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Mensagens/Estudos do Pr.Cleverson

PEDRO: O GRANDE DISCÍPULO

APÓSTOLO DE CRISTO

 

 

 

Pr. Cleverson de Abreu Faria

 

 

 

 

ESBOÇO

 

 

Introdução............................................................................................................................ 2

 

Sua Vida.............................................................................................................................. 2

 

A Liderança de Pedro.......................................................................................................... 5

 

A Vocação de Pedro............................................................................................................ 7

 

Acontecimentos Bíblicos Ligados a Pedro............................................................................. 7

 

Pedro como Escritor............................................................................................................. 8

 

Controvérsias com a Igreja Católica  .................................................................................. 10

 

A “Rocha”.......................................................................................................................... 10

 

As “Chaves”....................................................................................................................... 11

 

Pedro não Reivindicou Autoridade Papal............................................................................ 12

 

A Atitude de Paulo para com Pedro.................................................................................... 12

 

A Atitude dos Outros Apóstolos para com Pedro............................................................... 13

 

Será que Pedro Esteve em Roma?...................................................................................... 13

 

A Epístola de Paulo aos Romanos....................................................................................... 14

 

Conclusão.......................................................................................................................... 15

 

Notas de Rodapé............................................................................................................... 15

 

Bibliografia......................................................................................................................... 16

 

 

Introdução

Estamos diante de um homem como nós. Pedro é provavelmente o discípulo mais humano dos demais discípulos de Cristo. Sua vida é um marco para história da Igreja. Um grande homem que mesmo quando caiu, buscou forças em Deus para se levantar e prosseguir. Notavelmente, Pedro é um homem o poder de Deus é manifestado em sua vida. Foi grande e pequeno, impetuoso e amoroso, orgulhoso e humilde, fracassado e vitorioso, cheio do Espírito e carnal. Notamos que quando presente ao lado de Cristo, Pedro era um homem vitorioso; porém, quando distante do Mestre, fracassava intensamente. Um homem de contradições. Um grande homem, discípulo, apóstolo, missionário, ganhador de almas, escritor.

 

 

 

Sua Vida

Seu nome original era Simão (Simeão), nome hebraico, era filho de João, também chamado de Jonas (At 15.14; Jo 1.42; 31.15-17; Mt 16.17) e irmão de André (Mt 4.18; Jo 6.8). Recebeu o nome de Pedro do Senhor Jesus, quer dizer: “pedregulho” ou “rocha” (Mc 3.16l; Lc 6.14; Jo 1.42). Era membro da seita chamada “Zelotes”, inimigos dos romanos, usavam muito da força bruta da conseguir os seus fins (Lc 6.14; At 1.13). Eram bastante nacionalistas. Tinham a faceta de partido político, mas intrigados ao aspecto religioso. Sabemos que Pedro era casado, pois é mencionado que sua esposa o acompanhava em suas viagens missionárias (Mt 8.14; 1Co 9.5); também é mencionado o fato de que sua sogra fora curada de uma enfermidade (Mt 8.14,15). Trabalhava com seu pai na profissão de pescador, antes de sua chamada (Mc 1.16-20). Era de Betsaida, que significa “Cidade dos Pescadores”, na Galiléia, sua fala também era característica da Galiléia, ele falava o aramaico com um forte sotaque nortista (Mc 14.70; At 2.7; Jo 1.44; 12.21). Mantinha a piedade e a atitude do seu povo (At 10.14), muito embora não tenha sequer sido treinado na lei (At 4.13). Mais tarde ele se transfere para a cidade de Cafarnaum, onde tem uma casa (Mc 1.21; Mt 8.14). Não teve educação religiosa, era considerado como sendo ignorante pelos líderes judaicos de Jerusalém (At 4.13). Foi o seu irmão, André, quem o levou até Cristo, quando Ele estava em Betânia, na outra banda do Jordão (Jo 1.28), justamente nessa ocasião é que Cristo lhe concedeu o nome de Cefas (Jo 1.42). O chamado de Pedro, por Jesus, aconteceu no início de Sua vida pública.

 

“Pedro é mencionado nos Evangelhos muito mais frequentemente do que qualquer outro discípulo, indica uma posição especial no grupo dos discípulos... A posição especial pode ser facilmente definida como estreita relação com Jesus não participada pelos outros, certa responsabilidade, assumida ou confiada como representante e porta-voz do grupo e como certo grau de iniciativa” [1] É bem provável que por esses motivos a posição de líder de Pedro fora bem facilmente aceita por todos após a ressurreição de Cristo, pois ele foi o porta-voz dos discípulos no Pentecostes. Evidencias disso é visto em Atos (1-12), onde notamos que Pedro é o líder da primeira comunidade cristã de Jerusalém.

 

Este homem fora o primeiro a levar o Evangelho aos gentios (At 10).

 

Em Corinto, há alusão a um partido chamado de partido de Cefas, muito embora não se tenham evidências de que Pedro tenha estado nessa cidade, exceto essa alusão (1Co 1.12; 3.22). O apóstolo Paulo também atesta a sua importância na Igreja primitiva, tanto em Jerusalém, bem como em outros lugares. Ele menciona Pedro como testemunha da ressurreição (1Co 15.5).

 

Pouco se sabe em relação a sua pessoa depois de Atos 12, com exceção de Atos 15.7-11.

 

Pedro era uma pessoa de altos e baixos, de elogios e de censuras, de levantamentos bem como de quedas. Muito parecido conosco. Quantas vezes em nossas vidas, nós não somos Pedro: tropeçamos, caímos, nos levantamos, ficamos orgulhosos, cheios de vaidade, de presunção, nos encontramos em falta diante de Deus, quantas vezes queremos ser o primeiro, queremos aparecer. Pedro é um personagem muito parecido conosco.

 

Pedro era uma pessoa inconstante, ora era amável, ora impetuoso. Era uma pessoa muito extrovertida, os seus defeitos, bem como as suas qualidades são claramente evidenciadas nas páginas do Novo Testamento. Ele era o discípulo que mais falava em relação aos demais, tanto que muitas vezes era-lhe preferível ficar quieto do que falar, também era aquele que Cristo mais conversava. “Nenhum discípulo, a não ser Judas, o Iscariotes, tece reprovação mais severa, e nenhum outro discípulo teve, como ele, a ousadia de repreender o Senhor. Por outro lado, nenhum discípulo deu, como Pedro, testemunho tão arrojado de respeito e amor por Cristo, e nenhum outro recebeu louvor tão pessoal do Salvador”. [2]

 

Sabemos que não importava qual era a situação do momento, o fato é que Pedro sempre se sobressaía, pois, de fato, ele nascera para ser líder. Quando o Espírito Santo tomou conta de sua vida, obteve uma transformação por completo em seu caráter. Ele se tornou o homem de maior influência na Igreja Primitiva em seus primeiros anos de vida, bem como ainda hoje continua sendo um grande exemplo a todo cristão.

