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DONDO .
Noemia Cessito
2/11/05
Hoje terça feira, as mulheres do grupo de Nutrição vieram ao
Centro de Apoio a Comunidade...
O nome Nutrição é falso.
Algumas vem para tratamento no Posto, mas algumas vem para falar
comigo.
São 50 mulheres positivas, aliás 49, uma desistiu porque o marido
disse que ela não esta doente nada, que querem é tirar o sangue
dela, por isso que pedem exame de sangue.
Ela acreditou nele, e desistiu...
Dessas 49 num grupo de 8, existem 26 crianças, faça multipilacação
e verá quantas crianças vão ficar desamparadas se essas mães
nao forem ajudadas.
São 49 mulheres contaminadas com Aids, a maioria por seus
maridos, com bebes tambem positivos.
Todas as terças e quintas elas vem para conversar comigo.
Mas ja começo a ter medo...
Já não tenho mais respostas a tanta dor e sofrimento.
Já não posso mais parar de chorar quando ouço o lamento da fome,
a necessidade de desamamentar, e a falta do leite.
Já não posso mais parar de chorar, quando olho os pézinhos inchados
dos bebes de 1 ano, 2, que pesam 5, 6 kgs.
Já não posso parar de chorar..quando sento na mesa e agradeço
o pão, e me lembro daqueles rostos tristes dizendo: Irmã, me
ajuda não tenho nada de comer em casa!
Irmã me ajuda, minha criança não tem leite, esta anemica, porque
ja não posso mais amamentar.
Irmã me ajuda, me arranja pelo menos um pouquinho de papa.
Quando alguem disse a Olivia que Agostinho foi um grande homem...ela
disse que sorte a dele, pois meu filho é um desgraçado.
Choramos com Olivia, com o rosto triste, ali em pé, positiva,
com seu pequeno Agostinho de 3 meses nos braços, que ainda nasceu
com os pés virados para trás, a cabeça cheia de feridas, mas
seguro por ela como o seu bem mais precioso. O seu marido
morreu, o irmão morreu, e tudo que restou foi uma casa vazia,
2 crianças e sua velha mãe, que tinha ido a floresta carregar
lenha, para conseguirem alguma coisa para comer. Olivia
não pode ajudar, esta doente.
Joana, doente, perdeu seu bebe recentemente, não apareceu na
Igreja, sempre vinha descalça; nao foi tambem nas consultas.
Consegui um par de sapatos para ela, só que não encontrava com
ela. Os visitadores foram a sua casa, Joana não estava.
Alta, magra, com os olhos saindo para fora por causa da doença...onde
estava Joana? Domingo veio a Igreja e contou, estava na
floresta cortando lenha para vender e comer, levam quase uma
semana para conseguirem 5 dolares, que não duram 3 dias para
acabar.
Quem não vai chorar.
Quem pode orar sem pensar nessa gente.
Quem pode dormir tranquila sem antes fazer uma prece de socorro...
Nunca desejei ser rica, mas desejei nesses dias poder ter algo
para dar a essa gente...mas que o evangelho pregado, o vivido,
aquele da multiplicação do pão e do peixe.
Queria dar para elas um Natal...
Um dia de festa.
Uma roupa, um sapato, uma lata de leite, um pouco de farinha
e fazer acontecer um momento de felicidade, para quem não tem
esperança do amanhã.
As vezes temos tanto e não agradecemos.
As vezes temos tanto e não dividimos.
As vezes temos lagrimas e não choramos.
Mas eu meus irmãos e amigos, no meio dessa gente.
Já não posso mais parar de chorar.
E quando choro, choro por mim e por voce, que tem a chance de
mudar vidas, e não faz nada.
Choro por voce que podia fazer algo, por essa gente, e por outros
que precisam de Deus urgentemente...
Choro por mim, meus limites,
Choro por essa gente que olha para mim, como se eu pudesse fazer
alguma coisa.
Mas sem Deus , e sem voce.
Eu não posso fazer nada.
Por isso enquanto voce silenciar, e não deixar Deus te usar.
Já não posso mais parar de chorar
Noemia Cessito
Projecto Vida
Dondo
22/10/05 Quando eu era pequena, eu viajava com meu pai (avô)
para o interior de S.Paulo, eu fui a neta mais velha, mas ele
me criou como a caçula dele.
Ninguem teve esse previlégio que eu tive, fazer parte das viagens
missionárias com meu avô, meu pai.
Eu não sei se nesse tempo, eu ja sabia que queria ser missionária,
mas eu gostava das viagens, ele pregava eu cantava...era muito
paparicada.
Fazíamos isso nas férias dele, que agora entendo, por coincidência
batiam com as minhas, íamos para o interior de S. Paulo, papai
pregava e eu cantava, mais tarde, ele pregava, eu cantava e
fazia trabalho com as crianças.
Entre eu e meu pai, havia quase uma diferença de 50 anos, mas
viajavamos tão bem, eu nem sabia que estavamos fazendo missões.
Ouvindo outros missionários, eu guardei em mente que fazer missões,
era pregar, distribuir folhetos, enfim evangelizar.
E um dia Deus completou o motivo para o qual eu nasci: Servi-lo.
Então eu entendi, Missões é Servir a Deus, de todos os modos,
onde ninguem quer ir, ou onde só voce pode ir, ou no meio de
muitos, mas com missões especiais, para voce, missionario.
Eu vim a Africa por causa das crianças. Mas quando cheguei,
era díficil ser missionária de crianças.
O país era Comunista, e ainda não tinha alguém que ministrasse
apenas as crianças.
Hoje 21 anos se vão, levei muitos para ser entendida no meu
ministério. Quando cheguei o país era comunista, e o governo
dizia que as crianças e os jovens eram propriedade deles, não
podiam ser catequisadas como diziam. A própria cultura
dizia que numa casa, o último a ser servido era a criança.
A Igreja colocava as crianças por último. Mas Deus me
trouxe a África por causa das crianças.
E um dia, dei meu grito de liberdade em dor, doeu muito.
Mas assumi o trabalho com as crianças, e então milagres aconteceram...
Por causa das crianças alcancei o coração dos pais.
Por causa das crianças, o templo da nossa Igreja foi ampliado.
Por causa das crianças, temos 2 Escolinhas e não mais por falta
de tempo, e mais pessoas preparadas.
Por causa das crianças, nasceu o Centro de Treinamento Infantil.
Por causa das crianças ganhei um carro alguns anos atrás
Por causa das crianças, tive acesso aos governantes da nossa
cidade e provincia e Instituiçoes governamentasi e Ongs
Por causa das crianças, conseguimos uma pequena fazendinha,
onde vamos criar animais, e plantar, para dar uma melhor alimentação,
para aquelas que estão conosco, é um pingo de água num oceano,
mas é água.
Por causa das crianças, retornei ao trabalho do hospital, e
nasceu o Projecto Vida.
Por causa das crianças, temos acesso livre ao Hospital, e atendimentos,
a qualquer hora do dia ou noite, e abençoamos os outros missionários
que estão em Dondo, até Beira.
