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Caio
Fábio D'Aráujo Filho - C@fé.com.graça
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msg 03 ) 24/01/2003 : O Deus Que Fala do Meio de Um Redemoinho
"Depois disto, o Senhor, do meio de um redemoinho, respondeu
a Jó..."
Jó foi o homem que conheceu o poder construtivo das perdas.
Perdeu tudo. Perdeu todos. Os filhos haviam morrido, seus bens roubados
ou devastados pelas catástrofes que sobre ele se abateram.
Sua saúde é atingida de tal modo que ele fica por
um fio: incapaz de viver e incapaz de morrer-existindo no limbo
onde nem a vida e nem a morte lhe são possibilidades de alívio.
Sua mulher se des-casa de sua dor. Seus servos já não
o reconhecem. Sua dignidade e virtudes antes aclamadas, são
agora interpretadas por quase todos como uma grande falsificação.
E, por último, perde os amigos, que interpretam sua calamidade
como um juízo divino sobre a sua vida.
Jó ficou só. E a companhia de seus amigos acusadores
se lhe tornou presença idêntica a do Acusador. Seus
amigos, sem o saberem, haviam se tornado mais danosos à sua
alma que Satanás.
Jó quer saber o por quê. Geme. Pede a morte. Deseja
ser um aborto. Amaldiçoa o dia de seu nascimento. Denuncia
a História Humana como cenário do Absurdo e da Injustiça.
E, diante dos amigos, nega-se a confessar-se para além do
que já dissera.
Jó se permite sofrer. Jó conhece a Indisponibilidade
de Deus e dos homens e começa a adoecer de um mal maior.
Jó estava ficando amargurado com as interpretações
homens e com o silêncio de Deus.. E no seu desespero, ele
constitui Deus seu Advogado contra Deus e os homens.
As vozes tanto dos juízos humanos de seus amigos quanto as
dos clamores de Jó cessam apenas quando Deus "responde"
a Jó do meio de um redemoinho!
Sempre me perguntei por quê Deus falou a Jó do "meio
de um redemoinho". Ora, a vida de Jó estava sob total
poder avassalador. Sua existência havia sido "varrida"
pela força daquele diabólico "tornado" que
destruíra tudo o que ele amava e havia construído.
Daí, então, a imagem ser perfeita.
Era como se Deus dissesse: "Eu estou no meio de teus tormentos!"
O fato mais interessante é que o "meio do redemoinho"
é um lugar de paz. Hoje sabemos que no "olhinho",
no centro das tensões que formam o fenômeno do redemoinho,
existe um silêncio total, uma calma absolutamente chocante,
uma "causa-paz" que contraria o "efeito-catastrofe"
por ele manifesto. E aqui há uma "parábola".
Isto porque o redemoinho é produto de uma relação
de causa e efeito estudável no universo das leis fixas. Mas,
estranhamente, existe uma "contradição"
nele, pois, no meio da devastação existe um lugar
oposto, um lugar de paz. E é desse "lugar" que
Deus fala a Jó. E, assim, Deus usa um fenômeno de "causa
e efeito" a fim de manifestar a "não-causalidade"
dos efeitos que Jó experimentava na carne. Jó era
vítima de fenômenos físicos e espirituais, mas
seu Deus continuava o mesmo e não havia se permitido mudar
pelas tormentas que quase mataram Seu "amigo Jó".
Na maioria das vezes é no meio do redemoinho onde se encontra
a maior Graça.
Caio Fábio