 

Por ser uma pessoa extremamente falante, Pedro proferiu uma das mais profundas e significativas declarações sobre Cristo. Quando nosso Senhor proferiu um sermão bem duro, mais dos Seus seguidores O abandonaram e já não andavam mais com Ele. Cristo pergunta aos doze: “Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?” Pedro, inspirado pelo Espírito Santo pronuncia uma sublime resposta de amor e verdade: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que Tu és o Santo de Deus” (Jo 6.66-69). Somente uma pessoa como Pedro para quebrar o silêncio da ocasião e pronunciar uma declaração tão fabulosa e forte como essa. Da mesma forma que fez esta declaração, Pedro fora severamente repreendido pelo próprio Senhor Jesus. Por causa de seu orgulho, recebeu a mais severa repreensão feita por Cristo a alguém, excluindo é claro Judas Iscariotes. Pedro queria reprová-Lo, pedindo que não procedesse como havia dito, isto é para Sua morte. Jesus disse: “Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das cousas de Deus e sim das dos homens” (Mt 16.21-23). Pedro aprendeu duramente com este episódio, precisou sentir na própria pele para então poder mais tarde, já cheio do Espírito Santo, dizer: “humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele, em tempo oportuno, vos exalte” (1Pe 5.6).

 

Pedro demonstrou ser uma pessoa interesseira, em Mateus 19.27-30, vemos que ele afirma ter deixado tudo para seguir a Cristo. O que na verdade ele queria era uma posição superior para com os demais. Cristo diz que aqueles que assim buscam posições seriam os últimos.

 

É lamentável que o evento por demais conhecido na vida deste grande homem seja o fato de que ele seja conhecido como “aquele que traiu a Jesus!” o “discípulo que O negou!” Este acontecimento é narrado nos quatro Evangelhos (Mt 26.69-75; Mc 14.66-72; Lc 22.55-62; Jo 18.15-18,25-27). “Pode ser que o Espírito Santo tenha feito isso a fim de incutir em nós; fato de que Deus pode tornar o mais inconsistente e fraco monte de barro e fazer dele um grande homem de Deus” [3] Esta lição foi por demais dura para a pessoa de Pedro. Mais tarde, ele teve um outro encontro com Jesus e demonstrou com isso que havia aprendido a não confiar em si mesmo e em sua própria carne ou capacidade. No episódio, Cristo pergunta por três vezes: “Simão, filho de João, tu me amas?” (Jo 21.15-20). Pedro sabedor da sua fraqueza e não querendo professar com a mesma força das palavras de Cristo, declara o seu amor ao Mestre. Finalmente ele vem a entender que não podia confiar em suas emoções e a entregar uma dependência a Cristo. É então aprovado por sua atitude. Depois de Pedro andar na plenitude do Espírito, nosso personagem não mais demonstra em vida uma falta de controle em seus atos, sobre seus impulsos, a partir de então ele não demonstra mais uma falta de domínio próprio. Pedro é visto como alguém que controla os seus atos, que se submete ao Senhor. Essa mesma transformação na vida do apóstolo Pedro, pode ser evidenciada em nossas vidas. Para isso, devemos igualmente nos submeter ao senhorio de Cristo e estarmos dispostos para que o Espírito Santo trabalhe em nosso ser e com isso manifeste o Seu poder em nossas vidas, nos confortando e fortalecendo em nossas fraquezas.

 

Essa transformação de Pedro é de forma mais acentuada manifestada no Livro de Atos. Ali, vemos um apóstolo poderoso, grande, confiante em Deus, mas sobretudo humilde e dependente do Espírito. Ele se torna uma grande pregador da Palavra, busca então a glória para Deus e não mais para si mesmo. Procura a todo custo servir Àquele que Se sacrificou por amor de nós. Vemos então o poder de Deus nas suas mãos. Um novo homem! Isso é logo evidenciado na cura de um coxo que mendigava a porta do Templo. Nessa ocasião ele não preferiu palavras para seu próprio louvor, ele sequer mencionou a si mesmo, mas honrou a Deus e glorificou a Cristo, dando somente a Ele, a honra devida (At 3.1-7). Outra prova de que o seu caráter havia sido transformado, foi evidenciado quando da ressurreição de Dorcas. Pedro poderia muito bem receber todo o crédito e toda a fama com um feito desta envergadura, mas, ao contrário, pediu para que todos se ausentassem do local, o que fez com que Deus fosse glorificado por tal atitude, ele insistiu em dar glória somente a Deus. Uma pessoa transformada, de outra feita, ele não teria assim procedido (At 9.36-43). Diante de Cornélio, Pedro também demonstrou uma atitude de humildade quando este queria adorá-lo, prostrou-se aos seus pés, porém, ele nega receber tal adoração dizendo que também era homem como todos os outros (At 10.25).

 

O que pode um homem fazer quando está cheio do Espírito Santo? Vemos como o poder de Deus é mostrado na vida transformada deste homem apóstolo de Deus. Pouquíssimo tempo atrás, ele havia negado a Seu Mestre, agora diante de uma pressão ainda maior, diante das autoridades judaicas, no Sinédrio, ele ousadamente professa o Nome de Cristo, não nega, mas firmemente confessa a Cristo (At 4.1-22). A razão para tal dar-se-á que agora ele estava se submetendo ao Espírito Santo e deixando que Ele controlasse a sua vida. Portanto, tinha o poder e a ousadia para não retroceder e não mais buscar sua própria glória.

 

Pedro demonstra uma sabedoria advindo do Espírito nessa ocasião, pois ele próprio não seria capaz de tal façanha. Outro episódio é o caso de Ananias e Safira em Atos 5.  Outro exemplo de sua sabedoria deu-se no fato de novamente diante do Sinédrio, ele declarar: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29).