Por causa das crianças, temos acesso aos lares dos pais, amigos,
e levamos a palavra de Deus
Por causa das crianças, tenho amizade com muitos indianos, que
praticam diferentes religiões
Por causa das crianças, esta em construção a Escola El Shaddai,
que vai abrigar milhares de crianças, nao apenas no ensino educacional,
mas no ensino da vida, da Palavra de Deus
Por causa das crianças, temos um terreno esperando para construir
a Escola Padaria, que vai dar uma profissão as crianças, e fundos
para dar continuidade aos nossos Projectos.
Por causa das crianças, do sofrimento delas, eu sonhava com
um lugar onde elas pudessem vir, ler livros, um dia ver filmes
evangelicos na TV (agora não tem energia, o ladrão roubou todos
os fios do bairro), ouvir histórias, ter um tempo diferente,
num lugar de pobreza, prostituição, sofrimento, e tantas outras
coisas, um bairro que o HIV Sida (aids) vem tirando a vida de
tantos, e aumentando o numero de orfãos e viuvas.
Um lugar onde pudessem ter atendimento médico, para as crianças,
e a comunidade.
Um lugar onde o andarllho da estrada, que são muitos por causa
do desemprego, e da própria situação do país, os carregadores
de lenha, pois é caminho de retorno da floresta, a mãe que vem
da machamba, a mulher triste, o jovem desiludido, o doente,
pudessem encontrar um apoio, uma palavra um copo de água, Jesus,
.a fonte de vida eterna
Eu sonhava com um lugar assim...
Mas era sonho.
Um sonho caro demais, rico demais...um mini, mini,mini hospital.
Um lugar onde os doentes de HIV - Sida, pudessem ser aceitos
sem discriminação, pudessem vir para conversar, contar suas
tristezas, e encontrar a fonte de alegria Jesus.
Mas por causa das crianças, esse sonho se tornou realidade.
E ontem, ontem foi inaugurado o Centro de Apoio a Comunidade
e Posto de Saúde em Mafarinha.
Que já tem inscrito e em fase de apoio e orientação acima de
tudo evangelização, 50 mulheres sero positivas, muitas delas
em estado de pobreza absoluta, com 47criancãs de 0 a 2 nos tb
positivas.
Tudo por causa das crianças
Em um lugar, onde existem 7 mil curandeiros.
O Centro ontem brilhou, sem energia, brilhou
Porque a Gloria de Deus esta naquele lugar
E tudo isso aconteceu
Por causa das crianças .
Missões é servir,
E quando se serve Deus não tem limites para nos abençoar.
Obrigada, por me permitir servir a Deus através de Voce.
Tudo por causa das crianças.
Sabe porque?
Porque Delas é o reino dos Céus
Noemia Cessito
Dondo
Jerônimo _ 10/9/05
PADARIA Escola
A primeira parte do terreno ja e nossa.
Esta ali, esperando para ser construida.
Os alunos, estao esperando, sao meninos e meninas que
podem ter a vida mudada, com Jesus e uma profissão. Aqui
é tudo...sim Jesus é tudo, é nada, quando nao o apresentamos
as pessoas.
E mudar a vida dela por dentro e por fora, é a melhor
maneira de fazer Jesus conhecido e anunciado.
A prova do tempo certo, é o padeiro, ou a doceira...ou
voce vir e se empenhar nessa obra.
Vai ser uma benção e esta ali em frente a Escolinha Raio
de Sol, e atras da mesma.
Bem pertinho do Posto de Saude e da Missão.
Caminho da Escola El-Shaddai.
Quanto temos para Contrução?
Até agora nada, mas temos o terreno e a fé.
Falta voce, o que podes fazer por nós, qual a sua parte.
Seja orar, dar ...precisamos de voce
= = =
20/8/05 Enedina Negrão._ Acabo de ler as notícias. Obrigada.
Lendo as iformações do irmão Erlon Freitas que trabalha em Dondo,
pensei que ele, por vafor, poderia dar-me alguma notícia
da Missionária Noemia Cessito . Hospedei-me com ela em Dondo,
em 97 num projeto da APEC ( Aliança Pró Evangelização das Crianças).
Como foi abençoado aquele tempo ali! Nunca mais tive
quaisquer notícias dela.
Se ela inda reside lá, o immão poderia dar-lhe o nosso e-mail
e pedir que ela se comunique conosco?
Obrigada. Que o Senhor da
seara, abençoe e o fortifique dia a dia.
- - -
Quem tem muito contato com a Noemia Cessito
é o Pr.Luis/Comin , vamos repassar sua mensagem a ela ...
bem como pedir ao Pr.Luis que retransmita também .
Tem sido de extrema sensibilidade os momentos que passo lendo
a narrativa poética que a Noemia confere as oportunidades que
lhe surgem no dia a dia , segue um pouco do que temos recebido
dela .
yrorrito
:
- - -
Muito, muito obrigada por passar minha
mensagem à Noêmia. Ela já fez contato.
Louvo ao Senhor pelo ministério de vocês.
Grata, Enedina Negrão.
( Amém irmã Enedina q Deus continue a nos
usar , e sempre que puder enviar mais informações para o : www.uniaonet.com/apecpara.htm Muito
nos edificará poder compartilhar o dia a dia de voces . reenvio
esta mensagem para o Pr.João Sérgio e Viviene . Yro
)
26/2/05 Conheci Sebastiao quando voltava da Escola de meus filhos, dei lhe
boleia uma vez e nos tornamos amigos.
Ele tambem e estudante, deve ter uns 15,16 anos e como mora longe,
quando volto, dou lhe boleia, assim como a outros alunos das Escolas
que ficam no meu caminho.
Hoje Sebastiao me surpreendeu. Eu contei lhe que ja estamos
no sexto falecimento, em 17 dias, e ele disse-me; Irma, ontem
eu estava falando com os mais velhos (pessoas idosas) e eles falaram
que antigamente as pessoas nao morriam tanto como agora, por que
irma? Eu nao posso aceitar isso? Por que o povo de nossa terra
morre tanto?.
Entao eu tentei explicar a falta de amor, o egoismo, o distanciamento
de Deus, o homen e suas proprias escolhas...
Mas Sebastiao, ainda inconformado, me olhando em silencio... desceu
junto com os outros alunos, e meu coracao continuou a disparar.
Que terra estranha essa nossa, que Mocambique!?
As criancas nao tem o direito de crescerem, morrem muito cedo.
Os jovens nao podem amadurecer. Morrem.
O adulto, se consegue chegar ate la. Nao envelhece.
Morre
Nas campas, aquelas que tem data, as pessoas morrem entre 17 a 30
anos...dificilmente encontra se uma pessoa que envelheceu.
Por isso aqui uma pessoa de 35 anos e considerada velha.
Nesses 17 dias, vivemos entre hospital, necroterio, cemiterio e
casas de membros consolando(pregando). Cada consolacao, antigamente,
eram 7 dias, mas pelo numero de pessoas que morrem em seguida, fazemos
agora apenas 3 dias. Sao 3 dias de cultos que usamos para
consolar e anunciar um Deus que nao apenas consola, mas salva, liberta,cuida.
Num dos casos, uma professora da Escolinha, a mae morreu dia 11.02,
fomos a enterrar, literalmente, eles nao tinham pai, nem familia
que pudesse pelo menos comprar o caixao, ou abrir uma cova.
