Jair
Souza Leal _ 22/07/2004
Amigo Davidson... Sugiro-lhe que releia o texto que me enviou...
e que começe a ler os livros do pastor Lloyd-Jones, se quiser ser
um pastor com conceitos equilibrados da fé, e não ser dogmático,
frio, calculista, inútil, inoperante, tagarela de conceitos que
não compreendes em profundidade, não podem mudar sua própria vida
nem a de outros, nem por outro lado, que não sejas um fanático emocionalista
e irracional.
Jonh Wesley poderia ser considerado precursor, que significa pré-influenciar,
vir antes. O Dr. viveu na época em que o pentecostalismo já existia
e já estava estabelecido, portanto não podia ser precursor.
Ele era um reformado histórico, porém gostava de pregar o Deus
vivo, como todo grande pregador na história da Igreja. O texto
é muito claro, e já trás a resposta a pergunta que me fez.
Entrentanto, deixe-me reafirmar algumas coisas. Ao mesmo tempo
que o Dr. não se amolda ao intelectualismo institucionalizado
e morto da sua época e nação (Inglaterra), também não pende para
o lado desequilibrado e emocional do pentecostalismo (América).
Ele se mantém bíblico, equilibrado, nem formalismo nem emocionalismo,
e sim, fé na soberania de Deus, fé na poderosa atuação de Deus.
Ser espiritual, avivado, renovado, e crer na atualidade dos dons
e manifestações espirituais, necessariamente não significa ser
pentecostal, como gostam de nos taxar os defuntos da fé.
Ele defende uma espiritualidade bíblica que falta em muitos de
nós. Quem dera o pentecostalismo atual tivesse os moldes do ensino
do Dr., sua firmeza doutrinária, sólidez bíblica e amor à verdade,
ao lado da luta fervorosa em ser simplesmente aquilo que o NT
gostararia que fossemos.
Quem dera os cristãos históricos e reformados, que agregam o institucionalismo
e racionalismo inoperante, tivessem o fervor e a dependencia na
soberania de Deus, não somente nas palavras, mas na prática, na
sua vivência diária.
Enfim, gosto sempre de pensar: se o cristianismo fosse feito de
Jairs, o evangelho haveria varrido o mundo? A Igreja seria
diferente do que é hoje? Com certeza que não! Então, não posso
defender ninguém, muito menos criticar. O que preciso é deixar
Deus transformar-me em sua imagem, para não ser mer defensor da
verdade e sim alguém que vive a verdade.
Chega de conceitos intelectuais da fé que só atingem a mente,
e não alcançam a vontade e a alma. Que fazem coceiras nos ouvidos
mas não consegue nos fazer vencer o pecado e sermos mais santos
e intimos de Deus. Que faz do cristianismo, não uma força viva
e transformadora dos conceitos da sociedade podre, mas, mais um
conceito filosófico como qualquer outra religião e filosofias
de vida.
Pense no que tem pregado, no que tem vivido, e que tipo de igreja,
evangelho e cristianismo tem defendido e criado. Tem que ser capaz
de dizer, "sejam meus imitadores", na certeza de que o mundo será
impactado, que o cristianismo será melhor. Caso contrário, seus
pensamentos e reflexões serão mero intelectualismo morto e inoperante.
Tudo que o Dr. disse eu (Jair) assino embaixo, é a essencia do
meu próprio pensamento. Engrosso o coro com ele. Me considere
como sendo mais um que foi impactado pela pregação dele, como
J.I.Packer e milhares de outros, e que realmente se converteu,
e, indiretamente você, quando era minha ovelha nos tempos do Jardim
Vitória.
Lembra-se como defendia uma carapaça exterior de cristianismo
mas ainda não havia sido tocado nas profundezas do ser? Era cruel
em acusar outros pecadores, quando na verdade seu julgamente apenas
refletia o que deveria ser real o seu próprio julgamento?
Eu mesmo já fui um cristão
e aluno de teologia cheio de vaidade, de conhecimento inútil e
inoperante, gostava das discussões académicas, das polêmicas teológicas,
de estar no centro do furacão, defendendo aquilo que hoje continuo
crendo ser a verdade, só que algo mudou, a essência do meu próprio
ser.
Eu apenas defendia algo que
a minha própria vida não correspondia, era vazio, pecaminoso,
de testemunho duvidoso. Até o dia que descobri que a verdadeira
firmeza da verdade é experimental, passei a ser não somente mais
um defensor da verdade, mas a viver a própria verdade.
Creio na palavra escrita, e creio
na soberania de Deus e seu Espírito, como algo que está em perfeita
atuação na vida daqueles que não o extinguem. Aliás, a palavra
sem o sopro hoje do Espírito é mera letra. Só é viva se energizada
pelo mesmo. Portanto, dependemos dele a cada dia, como poderemos
negar sua atuação?
Então, para mim basta estes
rótulos idiotas e humanos do tipo eu sou "pentecostal" eu
sou "tradicional", eu sou de Paulo, eu de Apolo, isto demonstra
infantilidade e carnalidade. Devemos procurar ser tão somente
o que Deus deseja que sejamos, sem rótulos entende??? E estar
aberto para o que o Espírito quiser fazer conosco. Precisamos
buscar o poder de Deus.
Termino com as próprias palavras
do Dr. "É melhor ser crédulo em excesso, do que ser carnal, presunçoso
e morto"
Abraços amigo. De: Davidson Eler _ Quarta-feira, 21 de Julho de 2004 14:06 Para: Souza Jair Assunto: Lloyd Jones <<UMA PAIXÃO PELO PODER QUE EXALTA
A CRISTO.doc>>
Jair,
Sei que vc gosta do Lloyd Jones, mas neste texto ele me parece um precursor do pentecostalismo. Me ajude esclarecendo qual o pensamento do Dr. e me diga se aquilo que fala dele é de fato daquele jeito. Em Cristo
Davidson Eler UMA PAIXÃO PELO PODER QUE EXALTA A CRISTO Martyn Lloyd-Jones sobre a Necessidade
por Reavivamento
e Batismo com o Espírito Santo Conferência para Pastores Bethlehem John Piper 30 de janeiro de 1991 Erro! Indicador não definido. Martyn Lloyd-Jones. O Pregador. Em Julho de 1959, Martyn Lloyd-Jones
e sua esposa Bethan, estavam de férias no País de Gales. Compareceram
a pequena capela na reunião de oração no domingo pela manhã e
Lloyd-Jones perguntou: "Vocês gostariam de me dar a palavra nesta
manhã?" O povo hesitava por causa de suas férias, e eles não queriam
cansá-lo. Mas sua esposa disse: "Deixe-o, pregar é sua vida" (veja
nota 1). Isto é uma verdade. No prefácio do seu livro Pregações
e Pregadores ele diz: "Pregar tem sido o trabalho de minha vida...
Para mim, a tarefa de pregar e o mais elevado e grandioso, e a
mais gloriosa vocação que alguém pode ter" (veja nota 2).
Muitos o chamavam de o último dos pregadores
Metodistas Calvinistas, porque ele combinava o amor de Calvino
pela verdade e a doutrina da Reforma com fogo e paixão de um reavivalista
Metodista do século 18 (veja nota 3). Por 30 anos ele pregou do
púlpito da Capela de Westminster em Londres. Normalmente pregava
3 diferentes sermões cada semana: Sexta-feira a noite e Domingo
pela manhã e á noite. No fim de sua carreira ele afirmou: "Eu
posso dizer com toda a honestidade que não atravessaria a rua
para me ouvir pregar" (veja nota 4).
Mas não era essa a opinião dos outros.
Quando J.I. Packer era um estudante de 22 anos, ele ouviu Lloyd-Jones
pregar cada Domingo a noite durante o ano letivo de 1948-1949.
Ele disse que "nunca ouvira pregações como aquelas". Ele veio
a mim "com a força de um choque elétrico, revelando, para pelo
menos um de seus ouvintes, mais acerca de Deus do que qualquer
outro homem" (veja nota 5).
Muitos de nós sentimos o mesmo impacto,
mesmo através dos sermões escritos por Lloyd-Jones. Recordo-me
claramente ouvir George Verwer dizer em Urbana'67 que os dois
volumes do Sermão do Monte de Lloyd-Jones eram a obra mais grandiosa
que já tivera oportunidade de ler. Eu comprei os livros e os li
no verão de 1968, entre o colégio e o seminário. O impacto foi
inesquecível. Desde a época que, quando criança, sentado, ouvia
as pregações de meu pai, nada me impactou tanto como o que J.I.Packer
chamava "A grandiosidade e o peso dos temas espirituais" (veja
nota 6). Este foi o efeito que ele experimentou, e que milhares
continuam a experimentar. Para alguns, ele é chamado simplesmente
de "o maior pregador deste século" (veja nota 7).
Um esboço de sua vida.