 

Seria um erro pensar que depois do Pentecostes, o Apóstolo Pedro não tenha mais errado ou que sempre estivesse sob o controle do Espírito Santo. No Livro de Gálatas, capítulo 2, vemos um incidente que ocorrera com Pedro, que parece que ele veio a tonar-se novamente Simão. A princípio ele estava comendo com gentios, pois muitos deles haviam se convertido. Ao chegarem alguns da parte de    Tiago, ele se afastou destes irmãos, o que sem sombra de dúvidas provocou uma ofensa para com eles. Pedro sentiu que poderia ser reprovado por parte dos seus amigos, por isso agiu desta maneira. O apóstolo Paulo critica a atitude de Pedro dizendo que ele se tornara repreensível (Gl 2.11-14). Agora, isso não está demonstrando que por este ato impensado da parte de Pedro, Deus tenha deixado de usar este instrumento para Sua obra, pois as suas duas epístolas foram escritas um bom tempo depois deste acontecimento. O fato é que, mesmo cristãos que já são amadurecidos e repletos ou cheios do Espírito, precisam estar examinando suas vidas diariamente, de forma contínua, para que não andam por um momento segundo a sua carne. Sabemos que Pedro não ficou ressentido por Paulo ter-lhe resistido face a face nesta ocasião por fazer menção especial a ele em uma de suas epístolas (2Pe 3.15,16).

 

 

 

A Liderança de Pedro

O nome de Pedro é mencionado por 210 vezes. Ao passo que o nome de Paulo é mencionado 162 vezes e os nomes de todo o resto dos apóstolos juntos são nomeados 142 vezes. Isso, por si só, já demonstra como ele tinha um papel importante de liderança. Nas páginas do Novo Testamento é evidenciado claramente a liderança de Pedro. Ele realmente fora um líder. Sempre aparece em destaque, é sempre citado em posição destacada, quer seja em pontos positivos, quer seja em pontos negativos.

 

Pedro também pertencia a um grupo de discípulos que tinha uma maior intimidade com o Senhor Jesus Cristo (Pedro, Tiago e João). O motivo deste grupo ter uma maior intimidade com o Divino Mestre não nos é revelado. Muitos acontecimentos foram descritos relacionados com este círculo íntimo de Nosso Senhor: na cura da filha de Jairo, um dos chefes da sinagoga, Jesus não deixou ninguém entrar com ele no local a não ser este círculo íntimo (Lc 8.51; Mc 5.37), que privilégio! Outro acontecido descrito é dito passados seis dias deste acontecimento, Jesus os leva a um alto monte, onde acontece a Transfiguração. Os dois discípulos se calam, exceto Pedro. Demonstrando a sua liderança entre o círculo (Mt 17.1-8; Mc 9.2-8; Lc 9.28-36). Um terceiro acontecimento deu-se no Jardim do Getsêmani, onde Jesus convidou o círculo a ir com ele mais à frente, os demais discípulos ficaram atrás, para orar. Mais tarde todos dormiam, Jesus aproxima e somente Pedro é quem recebe a repreensão. Isso porque ele era o líder, recebeu a repreensão pelo grupo. O verbo ali se encontra no plural, indicando assim Pedro como o representante do círculo (Mt 26.36-46; Mc 14.32-42; Lc 22.39-46). Algo a ser notado é que nos acontecimentos da Transfiguração e no do Getsêmane, somente Pedro é quem fala, os outros dois permanecem calados. O líder fala pelo grupo. Nos três acontecimentos ligados ao círculo íntimo, Pedro é sempre citado em primeiro lugar. Até mesmo no círculo íntimo ele era o líder.

 

A presença do líder era até mesmo demonstrada na listagem dos nomes dos apóstolos. Pedro sempre aparece em primeiro lugar nas listas e Mateus, dá uma ênfase ainda maior ao dizer: “primeiro, Simão, por sobrenome Pedro” (Mt 10.2-4; Mc 3.16-18; Lc 6.14-16).

 

Pedro falou pelo grupo ao responder a pergunta que Jesus fez aos doze referindo se eles também iriam O abandonar depois do sermão que Ele havia pregado sobre “O Pão da Vida”. Ele disse que eles não poderiam ir para outro lugar, porque Cristo era o Santo de Deus! Outra demonstração da liderança sobre o grupo, foi no questionamento feito por Cristo sobre quem eles diziam que Ele era (Mt 16.13-20; Mc 8.27-30; Lc 9.18-21). Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo”. Recebe por isso um elogio do Mestre. Chamando-o de bem-aventurado, destaca-o do grupo como líder. Porém da mesma forma fora repreendido. A liderança tem o seu preço e para Pedro foi um preço muito alto. “Se o líder é destacado, elogiado nas vitórias e nos bons posicionamentos do grupo que representa, é também traumatizado e repreendido nos momentos de derrota do mesmo grupo. Como líder, absorve elogios. E como líder, absorve repreensões. Mas é sempre líder. A Pedro coube, como líder, o elogio que pertencia ao grupo. A Pedro coube, como líder, a repreensão que pertencia ao grupo. Assim se comporta o líder. Absorve impactos alegres e tristes do grupo que representa” [4]

 

Quando certa vez estavam em Cafarnaum, após a terceira retirada do Senhor, aqueles que eram cobradores de impostos reconheceram a liderança exercida por Pedro ao se dirigirem a ele para a cobrança devida. A ele, Jesus disse como conseguiria tal dinheiro e ele foi quem pegou o dinheiro da boca de um peixe e pagou o tributo devido (Mt 17.24-27). Até mesmo para as pessoas que estavam fora do ambiente dos apóstolos, Pedro era líder, naturalmente.

 

Após a ressurreição de Cristo, junto ao mar de Tiberíades, sendo esta a terceira aparição de Cristo aos discípulos, Pedro se destaca novamente. Nada pescaram naquela noite. Jesus pede para lançarem a rede e pegam muitos peixes. É então alertado por João que Ele era o Senhor. Pedro se cingiu com suas roupas, nada até o Mestre e após toma a iniciativa em atender o mandar do Mestre em buscar os peixes (Jo 21.1-14).

 

Muitas referências a acontecimentos nos são ditos que somente Pedro é quem toma a iniciativa para falar em nome do grupo, pois todos permanecem calados, menos ele: na cura da mulher hemorrágica (Lc 8.45); quando Cristo chamou os fariseus de guias de cegos (Mt 15.15); quando Jesus ensinou sobre o perdão dos pecados (Mt 18.21); quando Jesus ensinou sobre as preocupações da vida e a Segunda Vinda do Filho de Deus (Lc 12.41); quando a figueira ficou seca após ser amaldiçoada por Cristo (Mc 11.21).

 

Um anjo citou a Pedro pelo próprio nome para ir a anunciar a ele que Jesus havia ressuscitado, nenhum outro nome é mencionado (Mc 16.7).