No dia 22 fomos a enterrar a Fernanda, ja a professora, 19 anos,
ambas contaminadas de forma diferentes, pelo HIV'Sida. Fernanda
entrou no hospital, em agonia, mas ainda falava, passado um tempo,
entrou em imenso sofrimento. Clamavamos a Deus para que a
levasse, amenizando sua dor. Mas ficou sem falar, comer...e
respirava aos poucos. As senhoras da Igreja, iam para dar
banho, enquanto comia levavamos alimento.
Ate que no domingo fui ve-la, logo cedo, disse lhe que estava indo
a Igreja. Os olhos de Fernanda brilharam, foi a unica vez
que vi qualquer sinal aparente de vida nela. Queria dizer
algo, mas ja nao emitia som algum, mas seus olhos me diziam me leva.
Ela teve tanto tempo e nao aproveitou. Nao foi a Igreja, nao
conviveu com os irmaos, ate que adoeceu... E tudo que era
segredo veio a luz.
Mais tarde depois do culto, os jovens da Igreja vieram ve-la.
Na hora da oracao eu nao fechei os olhos estava atras dela, e eu
pude ve-la olhando longamente para cada um dos jovens que chorando,
oravam por sua vida.
Na terca ainda sobrevivia, parecia estar em coma, mas ainda ouvia.
Cheguei perto dela, e falei lhe novamente do amor, de Jesus, que
estava a sua espera. Que com certeza, Ele estava com ela,
e que se ela tambem estivesse com ele, teriamos a certeza de nos
ver de novo. Orei quando acabei de orar, ela quase que grunia,
gemia, como se pudesse falar, com os olhos parados em mim.
Fui ver Fernanda de novo, no dia de seu funeral, no necroterio onde
tentavamos descobrir seu corpo. Foi pelos pes que a reconhecemos,
depois pela capulana que eu havia levado para ela. Vi seu
corpo, pequenino, sem vida, na pia onde as senhoras da Igreja se
preparavam para banhar, e colocar no caixao. Por que irma
as pessoas morrem tao cedo irma?
A pergunta de Sebastiao. Morrem sem deixar historia, sem futuro,
e as vezes sem passado. O pai de Fernanda morreu, a mae morreu,
Fernanda a mais velha da casa morreu...e sobraram 4 criancas menores,
sen pai, sem mae, sem irma, sem ninguem. Por que a familia
de Fernanda sao todos velhos e bebados...e ja estao condenados a
morte.
Essa e apenas a historia da Fernanda...nao falei dos outros que
morreram, daqueles que encontramos todos os dias os cortejos pelo
caminho, nao falei das horas gastas em cemiterios, nao
falei do Braz, do Eduardo, que sairam do hospital semi mortos, por
que ouviram falar de um curandeiro que salva a vida de moribundos...
Nao falei de seu Joao, jogado ali no leito de dor, mas que quer
dinheiro para fazer cerimonia aos espiritos , e assim recuperar
a saude, de seu Jorge, apodrecendo com furuncos, mas com a fe ainda
firme em Deus.
Num grupo de tantos, ele e unico...
Nao falei da Maria, do Joaozinho, da Celeste, e do Pedrinho que
ainda amamenta, e ja esta condenado a morte, por que sua mae esta
muito doente. Nao falei dos gemeos que ontem ficaram se mae,
por que ela morreu no parto.
Que responder ao Sebastiao, que teme tambem por sua vida?.
Como explicar-lhe que todos estamos condenados a morte, quando ele
quer tanto viver? E assiste todos os dias, outros a correrem
atras de espiritos, cerimonias, sacrificios...
Como lutar contra a tradicao, que leva o doente moribundo a sair
do hospital e fazer sacrificio de sangue, quando Jesus ja se fez
sacriticio por nos?
Como...
Levando corpos com vida e sem vida diariamente, dando banhos em
moribundos, pregando nos cemiterios e necroterios, servindo nas
Igrejas, missoes, ensinando as Criancas das Escolinhas, dos Centros
de Treinamento, ajudando os tristes, desamparados, enganados, desiludidos,
muitas vezes sendo incompreendidos, magoados, feridos, acusados...
Fazendo coisas que nunca aprendemos, nem em Seminarios, Instituicoes,
apenas com Deus.
E mais...e mais.
Tudo isso para responder a pergunta de Sebastiao, e evitar que mais
mortes ocorram e se elas ocorrerem que as pessoas tenham a certeza
de vida eterna.
Mas e perto de voce, ninguem esta morrendo?
Ninguem esta sofrendo?
Ninguem esta chorando?
Talvez ate voce mesmo!
Mas pare um pouco, veja o que voce tem, que ninguem tem e nao te
pode tirar.
Jesus.
Pare de pensar em voce mesmo, e de um pouco de si, para que a pergunta
de tantos Sebastiaos ou Sebastioes, seja respondida.
Pedido de oracao
Que Deus de descanso a nossa Igreja, muitas mortes, de membros e
familiares.
Por Sebastiao, para que ele conheca Jesus, o autor da vida
Por Jonatas e Ana, na Escola e Saude
Por Jeronimo, que alem de Pai e Esposo, e Pastor, Missionario,
motorista, coveiro, chefe de turma, conselheiro na Universidade,
ele tem que cuidar de nos, da Igreja, dos alunos da Universidade...
E com certeza nesse grupo, alguem esta sofrendo.
Por mim. A carga tem sido demais. Mas as bencaos,
sempre maiores.
Noemia Cessito
Dondo, Mocambique
MAR04 _ Por favor, passe essa mensagem a essa pessoa que me escreveu,
pode ajuda a compreender melhor o nosso sentimento, e trabalho.
Obrigada
Era noite quente que pedia chuva....
No nosso quarto de trabalho no Hospital, no Isolamento, mais alguem
perdera a vida. A irma que o acompanhava, saira do quarto correndo...ela
estava sofrendo, e sentara se em silencio do lado frio e escuro
do Hospital. Mas ao ver o corpo do irmao que estava sem vida sendo
carregado na Maca, ela se desesperou e começou a chorar. O enfermeiro
que estava sentado do lado escuro sem nenhuma emoçao disse aquela
senhora. Cala, deixe de chorar, pois se voce chorar vai atrapalhar
a viagem dele, e ele nao vai encontrar bom caminho, por que voce
esta chorando. Ouvi-o a dizer aquelas palavras, e fiquei em silencio.