Sua trajetória por Westminster foi
única. Nasceu em Cardiff, País de Gales, em 20 de Dezembro de
1899. Mudou-se para Londres com sua família aos 14 anos de idade,
e entrou para a Escola de Medicina do Hospital São Bartolomeu,
onde gradou-se em 1921, tornando-se chefe clínico assistente de
Sir Thomas Horder. O famoso Horder descreveu Lloyd-Jones como
"o mais habilidoso pensador que ele conheceu" (veja nota 8).
Entre 1921 e 1923 ele passou por uma
profunda conversão. Sua mudança de vida foi tão profunda, que
fez nascer nele uma paixão pela pregação do evangelho que completamente
superou sua vocação para medicina. Ele sentiu um profundo desejo
de retornar ao seu país para pregar. Seu primeiro sermão foi em
Abril de 1925, e o assunto foi o tema de toda a sua vida: O País
de Gales não necessitava mais de conversas acerca de ação social;
ele necessitava de "um grande despertamento espiritual." Este
tema de reavivamento e poder e vitalidade real, foram sua paixão
por toda sua vida (veja nota 9).
Ele tornou-se pastor de Bethlelem Forward
Movement Mission Church in Sandfields, Aberavon, em 1926, e no
ano seguinte casou-se com sua ex-colega de faculdade, Bethan Philips,
no dia 8 de Janeiro. Tiveram 2 filhas: Elizabeth e Ann.
Sua pregação tornou-se conhecida pela
Grã-Bretanha e América. Ela era popular, clara, de conteúdo doutrinário;
lógica e fogo. Em 1937, ele pregava em Filadélfia, e G. Campbell
Morgan estava lá. Ele ficou tão impressionada que sentiu-se impelido
a convidar Lloyd-Jones para ser seu auxiliar na Capela de Westminster
em Londres.
Nesta época, Lloyd-Jones estava sendo
cogitado para presidente do Colégio Metodista Calvinista em Bala,
North Wales. Assim, ele temporariamente, recusou o convite de
Westminster para se tornar membro permanente do staff daquele
colégio. Mas suas expectativas naquela escola lhe frustraram e
ele terminou por aceitar o convite de Westminster, onde permaneceu
por 29 anos até se aposentar em 1968.
Não posso deixar de dar graças por
todos os desapontamentos, reveses e contratempos nas nossas vidas,
que Deus usa para nos conduzir na direção da sua vontade. Como
teria sido diferente a mensagem do evangelho que a Inglaterra
teria recebido, se Martyn Lloyd-Jones não tivesse pregado em Londres
durante 30 anos. Como minha própria vida teria sido diferente
se eu não tivesse lido seus sermões no verão de 1968! Louvado
seja Deus por todos os desencontros da vida!
Lloyd-Jones e G. Campbell Morgan trabalharam
juntos como ministros até a aposentadoria de Morgan em 1943. Então
Lloyd-Jones assumiu o púlpito por quase 30 anos. Em 1947, a freqüência
aos cultos matutinos era de 1500 pessoas, e à noite 2000, trazidos
pela clareza, poder e profundidade doutrinária de suas mensagens.
Ele usava uma sombria batina preta de Genebra, e não costumava
fazer brincadeiras. Como Jonathan Edwards, 200 anos atrás, ele
atraia a atenção de sua audiência, pelo peso e intensidade de
sua visão da verdade.
Ele adoeceu em 1968, e tomou este fato
como um sinal para se afastar e dedicar-se a escrever. Ele continuou
nesta tarefa por 12 anos e morreu tranquilo durante o sono no
dia primeiro de Março de 1981.
Reavivamento é Batismo do Espírito
Santo
Do início ao fim, a vida de Martyn
Lloyd-Jones clamava por profundidade em duas áreas - profundidade
em doutrina bíblica e por uma viva experiência espiritual. Luz
e calor. Lógica e fogo. Palavra e Espírito. Repetidamente ele
se encontrava lutando nestas duas frentes: de um lado contra o
intelectualismo institucional, formal e morto e de outro lado
contra o emocionalismo superficial, volúvel, centrado no homem
com o objetivo de safisfaze-lo. Ele via o mundo numa condição
desesperada, sem Cristo e sem esperança; e uma igreja sem poder
para mudar isto. Um lado da igreja estava se engasgando com o
mosquito intelectual e por outro estava engolindo os camelos do
ensinamento carismático sem cuidado ou compromisso evangélico
(veja nota 10). Para Lloyd-Jones a única esperança estava num
reavivamento histórico e centrado em Deus.
O que eu gostaria de fazer era meditar
no significado de reavivamento na pregação de Lloyd-Jones - ou
mais especificamente, eu gostaria de entender que tipo de poder
ele estava buscando, como ele se manifestaria quando viesse, e
como deveríamos buscá-lo (veja nota 11).
Eu creio que Lloyd-Jones fez mais que
qualquer outro homem neste século, para resgatar o significado
histórico da palavra "reavivamento".
O reavivamento é um milagre... algo que pode ser explicado apenas como um intervenção direta de Deus... O homem pode realizar campanhas evangelísticas, mas ele nunca poderá produzir um reavivamento (veja nota 12). Mas Lloyd-Jones considerava uma grande tragédia o fato que a compreensão mais profunda de reavivamento, como um derramamento soberano do Espírito Santo, tenha sido perdida. "Durante os últimos 70 ou 80 anos" ele disse, "toda esta noção de visitação, o batismo de Espírito Santo sobre a igreja, se foi" (veja nota 13). Ele tinha diversos motivos para esta
conclusão (veja nota 14). Mas ele disse que a mais importante
razão teológica para esta dominante indiferença com relação ao
reavivamento, era a visão de que o Espírito Santo foi dado de
uma vez por todas no dia de Pentecostes, de modo que Ele não podia
ser derramado outras vezes, e portanto a oração por reavivamento
era errada e desnecessária (veja nota 15). Aqui é onde Lloyd Jones
começa a se separar de algumas das interpretações evangélicas
correntes acerca do Espírito Santo. Ele enfaticamente rejeita
a idéia comum que iguala o batismo espiritual de Atos 2 e I Coríntios
12:13. É assim que ele descreve sua posição:
Sim, [Atos 2] foi o batismo do Espírito Santo. "Mas todos já o temos agora e ele ocorre sem que tenhamos consciência, e acontece no momento que cremos e fomos regenerados. É o ato de Deus que nos incorpora no corpo de Cristo. Isto é o batismo do Espírito. Portanto nos não temos necessidade de orar por nenhum outro batismo do Espírito, ou pedir a Deus que derrame seu Espírito sobre a igreja..." Não é de surpreender portanto, que a medida que este tipo de pregação se tornou comum, o povo parou de orar por reavivamento (veja nota 16). Quando um teólogo reformado como Klaas Runia se opôs ao Pentecostalismo, Lloyd-Jones concordou que a insistência em torno das "línguas" e o "clamor" por dons estava errado, mas ele estava perturbado com o conceito de Runia sobre o batismo do Espírito. Ele lhe escreveu e disse: Eu ainda sinto que você realmente não
admite o reavivamento. Você deixa isso claro quando diz: "Leia
todas as passagens que falam sobre o Espírito Santo na igreja.
É sempre assim: Tornem-se o que vocês são, todos vocês." Se é
simplesmente uma questão de "Tornar-se o que vocês são" e nada
mais, então como alguém pode orar por reavivamento, e como alguém
pode falar de reavivamentos na história da igreja (veja nota 17)
?
Reavivamento acontece quando o Espírito desce, quando Ele é derramado. Lloyd-Jones é claro como um cristal acerca do que ele pensa sobre o batismo com o Espírito Santo com relação a regeneração: Este é o primeiro princípio... Eu estou
afirmando que você pode ser um crente, que você pode ter o Espírito
Santo habitando em você, e ainda assim não ser batizado com o
Espírito Santo... O batismo do Espírito Santo é algo que é feito
pelo Senhor Jesus e não pelo Espírito Santo... Sermos batizados
no corpo de Cristo é trabalho do Espírito [este é o ponto de I
Coríntios 12:13], como também a regeneração, mas isto é completamente
diferente; trata-se de Cristo batizando-nos com o Espírito Santo.
E eu estou sugerindo que isto é algo obviamente distinto e separado
de tornar-se um cristão, ser regenerado, e ter o Espírito Santo
habitando em você (veja nota 18).