 

“Pedro pagou o preço da liderança. Nas vitórias e nas derrotas. Nas alegrias e nas tristezas. Nos embates e nos momentos tranquilos. O preço da liderança é: rejubilar-se na vitória do grupo. Chorar nas derrotas do grupo, que também são suas. Intensamente suas”. [5]

 

Após o Pentecoste, a liderança de Pedro se sobressai ainda mais: Primeira Viagem Missionária: Pedro e João se dirigem a Samaria para verificar a conversão das pessoas no local, aí acontece o fato com Simão, o mágico. Pedro repreende severamente este homem (At 8.14-25). Segunda Viagem Missionária: Pedro saindo de Jerusalém foi até Lida, onde acontece a cura de Enéias, um paralítico (At 9.32-35). Na cidade de Jope, Dorcas ou Tabita é ressuscita por intermédio de Pedro (At 9.36-43). Nesta cidade, Pedro tem a visão do lençol que descia do céu. Após isso vai até Cesaréia, em casa de Cornélio, um centurião romano e abre o Evangelho aos gentios (At 10). Herodes manda prender a Pedro, que é liberto milagrosamente por um anjo (At 12.3-19). Terceira Viagem Missionária: Pedro saindo de Jerusalém foi à Antioquia, onde aconteceu o Primeiro Concílio da Igreja, ali ocorrera o acontecimento com Paulo (At 15; Gl 2.11).

 

Não há como negar o fato da liderança de Pedro diante dos demais. Quando obtinha vitórias, fora elogiado; quando derrotado, era repreendido. Em tudo, Pedro era o líder.

 

 

 

A Vocação de Pedro

Pedro esteve com Cristo nas bodas de Caná, onde ocorreu o primeiro milagre de Cristo; aqui, Pedro já era discípulo de Jesus (Jo 2.1-11). Provavelmente ele acompanhou a Cristo em Sua viagem através da Judéia (Jo 2.12; 4.4), o que depois disto volta para sua ocupação de pescador (Jo 4.43). Somente então é que se deu a sua chamada definitiva para o ministério (Mt 4.18-22; Mc 1.16-20; Lc 5.1-11). Pedro fora então incluído no número dos doze apóstolos (Mt 10.2-4; Mc 3.13-19; Lc 6.12-16). “Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, por sobrenome Pedro...” (Mt 10.2). Seu nome sempre encabeça as listas dos discípulos nos Evangelhos. Era considerado como sendo líder entre os discípulos de Jesus. Pedro fazia parte do círculo íntimo dos amigos de Cristo, sendo que Tiago e João também faziam parte deste círculo (Mc 5.37; 9.2; 13.3; Lc 8.51).

 

Era um discípulo muito dedicado, enérgico, vibrante, porém de uma volubilidade muito grande também, notamos isso no incidente ocorrido no andar por sobre as águas (Mt 14.28-31). “A motivação dele foi considerada de origem terrena, isto é, seu conceito do Messias era que se tratava de um governador terreno, em cujo reino talvez imaginasse a si mesmo no desempenho de um papel importante” [6] (Mt 16.23; Mc 8.33).

 

 

 

Acontecimentos Bíblicos Ligados a Pedro

Foi testemunha da ressurreição da filha de Jairo (Mc 5.37; Lc 8.51); cerca ocasião andou por sobre as águas para encontrar-se com Jesus (Mt 14.28-31); confessou publicamente que Jesus era “o Cristo, o Filho do Deus vivo”, o que Cristo então o abençoou por esta declaração (Mt 16.13-20; Mc 8.27-30; Lc 9.18-21); da mesma sorte fora severamente censurado por Cristo, por querer que não acontecesse seus sofrimentos (Mt 16.22,23); foi uma das testemunhas na Transfiguração de Cristo, ouviu a voz de Deus confirmando que Jesus era o Seu Filho Amado (Mt 17.1-5; Mc 9.2-6; Lc 9.28-32; 2Pe 1.17,18); quando Cristo pagou tributo, ele foi a pessoa quem buscou a moeda na boca de um peixe (Mt 17.24-27); indagou a Cristo com relação à prática do perdão (Mt 18.21); recebeu de Cristo a promessa de glória para aqueles que tinham deixado tudo para então seguir a Ele (Mt 19.27-30); juntamente com Tiago e João, indagou de Cristo sobre quando sucederia a destruição de Jerusalém (Mc 13.1-13); ele e João foram ordenados por Cristo para prepararem a Páscoa (Lc 22.8); não queria aceitar que Jesus lhe lavasse os pés na última Ceia (Jo 13.6-9); foi ele quem pediu para que João perguntasse o nome do traidor (Jo 13.24); fez uma declaração de que morreria por Cristo, mas foi por Ele avisado de sua iminente queda e negação (Mt 26.33-35; Mc 14.29-31; Lc 22.31-34; Jo 13.36-38); falhou em vigiar e orar junto a Jesus, mesmo sendo por este advertido de que o espírito estava pronto, mas que a carne era fraca (Mt 26.37-44; Mc 14.33-41); demonstrando uma atitude impetuosa cortou a orelha de Malco, o empregado do sumo sacerdote quando da prisão de Cristo (Jo 18.10); após a ressurreição de Cristo, diante do túmulo vazio, as mulheres receberam instruções para que avisassem aos discípulos e a Pedro que Jesus estaria na Galiléia e que fossem para lá a encontrá-Lo (Mc 16.7); entrou no túmulo vazio de Cristo (Lc 24.12; Jo 20.2-10); o Cristo ressuscitado apareceu a ele com estava só (Lc 24.34; 1Co 15.5); quando estavam no mar de Tiberíades, Jesus apareceu a eles e mostrou que estava vivo. Pedro, estava pescando, mas lançou-se ao mar ao ouvir de João de que era Cristo Quem estava na praia e se dirigiu ao Mestre. Aconteceu então a chamada “pesca milagrosa” por ordem de Jesus. Após comerem, Pedro tem um encontro emocionante com Jesus, onde é por Ele questionado quanto ao seu amor a Cristo. Sabedor de suas limitações, ele não responde com afoito, mas com sinceridade de coração, por saber que é pecador. Mediante a sua lealdade para com Seu Mestre, ele recebe a incumbência de cuidar do rebanho de Deus e de alimentá-lo espiritualmente, na Palavra. Recebeu de Cristo também nessa ocasião o tipo de morte com que haveria de glorificar a Deus (Jo 21); Pedro estava presente nas reuniões que os apóstolos faziam após a ascensão de Cristo (At 1.13); foi ele quem sugeriu a nomeação de uma outra pessoa para o lugar de Judas (At 1.15-25); foi dele a pregação no dia de Pentecoste (At 2.14-40); curou um coxo junto a Porta Formosa do Templo e fora preso após isso (At 3; 4.1-26); Pedro foi o instrumento usado por Deus no caso de Ananias e Safira (At 5.1-11); juntamente com João, fora a Samaria para confirmar os convertidos (At 8.14); ali ocorreu o incidente com Simão, o mágico (At 8.9-25); o primeiro encontro entre Pedro e Paulo ocorre cerca de três anos mais tarde (At 9.26; Gl 1.17,18); por intermédio de Pedro Enéias, o paralítico foi curado (At 9.32-35); bem como Dorcas fora ressuscitada por Pedro (At 9.36-43); através de uma visão, Pedro entende que a conversão dos gentios era possível e Cornélio se converte então (At 10); Pedro então entendera que aos gentios também fora dado o arrependimento para a vida (At 11.18); fora preso por Herodes Agripa I e miraculosamente solto da prisão (At 12.1-19); esteve no Concílio em Jerusalém e falou sobre a circuncisão, cerca de seis anos mais tarde (At 15); “foi em Antioquia, não muito depois do concílio, ou, segundo alguns, antes dessa magna reunião, que houve o memorial conflito entre Pedro e Paulo (Gl 2.11-14). Pedro parecia estar indeciso sobre a questão da igualdade dos gentios. Paulo denunciou a conduta de Pedro, e então o mais velho submeteu-se ao apóstolo mais novo, ficando para sempre seu amigo (2Pe 3.15)” [7]

