 

Fonte: Taborda, 2000

 

 

 

FIGURA 10 – Primeira Base para Trabalhos à 20 km de Lábrea

 

Fonte: Taborda, 2000

 

 

 

FIGURA 11 – Família Batizada na Religião Evangélica

Fonte: Taborda, 2002

 

 

O atendimento, principalmente na área de saúde, onde trabalhamos em regiões adversas (figura 10) foi executado com grande sucesso pela equipe que ainda contou com a colaboração de um grupo formado pelos próprios moradores da região e, além das consultas médicas, num total de 378 atendimentos, ainda deram assistência às gestantes e aos recém-nascidos. Houve frutos deste ano de trabalho como no caso da família representada na figura 11, a primeira que contatamos e que hoje estão firmes sendo uma referência para as demais famílias. 

“Foi a partir desta viagem que a Dra. Ellen Regina Wiebe Taborda, médica pediatra, e o autor deste trabalho, se conscientizaram da realidade social e estabeleceram, até como meta de vida, a participação e colaboração neste projeto, visando a saúde integral dos assistidos. Para eles, saúde integral abrange: corpo, alma e espírito, para que as pessoas vivam e se sintam bem.”

FIGURA 12 – Trabalho com crianças de uma  favela próxima

a Base da Jocum em Rio Branco – AC

Fonte: Taborda, 2001

 

7ª Viagem – de 07 a 28/jul/2001 - 50 participantes, as mais variadas ocupações e profissões.

Nesta, foram feitos atendimentos, principalmente na área de saúde, aos índios e aos ribeirinhos em várias localidades dos Estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia.

O trajeto Curitiba - Porto Velho foi feito de ônibus e teve a duração de 48 horas. Faltando 12 horas para a chegada, alguns desceram para chegar até Juína – Mato Grosso. A viagem de Porto Velho –Rio Branco, também de ônibus, levou 8 horas e ainda, parte do grupo  fez um percurso de avião com duração de 1 hora de Porto Velho a Lábrea.

O trabalho começou em Porto Velho-RO, junto à base da JOCUM (Jovens Com Uma Missão), onde os líderes eram Cléo e Luiz Eduardo, os quais dão atendimento aos missionários dos moradores ao redor da base e também das comunidades ribeirinhas, assim como dos indígenas. Foram feitas visitas às Igrejas, onde iriam palestrar sobre o projeto “Visão Saúde Integral”.

Em Lábrea – AM., os líderes eram Luiz Paulo e Eliete, onde foram repetidas muitas das tarefas e ainda foram feitas 35 (trinta e cinco) cirurgias e 2 (duas) cesarianas.

Ainda foram visitados a tribo Palmari e o CDC – Centro de Desenvolvimento Comunitário (carpinteiros).

Em Rio Branco-AC, os líderes eram Daniel e Fátima e foram dados atendimentos a aproximadamente 15 (quinze) missionários, aos moradores assistidos de uma favela próxima ao local (figura 12), além de trabalhar com meninos de rua, usuários de drogas e assistências sociais junto às Igrejas. Também foram atendidas crianças nos arredores de Rio Branco (figura 13).

FIGURA 13- Atendimento em  Rio Branco – AC, na Região

Rural

Fonte: Taborda, 2001

 

Na mesma ocasião, foram até a cidade Plácido de Castro, na fronteira com a Bolívia, onde se desempenhou o mesmo tipo de trabalho com muito aconselhamento.

FIGURA 14  - Parceria da Junta de Missões Nacionais da

Igreja Batista e Projeto Amazonas Lábrea/2002

Fonte: Taborda, 2002

 

8a viagem – 05/jul/2002 – 40 participantes = entre equipes organizados mais voluntários.

O destino desta viagem foi as cidades de Juína, Porto Velho e Lábrea (figura 17).

Em Juína –MT, uma equipe formada por 10 componentes trabalhou durante uma semana junto a uma tribo Cinta Larga. Como, na ocasião, houve um confronto da tribo com mineradores e madeireiros, a equipe quase foi presa pela Polícia Federal.