Ja lhe falara tantas vezes que Jesus era o caminho, e unica forma
de ir para o Ceu era Jesus, mas ele nao entendia...e no mesmo momento
a senhora engoliu seco e parou de chorar. Mas hoje, eu so posso
dizer; Por favor deixem me chorar. Acordei cedo, o telefone tocou,
era minha amiga querida, ela mal conseguia respirar e dizia estar
se sentindo muito mal, e nem conseguia ir ao trabalho. Ela contraiu
do marido o Virus da Aids, mas vem lutando contra ele, por mais
de 5 anos, vendeu seus bens para comprar os medicamentos, foi morar
num lugar que nem se pode explicar, perdeu o emprego, e sua vida
deu uma virada para tras, que se nao fosse Jesus a frente, ela nao
suportaria. Mas desde da semana passada, que ela vem se sentindo
mal, e vem piorando cada dia. Num momento esta bem, no outro a respiraçao
lhe falta. O medico disse que o tipo de virus que ela contraiu,
pode mata-la a qualquer momento, e aquele que nao abate o corpo,
a pessoa parece estar normal, mas pode morrer de uma insuficienca
cardiaca, um resfriado, uma malaria, ou simplesmente uma dor de
cabeça. Ela pode simplesmente dormir e nao acordar. Falei com ela,
orientei-a, mas ao desligar o telefone comecei a chorar. Mas o telefone
tocou novamente, eu precisava ir para as Escolinhas, haviam coisas
para serem transportadas de uma para outra, pessoas para serem atendidas,
limpei as lagrimas que insistiam em cair, e sai. Deixei Edmundo
ja de volta nas Pequenas Sementes, dizendo que so ia no hospital
levar as Garrafas Termicas para a Enfermaria das Crianças Ma Nutridas
e voltaria ja. Quando parei em frente e nao desci do carro. Um lindo
coro de crianças que estavam no portao começaram a cantar, uma das
lindas cançoes que alegram meu coraçao, Titia Noemia, Titia Noemia,
eram rostinhos que tentavam se enfiar no meio dos ferros do portao,
outras tentando levantar os pezinhos para me verem...e tambem poderem
fazer tata (tchau). Entrei por aquelas ruas enlamaçadas, com receio
de que o carro atolasse, parei em frente a enfermaria, saudei as
pessoas que estavam ali, e entrei na enfermaria. Eu tinha pressa,
nem notei quem era a criança que 3 enfermeiros tentavam encontrar
a veia sem conseguir. Seu pai me olhava mas eu nao o via. Eu tinha
pressa. Entao o chefe da enfermaria, me disse. Irma Noemia, esta
vendo essa criança, eu nao queria ver, eu nao queria me envolver.
Olhei entao e vi seu pai, era Armando, aquele menino que o pai cortara
todas as cordas e o dedicara a Jesus com uma linda oraçao, ele estava
reagindo ontem a noite, e agora nessa madrugada ele começou a passar
mal. Seus olhinhos estavam fechados, todo furado, nem na veia jugular
conseguiam, as veias simplesmente desapareceram, e ele precisava
urgentemente de sangue...ele ja estava com hipoglocemia, se nao
falha a palavra, e nao se encontrava a veia. Cheguei perto dele
e chamei, Armando, Armando, ele abriu os olhinhos, mas eu sei que
ele nao me via, os olhos estavam a começar a virar, um liquido saiu
pela boca e nariz ao mesmo tempo. Um quarto enfermeiro veio, negando
se a tentar, por 3 nao conseguirem, que seria dele.... Todos insistimos,
ate eu, ele sentou-se, e quando pegou nos bracinhos de Armando para
tentar procurar a veia. Ele entrou em convulsão, eu ja sabia o fim
da história, mas não queria acreditar. Entrei numa sala a parte,
mas nem conseguia orar. Sai fora, mas voltei. O Tecnico foi chamado,
havia uma parada cardiaca. De longe eu via ainda pelo seu pescoço
a veia levantar, o medico se aproximou, tentou ainda fazer massagem
cardiaca, mas derepente tudo parou. A vida parou, a enfermaria parou.
O silencio tomou conta de todos, e as lagrimas começaram a rolar
pelos meus olhos e eu tive que me esconder de novo. O pai ao lado
do corpo sem vida, cruzara os braços e fechara seus olhos. Nao sei
se orava ou chorava, ou fazia as 2 coisas. Lembrei me que ontem
estivemos todos juntos com outras mães e outras crianças doentes,
e conversamos, rimos muito, oramos juntos, esperando que hoje fosse
um dia melhor. Para Armando foi, ele descansou, mas como entender
isso!!! Ja não era mais uma criança, era algo enrolado na capulana
que fazia perder o formato do corpo, o pai continuava ali sentado,
sem saber o que fazer e eu sem saber o que falar. Desde de que chegara
no Hospital de novo, eu estava acompanhando, levei o a colera, depois
ele voltou para enfermaria. Tentava com que comesse a sopa, mas
ele rejeitava, ontem a tarde comera um pouquinho. Era uma esperança.
Lembrei me de quando o Pai fez aquela oraçao tao linda, quebrando
os pactos com os demonios e entregando o a Jesus. Lembrei me de
algo que soubera na semana passada e que me fizera ficar pasma.
O pai pedira que arranjasse um lugar para tomarem conta da criança,
pois ele tinha 3 semanas quando a mãe morrera. Ele estava fora,
a miséria ou a fome, ou a ignorãncia se é que se pode explicar isso,
a familia da mãe nao podendo conter os gritos de fome da criança,
e não tendo como alimenta-lo, colocaram no por quase um dia, até
que o pai chegasse a mamar no cadaver da mãe. Desde desse dia, Armando
nunca mais foi uma criança normal. Desde daquele dia que deixara
o Hospital, quanto tinha 5 para 6 meses, e agora vai para um ano,
ele tornou se uma criança constantemente doente. Quando o vi, na
semana passada, eu sabia que ele não ia sobreviver, mas queria que
ele vivesse. Eu sabia que seu pai ja estava cansado, mas amava aquele
filho que ele vinha criando sózinho, sem receber uma unica visita
enquanto esteve no hospital. Agora acabara tudo. Sai da enfermaria,
uma das nossas irmas da Missao de Mafarinha, com um bebe de 1 ano
e meio, ela gravida de novo, dormia ao lado da criança que ontem,
estava bem grave. Estive com ela na sala da enfermaria, oramos,
eu e Eva, e agora ela dormia ao lado da criança. Aproximei me para
saudar e para saber como dormiram, e ela disse melhor, irmã, mas
vamos orar. A outra do lado se sentou, e eu abaixei me para o colchão
que estava no chão, onde suportam 2 crianças de tão cheio que esta
o hospital e comecei a orar. Mas me vi chorando de novo... Sai para
o isolamento, quando apontei na porta, aquilo nao era um sorriso,
mas eu sabia que era para mim, era um sorriso sim, mas so os dentes
se viam.... tamanha era a magreza. Era Natalia, voltara para o isolamento,
cheia de dor, quando me aproximei começou a falar, mas eu ma ouvia
sua voz, erguia os braços onde dedos finos, surgiam de suas mãos.
Toquei lhe e ela falou da sua dor, de sua feridas, do seu tempo
em casa, e queria ajuda. Chamei o enfermeiro e juntos fomos ver
a ferida que estava em suas nádegas. Quando a viraram para o lado
sem esforço nenhum, tive que me segurar, não haviam nádegas, apenas
os ossos que faziam a divisão formando assim um esqueleto coberto
de pele, e uma ferida, considerada incurável. Consequência do Aids.
Prometi uma pomada e ja enviei, mas é só para ela se sentir cuidada.