 

 

 

Pedro como Escritor

Nas cartas que Pedro escreveu podemos evidenciar a transformação ocorrida na vida deste homem. Aqui, vemos o grande Apóstolo Pedro, um homem cujo caráter e personalidade fora moldado pelo Divino Poder do Espírito Santo.

 

Pedro um homem cuja vida inspira a muitas vidas. Cuja vida é de imenso valor e dá exemplo de valor para muitas outras vidas. Pessoa que viveu intensamente cada situação, quer boa, quer má. Quer grande, quer pequena. Quer rica, quer pobre. Quer de crescimento significativo, quer de retrocesso escandaloso. Uma pessoa cujo sentido da vida era regido por meio de várias e várias emoções. Quem que viveu tão profundas transformações, tão profundos acontecimentos, tão profundas emoções na vida como Pedro não poderia deixar de escrever. Sua vida vivida de maneira tão intensa, nos trouxe cartas de valores intensos. Nessas cartas vemos um homem que reconhece suas falhas, suas alegrias, suas vitórias e sobretudo, reconhece o poder e a majestade dAquele a Quem ele serviu com tanto afinco. Aquele que tinha como instrumento a rede de pescar peixes, passou a pescar homens, aquele que era homem iletrado, passou a ensinar e a ser escritor. Profundas mudanças. Profundas transformações. Profundos milagres. Somos profundamente devedores a este homem de Deus, ao Grande Apóstolo Pedro, como foi dito por alguém: “o mais humano dos apóstolos”.

 

“Pedro, que vivera as emoções do discipulado, do apostolado, do pastoreio da Igreja em Jerusalém, as emoções das atividades missionárias, veio completar seu elenco de emoções escrevendo para a história” [8]

 

Em sua Primeira Carta, vemos que a profecia de referente a Pedro estava cumprida, ele se tornara a rocha que seria tão importante para a Igreja. Aqui não se trata do mesmo Simão Pedro que no início era tão inconstante, mas sim, do novo Pedro, fortalecido pelo Espírito. A Carta é destinada aos “forasteiros da dispersão”, tanto crentes judeus como gentios. São os eleitos espalhados através da Ásia Menor, correspondendo atualmente ao norte da Turquia. Nessa Carta, Pedro tem como característica o intenso uso do Velho Testamento. “Ao escrever esta Carta, Pedro obedeceu duas ordens específicas dadas por Jesus: 1) Animar e fortalecer os irmãos (Lc 22.32); 2) Alimentar o rebanho de Deus (Jo 21.15-17)” [9]

 

O tema de 1 Pedro é vitória sobre o sofrimento, vindo depois disso a glória. Essa deve ser também a ordem em nossas vidas. Os cristãos primitivos estavam sendo provados em sua fé por meio de várias perseguições; vivam em um extremo estado de pobreza. O apóstolo então escreve para procurar confortá-los. Fala também como os presbíteros deveriam liderar a Igreja de Deus por meio do seu exemplo (5.1-4). Aqui os cristãos são exortados a permanecerem firmes na verdadeira graça de Deus (5.12 cf. At 15.11).

 

As principais doutrinas do Cristianismo são enfatizadas nesta Epístola: o sofrimento e morte de Cristo (2.24); a Volta de Cristo (1.7,13; 5.4); redenção pelo sangue (1.18,19); o novo nascimento (1.23); a ressurreição (3.20,21).

 

A Segunda Carta de Pedro foi escrita aos cristãos hebreus e todos os santos (3:1); mesmos destinatários da Carta anterior. Traz severas advertências contra os falsos mestres, bem como contra os escarnecedores; também refere-se a apostasia vindoura (cap. 2).

 

No entanto, Pedro estava avisando os crentes contra o ataque. I Pedro era um ataque de fora e II Pedro é um ataque de dentro.

 

Esta Carta contém referência à: velhice de Pedro e sua morte próxima (1.4); as grandes virtudes cristãs (1.5-9); a sua experiência pessoal no Monte da Transfiguração (1.17,18); aos últimos dias e a Vinda do Senhor (3.4-13); seu ensino sobre a inspiração das Escrituras (1.19-21); menção especial a Paulo, elogiando suas Epístolas (3.15-16).

 

 

 

Controvérsias com a Igreja Católica  [10]

Toda a estrutura da Igreja Romana foi edificada na presunção de que, em Mt 16.13-19, Cristo designou Pedro como o primeiro papa e assim estabeleceu o papado. Desacreditar a supremacia de Pedro é destruir os fundamentos do papado. Destruir o papado é derrubar toda a hierarquia romana. Seu sistema sacerdotal depende absolutamente das reivindicações  de que Pedro foi o primeiro papa de Roma e que eles são seus sucessores. Propomos provar o seguinte:

 

1.   Mateus 16.13-19 não ensina que Cristo designou Pedro como papa;

2.   que não há prova de que Pedro jamais estivesse em Roma; e

3.   que o Novo Testamento registra, particularmente nas próprias obras de Pedro, que ele nunca reivindicou autoridade sobre os outros apóstolos ou sobre a igreja e que essa autoridade jamais lhe foi conferida.