Ele lamenta que, ao se identificar o batismo do Espírito Santo com a regeneração, tudo se torna não experimental e inconsciente. Não é esta a maneira que ele é experimentado no livro de Atos (veja nota 19). Assim ele falou com palavras fortes acerca deste ponto de vista: "Aquelas pessoas que dizem que batismo com o Espírito Santo acontece a todo mundo na regeneração me parecem estar não somente negando o Novo Testamento, como também definitivamente extinguindo o Espírito" (veja nota 20). O Batismo do Espírito Santo Confere Alegria e Segurança Ele crê que esta visão nos desencoraja a buscar o que a igreja hoje necessita desesperadamente. "A grande necessidade hoje," ele diz, "é de cristãos seguros de sua salvação" - o que é dado de um modo especial através do batismo do Espírito Santo (veja nota 21). Ele distinguia entre a "segurança ordinária" (veja nota 22) do filho de Deus, com o que ele chamava "segurança completa" (veja nota 23) que vem com o batismo do Espírito Santo. Quando cristão e batizado pelo Espírito
Santo, ele sente o poder e a presença de Deus como eles nunca
conhecera antes - e esta é a maior forma possível de segurança
(veja nota 24).
O batismo do Espírito é uma nova manifestação de Deus para a alma. Você tem um conhecimento irresistível, dado a você do amor de Deus em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo... Este é a maior e a mais essencial característica do batismo com o Espírito Santo (veja nota 25). Ela é experimental. É inegável. Ele enche com alegria indizível (veja nota 26). Ele transforma advogados de Cristo em testemunhas do que tem visto e ouvido (veja nota 27). Ele ilustra a diferença entre a básica
e costumeira experiência cristã e a experiência do batismo com
o Espírito contando a história de Thomas Goodwin:
Um homem e seu filho estavam andando por uma estrada de mãos dadas, e a criança sabia que era filho de seu pai, e que seu pai a amava, e isso a fazia feliz. Não havia nenhuma dúvida acerca disso, mas subitamente o pai, movido por algum impulso, toma a criança nos braços, beija-a e abraça-a, demonstrando seu amor por ela, e em seguida coloca-a no chão novamente e eles prosseguem caminhando. É isto! A criança já sabia que seu pai a amava. Mas, oh! o abraço amoroso, o derramar de amor, a manifestação incomum dele - este é o tipo de coisa que estamos falando. O Espírito testificando com nosso espírito que somos filhos de Deus" (veja nota 28). Quando Jesus batiza uma pessoa com o Espírito Santo, Lloyd-Jones diz, a pessoa é transportada não somente da dúvida para a crença, mas para a certeza, para a consciência da presença e da glória de Deus" (veja nota 29). Isto é o que Lloyd-Jones entende por
reavivamento:
A diferença entre o batismo do Espírito Santo e o reavivamento é simplesmente no número de pessoas atingidas por ele. Eu definiria o reavivamento como um grande número de pessoas sendo batizadas pelo Espírito Santo ao mesmo tempo; ou o Espirito Santo descendo sobre um grande número de pessoas reunidas. Isto pode acontecer num bairro, como pode acontecer a um país (veja nota 30). Batismo Com o Espírito Santo é uma Confirmação do Evangelho E quando ele acontece é visível. Não
é apenas uma experiência subjetiva na igreja. Coisas acontecem
que fazem o mundo se despertar e observar. Isto era muito importante
para Lloyd-Jones. Ele sentia-se esmagado pela corrupção do mundo
e pela fraqueza da igreja. E acreditava que a única esperança
seria um acontecimento extraordinário.
A igreja cristã de hoje está falhando,
e falhando lamentavelmente. Não é suficiente ser ortodoxo. Você
precisa, é claro, ser ortodoxo, senão você não terá a mensagem...
Nós precisamos de autoridade e de autenticação... Está claro que
estamos vivendo em uma época em que necessitamos de uma autenticação
especial - em outras palavras, nós necessitamos de reavivamento
(veja nota 31).
Reavivamento, portanto, para Lloyd-Jones,
era um tipo de demonstração de poder que viria confirmar o evangelho
para um mundo desesperado e endurecido. Sua descrição do mundo
de 25 anos atrás parece-nos surpreendentemente familiar:
Nós estamos não somente confrontados
pelo materialismo, mundanismo, indiferença, dureza e insensibilidade
- mas também temos ouvido, cada vez mais... sobre certas manifestações
de poderes do mal e a realidade de espíritos malignos. Não é somente
o pecado que se constitui um problema neste país hoje. Há uma
recrudescência de magia negra, de culto a demônios e a poderes
das trevas além de abuso de drogas e de coisas que levam a isso.
É por isso que creio numa urgente manifestação, alguma demonstração,
do poder do Espírito Santo (veja nota 32).
Ele nos previne que não pensemos exclusivamente
em reavivamento. Ele adverte contra estar interessado apenas em
algo excepcional e incomum. Não despreze o dia das coisas pequenas,
ele dizia. Não despreze o trabalho regular da igreja e o serviço
regular do Espírito (veja nota 33).
Mas eu tenho a firme impressão que
Lloyd-Jones estava cada vez mais desiludido com o "regular", com
o "costumeiro" e com o "usual" a medida que seu ministério chegava
o fim em Westminster. Não é o que parece que ele diz,
Nos podemos produzir um número de convertidos,
graças a Deus por isto, e isto acontece regularmente nas igreja
evangélicas a cada domingo. Mas hoje estamos necessitando algo
mais que isso. A necessidade hoje é de confirmação de Deus, do
sobrenatural, do espiritual, do eterno, e isto só pode acontecer
com resposta de Deus, graciosamente ouvindo nosso clamor e derramando
seu Espírito sobre nós, e nos enchendo como ele encheu a igreja
primitiva (veja nota 34).
O que necessitamos é de uma poderosa
demonstração do poder de Deus, uma atuação do Todo Poderoso, que
leve seu povo prestar atenção, a olhar e a ver. E a história de
todos os reavivamentos do passado, indica claramente que isto
acontece como resultado deles, sem exceção. Esta é a razão porque
estou chamando atenção para o reavivamento. Esta é a razão porque
estou procurando lhe persuadir a orar por isto. Quando Deus age,
ele pode fazer mais em um minuto que o homem com toda sua organização
pode fazer em cinquenta anos (veja nota 35).
O que mais pesava no coração de Lloyd-Jones era o desejo de ver o nome de Deus ser vindicado e sua glória manifesta ao mundo. "Nos devemos estar ansiosos", ele dizia, "por ver algo acontecer que arraste as nações, todas as pessoas, e as faça parar e pensar novamente" (veja nota 36). Isto é o que o batismo com o Espírito Santo é acima de tudo. O propósito, a principal função do
batismo com o Espírito Santo, é ... capacitar o povo de Deus a
testemunhar de uma maneira tal, que isto se torne um fenômeno
que atraia e prenda as pessoas (veja nota 37).
Aqui é onde vem os dons espirituais
- como curas e milagres, profecias e línguas, e toda a área de
sinais e maravilhas. Lloyd-Jones estava discursando sobre evangelismo
de poder muito antes de John Wimber.
Ele dizia que dons espirituais são
parte da confirmação do reavivamento e do batismo do Espírito
Santo. Dons espirituais extraordinários, ele dizia, resultam do
batismo do Espírito Santo. Ele afirmava que esta questão é muito
importante nos dias atuais por esta razão: "nós necessitamos de
uma autenticação sobrenatural de nossa mensagem" (veja nota 38).
Joel, e outros profetas que também
falaram sobre isto, apontavam para uma época que haveria de vir,
e que veio com o Senhor Jesus Cristo e o batismo com o Espírito
no dia de Pentencoste, onde haveria uma confirmação incomum da
mensagem (veja nota 39).
Neste ponto, os reformados ficam nervosos
por que sentem que o poder da Palavra de Deus está sendo comprometido.
O evangelho não é o poder de Deus para a salvação? A palavra pregada,
com a autoridade do Espírito Santo, não é suficiente? "Os Judeus
pedem sinais, os gregos buscam sabedoria, mas nós pregamos a Cristo
crucificado ... o poder de Deus..." (I Coríntios 1:22-23).
As coisas não são tão simples assim.
E o assunto aqui não é algo apenas relacionado aos nossos dias.
As Escrituras mostram os sinais e maravilhas acontecendo no Novo
Testamento paralelamente as maiores mensagens jamais pregadas.
E evidentemente Pedro, Paulo, Estevão e Filipe não supunham que
os sinais e maravilhas realizados comprometiam a integridade do
poder da palavra de Deus (Marcos 16:20; Atos 14:3, Hebreus 2:4).
Lloyd-Jones está profundamente impressionado
com estes fatos quanto diz, "Se os apóstolos não eram capazes
de ser genuínas testemunhas sem um poder especial, quem somos
nós para pretender testemunhar sem este poder?" (veja nota 40).
E quando ele diz isto, ele não está se referindo a todo o poder
do mundo. Ele se refere ao poder manifestado nos dons espirituais.