Ao voltar a enfermaria o pai de Armando com olhos vermelhos tanto
de conjuntivite como de chorar, dizia nao querer levar o corpo para
onde morava, que se deixasse no necrotério, também nao poderia paga,
que nem dinheiro para o caixao ele tinha. Estava desorientado. Perguntei
lhe o queria realmente e me dispus a ajuda-lo. Ele olhou para mim
e perguntou, o que faço com a roupa dele, eu disse leva tudo, quando
chegar a hora o papa trás. Ao vêr estampado em seu rosto tanta dor,
me deu vontade de abraça;lo e chorar com ele... ele entrou no quarto
e eu sai do corredor da Enfermaria. Quando saia, chegava Fernando,
com uma criança que a tia fora pedir ajuda na Escolinha, e eu pedi
que a acompanhasse ao Hospital, a mãe morrera ha 2 meses, e ela
tinha 3.640Kg, com 1 ano de idade. . Parecia um recem nascido, tal
era o estado de Ma Nutrição, levei a ao laboratório, furaram-lhe
o dedo, para fazer o teste para ver se tem malaria e a Hemoglobina,
chorava, um som de dor e de vazio...era apenas a boca que se abria,
e pouca coisa se podia ouvir. Deixei a na Enfermaria, prometendo
voltar mais tarde e sai. Sai do hospital, mais pessoas querendo
falar comigo, os enfermeiros precisando de ajuda, mas entrei no
carro, para chorar. Eu já não tinha mais pressa, vim devagar, embora
fosse pertinho, e quando parei o carro na Escolinha, a musica do
meu coraçao tocou, perto da sala em que parei, embora a porta estivesse
fechada, subiram nas cadeiras e nas mesas, fazendo confusão na sala,
e cantaram Titia Noemia voltou, Titia Noemia voltou. Voltei para
chorar, mas não podia chorar, Tinham mais pessoas me esperando,
haviam coisas para serem feitas, respostas a serem dadas. Eu não
podia chorar. Agora escrevo, as lágrimas secaram. Apenas uma dor
silenciosa e secreta invade meu peito. Penso nos Armandos da vida,
nas Anabelas, nas pessoas ao nosso lado pedindo atençao, oraçao,
compaixao, cuidado, e todos nós com pressa, ocupados, sem tempo
de dar, de orar, de ouvir de amar....A vida esta voando e temos
pressa. Agora já nao tenho pressa, o trabalho esta atrazado, é hora
de levar Jonatas na Escola, vou busca´lo em casa. E perto dele,
e da Ana que também vem, sei que vou chorar. Por que hoje peço por
favor deixem me chorar, chorar de gratidão, por tudo aquilo que
tenho tido e meus filhos também. Pelo meu marido, pelos amigos e
familiares, presentes e ausentes. Deixem me chorar por aqueles que
ninguem vai sentir saudades, por aqueles que vem passando apenas
como um corpo sem vida, como aquela senhora de ontem a noite...
Deixem me chorar, pela pressa que eu e voce temos, muitas vezes
nem podemos chorar, ou sequer contar para as pessoas, que um dia,
um dia muito próximo, aquele que é o caminho a verdade e a vida
enxugará de nossos olhos toda lágrima. Enquanto isso não acontece,
só posso dizer pela parte que eu estou fazendo, e pela parte que
ainda preciso fazer. Por tudo que voce pode fazer e ainda nao esta
fazendo. Pela pressa que voce tem que te impede de orar, de estar
com alguem, de se dar , de amar, de contribuir... por mim e por
voce, v Eu só posso dizer.
Por favor, deixem me chorar.
Noemia Cessito Dondo - Moçambique
Jeronimo e Noemia Cessito _ February 01, 2004
Madalena e Madalenas!!!
Por que o Filho do homem veio buscar o que se havia perdido... Veo
para os seus, mas os seus não o receberam, mas a todos quanto o
receberam deu lhes o direito de serem chamados FILHOS DE DEUS. JESUS
Madalena... Madalenas... conheci muitas Madalenas em minha vida,
Madalenas Professoras, Madalenas Missionarias, Madalenas Mães, Madalenas
Filhas, Madalenas arrependidas, Madalenas regeitadas, Madalenas
que regeitam.... Todas Madalena, inclusive Madalena, amiga do Senhor
Jesus! Mas Madalenas, apenas Madalenas. Mas as últimas Madalenas
que surgiram em minha vidas nesses dias, marcaram me profundamente.
Uma Madalena regeitada, outra Madalena que regeita. Madalena regeitada...
Madalena mulher com rosto de menina, e ações de criança. Madalena
regeitada, magricela, doentia, sem côr, sem força, só dor. Madalena
de tantos lugares, trazida agora ao isolamento do hospital como
um mal, sim o mal do século, o mal do dia o mal de tantos. Aids
(Sida) Abandonada ali, sózinha, sem uma familia, um amigo, um alento,
apenas as lembranças que lhe tornaram um tormento...quem a trouxe
se foi, para nunca mais voltar, não a queriam, não precisavam dela.
Madalena regeitada, Madalena abandonada. Foi assim que a encontramos,
foi assim que a adotamos, e ela se tornou nossa Madalena. Cuidamos,
alimentamos, e nos tornamos presentes em sua vida, era Madalena,
a regeitada, mas nossa criança amada. Seus 24 anos, se tornaram
em 3, quem sabe 6. E Madalena quase morta, resolveu viver, aceitou
a Jesus, mesmo que o som de sua voz não saisse, e não pudessemos
ouvir a sua confissão Madalena abria seu coração, e deixava Jesus
entrar. Madalena menina que levou vida de Mulher e se tornou regeitada
pela familia, abandonada pelos amigos, mas agora com uma nova familia,
e amada por Deus. Só comia se insistissemos, quase colocavamos em
sua boca, só tomava os remédios que os enfermeiros ocupados demais,
preocupados consigo mesmos e com o tempo, acumulavam ao lado de
sua cama, se amamasassemos, e colocassemos em sua boca com algo
doce, pois amargavam demais. Era Madalena, nossa Madalena...que
devagar estava indo embora. Até que já não se levantava mais, colocaram
seu colchão no chão, seu corpo magro, seus labios secos, mas um
olhar gentil. Sem um lamento, um gemido, uma negação, assim era
Madalena. Firme com Jesus, era assim que perguntavamos, e quando
ouvia esse nome, seus labios traziam aquele sorriso que só quem
tem Deus podia ver e sentir. Finalmente, sentimos que Madalena estava
morrendo, era a nossa semana de férias, a equipe do Projecto Vida
iria viajar, alguns ja tinham saido de férias, éramos apenas 3...eu
Fernando, Rosi e Eva. Madalena estava morrendo, estavamos cansados,
mas ninguém a queria deixar. A tarde vim com Rosi e Eva visita-la,
lavamos lhe o corpo, que era apenas osso, trocamos lhe o lençol
imundo de tudo que se pode imaginar que um doente acamado pode fazer.
Fiz massagens em seus braços, sei que doia, mas ela não reclamava,
nunca murmurou, chorou ou zangou.... Perguntei lhe então> Voce tem
Jesus no coração, antes que eu terminasse a frase, aqueles braços
esqueléticos se levantaram e bateram um som ôco em cima do seu coração,
enquanto seus labios sem som tentavam pronunciar coração, e aquele
sorriso surgia. Eu já não me continha, e as lagrimas rolavam pela
minha face, perguntei lhe se ela sabia que nos a amavamos. Sim,
ela sabia. Falei lhe então da casa que Jesus preparou para aqueles
que o receberam como Salvador, perguntei lhe se ela ja tinha a dela
la no céu, e o sorriso apareceu de novo, enquanto que aquela cabeça
meia pendida para o lado confirmava que sim. Era Madalena, nossa
irmã. Então marcamos um encontro. Quem partisse primeiro esperaria
pela outra, e ela concordou, e novamente aquele sorriso, sorriso
de Deus surgiram nos seus labios e olhos. Era Madalena Salva. Deixamo-la
limpa e tranquila, enquanto saiamos do quarto, seus olhos fixados
em mim me acompanhavam, e quando escrevo ainda posso vê-los. No
outro dia, viajaríamos. E quem cuidaria de Madalena, quem alimentaria
nossos doentes...estavam agora a Mercê de Deus...e Madalena, quem
cuidaria dela, quem trocaria seu lençol, amassaria seus remédios?
