O
QUE EU VEJO ACONTECENDO? É O QUE ME PERGUNTAM!
Rev. Caio
Fabio
Eu
não me sinto na obrigação de saber mais nada. Esta é a boa parte de ter perdido
muito, sofrido demais, e aprendido o significado do que é humano, para o bem e
para o mal.
Houve um tempo em que
todos vinham a mim para saber o que eu estava “vendo”. Nesse tempo, eu
expressava sinceramente aquilo que eu intuía, discernia pela observação, e cria
com a melhor esperança.
E muita coisa aconteceu...para o bem e para o mal.
Para o bem eu creio ter visto
e dito muitas coisas.
Aí por volta de 1982 eu cri que a Igreja
Evangélica poderia ainda ser uma força transformadora na sociedade brasileira.
Eu olhava em volta e enxergava uma nova geração que dava ouvidos ao que era
bíblico, sadio e equilibrado.
Pela fé eu via um Avivamento Integral
acontecendo. Meus livros “Novos Ministros Para Uma Nova Realidade” e “Um Projeto
de Espiritualidade Integral”—publicados pela primeira
vez por iniciativa de Ricardo Barbosa e Rubem Amorese,
conquanto tenham aparecido na forma escrita quatro anos mais tarde, já faziam
parte das coisas que eu cria, via, sonhava e dizia desde antes.
Cri que a
“igreja” poderia ser Igreja, com cara de Reino, no solo
brasileiro.
Então...
De repente veio a
política e bagunçou tudo.
E também vieram a público
os missionários e os bispos e tornaram tudo indiscernível aos olhos da
maioria.
Em 1989 meus antes companheiros de caminhada, alguns deles,
começaram a achar que eu havia ficado muito indefinido. Queriam que eu dissesse
que era simpatizante da Teologia da Libertação, e que fizesse uma opção cristã
socialista. Achavam que era o único passo coerente a ser dado por mim. Outros
criam que eu me tornaria um traidor da caminhada, virando um evangelista
internacional--coisa brega--e renegando meus vínculos com a
caminhada.
Houve muitos que me escreveram a esse respeito. E houve quem
profetizasse...
Todos se frustraram...
Neguei-me categoricamente a
ser, a não ser, a confirmar, ou a negar qualquer coisa. Foi a primeira vez que senti que alguns que eu pensava como
amigos, me olhavam com olhos não tão abençoadores.
Então vieram os
livros “Elias está nas Ruas”, e “Jonas, o sucesso do Fracasso”, e que afirmavam
por escrito as minhas convicções, que ainda são as mesmas.
Também sonhei
que a AEVB (Ass. Evangélica Brasileira) poderia ser uma voz lúcida e integral em
suas preocupações, conforme o evangelho. E cri que com tanta gente dizendo que
precisávamos de uma entidade daquele tipo, todos os irmãos de “boa vontade”
pulariam dentro. Muitos vieram, mas os maiores “aliados de confissão”, antes;
agora estavam distantes, observativos, meio críticos,
e com olhares que falavam de desconfiança, ou de não
comprometimento.
Sonhei muito...mas fora dessas
coisas. Essas eram para os outros...eu gostava mesmo
era de sonhar os meus sonhos, pois já vinham prontos.
Durante anos, os
sonhos que melhor se realizavam para mim eram aqueles que eu sonhava sem
“parceria”.
Os sonhos que eu sonhava na Vinde e
na Fábrica de Esperança sempre davam certo, com pouquíssimas exceções. E isso
com muito aperto financeiro.
Eu tinha muita alegria de fazer o que eu fazia,
com a liberdade com a qual fazia, e com as pessoas com quem fazia.
O
tempo todo, entretanto, e os testemunhos são documentais, eu anunciei, com
triste certeza, que se não houvesse um banho de Deus na “igreja”, do jeito que
as “teologias”, as “ideologias”, e as “doutrinas” estavam
crescendo—e
a IURD capeta-neava
o processo—, o cenário geral ficaria
exatamente do jeito que ficou.
Vi todos esses apóstolos e bispos saírem
de suas calças curtas ministeriais. Alguns já foram um
dia moços sinceros. Depois é que foram engolidos pela inveja, tomando o
caminho de Caim; sendo cheios de ganância, seguindo na
vereda de Balaão, que induziu os filhos de Deus a não
saber fazer a diferença; e estão perecendo na revolta de Coré, na promoção das mais sutis e anti-bíblicas doutrinas—que chegam com poder de sedução sobre
a ignorância humana—que a História da Igreja já viu grassar de modo “popular”,
criando rapidamente uma Babel.
Hoje
me perguntam o que eu vejo.
Eu não vejo nada!
Não ouço
nada!
Há silêncio no céu!
Meia hora...
Mas o que vem por aí é
um estrepitoso estrondo. Deus falará!
Quanto à “igreja”, ela
ficará para sempre aí...aprontando outras perversões de
si mesma. Todavia, também dentro da “igreja”, haverá alguns beacons, alguns luzeiros na noite escura, para ser
testemunho para os de dentro.
Eu creio, no entanto, que Deus está
preparando a “igreja evangélica” para ficar com muito ciúme, por ter vendido o
seu direito de primogenitura por um respasto de poder
político, e bobas seduções que cativam a alma enquanto afirmam o signo de sua
própria mediocridade.
Deus tem muito povo neste país. E Deus ama a
milhões que têm fortes razões para detestar a “igreja evangélica”. Esses terão
que se converter primeiro, a fim de poderem olhar com misericórdia para a
“igreja evangélica”.
Sinceramente, amados: problema dos
evangélicos!
Deus não vai deixar de
falar só porque quem deveria falar, resolveu inventar outra
mensagem.
Ele já deixou os judeus
mortos de ciúmes;
depois
os católicos;
depois
os protestantes; agora Ele deixará os evangélicos.
Nós ainda não aprendemos
que Deus não depende em nada de nós. É meu privilégio servi-Lo, mas Ele não está encurralado em
mim.
Quando Ele
quer,
as
pedras clamam,
os
jumentos profetizam,
os
galos cocorocam à
consciência,
e
até Deus se faz de marido corno—em Oséias—a fim de se expressar.
Sim, Deus
fala!
Muita gente irá conhecê-Lo...
E os que hoje estão jogando fora a chance de viver em Cristo com pureza de fé, e sem
invencionice, verão o que Deus fará, mas eles mesmos não saberão como entrar, à
menos que se convertam radicalmente à Graça de Deus, o que implica em deixar de
lado a arrogância e a soberba, e quebrantarem-se humildemente, buscando ver em
cada irmão, apenas um irmão, não um adversário.
Nesse dia, a misericórdia
triunfará por um pouco de tempo sobre as presentes forças do juízo; e muitos
enxergarão a Graça de Deus pela expressão do amor prático e fraterno com o qual
nos amaremos e nos ajudaremos uns aos outros, curados do demônio da malandragem,
da cobiça, da ganância, e das importâncias de qualquer poder.
Nele,
Caio