 

 

 

A “Rocha”

Os romanistas citam Mt 16.18 acrescentando sua própria interpretação para estabelecer suas reivindicações à autoridade papal. Mas, no grego, a palavra Pedro é Petros, uma pessoa, masculino, enquanto que a palavra “rocha”, petra, é feminino e refere-se não a uma pessoa mas à declaração da divindade de Cristo que Pedro acabou de enunciar  -  “Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo”.

 

Portanto o que Cristo estava dizendo é que ele era Pedro e sobre a declaração feita por Pedro constituiria a Sua Igreja e que nada destruiria a verdade que fora por Pedro enunciada.

 

Se Cristo pretendesse dizer que a Igreja seria edificada sobre Pedro, teria sido ridículo passar para a forma feminina da palavra no meio da declaração.

 

Explicitamente, foi sobre a verdade que Pedro tinha expressado, a divindade de Cristo, e não sobre o fraco e vacilante Pedro, que a igreja seria edificada. O grego “petros” é comumente usada para com pedras pequenas, removíveis, simples pedregulhos. Mas “petra” significa fundamento irremovível e, neste exemplo, a verdade básica que Pedro acabara de confessar, a divindade de Cristo.

 

A Bíblia declara explicitamente, não que a igreja está edificada sobre Pedro, mas sobre Cristo (Ef 2.20; 1Co 3.11)

 

Todas as portas do inferno não prevaleceriam contra a igreja, no entanto, vemos nesse mesmo capítulo, que prevaleceram contra Pedro (v.23). Cristo usou de palavras muito fortes para alguém que acabou de ser designado papa!

 

Os romanistas alegam que o seu papa, como sucessor de Pedro, é infalível em questões de fé e moral. No entanto, Pedro negou a Cristo, usou de um ato irrefletido ao cortar a orelha do servo; mesmo depois do Pentecostes, Pedro ainda esteve sujeito a sérios erros, tais como a sua hipocrisia que precisou que Paulo o repreendesse (Gl 2.11), sendo que nessa ocasião Pedro deveria estar em plena posse de seus poderes papais, de acordo com a doutrina romanista.

 

Que Pedro não recebeu nenhuma posição superior está claro nas disputas posteriores entre os discípulos quanto a quem seria o maior deles. Se tal posição já tivesse sido conferida, Cristo teria simplesmente mencionado a Sua concessão de poder a Pedro, porém não foi o que fez (Mc 9.33-35; 10.35-4).

  

Alguns dos pais da igreja, Agostinho e Jerônimo deram a explicação protestante de Mt 16.18, entendendo que a “rocha” não significa Pedro mas Cristo. Outros deram a interpretação papal. Isso nos mostra que não existe “consenso unânime dos pais” como a Igreja Romana  proclama, sobre este assunto.

 

Em 1Pe 2.6-8, Cristo é chamado de rocha e de pedra de esquina. Pedro não reivindica nada para si mesmo. Nas passagens messiânicas, Is 8.14; 28.16; e Sl 118.22, Cristo é chamado de Rocha ou Pedra sobre a qual deveríamos nos estabelecer. Estas passagens são citadas no Novo Testamento e foi por isso que Cristo foi chamado de Rocha diversas vezes. É uma forma de chamá-Lo de divino. Por esse motivo, todo judeu que conhece o Velho Testamento, recusaria a designação atribuída a Pedro ou a qualquer outra pessoa, exceto quando se refere a nós como filhos de Cristo.

 

 

 

As “Chaves”

A autoridade de ligar e desatar não foi dada exclusivamente a Pedro (Mt 16.19), mas o mesmo poder foi dado a todos os discípulos (Mt 18.1,18).

 

Portanto, Mt 16.19, não prova nenhuma superioridade da parte de Pedro. Até os escribas e fariseus tinham esse poder (Mt 23.13; Lc 11.52).

Notamos então que era um poder declaratório, a autoridade de anunciar os termos nos quais Deus concederia salvação, não um poder absoluto de admitir ou excluir alguém do reino dos céus. Apenas Deus pode fazer isso; e Ele nunca delega tal autoridade aos homens.

 

As palavras ditas a Pedro, eram “coisas”, não “pessoas” que seriam atadas ou desligadas  - coisas tais como as leis cerimoniais e os costumes da dispensação do Velho Testamento acabariam e novos rituais ou práticas da era do Evangelho seriam estabelecidas.

 

Assim , as “chaves” simbolizam a autoridade de abrir, neste exemplo, o reino dos céus aos homens através da proclamação do Evangelho.

 

As “chaves” dadas a Pedro eram a distinção e alta honra entre os apóstolos de ser o primeiro a abrir a porta da fé para o mundo judeu (At 2.14-42) e para o mundo gentio (At 10.1-48). Mais tarde os apóstolos fizeram o mesmo, e Pedro não reivindicou qualquer autoridade.

 

A autoridade final está nas mãos de Cristo (Ap 3.7) e com Pedro, conforme os romanos dizem ao conferir atualmente tal autoridade ao papa e aos sacerdotes. O “poder das chaves” é apenas um poder declarativo.

 

É interessante notar que o próprio Pedro entendeu esta concessão de poder. Em seu exercício do poder das chaves (At 2.21; 10.43), em sua pregação, como em qualquer outra passagem do Novo Testamento, a salvação é apresentada com base na fé em Cristo, e em lugar nenhum em obediência a Pedro, ou o papa, ou a qualquer outro homem.

 

 

 

Pedro não Reivindicou Autoridade Papal

Pedro reivindicou ser papa, ou a supremacia sobre os outros apóstolos?

 

Felizmente, Pedro escreveu duas epístolas, onde encontramos seu testemunho. Em 1Pe 1.1; 5.1-3, ele fala de si mesmo dizendo-se apóstolo de Jesus Cristo, um ancião, que naturalmente não tem nada a ver com sacerdócio sacrificante. Ele não reivindica o mais alto lugar na igreja como alguns esperariam que fizesse ou como alguns reivindicariam para ele. Ele não assume posição eclesiástica de superioridade, mas com profunda humildade coloca-se no mesmo nível com aqueles que exorta.

 

Pedro recusou aceitar homenagens dos homens (At 10.25,26). Mas os papas não apenas aceitam, como também exigem tais homenagens, a ponto dos homens, inclusive os mais elevados cardeais, prostrarem-se no chão diante de um papa recém-eleito ou quando de sua ordenação para lhe beijar os pés. Os papas aceitam este título blasfemo de “Santo Padre” como seu de direito. E agora os cardeais, bispos e sacerdotes fazem o mesmo separando-se das congregações e agindo como senhores sobre o povo!