Doía deixar Madalena. Saimos do quarto, com aquele olhar nos seguindo,
e o coração pesado. Rosi dizia de Madalena, Madalena minha amiga....
Amanha partiriamos. Mas não resisti, sózinha voltei a noite, queria
ver mais uma vez Madalena, nossa criança. Entrei no quarto, que
se encontrava em silencio, encontrei o colchão na cama, o chão limpo
e vazio. Madalena se fora, ela avançara primeiro, cumprindo assim
o compromisso da espera. Antes de morrer, de seus lábios que nunca
sairam um gemido, ouviram se gritos, não sei de de dor, ou se chamava
por nós. Depois simplesmente silenciou. Madalena silenciou para
sempre aqui na terra, para abrir os seus lábios para glorificar
a Deus nos céus. Madalena abandonada, Madalena regeitada, pelos
pais, parentes, amigos e familiares....Não, não mais Madalena regeitada,
não mais aquele corpo doentio e fraco, agora não mais Madalena,
um novo corpo, um novo nome. Apesar do seu corpo frio que estava
no necrotério , apesar de que foi enterrada numa vala, como indigente,
sem indentificação. Madalena regeitada. Não Madalena amada, minha,
sua irmã. Madalena, pela fé filha de Deus. Madalena que Regeita.
Madalena sem cor, Madalena sem sangue, Madalena de aventuras, Madalena
era só dor. Madalena magoada, ferida, Madalena que regeita, que
despreza que ignora. Madalena. Rodeada de amigos, familiares, de
cuidados, 17 anos. Forçada a um aborto pela própria mãe, Madalena,
não sorria, Madalena só gemia. Madalena que ignora, que despreza,
embora não deitasse uma lagrima do inicio ao fim. Madalena que chorava.
Entramos em seu quarto, Madalena em seu leito, Madalena acompanhada,
mas no fundo, não passava de Madalena sózinha, frustrada, desesperada.
Madalena sem esperança, sem alegria. Madalena sem Jersus. E entrando
ali, oferecemos lhe uma nova vida, um presente do céu. Jesus o amigo
que consola, que cura e cicatriza as feridas abertas, que enxuga
as lágrimas e da nova vida a todo que nele crer. E Madalena acompanhada,
Madalena com amigos, com comida, é Madalena que regeita, que despreza
que ignora, que vira o rosto para o lado, e fecha os olhos para
a escuridão. Madalena teve alta, Madalena foi embora, Madalena cheia
de cuidados, cheia de amor, mas sem Deus. Mas ontem, ontem a noite
na visita ao hospital, encontramos Madalena. Madalena que respira,
mas não tem ar, Madalena que precisa de ajuda, que gritamos por
socorro, que recebe oxigenio, Madalena esta morrendo. Madalena com
familia, com cuidados dentro e fora do hospital, de fora o pai vigiava
pela Janela a filha querida, lembrando a mais velha que morrera
apenas 3 meses atrás. Por dentro, a mãe, os enfermeiros, eu, Eva,
Erlon....era nossa chance, e depois que colocaram lhe a sonda, pensamos.
É o momento de Madalena. Novamente, falamos lhe de Jesus, e mais
uma vez, seu rosto teve forças suficientes para virar ao lado, e
nos ignorar. Gemia, e mal respirava, o oxigenio borbulhava entrando
em suas narinas...por que não insistir, mostrar lhe as vantagens
de receber Jesus. Mas Madalena regeitou, ignorou desprezou. Mas
assim mesmo, oramos por ela, e a entregamos a Deus. Madalena que
regeita, sem esperança do amanha. Depois do culto da manha, hoje
voltamos ao hospital, e Madalena estava la, respirando, mas ainda
sem ar, gemendo , sofrendo, morrendo, mas ainda viva. Com familia
, com amigos, mas sem Deus. Madalena sem ar, Madalena sem vida,
mas ainda viva. Era a sua oportunidade, talvez a última, e ela estava
ali, e mais uma vez, aproximei me de sua cama, espremendo me entre
o balão de oxigenio e sua cama. Ela desviava o olhar de mim, Eva,
Erlon, Liz e Rosi oravam. Madalena...sei que voce esta me ouvindo,
seus gemidos eram descompassados, sua respiração agitada, seus olhos
arregalados, olhavam ´para o lado, menos para mim. Tinha seu rosto
virado para a Janela, e olhava para o lado de fora. Chamei lhe,
e falei lhe da oportunidade que Jesus lhe oferecia, que ela clamasse
por Ele e seria salva. Mais uma vez ela regeitou, Erlon insistiu
falando lhe do amor de Deus através de nossa presença ali. Por alguns
momentos, fixou os olhos em Erlon, seria agora a resposta final.
E com esses mesmos olhos, ela disse não, quando ele perguntou e
ela virou se para o lado. Lembrei me de Ezequias, ele se virou para
a vida, mas Madalena, para a Morte. Oramos por Madalena, pedindo
por sua salvação, pela presença do Espirito de Deus naquele lugar,
o mesmo Espirito que estava atuando nas 2 pacientes das 3 que estavam
com ela. E mais uma vez Madalena regeitou. Madalena que tinha tudo,
Madalena acompanhada, Madalena vigiada, Madalena....Madalena. Madalena
que a vida, usando a sua propria mãe, arrancou o ser que ela gerou.
Madalena revoltada, Madalena magoada, Madalena mais uma vez, seu
rostou virou e a Jesus regeitou. Deixamos Madalena....com ela mesmo
e com a familia. A tarde voltei, sózinha. E ela estava la, ainda
deitada, o oxigenio desligado. O quarto estava escuro e sombrio,
mulheres se encontravam ali dentro. As outras 3 pacientes do quarto
encontrei do lado de fora, refrescando pensei eu. Madalena estava
la, 6 a 8 mulheres estavam com ela. Madalena silenciosa, Madalena
sem gemidos, Madalena sem oxigenio. Madalena sem som, sem ar...
Madalena acompanhada. Madalena sózinha. Ela ainda estava lá, Madalena
sem vida. Madalena regeitou. Madalena morreu. Madalena morreu sem
Deus????!!!! Só a Eternidade dirá. Marias, Anas, Joanas, Joaquinas,
Paulas, Franciscas.... e tantas outras, quem sabes os Joãos, Josés,
Sebastiãos... Com certeza, Deus os colocara em seu caminho. Não
importa se são aqueles que regeitam, ou os que aceitam. O importante
é que voce faça a sua parte. Não posso dizer a voce qual é a sua
parte, se é orar, contribuir, ou ir.... Mas hoje quero te agradecer,
por voce me ajudar a fazer a minha parte. Com carinho e obrigado
por ter a paciencia de ler o sentimento do meu coração. Noemia Cessito
Servindo a Deus, através de voce, junto a minha familia em Moçambique
Dondo
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Sent: Tuesday, November 18, 2003
Quero aprender mais de Deus
Se voce vai ler essa mensagem que é grande demais, e não mudar nada
na sua vida, não vai orar, e não vai agradecer a Deus pelo que voce
tem e pode fazer. Por favor, não perca seu tempo, pode deletar,
antes mesmo de ler. Se voce não acredita no diabo e ação dele, tambem
delete. Se voce acha que são histórias ou fantasias, estas convidado
a vir nos visitar, passar um tempo conosco, a trabalhar aqui, independente
disto, voce esta convidado, se realmente esta comprometido com Deus.