Aqui está a evidência:
Antes do Pentecoste, os apóstolos não
estavam ainda prontos para testemunhar... Eles estiveram com o
Senhor durante os três anos de seu ministério. Eles ouviram seus
sermões, viram seus milagres, e o viram crucificado na cruz, o
viram morto e enterrado, e então eles o viram depois que ele saiu
da tumba. Estes eram os homens que estiveram com ele naquele quarto
em Jerusalém após a ressurreição a quem ele lhes expôs a escritura,
a foi ainda a estes homens que ele mandou que permanecessem em
Jerusalém até que do alto fossem cheios de poder. O propósito
especial, o propósito específico do batismo com o Espírito Santo
é nos capacitar para testemunhar, e uma das maneiras pelas quais
isto acontece é através do recebimento de dons espirituais (veja
nota 41).
Minha própria resposta à pergunta sobre,
como o poder da palavra e a confirmação através de sinais e prodígios
podem se harmonizar, é esta: A Bíblia ensina que o evangelho pregado
é o poder de Deus para a salvação (Romanos 1:16, I Corintios 1:23).
Ela também ensina que o desejo por sinais na presença da Palavra
de Deus é marca de uma geração má e corrupta (Mateus 16:4; I Corintios
1:22). Mas a Bíblia também diz que Paulo e Barnabé "demoraram-se
ali muito tempo, falando ousadamente no Senhor, o qual confirmava
a palavra da sua graça, concedendo que, por mão deles, se fizessem
sinais e prodígios." (Atos 14:3; veja Hebreus 2:4; Marcos 16:20).
Desde modo os sinais e maravilhas eram o atestado de Deus confirmando
a pregação do evangelho.
Não podemos então dizer que sinais
e maravilhas agem em relação a Palavra de Deus, como meios marcantes
para autenticação da glória de Cristo no evangelho? Sinais e maravilhas
não salvam. Eles não transformam o coração. Somente a glória de
Cristo manifestada pela pregação do evangelho tem poder para isso
(2 Corintios 3:18-4:6). Mas evidentemente, Deus escolhe, às vezes,
usar de sinais e prodígios juntamente com a palavra regeneradora
para alcançar os ouvintes e para romper a carapaça de desinteresse,
cinismo e da falsa religião, e fazer o coração caído olhar com
atenção para o evangelho anunciado (veja nota 42).
Martyn Lloyd-Jones Não era um "Warfieldiano
Cessacionista"
Pelo que pudemos ver, Lloyd-Jones não
era o que costumamos chamar um "cessacionista". De fato, ele se
manifestou fortemente contra o pensamento de Warfield a este respeito.
Em 1969, ele escreveu "Um Memorandum sobre Cura pela Fé", rejeitado
pelo Christian Medical Fellowship, na Inglaterra, que se basearam
explicitamente nos argumentos de Warfield, que os dons espirituais
(como o de curar), eram "sinais do apostolado" e não tinham mais
lugar hoje, uma vez que os apóstolos só existiram no passado.
Eu penso que é inteiramente desprovido
de base nas escrituras dizer que tais dons cessaram com a Era
Apostólica. Eu creio que milagres inquestionáveis tem ocorrido
deste então (veja nota 43).
Quando ele fala da necessidade de um reavivamento de poder e do batismo do Espírito e de uma poderosa confirmação da palavra de Deus hoje, é claro que ele tinha em mente os mesmos acontecimentos que marcaram a vida dos apóstolos. É perfeitamente claro que nos tempos do Novo Testamento, o evangelho era confirmado por sinais, prodígios e milagres de várias naturezas e descrições... Teria sido isso verdadeiro apenas na igreja primitiva?... As Escritura nunca, em nenhum lugar afirma que estes acontecimentos seriam temporários - nunca! Não existe esta afirmação em nenhum lugar (veja nota 44). Ele analisou os argumentos "cessacionistas"
e concluiu que eram baseados em conjecturas para justificar uma
deficiência particular (veja nota 45). "Para sustentar este ponto
de vista", ele disse, "basta apagar o Espírito" (veja nota 46).
Além disso ele disse que existem muitas
evidências históricas, que muitos destes dons persistiram por
muitos séculos, e que eles se manifestavam de tempos em tempos
desde a Reforma. Por exemplo, conforme relato de John Welsh, genro
de John Knox, este realizou coisas extraordinárias, chegando a
ressuscitar um morto. E há evidência da ocorrência de genuínos
dons de profecia entre Protestantes Reformados. Por exemplo, ele
diz que Alexander Peden, um dos Scottish Covenanters, profetizou
de forma acurada e literal acerca de fatos que depois vieram a
se cumprir (veja nota 47).
Experiências Pessoais de Martyn Lloyd-Jones
com um Poder Especial
Lloyd-Jones teve experiências extraordinárias
o suficiente, para faze-lo entender que era melhor ele estar aberto
para o que o poder soberano de Deus pode fazer. Por exemplo, Stacy
Woods descreve o efeito físico de um dos sermões de Lloyd-Jones.
De uma forma extraordinária, a presença de Deus estava na Igreja. Eu pessoalmente senti como se uma mão estivesse me pressionando contra o banco. No final do sermão, por alguma razão, o orgão não tocou, e o Doutor entrou no gabinete e todos permaneceram sentados sem conseguir se mover. Devem ter se passado cerca de 10 minutos antes que as pessoas pudessem encontrar forças para levantar, e sem falar umas com as outras, deixaram calmamente o templo. Eu nunca havia testemunhado ou experimentado uma pregação que provocasse uma reação tão fantástica em uma congregação (veja nota 48). Outra ilustração vem dos primeiros
dias em Sandfields. Uma mulher que tinha sido uma conhecida médium
do espiritismo compareceu a igreja à noite. Ela mais tarde testemunhou
sua conversão:
No momento em que entrei na capela
e me sentei num lugar entre as pessoas, eu pude perceber um poder
sobrenatural. Eu tinha consciência de que se tratava do mesmo
tipo de poder se sobrenatural que eu estava acostumada a experimentar
nas reuniões espíritas, mas com uma grande diferença: eu podia
sentir que o poder que havia na capela era um poder limpo (veja
nota 49).
Diversas vezes na sua vida ele teve
um tipo de premunição profética que ia além do ordinário. Em 10
de Janeiro de 1940, ele escreveu para a mulher de um amigo, Douglas
Johnson, que sofria de uma oclusão coronária.
Eu tive uma definida e inconfundível
consciência da completa recuperação de Douglas. Este tipo de coisa,
como ele sabe, não é comum comigo. Eu estou lhe contando porque
foi algo muito claro (veja nota 50).
Isto ilustra o ponto que ele defende
acerca da comunicação pessoal de Deus com seus filhos. Ele cita
Filipe sendo conduzido a carruagem em Atos 8, e Paulo e Barnabé
sendo enviados em Atos 13, como exemplos bíblicos desta comunicação
direta do Senhor e diz,
Não existe dúvida que o povo de Deus
pode buscar e esperar por "direção", "orientação", indicações
sobre o que eles tem que fazer... Homens foram instruídos pelo
Espírito Santo acerca do que deviam fazer; eles sabiam que era
o Espírito Santo que estava lhes falando, e eles souberam com
certeza qual era a sua direção. Parece claro para mim, que se
negarmos tal possibilidade, novamente nos tornaremos culpados
por estarmos apagando o Espírito (veja nota 51).
Lloyd-Jones entendeu pela Bíblia, pela
história e por sua própria experiência que o extraordinário poder
do Espírito dispensa um enquadramento preciso. Ele disse: "Os
meios pelos quais a bênção vem, são quase ilimitados. Devemos
ter cuidado em não limita-los, em não tentar sistematiza-los,
ou o que é ainda pior, para não torna-los mecânicos" (veja nota
52).
Críticas de Martyn Lloyd-Jones ao Pentecostalismo
que Ele Conheceu
Estes são ensinamentos notáveis, vindos
de um dos principais pregadores da causa reformada na Inglaterra,
nesta última geração. Ele ajudou a fundar uma casa publicadora
(Banner of Truth Trust) que tem apoiado a divulgação das idéias
de Warfield sobre os dons espirituais terem cessado. E para que
você não pense que Lloyd-Jones era um ardoroso carismático, deixe-me
mencionar algumas coisas que lhe deram equilíbrio e o fizeram
desencantar com os Pentecostais e carismáticos que ele conheceu.
1. Ele insiste que o reavivamento tem
que se fundamentar em bases doutrinárias. E, pelo que ele podia
ver, estavam minimizando de forma generalizada a importância da
doutrina, que era necessário que ela fosse restaurada e reunificada
(veja nota 53). O Espírito Santo é o Espirito da verdade, e o
reavivamento seria superficial e passageiro se não tivesse raízes
doutrinárias mais profundas do que as árvores carismáticas pareciam
ter.
2. Carismáticos punham muita ênfase
naquilo que podiam realizar, e não enfatizavam tanto a liberdade
e soberania do Espírito, para ir e vir como quisesse. "Dons espirituais",
ele dizia, "são sempre controlados pelo Espírito Santo. Eles são
dados, e ninguém sabe quando isto vai acontecer" (veja nota 54).
