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Introdução As origens históricas mais remotas do presbiterianismo remontam aos primórdios da Reforma Protestante do século XVI. Como é bem sabido, a Reforma teve início com o questionamento do catolicismo medieval feito pelo monge alemão Martinho Lutero (1483-1546) a partir de 1517. Em pouco tempo, os seguidores desse movimento passaram a ser conhecidos como “luteranos” e a igreja que resultou do mesmo foi denominada Igreja Luterana. Poucos anos após o início da dissidência luterana na Alemanha, surgiu na região de língua alemã da vizinha Suíça, mais precisamente na cidade de Zurique, um segundo movimento de reforma protestante, freqüentemente denominado “Segunda Reforma.” Esse movimento teve como líder inicial o sacerdote Ulrico Zuínglio (1484-1531) e, pretendendo reformar a igreja de maneira mais profunda que o movimento de Lutero, passou a ser conhecido como movimento reformado, e seus seguidores como “reformados.” Assim sendo, as igrejas derivadas do movimento auto-denominaram-se igrejas reformadas. Apesar do seu aparente radicalismo, Lutero e seus
seguidores romperam com a igreja majoritária
somente nos pontos em que viam conflitos irreconciliáveis
com as Escrituras. Especialmente na área crucial
do culto, os luteranos julgavam que era legítimo
manter tudo aquilo que não fosse explicitamente
proibido pela Bíblia. Já os reformados partiam
de um princípio diferente, entendendo que
só deviam abraçar aquilo que fosse claramente
preconizado pelas Escrituras. Foi isso que
os levou a uma ruptura mais profunda com o
catolicismo. Rev. Alderi Souza de Matos
O que é IPB? A Igreja Presbiteriana do Brasil
é uma federação de igrejas que têm em comum
uma história, uma forma de governo, uma teologia,
bem como um padrão de culto e de vida comunitária.
Historicamente, a IPB pertence à família das
igrejas reformadas ao redor do mundo, tendo
surgido no Brasil em 1859, como fruto do trabalho
missionário da Igreja Presbiteriana dos Estados
Unidos. Suas origens mais remotas encontram-se
nas reformas protestantes suíça e escocesa,
no século 16, lideradas por personagens como
Ulrico Zuínglio, João Calvino e João Knox.
O nome “igreja presbiteriana” vem da maneira
como a igreja é administrada, ou seja, através
de “presbíteros” eleitos democraticamente
pelas comunidades locais. Essas comunidades
são governadas por um “conselho” de presbíteros
e estes oficiais também integram os concílios
superiores da igreja, que são os presbitérios,
os sínodos e o Supremo Concílio. Os presbíteros
são de dois tipos: regentes (que governam)
e docentes (que ensinam); estes últimos são
os pastores. Atualmente, a Igreja Presbiteriana
do Brasil tem aproximadamente 3.840 igrejas
locais, 228 presbitérios, 55 sínodos, 2.660
pastores, 370.500 membros comungantes e 133.000
membros não-comungantes (menores), estando
presente em todos os estados da federação.
Quanto à sua teologia, as igrejas
presbiterianas são herdeiras do pensamento
do reformador João Calvino (1509-1564) e das
notáveis formulações confessionais (confissões
de fé e catecismos) elaboradas pelos reformados
nos séculos 16 e 17. Dentre estas se destacam
os documentos elaborados pela Assembléia de
Westminster, reunida em Londres na década
de 1640. A Confissão de Fé de Westminster,
bem como os seus Catecismos Maior e Breve,
são adotados oficialmente pela IPB como os
seus símbolos de fé ou padrões doutrinários.
Outras igrejas presbiterianas adotam documentos
adicionais, como a Confissão Belga e o Catecismo
de Heidelberg. O conjunto de convicções presbiterianas,
conforme expostas no pensamento de Calvino,
de outros teólogos e dos citados documentos
confessionais, é denominado teologia calvinista
ou teologia reformada. Entre as suas ênfases
estão a soberania de Deus, a eleição divina,
a centralidade da Palavra e dos sacramentos,
o conceito do pacto, a validade permanente
da lei moral e a associação entre a piedade
e o cultivo intelectual. No seu culto, as igrejas presbiterianas
procuram obedecer ao chamado princípio regulador.
Isso significa que o culto deve ater-se às
normas contidas na Escritura, não sendo aceitas
as práticas proibidas ou não sancionadas explicitamente
pela mesma. O culto presbiteriano caracteriza-se
por sua ênfase teocêntrica (a centralidade
do Deus triúno), simplicidade, reverência,
hinódia com conteúdo bíblico e pregação expositiva.