Outro grupo ficou trabalhando em Porto Velho-RO. A Dra. Ellen (pediatra) e o Sr. Marcelo, seu esposo, foram nesta mesma cidade de Porto Velho, onde trabalharam em um lixão (ver figura 15) e também junto aos missionários e ribeirinhos da região. Com o trabalho concluído, se dirigiram a Lábrea- AM, para onde levaram um total de 110 volumes contendo materiais para educação cristã, roupas e medicamentos. Fizeram mais de 100 atendimentos na área médica (figura 14) e puderam converter e abençoar muitos, além de darem assistência aos missionários que lá residem e permanecem longos períodos sem visitas pastorais.

 

 

FIGURA 15 – Senhora de  80 anos  atendida no

Lixão em Porto Velho/RO

 

Fonte: Taborda, 2002

 

 

 

A partir da 1a à 5a viagem só pudemos relatar as ações praticadas pela falta de fontes bibliográficas. Porém, a partir de 6a a 8a viagem permitiu-se ter registros e a participação, tendo a seguinte conclusão:

Num primeiro momento fica a impressão de um trabalho sem continuidade, mas o mesmo não ocorre, pois temos parcerias nestes locais citados, que continuarão com mesmo trabalho.  Também ocorre o despertamento do interesse de outros para as necessidades prementes. São pessoas que, se não tivessem participado do projeto nunca teriam descoberto a verdadeira razão de viver, como no caso de um jovem chamado João (cabeleireiro no shopping Muller da cidade de Curitiba), que já havia participado de vários eventos em Curitiba e arredores na mesma linha de trabalho do projeto missionário. Mas hoje ele está em Lábrea – AM, trabalhando junto à igreja Batista do local com adolescentes.

Por isso, vê-se a necessidade deste projeto não só para nossa realização própria como também para dar sentido à vida de outros que estão aí sem o rumo certo, buscando em vários lugares a razão de viver, mas esquecendo-se de que a verdadeira faceta para sermos felizes é nos desprendermos do que é “nosso” em favor do próximo sem esperar nada em troca.

 

 

FIGURA 16 – Flashes  do Projeto Amazonas

 

       

Fonte: Taborda, 2002

 

FIGURA 17 – Mapa do Brasil Situando as Cidades Visitadas

7 CONCLUSÃO

 

A partir da colaboração e da parceria pode-se organizar um mundo melhor para todo ser humano, é só querer e se empenhar para este fim.

As estruturas e planejamentos dependem de um trabalho constante, porém extremamente gratificante após as constatações dos resultados de muitas das ações praticadas transformaram-se em realidade.

Em busca dessa realidade procura-se, partindo dos efeitos, sanear as causas nocivas e aprimorar as que precisam do desenvolvimento e do progresso para uma qualidade de vida digna para qualquer dos que estão sendo assistidos pelas “Missões”.

E é esse horizonte de um “mundo melhor” para os carentes que, faz com que a proposta para a realização de trabalhos comunitários seja incessante e a compreensão de que o ser humano não existe por acaso e nem vive isolado por isso grupos de missionários junto a outros devem ter mais significados por parte daqueles que detém o poder e/ou da “sociedade humana”.

       Assim como todo trabalho voltado ao idealismo, e por conseguinte, não sendo um empreendimento gerador de rendas, ou seja, não é um trabalho com remuneração para aqueles que se dedicam a ele, exige que tempo e dedicação seja “roubado” dos participantes, pois todos possuem suas vidas independentes das Missões (com exceção dos missionários de tempo integral que são mantidos por suas igrejas), o que dificulta a organização através das reuniões, palestras e a busca de patrocinadores. Isto faz com que haja limitação nos estudos e planejamentos.

            Há um empenho para a melhoria e constante aperfeiçoamento deste projeto, buscando em várias direções. Uma vez criado o “Projeto Amazonas” e vários nela terem ingressado, é inerente que mais e mais a mesma se estruture e atue de maneira simples, porém eficaz e com maior freqüência.

            Hoje, existe a possibilidades de ir aos locais – destinos de trabalho apenas uma vez ao ano, mas, caso houvesse um assessoramento e/ou recursos maiores, certamente as viagens seriam em maior número.

 

A meta principal é o próprio desprendimento e a luta cada vez mais acirrada para levar ao povo ribeirinho do Amazonas, uma vida mais digna.