Você pode orar pelo batismo do Espirito,
mas você não pode garantir que ele acontecerá... Isto está no
controle dEle. Ele é o Senhor. Ele é o Senhor soberano, e ele
faz isso no seu próprio tempo e da maneira como Ele quer (veja
nota 55).
3. Carismáticos insistem nas línguas
como sinal do batismo do Espírito Santo, o que certamente ele
rejeita.
Parece-me que o ensinamento da Escritura
por si mesma, mais a evidencia da história da igreja, estabelecem
o fato que o batismo com o Espirito nem sempre é acompanhado por
dons particulares (veja nota 56).
4. É muito comum, ouvir carismáticos
afirmarem que são capazes de falar em línguas sempre que desejarem.
Isto, ele contesta, é claramente contra o que Paulo diz em I Coríntios
14:18. "Eu agradeço a Deus por falar em línguas mais do que todos
vocês". Se ele e os outros pudessem falar em línguas sempre que
quisessem, não faria sentido dar graças a Deus pelo fato das bênção
das línguas ter sido dada mais a ele que aos outros (veja nota
57).
5. Frequentemente, experiências tem
sido buscadas para proveito próprio e não com o objetivo de promover
um testemunho poderoso e para a glorificar a Cristo (veja nota
58).
O objetivo não é ter experiências para
si próprios, mas ter poder para manifestar e fazer o nome de Cristo
conhecido (veja nota 59)...
Devemos testar tudo que se apresenta
com movimento do Espirito em termos do seu poder evangelístico
(veja nota 60)...
O teste supremo de qualquer ação do
Espírito Santo é João 16:14 - "Ele me glorificará" (veja nota
61).
6. Os carismáticos podem facilmente cair no engano de admitir que, se uma pessoa possui dons poderosos, então esta pessoa é boa e apta para orientar e ensinar. Isto não é verdade. Lloyd-Jones adverte que o batismo com o Espirito Santo e o recebimento de dons, não confere a uma pessoa condição moral para ministrar ou falar por Deus. A condição espiritual em Corinto, em termos de santificação, era muito precária, e mesmo assim, havia muitas evidências do poder divino. Batismo com o Espírito Santo é primariamente
e essencialmente um batismo com poder... Mas não existe uma conexão
direta entre o batismo com o Espírito Santo e a santificação...
Aquele pode ser algo isolado, enquanto que a santificação é um
processo contínuo (veja nota 63).
7. Os carismáticos tendem a mostrar
mais interesse em impressões subjetivas e dons incomuns, do que
na exposição das Escrituras. Suspeite, ele diz, de alguma afirmação
de "nova revelação da verdade" (veja nota 64).(Na visão do que
ele diz acima, acerca de como o Espírito Santo fala hoje para
dar orientação, ele não quer dizer que a revelação de Deus deva
ser rejeitada.)
8. Os carismáticos às vezes encorajam
as pessoas à não se preocupar com a razão e simplesmente deixar-se
ser levado. Lloyd-Jones discorda. "Nós nunca devemos deixar sermos
levados" (veja nota 65). Uma mente vazia não é recomendada nas
Escrituras (veja nota 66). A gloria do Cristianismo é que podemos
"ao mesmo tempo... ser tomados e elevados pelo Espírito Santo
e ainda estar conscientes" (veja I Coríntios 14:32) (veja nota
67). Nós devemos sempre estar em posição de testar todas as coisas,
uma vez que Satanás e hipnotismo podem imitar os acontecimentos
mais notáveis (veja nota 68).
Advertência de Martyn Lloyd-Jones contra
os Formalistas que apagam o Espírito.
Mas tendo dito tudo isso sobre advertências
e equilíbrio, Lloyd-Jones retorna a firme afirmação da abertura
sobre a demonstração de poder sobrenatural que o mundo tanto necessita.
Para aqueles que se sentam e apontam o dedo para os excessos carismáticos
do boas pessoas, ele diz, "Deus tenha misericórdia deles! Deus
tenha misericórdia deles! É melhor ser crédulo em excesso, do
que ser carnal, presunçoso e morto" (veja nota 69).
Ele descreve como muitas pessoas extinguiram
o Espírito pelo medo do incomum e do sobrenatural.
Isto sempre tem acontecido: numa reunião...
você começa a ter medo do que pode acontecer e diz, "Se eu fizer
isso, o que pode acontecer?" Isto é apagar o Espírito. Isto é
resistir Sua ação em seu próprio espírito. Você sente Sua graciosa
influência, e então hesita, e fica inseguro ou amedrontado. Isto
é extinguir o Espírito (veja nota 70).
Certas pessoa são naturalmente temerosas
do sobrenatural, do incomum, do que foge a ordem. Você pode ter
tanto medo da desordem, preocupar-se tanto com a disciplina, o
decoro e o controle, que você se tornará culpado do que a Escritura
chama "apagar o Espírito" (veja nota 71).
Como Lloyd-Jones nos Aconselha a Buscar
o Batismo do Espírito?
Isto tudo me parece muito marcante. A visão de Lloyd-Jones da vida batizada pelo Espírito é uma síntese bíblica, diferente da que existe nas igrejas evangélicas ou nos movimentos carismáticos. Alguém pode perguntar se ele involuntariamente não estaria articulando uma agenda para a chamada Terceira Onda do Espírito. Sinto uma preocupação quanto a urgência
de obter resposta a esta pergunta: "Qual é o conselho dele para
nós, que oscilamos entre uma posição simplória e sem embasamento
bíblico de um lado, e outra que resiste e apaga o Espírito?"
Seu conselho básico é: "Você não pode
fazer nada para ser batizado pelo Espírito, senão suplicar por
isto. Você nada pode fazer para produzi-lo" (veja nota 72).No
entanto, você deve diligentemente orar para obtê-lo (veja nota
73). Devemos ser pacientes (veja nota 74) e não definir tempo
ou estabelecer limites para Deus. Ele cita Dwight L. Moody, R.A.
Torrey, A.J. Gordon, A.T. Pierson como exemplo de pessoas que
buscaram esse batismo do Espírito, suplicando por um longo tempo
(veja nota 75). De fato, Lloyd-Jones tinha especial admiração
pela insistente oração de Moody: "Oh Deus, prepara meu coração
e batiza-me com o poder do Espírito Santo" (veja nota 76).
Mas parece que há algo mais que podemos
fazer, além de orar. Se um coração preparado é importante, então
existem meios, os meios de Graça, que ao lado da oração, purificam
o coração conformando-o mais e mais com Cristo. Podemos meditar
nas Escrituras e exortarmo-nos mutuamente, e mortificarmo-nos
para o pecado, de acordo com o texto do capítulo 6 de Romanos.
Não somente isto, Lloyd-Jones ensinava
que o Espírito pode ser apagado por certas formas de institucionalização
estéril. Com referência a frieza de igrejas formais ele dizia,
Não é que Deus tenha se retirado, é
que a igreja na sua "sabedoria" e "inteligência" tornou-se institucionalizada,
reprimindo o Espírito, e ... tornando as manifestações do poder
do Espírito quase impossíveis (veja nota 77).
Esta é uma forte declaração de alguém
que crê na soberania do Espírito - que certas formas de institucionalização
podem tornar as manifestações do poder do Espírito "quase impossíveis".
Se o Espírito na sua soberania sofre por ser impedido ou extinto,
como Lloyd-Jones (e o apóstolo Paulo) dizem, então não é inteiramente
correto afirmar que não há nada que possamos fazer para desobstruir
o caminho para que Ele venha. Nós não podemos constrange-lo a
vir. Ou, colocando de outro modo, enquanto parece que nada podemos
fazer para que o Espírito venha em poder, nós podemos fazer coisas
que usualmente O impedem de vir.
Ele praticava o que pregava?
Isto leva a uma questão final e crucial
que aponta diretamente para o coração do problema: Lloyd-Jones
realmente praticava o que ele pregava? Ou, perguntando de outra
maneira, Ele teria aberto o caminho para o Espírito, ou ele teria
possivelmente ou parcialmente apagado o Espírito em sua própria
igreja (veja nota 78) ?
Examinando o que ele disse sobre certas
formas de institucionalização, que podem tornar as manifestações
do poder do Espírito "quase impossíveis", nós podemos perguntar
se não havia certas formas de institucionalização na Capela de
Westminster, que embaraçavam as manifestações do Espírito? E se
certas formas de "institucionalização" podem apagar o Espírito,
alguém pode desejar saber se certos usos da música e certas formas
de culto e certas atitudes e a personalidade não são também obstáculos
para Ele.
Existem pelo menos cinco aspectos da
vida na Capela de Westminster, que me fazem perguntar se Lloyd-Jones
na prática seguia seus próprios princípios sobre o reavivamento.