 

Certamente, se Pedro fosse um papa, “o supremo chefe da Igreja”, ele teria declarado o fato em suas epístolas gerais, pois esse seria o lugar onde todos os demais ficariam sabendo de sua autoridade. Os papas jamais foram lerdos em fazer tais reivindicações, ou em estender sua autoridade o mais longe possível. Mas Pedro, em lugar disso, refere-se a si mesmo apenas como um apóstolo (dos quais havia outros onze), e como ancião ou presbítero, isto é, simplesmente um ministro de Cristo.

 

 

 

A Atitude de Paulo para com Pedro

Paulo foi chamado para ser apóstolo mais tarde, depois que a igreja foi instituída. Pedro não teve nada a ver com esta escolha, e se ele fosse o papa certamente teria. Paulo foi chamado por Deus sem consultar Pedro.

Paulo foi sem dúvida o maior dos apóstolos. Escreveu muito mais que Pedro. As epístolas de Pedro não se destacam das demais epístolas, mas vêm depois das de Paulo; e, na verdade, a sua segunda epístola foi uma das últimas a ser aceita pela igreja.

 

Paulo fundou mais igrejas que Pedro; teve maior influência na igreja de Roma do que Pedro; Paulo menciona Pedro mais de uma vez, mas nunca lhe deferindo autoridade, ou reconhecendo-o papa.

 

Paulo defendeu sua autoridade diante do favorecimento de Pedro na igreja de Corinto (1Co 9.1; 2Co 12.11). Ele se coloca no mesmo nível com todos os outros apóstolos. Paulo publicamente advertiu a Pedro, o que seria intolerável se ele fosse um papa (Gl 2.11-14). Se Pedro fosse o chefe, era obrigação de Paulo e dos demais apóstolos reconhecerem como tal e ensinar apenas o que ele aprovasse. Vemos que Paulo não reconhecia Pedro como infalível na fé e na moral e nem reconhecia qualquer supremacia da parte dele.

 

 

 

A Atitude dos Outros Apóstolos para com Pedro

Os outros apóstolos tal como Paulo pareciam ignorantes de qualquer designação que fazia de Pedro o chefe da igreja.

 

Em certa ocasião, Pedro junto com João, foi enviado pelos apóstolos para pregar o Evangelho em Samaria (At 8.14). Não podemos imaginar hoje em dia um papa sendo enviado pelos cardeais ou bispos em qualquer missão.

 

Se Pedro fosse papa não haveria a necessidade do concílio realizado pela igreja em Jerusalém (At 15), pois bastava ele emitir uma encíclica ou bula resolvendo o assunto. Ao invés disso, neste concílio Tiago foi quem presidiu e anunciou a decisão e não Pedro (At 15.7). Portanto, fica claro que a unidade da igreja primitiva foi mantida não pela voz de Pedro mas pela decisão do concílio que foi presidido por Tiago, o líder da igreja em Jerusalém. Além disto, depois desse concílio, Pedro nunca mais foi mencionado no Livro de Atos.

 

Cristo ensinou que nenhum dos apóstolos deveria procurar domínio sobre o outro (Mc 9.35; Mt 20.25-28; Lc 22.24). Se Pedro já tivesse recebido o lugar de destaque, os apóstolos nem discutiriam sobre quem seria o maior de entre eles.

 

 

 

Será que Pedro Esteve em Roma?

De acordo com a tradição católica romana, Pedro foi o primeiro bispo de Roma, durando o seu pontificado vinte e cinco anos, de 42 a 67 A.D., sendo ele martirizado em Roma em 67 A.D. As versões Douay e Confraternity dizem que ele esteve em Roma antes do concílio de Jerusalém em Atos 15, e que ele voltou a Jerusalém para esse concílio, depois do que foi para Antioquia e então retornou a Roma.

 

O notável, entretanto, sobre o alegado bispado de Pedro em Roma é que o Novo Testamento não diz uma palavra sobre isso. Não há realmente uma evidência neotestamentária, nem qualquer prova histórica, de que Pedro jamais estivesse  em Roma. Tudo não passa de lenda. Além disso, se sabe que Pedro viajou juntamente com sua esposa (1Co 9.5, a palavra grega é gune, esposa; e não adelphe, irmã).

 

A lenda de que Pedro ficou vinte e cinco anos em Roma foi tirada dos ebionitas, um grupo herético que rejeitava grande parte do conteúdo sobrenatural do Novo Testamento. Também citam Eusébio, ele escreveu em grego em 310, e sua obra foi traduzida por Jerônimo. Porém um historiador, William Cave (1637-1713) disse: “Não se pode negar que a tradução de S. Jerônimo declara-se expressamente que ele (Pedro) continuou por vinte e cinco anos como bispo daquela cidade: mas é evidente que isso é sua própria adição, que provavelmente arrumou as coisas conforme se dizia no seu tempo, não se encontrando tal declaração no exemplar grego de Eusébio”.

 

Pesquisas exaustivas dos arqueólogos foram feitas através dos séculos para encontrar alguma inscrição nas Catacumbas e outras ruínas dos antigos palácios de Roma que indicassem que pelo menos Pedro visitou Roma. Nada encontrado. E além disso, os pesquisadores têm afirmado que é difícil comprovar tal teoria. As únicas coisas encontradas que dão alguma indicação não passam de ossos de origem incerta.

 

Além disso, se a simples residência confere superioridade, então Antioquia teria superado Roma; pois a mesma tradição que assegura que Pedro residiu em Roma assegura também que primeiro ele residiu em Antioquia, uma cidade da Síria. Muito tempo antes da Reforma, a reivindicação de Roma ser a única igreja verdadeira foi rejeitada pelas igrejas orientais, que eram muito mais antigas e naquele tempo as mais influentes igrejas do mundo.

 

Outro fator interessante e muito importante - se não o decisivo na linha das evidências nesse assunto é o fato de que Paulo foi destacadamente o apóstolo dos gentios, enquanto que Pedro foi destacadamente o apóstolo dos judeus (Gl 2.7,8). Assim como a maioria das cartas de Paulo eram endereçadas às igrejas que ele evangelizou, também Pedro escreveu aos irmãos judeus que ele evangelizou, que estavam dispersos por aquelas províncias. Embora não haja nenhuma evidência bíblica de que Pedro fosse para o ocidente em Roma, há uma declaração explícita nas Escrituras de que ele foi para o oriente na Babilônia.