Vários exemplos existem, assim como o Projeto Tamar que além de toda assistência prestada ao povo da região, procura, principalmente, conservar o meio ambiente, destacando o trabalho pela preservação das espécies, lutando para que as raças em extinção procriem e dêem continuidade à existência.

A seguir, estão relacionados os objetivos que estão sendo elaborados para que se concretizem um menor espaço de tempo possível:

-         Maior conscientização das pessoas e empresas do Brasil para angariar mais recursos (verbas, medicamentos, alimentos, roupas, aparelhos médicos e laboratoriais, sementes, utensílios, papelaria, material para higiene, etc) para a realização dos objetivos do projeto com mais assiduidade;

-         A aproximação das pessoas das regiões vizinhas às localidades trabalhadas, através da religião ou mesmo da solidariedade humana, para a prestação de serviços aos carentes, tendo em vista a facilidade de acesso;

-         O ingresso de mais voluntários, pois todos são necessários e também de mais profissionais especializados para o atendimento na área de saúde e higiene;

-         A preservação do meio ambiente, nas localidades, através de treinamentos práticos da população;

-         Ampliar a agricultura local levando sementes como, por exemplo: de café, verduras e legumes, milho, etc, ensinando as técnicas de plantio e colheita a todos;

-         Quando são citados medicamentos, engloba a aplicação de vacinas preventivas, as quais, é lógico, visam uma qualidade de vida melhor;

-         Maior número de missionários para que estes levem ao povo “esquecido” que Deus  existe, a partir do momento em que “Ele” mandou as Missões para cuidá-los (ver anexo 7);

-         Ensinar sobre aproveitamento, em termos de comercialização, dos produtos que já possuem. Por exemplo: o artesanato com palha e madeira, as frutas típicas do norte do Brasil podendo ser transformadas em sucos, compotas, etc.; a extração da mandioca ou macaxeira (figura 18), a extração de palmito de pupunha (figura 19) e confecção da farinha através de mecanismos mais modernos, as ervas para os chás medicinais que só o povo da região conhece.

-         Todos os patrocínios se fazem necessários, pois o “Projeto Amazonas” não tem apoio governamental, é iniciativa particular junto com as Igrejas, o que faz com que a divulgação seja prioridade e a qual requerem participação de gráficas, vídeos, gravações, papelaria e órgãos para a propaganda (ver anexos 1 e 2). E também informes em jornais e demais periódicos (ver anexos 3, 4, 5, 6 e 8).

-         Os meios de transporte utilizados pelos integrantes das Missões são locados ou são aqueles de uso comercial normal, o que aumenta muito as despesas. O objetivo então, seria, uma parceria com alguma empresa de ônibus, que cedesse o veículo apenas na época das viagens, o que facilitaria muito a acomodação não só dos passageiros como também dos produtos que são levados até as localidades-destinos;

-         Um outro trabalho que já está sendo realizado (início) e que é alvo de grande estudo e planejamento é o saneamento básico. Este objetivo é de vital importância, pois uma vez efetivado, automaticamente reduzirá o número de doenças causadas pela água, pelo lixo e pelo esgoto. Através da engenharia, já estão organizando e montando as centrais, mas, a concretização em todas as localidades significativa uma despesa muito grande, que envolveria a compra do material hidráulico (tubulações, bombas, etc.), e o material humano também;

-         Geradores de energia também estão sendo estudados e planejados, pois na Amazônia não existem quedas d’água para serem represadas e transformadas em hidrelétricas pois é uma região de planícies, o que torna difícil a produção de energia. Existe um projeto para que gerar energia elétrica através da produção de gasogênio (ver figura 20).

 

 

FIGURA 18 - Trabalho Infantil com o descascar

da Mandioca Brava

Fonte: Taborda, 2002

 

 

 

FIGURA 19 – Palmeira de Pupunha

Fonte: Taborda, 2002

 

 

 

 

 

 

FIGURA 20 – Gasogênio para a  Geração de  Energia

Elétrica

 

 

Fonte: Taborda, 2002.

 

 

          E também não poderia ser deixado de lado outra necessidade premente que é a preservação da cultura do índio (ver anexo 9), que é em muitos casos renegado a um segundo plano, a partir de interesses do Estado ou do setor privado.

 

 

 

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