1. Seu biógrafo, Iain Murray diz que
as "reuniões de testemunho" do século 18 desapareceram nas igrejas
da Inglaterra e que havia necessidade de mudança (veja nota 79).
Mas teria Lloyd-Jones feito mudanças significativas que proporcionassem
um ambiente adequado para o exercício dos dons espirituais? Iain
Murray conta que a audiência na Capela de Westminster era um grupo
anônimo de ouvintes. "Aqueles foram dias onde pessoas que não
se conheciam não se cumprimentavam uns aos outros na igreja" (veja
nota 80).
Alguém pode perguntar se Lloyd-Jones
tomou medidas significativas para reverter esta situação. Teria
ele trabalhado, por exemplo, para criar uma rede de pequenos grupos,
onde as pessoas pudessem ministrar umas às outras em um contexto
menos institucionalmente restritivo a ação do Espírito? (veja
nota 81).
2. Ele disse: "Eu nunca orientei a
um novo convertido, sobre como se aproximar dos outros, mas eles
faziam isso..." (veja nota 82).
Teria Lloyd-Jones realmente buscado
algum envolvimento com seu rebanho, de modo que as manifestações,
como as que ocorriam com os apóstolos, pudessem fluir? Os apóstolos
tinham um ministério significativamente prático. Sem o envolvimento
do pastor, e sem que este assuma certos riscos, dificilmente se
poderá esperar que o povo assuma atitudes que evitem que o Espirito
seja apagado, especialmente quando ele ouve com frequencia advertências
enérgicas e austeras sobre os excessos dos carismáticos. Pessoas
comuns interpretam longas e complexas advertências como um sinal
vermelha contra novas experiências.
3. Seu neto, Christopher Catherwood,
disse: "Ele tinha uma especial aversão a certos tipos de música
emotiva" (veja nota 83). E ele mesmo disse:
O Espirito não necessita... nossa ajuda
com todas as nossa canções, e todos os nossos preliminares e meios
para provocar emoções... Se o Espírito é Senhor - e Ele é - Ele
não necessita nossa ajuda, e qualquer coisa que tente ajudar o
Espírito a produzir um resultado é uma contradição ao ensino do
Novo Testamento (veja nota 84).
Esta antipatia por músicas emotivas
e com os chamados "preliminares" da liturgia, parecem evidenciar
uma atitude austera e desconfiada contra as emoções e contra as
músicas que podem evoca-la em pessoas comuns. Isto pode ser facilmente
tomado como um meio de inibir a liberdade da congregação em expressar
sua alegria no Espírito Santo.
A música não poderia se equiparar a
leitura de um bom livro, que Lloyd-Jones disse ser um auxílio
legítimo para estimular as emoções para um maior desejo do Espírito?
(veja nota 85). A música poderia ser até mais válida para este
fim, uma vez que ela não somente promove desejos santos, mas também
libera autênticas expressões de afeto e de amor. E não somente
isto, a música parece ter mais autoridade bíblica como um meio
para buscar a plenitude de Deus no culto sagrado (veja Efésios
5:19) (veja nota 86).
4. Ele não parecia manifestar uma atuação
mais enérgica para cultivar movimentos de oração. Não estou certo
a este respeito, mas Murray lembra uma observação realmente surpreendente:
"Alguns poucos em 1959 estavam tão absorvidos com o reavivamento,
que organizaram vigílias de oração e procuraram o apoio de Lloyd-Jones.
Eles não obtiveram o apoio pretendido" (veja nota 87). Ainda que
ele fosse conhecido como homem de oração (veja nota 88), teria
ele realmente vivido na prática seu próprio princípio, que algo
que você pode fazer com zelo e empenho para buscar o reavivamento
é orar por ele?
5. Teria ele agido de acordo com I
Coríntios 14:1? "Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais,
mas principalmente que profetizeis." Como isto se enquadra com
a seguinte declaração?
É sempre correto buscar o enchimento
do Espírito - nós somos exortados a faze-lo. Mas os dons do Espirito,
devem ser deixados nas Suas próprias mãos (veja nota 89).
I Corintios 14:1 especificamente ordena
que busquemos não somente o enchimento do Espírito de uma maneira
geral, mas também os dons espirituais em particular. Assim, a
declaração de Lloyd-Jones parece dizer o oposto. Seria esta atitude
com relação aos dons, uma forma de apagar as manifestações de
poder? Novamente ele diz,
Nos não devemos buscar fenômenos ou
experiências estranhas. O que devemos buscar é a manifestação
da glória de Deus e do Seu poder e força... Devemos deixar com
Deus, com Sua soberana sabedoria, decidir outorgar estes acontecimentos
ou não (veja nota 90).
Certamente ele está certo que nós não
devemos nos preocupar com manifestações exteriores, como cura
física em lugar de vida espiritual. Mas teriam os apóstolos realmente
orado, sem fazer menção dos sinais e prodígios, que demonstraram
ser importantes em confirmar a palavra da graça. (Atos 14:3; Hebreus
2:4; Marcos 16:20)? Eles não teriam de fato orado em Atos 4:30
para que Deus realizasse sinais e prodígios, e especialmente que
Ele estendesse Sua mão para curar? E Lloyd-Jones, ele mesmo disse
que os fenômenos são extremamente valiosos e necessários.
Não parece claro e óbvio que desta
forma Deus está chamando atenção para si e para seu trabalho através
de fenômenos incomuns? Não há coisa que atraia mais a atenção,
que este tipo de coisas, e isto é usado por Deus na extensão do
Seu reino para atrair, para chamar a atenção do povo (veja nota
91).
Certamente na visão de I Coríntios 14:1 e Atos 4:30 e da própria posição de Lloyd-Jones sobre os dons e fenômenos do Espírito, a resposta é: não deixar de orar por sinais e maravilhas, mas faze-lo com a motivação correta e em harmonia com todas as outras coisas importantes mencionadas nas Escrituras. Este equilíbrio e motivação são expressos
de forma bem clara, em uma de suas belas conclusões, que uso para
fechar esta mensagem:
Vamos juntos suplicar a Ele, implorar para que Ele o faça novamente. Não que necessariamente tenhamos experiências ou excitações, mas que Sua poderosa mão seja conhecida e Seu grande nome seja glorificado e magnificado entre o povo (veja nota 93). ![]() Querido irmãos, Que o estudo abaixo estimule o dia de vocês e a sua caminhada com Cristo: A APRESENTAÇÃO DO EVANGELHO Por Martyn Lloyd-Jones A apresentação do evangelho é assunto
sempre importante, pelas conseqüências eternas que dependem
da nossa atitude para com o evangelho. Para mim não há necessidade
de argumentar que é especialmente importante nos dias atuais
por duas razões: a apostasia geral, o fracasso da parte das
igrejas em não apresentarem o evangelho de Jesus do modo como
deveria ser apresentado; e a conseqüente impiedade e o consumado
materialismo que crescentemente, caracterizam a vida do povo.
Também é um assunto de urgente importância, em face da natureza
dos tempos pelos quais estamos passando. A vida é sempre incerta,
mas é excepcionalmente incerta hoje. (...)
Que privilégio maravilhoso o Senhor
Deus Todo-poderoso confiar a homens como nós esta obra de propagar
e pregar o evangelho! Ao mesmo tempo é uma responsabilidade
tremenda. (...)
Este assunto é tão amplo e importante
que, obviamente, é impossível tratar dele adequadamente numa
só preleção. Tudo o que posso fazer é selecionar o que considero
como alguns dos mais importantes princípios relacionados com
ele; procurarei ser tão prático quanto poder. (...)
Agora se me fosse pedido falar sobre
este assunto em certos círculos, meu primeiro trabalho seria
tentar definir a natureza do evangelho, e eu iria adiante e
perguntaria: o que é o evangelho? Em muitos círculos as pessoas
se extraviaram; caíram em heresias; pregam um evangelho que,
para nós, não é evangelho nenhum. Pode ser que alguns de vocês
perguntem: "Será necessário gastar tanto tempo no estudo da
apresentação do evangelho? Não seria uma coisa que podemos considerar
ponto pacífico? Se o homem crê no evangelho, ele está incumbido
de apresentá-lo do jeito certo. Se um homem é ortodoxo e crê
nas coisas certas, a sua aplicação do que ele crê é algo que
cuidará de si mesmo". Isso, para mim é um erro muito grave;
e quem quer que seja tentado a falar assim, não somente ignora
a sua própria fraqueza, porém, ainda mais, ignora o adversário
das nossa almas, que está sempre tentando frustrar a obra de
Deus.