Depois que voce ler voce tem que fazer algo, tem que envolver, tem
que dar mais, seja seu tempo, seja sua oração, seja suas ofertas,
seu dizimo, seu compromisso com Deus e com seu reino. Pois o diabo
esta destruindo vidas, e só nós temos o poder para impedi-lo, pois
somos enviados de Deus para esse ministério. Não pense que essa
obra não é sua. Se voce aceitou Jesus, essa obra é nossa. Por favor,
ore por cada um de nós, pelo unico médico e enfermeiros do Hospital
do Dondo. Pela nossa Igreja para que todos tenhamos a mesma visão,
e o mesmo amor. Pela nossa equipe de trabalho, pelos novos convertidos,
e por aqueles que ainda jazem num leito do Hospital com Sida, e
ainda crendo que vão sobreviver, por Maria Tane, que continua conosco
na Igreja, que me chama de mãe, e agora o cabelo esta ralinho, as
febres diarias, os pés inchando...mas firme com Jesus. E por mim,
meu marido e meus filhos. Sua cobertura, vale mais que ouro para
nós. Quero aprender de Deus. Tenho urgencia disso. Todas as coisas
que tem acontecido em nossas vidas e ministério tem sido tremendo...
Mas chego a conclusão que nesses 20 anos de Africa nada sei, e só
Deus através dEle mesmo pode me ensinar. Vejo e sinto Deus me amando,
e o zelo que Ele tem por nossa familia, o cuidado diário e a cobertura
por cada um de nós. Sou grata ao Pai do Céu por servir nessa terra,
por saber que tenho amigos e irmãos que nos sustentam de várias
formas, fazendo assim uma grande familia nessa terra de luta, mas
pela qual Deus tem um grande amor. Obrigado por suas orações, pelo
tempo que gastou e tem gastando intercedendo por nós, com certeza
isso tem sido a nossa maior vitória...as vossas orações. Hoje já
é 18 de novembro, se lágrimas secassem, meus olhos já não teriam
mais como derrama-las, meus ultimos dias foram de lágrimas...muitas
de gratidão e louvor, como pelo encerramento do ano ano Centro de
Treinamento, a Igreja estava repleta de pais não crentes, as crianças
dançaram e louvaram a Deus de maneira especial, o jantar foi fantástico
e acima de tudo a Palavra de Deus foi pregada...foi natal para tantas
que ganharam bonecas, que chegaram descalças e sairam com um par
de chinelos, meninos que nunca tiveram um carrinho sairam com eles
nas mãos e no culto de domingo trouxeram...eu estava atrás e via
um levantando o dele. Domingo a Igreja lotou por fora e por dentro,
era a comemoração do dia do Pastor e Aniversário do Jeronimo...foi
tudo muito lindo o culto começou as 8:30hs da manha e terminou as
13:30hs, e o povo estava cantando, dançando.., os presentes eram
galinhas, baldes, coca cola, ovos....para uma hora depois estarem
participando do funeral da vovó Fina que aos 79 anos nos deixou,
e voltarem de novo para Igreja para depois do culto da noite, comermos
o bolo que deixamos por não dar tempo de cortar e comer, por causa
do funeral. E funeral aqui, como ja disse, são os donos que abrem
a cova, caixão tem que mandar fazer, não ha carros ou carrinhos
para levarem o corpo, para o lugar onde vai enterrar. São as pessoas
que carregam, num caminho estreito vão trocando, tropeçando entre
as covas principalmente de crianças que estão no caminho. E a gente
andando atrás,cantando, tentando ficar perto, pois além de estreito,.se
queremos ser mais rápidos temos que passar entre os tumulos, e alguns
as vezes semi abertos. E depois do funeral o povo volta a Igreja,
e um grande grupo ainda participa do culto da noite...cheguei em
casa depois de Jeronimo e as crianças, pois ainda fui ao Hospital
levar bolo aos doentes..eram 22hs. Mas e a Ana. Ana vai ser uma
parte da minha vida que nunca vou conseguir explicar, nem entender.
Ana ao contar a continuidade da história dela, tenho visto pastores
calarem, e pessoas chorarem...ainda ontem o pai dela me perguntava...se
ela aceitou Jesus, por que tinha que ser assim. Escrevi para os
irmãos e quando terminei a carta, aqui eram 23hs. Enviei. Na Sexta
feira, nos organizamos a tarde, para irmos a casa onde Ana estava,
a casa onde ela não desejava ir. Mas primeiro tinha que ir com meu
pessoal da Escolinha a Cidade, terminar as compras para o culto
de sabado. Eu estava sentada na secretaria, era muita gente...e
o Samito disse assim. Irmã, a Sandra irmã da Ana esta ai fora, ela
quer falar com a irmã, e a noticia não é boa. Eu perguntei a ele,
sabendo a resposta, mas não querendo ouvir. A Ana morreu...ele disse
sim. E a irmã dela se aproximou chorando. Não sei por quanto tempo
eu chorei, por que meu coração gritava, não era a morte da Ana que
me doía, era a própria vida desse povo, o desgaste fisico mental
e espiritual que vivem causados por satanas. Chorei pelas lutas
travadas, que pareciam vencidas, por não ter ido ontem e arrancado
ela de lá, por não ter deixado o culto da noite, o estudo biblico
e saido a procurar a casa dela, chorei pela indiferença de minha
Igreja, por aqueles que sofrem tão perto deles, e parece tão comum.
Chorei por mim, por não saber tanto como eu desejaria, por não poder
dar mais por que não aguento, não posso, não tenho forças. Chorei
com alma, com o coração, e lembrei de Raquel chorando a morte de
seus filhos por eles já não existiam mais.... e nada nem ninguem
pode consolar meu coração a não ser Deus, me ensinando. Decidi não
ir ao funeral, não ir a casa dos pais dela. Simplesmente esquecer,
pois tudo que fizemos parecia em vão. Depois do culto de quinta
feira, reunimo-nos com alguns da equipe e decidimos que na Sexta
a tarde iriamos a casa dela para orarmos, cheguei em casa e escrevi
as mensagens. As 23hs. Samito estava lendo a Biblia e disse que
se sentiu incomodado para orar por ela, mas como estava lendo a
Biblia resolveu terminar, as 23hs. terminei de escrever as mensagens,
horário daqui, as 23hs, e enviei para os irmãos. As 23hs. Ana morreu.