Na prática, nem todas as igrejas locais da
IPB seguem criteriosamente essas normas, embora
as mesmas tenham caracterizado historicamente
o culto reformado. Os problemas causados pelo
afastamento desses padrões têm levado muitas
igrejas a reconsiderarem as suas práticas
litúrgicas e resgatarem a sua herança nessa
área fundamental. Quando se diz que o culto
reformado é solene e respeitoso, não se implica
com isso que deva ser rígido e sem vida. O
verdadeiro culto a Deus é também fervoroso
e alegre. Finalmente, a vida das igrejas
presbiterianas brasileiras não se restringe
ao culto, por importante que seja. Essas igrejas
também valorizam a educação cristã dos seus
adeptos através da Escola Dominical e outros
meios; congregam os seus membros em diferentes
agremiações internas para comunhão e trabalho;
têm a consciência de possuir uma missão dada
por Deus, a ser cumprida através da evangelização
e do testemunho cristão. Muitas igrejas locais
se dedicam a outras atividades em favor da
comunidade mais ampla, como a manutenção de
escolas, creches, orfanatos, ambulatórios
e outras iniciativas de promoção humana. Cada
igreja possui um grupo de oficiais, os diáconos,
cuja função primordial é o exercício da misericórdia
cristã. O presbiterianismo tem uma visão abrangente
da vida, entendendo que o evangelho de Cristo
tem implicações para todas as áreas da sociedade
e da cultura. Rev. Alderi Souza de Matos
DE ONDE VIEMOS? O presbiterianismo ou movimento
reformado nasceu da Reforma Protestante do
século 16. Tendo o protestantismo começado
na Alemanha, sob a liderança de Martinho Lutero,
pouco depois surgiu uma segunda manifestação
do mesmo no Cantão de Zurique, na Suíça, sob
a direção de outro ex-sacerdote, Ulrico
Zuínglio (1484-1531). Para distinguir-se da reforma alemã,
esse novo movimento ficou conhecido como a
Segunda Reforma ou Reforma Suíça. O entendimento
de que a reforma suíça foi mais profunda em
sua ruptura com a igreja medieval e em seu
retorno às Escrituras fez com que recebesse
o nome de movimento reformado e seus simpatizantes
ficassem conhecidos simplesmente como “reformados”.
Ao morrer, em 1531, Zuínglio teve um hábil sucessor na pessoa de João Henrique
Bullinger (1504-1575). Todavia, poucos anos depois surgiu
um líder que se destacou de todos os outros
por sua inteligência, dotes literários, capacidade
de organização e profundidade teológica. Esse
líder foi o francês João Calvino (1509-1564),
que concentrou os seus esforços na cidade
suíça de Genebra, onde residiu durante 25
anos. Através da sua obra magna, a Instituição
da Religião Cristã ou Institutas, comentários
bíblicos, tratados e outros escritos, Calvino
traçou os contornos básicos do presbiterianismo,
tanto em termos teológicos quanto organizacionais,
à luz das Escrituras Sagradas. Graças aos seus escritos, viagens,
correspondência e liderança eficaz, Calvino
exerceu enorme influência em toda a Europa
e contribuiu para a difusão do movimento reformado
em muitas de suas regiões. Dentro de poucos
anos, a fé reformada fincou sólidas raízes
no sul da Alemanha (Estrasburgo, Heidelberg),
na França, nos Países Baixos (as futuras Holanda
e Bélgica) e no leste europeu, onde surgiram
comunidades reformadas em países como a Polônia,
a Lituânia, a Checoslováquia e especialmente
a Hungria. Em algumas dessas nações, a reação
violenta da Contra-Reforma limitou ou sufocou
o novo movimento, como foram, respectivamente,
os casos da França e da Polônia. As igrejas
calvinistas nacionais da Europa continental
ficaram conhecidas como igrejas reformadas
(por exemplo, Igreja Reformada da França).
Outra região da Europa em que
a fé reformada teve ampla aceitação foram
as Ilhas Britânicas, particularmente a Escócia,
cujo parlamento adotou o presbiterianismo
como religião oficial em 1560. Para tanto
foi decisiva a atuação do reformador João
Knox (1514-1572), que foi discípulo de Calvino em Genebra.
Foi nessa região que surgiu a designação “igreja
presbiteriana”. Na Inglaterra e na Escócia
dos séculos 16 e 17, o presbiterianismo representou
uma posição ao mesmo tempo teológica e política.
Com esse termo, as igrejas reformadas declaravam
que não queriam uma igreja governada por bispos
nomeados pelos reis (episcopalismo),
e sim por presbíteros eleitos pelas comunidades.
Foi na Inglaterra que, em meio a uma guerra
civil, o parlamento convocou a Assembléia
de Westminster (1643-1649),
que elaborou os documentos confessionais mais
amplamente aceitos pelos presbiterianos ao
redor do mundo. Nos séculos 17 e 18, milhares
de calvinistas emigraram para as colônias
inglesas da América do Norte. Muitos deles
abraçavam a teologia de Calvino, mas não a
forma de governo eclesiástico presbiterial
proposta por ele. Foi esse o caso dos puritanos
ingleses que se estabeleceram na Nova Inglaterra.
Ao mesmo tempo, as colônias norte-americanas
também receberam muitas famílias presbiterianas
emigradas da Escócia e do norte da Irlanda.
Foram essas pessoas que eventualmente criaram
a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos,
cujo primeiro concílio, o Presbitério de Filadélfia,
foi organizado em 1706 sob a liderança do
Rev. Francis Makemie, considerado o “pai do presbiterianismo norte-americano”.
O primeiro Sínodo foi organizado em 1717 e
a Assembléia Geral em 1789. Em 1859, a Junta
de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana
dos Estados Unidos enviou ao Rio de Janeiro
o Rev. Ashbel Green
Simonton, fundador
da Igreja Presbiteriana do Brasil. Rev. Alderi Souza de Matos
ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA
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