(...) Tomo como prova dois exemplos:
Há, por exemplo, homens que parecem evangélicos em sua crença
e doutrina; são perfeitamente ortodoxos em sua fé e, todavia,
a obra que realizam é completamente infrutífera. Jamais conseguem
quaisquer resultados; nunca ficam sabendo de algum convertido
resultante do seu trabalho e do seu ministério. Eles são tão
firmes quanto você, entretanto o ministério deles não leva a
nada. Por outro lado - e esta é a minha Segunda prova - há aqueles
que parecem conseguir resultados fenomenais do seu trabalho
e dos seus esforços. Empreendem uma campanha, ou pregam um sermão
e, como resultado, há numerosas decisões por Cristo, ou o que
eles chamam de "conversões". Contudo, muitos desses resultados
não duram; não são permanentes; são apenas de natureza temporária
ou passageira. Qual a explicação desses dois casos? (...) Há
uma lacuna entre o que o homem crê e o que ele apresenta em
seu ensino ou pregação. O perigo quanto ao primeiro tipo é o
de apenas falar ACERCA do evangelho, exulta nele; porém, em
vez de pregar o evangelho, ele o elogia, diz coisas maravilhosas
sobre ele. O tempo todo fica simplesmente falando sobre o evangelho,
em vez de apresentar o evangelho. O resultado é que, embora
o homem seja altamente ortodoxo e firme, o seu ministério não
mostra resultado nenhum.
O perigo quanto ao segundo homem
é o de interessar-se tanto e preocupar-se tanto pela aplicação
do evangelho e pela obtenção de resultados, que deixa abrir-se
uma brecha entre o que ele está apresentando (aquilo que ele
crê) e a concreta obtenção dos resultados propriamente dito.
Como eu disse, não basta você crer na verdade; você deve ter
o cuidado de aplicar da maneira certa o que você crê.
Métodos de Estudo
Há dois meios principais pelos quais
podemos estudar este assunto da apresentação do evangelho. O
primeiro é estudar a Bíblia mesma, com especial referência a
Atos dos apóstolos e às Epístolas do Novo Testamento. Isso deve
ser posto em primeiro lugar, se queremos saber como se faz este
trabalho. Devemos retornar ao nosso livro-texto, a Bíblia. Devemos
retornar ao modelo primitivo, à norma, ao padrão. Em Atos, e
nas Epístolas é-nos dito, uma vez por todas, o que é a Igreja
Cristã e como é, e como se deve realizar a sua obra. Devemos
sempre certificar-nos de que os nosso métodos estão em harmonia
com o ensino do Novo Testamento.
O segundo método é suplementar; é
fazer um estudo da história da Igreja Cristã subseqüente aos
tempos do Novo Testamento. Podemos concentrar-nos especialmente
na história dos avivamentos e dos grandes despertamentos espirituais;
e também podemos ler biografias dos homens que no passado foram
grandemente honrados por Deus em sua apresentação do evangelho.
Mas devemos notar aqui um princípio da maior importância. Quando
digo que é bom fazer um retrospecto e ler a história do passado
e as biografias de grandes homens que Deus usou no passado,
espero que esteja claro em nossas mentes que precisamos retornar
para além dos últimos 100 anos. Vejo muitos bons evangélicos
que parecem ser de opinião que não houve nenhum real labor evangelístico
até por volta de 1870. Há os que parecem pensar que não se conheceu
obra evangelística antes do surgimento de Moody. Conquanto demos
graças a Deus pela gloriosa obra realizada nos últimos 100 anos,
eu os conclamo a fazerem um estudo completo da história pretérita
da Igreja. Vão até o século dezoito. Vão até o tempo dos puritanos,
e para mais atrás ainda, à Reforma Protestante. Retrocedam mais
ainda, e estudem a história daqueles grupos de evangélicos que
viveram no continente europeu na época em que o catolicismo
romano detinha o poder supremo. Vão direto aos Pais Primitivos
que defendiam idéias evangélicas. É uma história que pode ser
rastreada ininterruptamente até a própria Igreja Primitiva.
Esse estudo é de importância vital, para que não venhamos a
supor, em função de uma falsa visão da história, que a obra
evangelístico só pode ser feita de uma certa maneira e com a
aplicação e o uso de certos métodos.
Eu gostaria de recomendar a vocês
um bem completo estudo daquele teólogo americano, Jonathan Edward.
Foi uma grande revelação para mim, descobrir que um homem que
pregava como ele podia ser honrado por Deus como o foi, e Ter
tão grandes resultados para o seu ministério como teve. Ele
era um grande erudito e filósofo, que redigia cada palavra dos
seus sermões. Tinha vista fraca, e costumava ficar no púlpito
com o seu manuscrito numa das mãos e uma vela na outra e, conforme
lia o seu sermão, homens não somente foram convertidos, mas
alguns deles literalmente caíam no chão sob a convicção de pecado
sob o poder do Espírito. Quando pensamos na obra evangelístico
em termos de evangelização popular dos 100 anos recém-passados,
acho que poderíamos ser tentados a dizer que um homem que pregasse
daquela maneira não teria a menor possibilidade de obter conversões
. todavia, ele foi um homem usado por Deus no Grande Despertamentos
ocorrido no século 18. Assim, eu os concito a se entregarem
completamente ao estudo da história da Igreja e das coisas grandiosas
que Deus fez em várias eras e períodos. Aí estão, pois, as duas
linhas mestras que seguiremos na abordagem deste assunto - o
estudo da Bíblia e um estudo da Igreja Cristã.
Os Princípios Fundamentais
O objetivo supremo desta obra é glorificar
a Deus. Esse é o ponto central. Esse ;é o objetivo que deve
dominar e sobrepujar todos os demais. O primeiro objetivo da
pregação do evangelho não é salvar almas; É GLORIFICAR A DEUS.
Não se tolerará que nenhuma outra coisa, por melhor que seja
nem por mais nobre, usurpe esse primeiro lugar.
O único poder que realmente pode
realizar esta obra é o Espírito Santo. Quaisquer que sejam os
dons naturais que um homem possua , o que quer que um homem
seja capaz de fazer como resultado das suas propensões naturais,
o trabalho de apresentar o evangelho e de levar àquele supremo
objetivo de glorificar a Deus na salvação dos homem, é um trabalho
que só pode ser feito pelo Espírito Santo. Vocês vêem isso no
próprio Novo Testamento. Sem o Espírito, é-nos dito, não podemos
fazer nada. (Desde os tempos bíblicos até a história da igreja
nos mostra que somente através da obra do Espírito Santo é que
o evangelho foi pregado com poder e autoridade).
O único e exclusivo meio pela qual
o Espírito Santo opera é a Palavra de Deus. Isso é algo que
se pode provar facilmente. Vejam o sermão que foi pregado por
Pedro no dia de Pentecostes. O que ele fez realmente foi expor
as Escrituras. Ele não se levantou para relatar as suas experiências
pessoais. Ele deu a conhecer as Escrituras; esse foi sempre
o seu método. E esse é também o método característico de Paulo,
como se vê em Atos 17:2: "disputou com eles sobre as Escrituras".
No trato com o carcereiro de Filipos, vocês vêem que ele pregou-lhe
Jesus Cristo e a Palavra do Senhor. Vocês recordarão as suas
palavras na Primeira Epístola a Timóteo, onde ele diz que a
vontade de Deus ;e que todos os homem sejam salvos e sejam levados
ao conhecimento da verdade (1 Tm.2:4).
O meio usado pelo Espírito Santo é a verdade. A verdadeira motivação para a evangelização deve provir da apreensão destes princípios. E, portanto, de um zelo pela honra e glória de Deus e de um amor pelas almas dos homens. Há um constante perigo de erro e
de =heresia, mesmo entre os mais sinceros, e também o perigo
de um falso zelo e do emprego de métodos antibíblicos. Não há
nada sobre o que somos exortados mais vezes no Novo Testamento
do que sobre a necessidade de constante auto-exame e de retorno
às Escrituras.
Aí, penso eu, vocês têm cinco princípios
fundamentais claramente ensinados na Palavra de Deus e confirmados
profusamente na subseqüente história da Igreja Cristã.
A Aplicação dos Princípios
Isto me leva à Segunda divisão principal
do nosso assunto, que é a aplicação desses princípios à obra
concreta da apresentação do evangelho. Este é um assunto que
se divide naturalmente em duas partes principais. Há primeiro
a obra de evangelização, e depois a obra de edificação e instrução
na justiça.
A Evangelização e os Seus Perigos
O primeiro é o de exaltar a decisão
como tal, e este é um perigo especialmente quando vocês estão
trabalhando com jovens (...). Mostra-se às vezes no uso da música.
(...) Fiam-se na música e no cântico de coros para produzirem
o efeito desejado e de ocasionarem decisão. (...) Há os que
tem o Dom de contar histórias de maneira comovente e eficaz.
Outros parecem por a sua confiança no encanto pessoal do orador.(...)