 

 

 

A Epístola de Paulo aos Romanos

A mais forte razão para crer que Pedro nunca esteve em Roma encontra-se na epístola de Paulo aos romanos. Geralmente se concorda que a carta de Paulo aos cristãos em Roma foi escrita no ano de 58 A.D., no auge do alegado episcopado de Pedro (42 a 67 A.D.). Ele não dirigiu a sua carta a Pedro, como deveria tê-lo feito se Pedro estivesse em Roma e fosse o cabeça de todas as igrejas, mas aos santos da igreja em Roma. Que coisa estranha um missionário escrever para uma igreja e não mencionar o seu pastor! Seria uma afronta indesculpável.

 

Se Pedro estivesse em Roma há dezesseis anos não teria a necessidade de Paulo ir lá e ensinar, passando por cima da cabeça do papa (1.11). Além do que Paulo não costumava edificar em fundamento alheio (15.20). Isto indica claramente que Pedro não esteve em Roma e que ele não estivera lá e que Paulo estava escrevendo esta carta porque nenhum apóstolo estivera em Roma para esclarecer o Evangelho a eles e para firmá-los na fé. Na conclusão da carta, Paulo envia saudações a vinte e seis pessoas, incluindo algumas mulheres; também a diversos grupos. Mas não menciona Pedro em qualquer condição.

 

Se Pedro estivesse em Roma, Paulo teria mencionado o seu nome quando esteve preso e escreveu Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom, pois ele cita colaboradores e Pedro não é incluído.

 

Nenhum dos pais da igreja primitiva dá um apoio à crença de que Pedro fosse bispo de Roma, até Jerônimo no quinto século.

 

Cronologicamente, em 40 A.D. Pedro estava em Jerusalém, juntamente com Paulo por 15 dias. Quatorze anos mais tarde, Paulo foi ao concílio em Jerusalém (At 15) do qual Pedro também participou. E provavelmente na ocasião Paulo recebeu a comissão aos gentios e Pedro aos judeus (At 15.22-29; Gl 2.7-8). Portanto, no ano 54 A.D. Pedro ainda está na Síria, doze anos depois que a tradição romana declara que ele começou o seu reinado em Roma. Algum tempo depois do concílio, Pedro foi a Antioquia, onde Paulo o repreendeu e onde a tradição romana declara que Pedro governou a igreja em Antioquia durante sete anos antes de ir para Roma. Daí chegamos ao ano 61 A.D., com Pedro ainda na Síria!

 

Não seria razoável para Pedro desobedecer ao concílio na decisão que fora tomada por todos os apóstolos e irmãos de várias igrejas. As Escrituras declaram explicitamente que Pedro aceitou aquela decisão e que o seu trabalho foi principalmente entre os judeus da dispersão, primeiro na Ásia Menor e mais tarde no extremo oriente, na Babilônia  -  na realidade o seu trabalho o levou na direção oposta da qual a tradição romana lhe confere!

 

Pedro em sua segunda epístola faz referência à sua morte (1.14) e certamente essa teria sido a ocasião apropriada para dizer quem seria o seu sucessor e qual seria o método da escolha dos futuros bispos. Mas ele não indica tal coisa.

 

 

 

Conclusão

Ao vislumbrarmos a vida do Grande Apóstolo Discípulo Pedro, não podemos de deixar de ver a sua grande marca na história da Igreja. Pedro fora o homem escolhido por Cristo para um grande ministério e pela obra do Espírito Santo em sua vida, ele pôde realizar estes propósitos. A sua vida é um grande exemplo para com cada um de nós. Por ser um homem como cada um de nós, podemos também seguir o seu exemplo e sermos servos do Mestre. Aprendemos com Pedro, até mesmo em seus fracassos, nós aprendemos. Sobretudo em suas vitórias, pois o grande homem de Deus, Pedro, foi um homem vitorioso. Nós também podemos ser assim!

 

 

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Notas de Rodapé

 

1) MACKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. São Paulo: Edições Paulinas, 1983, p.710.

 

2) LAHAYE, Tim. Temperamentos Transformados. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1978  p. 25,26.

 

3) LAHAYE, Tim. Temperamentos Transformados. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1978, p.36.

 

4) BARBOSA, Celso Aloísio S. Pedro de Betsaida. Rio de Janeiro: JUERP, 1983, p.47.

 

5) BARBOSA, Celso Aloísio S. Pedro de Betsaida. Rio de Janeiro: JUERP, 1983, p.39.

 

6) GARDNER, Paul. Quem é Quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Editora Vida, p.525.

 

7) BUCKLAND, A. R. Dicionário Bíblico Universal. USA: Editora Vida, 1995, p. 341.

 

8) BARBOSA, Celso Aloísio S. Pedro de Betsaida. Rio de Janeiro: JUERP, 1983, p.197.

 

9) THOMPSON, Frank Charles. Bíblia de Referência. São Paulo: Editora Vida, 1996, p.142.

 

10) BOETTNER, Loraine. Catolicismo Romano, Imprensa Batista Regular, São Paulo, 1985.

 

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Bibliografia

 

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BOETTNER, Loraine. Catolicismo Romano, Imprensa Batista Regular, São Paulo, 1985.

 

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BUCKLAND, A. R. Dicionário Bíblico Universal. USA: Editora Vida, 1995

 

CHAMPLIN, Russell N. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo: Editora Candeia, 1991.

 

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GARDNER, Paul. Quem é Quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Editora Vida.

 

LAHAYE, Tim. Temperamentos Transformados. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1978

 

MACKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. São Paulo: Edições Paulinas, 1983.

 

RYRIE, Charles Caldwell. A Bíblia Anotada. São Paulo, Editora Mundo Cristão, 1994.

 

SCOFIELD, C. I. A Bíblia com Anotações de Scofield. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1987.

 

THOMPSON, Frank Charles. Bíblia de Referência. São Paulo: Editora Vida, 1996



[1] MACKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. São Paulo: Edições Paulinas, 1983, p.710

[2] LAHAYE, Tim. Temperamentos Transformados. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1978  p. 25,26

 

[3] LAHAYE, Tim. Temperamentos Transformados. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1978, p.36

[4] BARBOSA, Celso Aloísio S. Pedro de Betsaida. Rio de Janeiro: JUERP, 1983, p.47

 

[5] IDEM, p.39

[6] GARDNER, Paul. Quem é Quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Editora Vida, p.525

[7] BUCKLAND, A. R. Dicionário Bíblico Universal. USA: Editora Vida, 1995, p. 341.

[8] BARBOSA, Celso Aloísio S. Pedro de Betsaida. Rio de Janeiro: JUERP, 1983, p.197

 

[9] THOMPSON, Frank Charles. Bíblia de Referência. São Paulo: Editora Vida, 1996, p.1421

 

[10] BOETTNER, Loraine. Catolicismo Romano, Imprensa Batista Regular, São Paulo, 1985.

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