O segundo perigo é que as pessoas
podem chegar a uma decisão resultante de um falso motivo. Às
vezes as pessoas se decidem por Cristo simplesmente porque estão
desejosas de ter a experiência que outros tiveram (...) Ou pode
ser o desejo de Ter este maravilhoso tipo de vida do qual lhe
falaram. O evangelho de Jesus Cristo dá-nos uma vida da maravilhosa,
e louvamos a Deus por isso, mas a verdadeira razão para nos
tornarmos cristãos não é que tenhamos uma vida maravilhosa;
é, antes, que estejamos em correta relação com Deus. Às vezes
Cristo é apresentado como herói. (...) poderá ser que (...)
se unam a nossa classe bíblica ou à nossa Igreja simplesmente
porque a mensagem atraiu o seu instinto heróico. (...)
E, a seguir, o último perigo que
desejo acentuar sob o presente título, é a terrível falácia
de apresentar o evangelho em termos de "Cristo precisa de você",
e de dar a impressão de que, se o rapaz não se decide por Cristo,
é um mal sujeito. (...)
Devemos apresentar a verdade; esta
terá que ser uma exposição positiva do ensino da Palavra de
Deus. Primeiro e acima de tudo, devemos mostrar aos homens a
condição em que se acham por natureza, à vista de Deus. Devemos
levá-los a ver que, independentemente do que façamos e do que
tenhamos feito, todos nós nascemos com "filhos da ira"; nascemos
num estado de condenação, culpados aos olhos de Deus; fomos
concebidos em pecado e fomos formados em iniqüidade. Isso vem
em primeiro lugar.
Feito isso, devemos prosseguir e
demonstrar a enormidade do pecado. Não significa apenas que
devemos mostrar a iniqüidade de certos pecados. Não há nada
que seja tão vital como a distinção entre pecado e pecados.
(...) Depois devemos conclamar os nossos ouvintes a confessarem
e a reconhecerem os seus pecados diante de Deus e dos homens.
E então devemos ir adiante e apresentar a gloriosa e estupenda
oferta de salvação gratuita , que se acha unicamente em Jesus
Cristo, e Este crucificado. A única decisão, que é do mais diminuto
valor, é a que se baseia na compreensão dessa verdade. Podemos
fazer os homens se decidirem como resultado dos nossos cânticos,
como resultado do encanto da nossa personalidade, mas o nosso
dever não conseguir seguidores pessoais. O nosso dever não é
simplesmente aumentar o tamanho das nossas classes de estudo
da Bíblia ou das organizações e igrejas. O nosso dever é reconciliar
almas com Deus. Repito que não há nenhum valor numa decisão
que não esteja baseada na aceitação da verdade.
A Edificação
A minha Segunda subdivisão relacionada
com a apresentação do evangelho é a obra de edificação. Este
é um grande tema, e tudo o que eu posso fazer é simplesmente
lançar certos princípios. Em nenhuma oura parte o perigo de
um falso método é mais real do que esta particular questão de
edificação, como o que me refiro ao ensino concernente à santificação
e à santidade. Não se pode ler o Novo Testamento sem perceber
logo Que a Igreja Primitiva reagia contra problemas, perigos
e heresias incipientes que a assediavam. Havia os que diziam,
por exemplo: "Continuemos no pecado para que a graça seja mais
abundante". Havia os que diziam que, contanto que você fosse
cristão, não importava o que você tinha feito, que, contanto
que você estivesse certo em suas crenças, o seu corpo não importava
e você podia pecar o quanto quisesse. Isto é conhecido como
antinomianismo. Havia os que se diziam sem pecados. Havia os
que partiam em busca de "conhecimento", que alegavam Ter alguma
experiência esotérica especial que os outros , cristãos inferiores,
ignoravam. (...)
Se posso fazer um sumário de todos
esses perigos, é o perigo de isolar um texto ou uma idéia e
construir um sistema em torno dele, em vez de comparar Escritura
com Escritura. Isso é procurar atalho no mundo espiritual. As
pessoas tentam chegar à santificação com um só movimento, e
assim se privam do processo descrito no Novo Testamento. A maneira
de evitar esse perigo é estudar o Novo Testamento, especialmente
as Epístolas. Devemos ter o cuidado de não tomar um incidente
dos Evangelhos e tecer uma teoria em torno dele(...) Devemos
compreender que o nosso padrão nesta questão particular(santidade/santificação)
acha-se nas Epístolas.(...)
Conclusão
Permitam-me resumir tudo o que eu
venho tentando dizer, da maneira seguinte: se vocês quiserem
ser competentes ministros do evangelho, se quiserem apresentar
a verdade de modo certo e verdadeiro, terão que ser estudantes
assíduos da Palavra de Deus, terão de lê-la sem cessar. Terão
que ler todos os bons livros que os ajudem a entendê-la e os
melhores comentários da Bíblia que puderem encontrar. Terão
que ler o que denomino teologia bíblica, a explicação das grandes
doutrinas do Novo Testamento, para que venham a entendê-las
cada vez mais claramente e, daí, sejam capazes de apresentá-las
com clareza cada vez maior aos que venham ouvi-los. A obra do
ministério não consiste meramente em oferecer a nossa experiência
pessoal, ou em falar das nossa vidas ou das vidas de outros,
mas sim, em apresentar a verdade de Deus de maneira tão simples
e clara quanto possível. E o jeito de fazer isso é estudar a
Palavra e toda e qualquer coisa que nos ajude nessa tarefa suprema.
Talvez vocês me perguntem: quem é
suficiente para estas coisas? Temos outras coisas que fazer;
somos homens ocupados. Como poderemos fazer o que você nos pede
que façamos? Minha resposta é que nenhum de nós é suficiente
para estas coisas, todavia Deus pode capacitar-nos para fazê-las,
se de fato estamos desejosos de servi-lO. Não me impressionam
muito esses grandes argumentos de que vocês são homens ocupados,
de que vocês têm que fazer muitas coisas no mundo e, por isso,
não têm tempo de ler estes livros sobre a Bíblia e de estudar
teologia, e por esta boa razão: alguns dos melhores teólogos
que conheci, alguns dos mais santos, alguns dos homens mais
culto, tiveram que trabalhar mais duro que qualquer de vocês
e, ao mesmo tempo, foram-lhes negadas as vantagens que vocês
gozam. "Querer é poder". Se eu e vocês estivermos preocupados
com as almas perdidas, jamais deveremos alegar que não temos
tempo para preparar-nos para este grande ministério; temos que
fabricar tempo. Temos que aparelhar-nos para a tarefa, consciente
da séria e Terrível responsabilidade da obra. Temos que estudar,
trabalhar, suar e orar para podermos conhecer a verdade cada
vez mais e cada vez mais perfeitamente. Temos que pôr em prática
em nossas vidas as palavras que se acham em 1 Tm.4:12-16. Conceda-nos
Deus a graça e o poder para fazê-lo, para a honra e a glória
do Seu santo nome.
Notas sobre o autor:
Dr. David Martyn Lloyd-Jones (1898-1981)
é descrito como "o melhor pregador contemporâneo". Aos 23 anos
de idade era chefe assistente clínico de Sir Thomas Horder,
o médico do rei da Inglaterra. Inesperadamente aos 27 anos,
voltou ao País de Gales, sua terra natal, com o coração ardendo
pela salvação dos seus compatriotas. Abandonou sua carreira
medicinal para servir um pastor na Igreja Presbiteriana em Sandfields
(Reino Unido) de 1927 a 1938.
Seus ensinos eram respeitados por
muitos, inclusive G. Campbell Morgan. Depois de 12 anos pastoreando
aquele rebanho, o "Doutor", título pelo qual foi afetuosamente
conhecido, voltou para Londres, onde ocupou por mais de 30 anos
o púlpito da Capela de Westminster. Aceitou a função de pastor
associado do Dr. Morgan em 1938 e em 1943, quando Dr. Morgan
se aposentou, Lloyd-Jones o sucedeu como Pastor da Capela de
Westminster.
Em 1981, o grande médico, pregador
e líder cristão partiu para encontrar-se com Aquele que o chamara
e capacitara, deixando-nos um legado que continua mantendo viva
sua obra a ministério. Ele foi um homem que, em termos da sua
influência, viveu em vários mundos a um só tempo. De 1938 em
diante, ele pastoreou uma igreja no centro de Londres.
Simultaneamente, era comum fazer
a obra de evangelista itinerante durante a semana, pregando
em igreja a convites, ou às vezes participando de missões dirigidas
aos estudantes. Centenas de pessoas que conheceram o Dr. Lloyd-Jones,
podiam dizer com o Dr. James I. Packer: "Sei que, em grande
parte, a minha visão atual é o que é porque ele foi o que foi
e, sem dúvida, a sua influência foi mais profunda do que eu
poderia delinear". Seus livros em português foram editados pela
Editora PES, entre eles o extenso, conhecido e grandemente apreciado
comentário sobre o livro de Romanos.
Wesley Porfírio _ 7/2004
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