Foi assim... Na quarta a noite, ela começou a falar que queria ver
o filho dela, ja eram 20hs., ele se encontrava na casa da madrasta
dela com o pai dela. Ana era viuva, seu primeiro marido morreu de
colera. Esse era seu segundo esposo, e com ele, ela ainda não tinha
filhos. Queria ver o filho de qualquer maneira, tentaram de toda
forma, que ela não fosse. Mas então ela corre para fora da casa.
Tinhamos orado muito dentro da casa, quando ela sai fora, ela diz:
Me levem para ver meu filho, e eu não entro mais dentro dessa casa.
Sandra a irmã dela, disse que a desconheceu, já não era mais a mesma.
E começou a chorar, a gritar, me levem para casa do meu pai, eu
quero ver meu filho, e as 3 da manhã, o marido não conseguiu mais
conte-la, tentou leva-la de cavalinho, pois ela não tinha forças
para andar, mas não conseguiu chegar até a casa do pai, pois a distancia
era longa. Ana tinha um corpo normal, 26 anos cheia de vida....e
ele a deixou no caminho e foi chamar o pai. Levaram na para casa
dele, e ninguem nos avisou. Só descobrimos na quinta ja quase noite,
e não sabiamos onde era a casa do pai. Quando ela tinha algo, ele
sempre vinham nos chamar, mas onde ela foi, nós não éramos bem vindos.
Quando fomos a casa dela na quinta a a tarde, ninguem sabia nada
dela entre os vizinhos, mas a irma disse que ela gritava muito,
chorava alto, fora da casa...mas entre os vizinhos ninguem viu ou
ouviu nada e as casas são muito perto uma das outras. Quando chegou
na quinta a noite, ela começou a dizer ao pai. Papá, não tem mais
jeito, eu vou morrer, papá esta vendo essas 2 mulheres, elas juraram
que eu não vou viver mais, não adianta papa, elas vão me levar eu
vou morrer. O pai dizia, filha aqui não tem ninguem, eu não vejo
nada aqui. Mas elas estão ai, cuidado papa, elas estão tentando
lhe atingir. Eu vou morrer, promete que cuida do meu filho e manda
ele estudar, por que ele já não tem pai, e agora vai ficar sem mãe.
Quero água, papa, o pai trouxe água, mais agua, titia (madrasta),
bebeu a agua, quero chá, trouxeram, pão com ovo. Mas ela só bebia
água, Sandra mais água. Papa chama a titia, esta ver titia aquelas
mulheres vieram me levar, eu vou morrer, eu vou embora, dizia ela
para a tia, mas sem acusa-la. Sandra água. Foi quando então como
se um sopro apagasse todas as velas e candieiros acesos na casa,
ficou tudo a escura. O pai saiu a procura de fosforo, a Sandra trouxe
a água, mas quando acenderam as velas. Ana estava morta. A tarde,
refleti, e resolvi, fui com meu grupo para lá, e o pai contou nos
tudo, e disse que Satanás fez gol, levou a filha dele. Isso não
aceitamos. O Mis. Erlon tinha de dito algo, que o corpo Satanas
podia até ter levado, mas ela estava com Jesus, e Zito que apesar
de não ser da equipe disse que Deus tem mistérios, e que esse era
um deles, que eu acalmasse meu coração. Erlon e os demais tinham
certeza que Ana estava com Jesus, por causa da firmeza e convicção
em aceitar Jesus. Ela dizia que quando levantasse da cama, iria
a Igreja contar o que Jesus fez por ela. Quando chegamos a casa,
levaram nos onde estava o corpo, ela morrera 23hs. e eram 16hs.
Quando fomos para lá, até pensei que o funeral já tinha ido, mas
tinham deixado para o sabado de manha. Entramos no quarto onde seu
corpo jazia sem vida, a pobreza do ambiente era visivel, e numa
esteira no chão, coberto com um lençol branco estava Ana. Não foi
assim que a deixamos pela última vez, foi cantando, e repetindo
o Salmo 91. A madrasta quando entrei, mal sabia pronunciar meu nome
e dizia, Noemia, Noemia sua Ana morreu, Ana morreu. Meu coração
calou, o pai narrou cada detalhe do que escrevi acima. Ouvimos,
depois começamos a cantar hinos de guerra e de vitória que declaravam
Jesus como Salvador e Senhor de todas as situações, cantavamos com
vozes chorosas, doídas, mas tornou se um momento em que só glorificavamos
a Jesus. Não haviam mais lagrimas, só louvores, Deus estava ali.
Então começamos a orar...e o sentimento de todos nós se tornou um
só. Agradecer pela certeza de que Ana estava com Deus, e clamar
pela pessoa que satanas havia usado para destruir o corpo dela,
mas não a alma, pois ela estava com Jesus. O grupo clamava pela
vida daquelas pessoas que odiavam, e que estavam sendo instrumento
do inimigo para ceifar vidas, e pregavam o arrependimento, falavam
do perdão e oportunidade que Jesus oferecia de vida eterna e não
de condenação para os que cressem, através da oração.. A noite começou
a chegar, com Erlon e a familia fui buscar o caixão dela. Deixei
na casa, no sabado de manha pediram que a Igreja dirigisse o funeral,
e mais uma vez a Palavra de Deus foi pregada e oportunidade de vida
e perdão foi oferecida através de Jesus. Jeronimo pregou com sabedoria
e unção de Deus. Não voltei a dela, nem a minha, tinhamos casos
graves no hospital, comida para levar para as crianças, a Catarina
para ser medicada, a Amina precisando de comida em casa. Depois
a Igreja as partes finais para o programa. Cheguei em casa depois
das 3 da tarde, a festa iniciava as 16hs. Jeronimo ainda não estava
em casa, as 3 e meia, Nando chega, pensavamos que ele vinha para
brincar com o Jonatas. Nem demos atenção. Ele entrou e sentou na
sala, estavamos nos preparando rapidamente para sair. Então o Jonatas
entra no quarto e diz..mamãe a vó do Nando morreu. Era a vovó Fina,
que só tem uma filha que é casada com o Pr. Eugenio, e são missionarios
em Lichinga, outro Estado ela havia sido operada e estava em recuperação.
O marido telefonou e pediu para que nós junto a Igreja assumissemos
tudo, pois eles não poderiam estar aqui. Chegamos atrasados na Igreja,
festejamos, louvamos a Deus e depois alguns membros foram para casa
da vovó Fina. E Jeronimo a procura de mandar fazer caixão. A história
de Ana acabou. Na nossa Igreja veio uma senhora trazida pela familia
da falecida Janeca. O marido esta preso, e ela esta doente, levamo-la
ao hospital, ela e a criança tem DTS (doença venérea) causada pelo
marido. Ja temos medicamentos para trata-la, mas precisamos da autorização
do marido que esta na cadeia. Ela não dorme em casa, coloca os cabritos
dentro de casa e dorme no meio do mato, com uma criança de 4 meses.
Tem medo, de alguém matar ela, e diz que no mato, ela pode correr.
Dentro de casa não. Com chuva, ou com frio, ela não dorme em casa,
fica no mato como um animal, mas todos os domingos esta na Igreja.
Ela precisa de ajuda fisica, material, mas principal-mente espiritual.
E nós de sabedoria para saber como trabalhar com ela. Lembre se
de orar por ela. Catarina continua no hospital, a alegria dela é
Jesus. Ontem ainda bem que Elsa estava comigo, ela disse que quando
eu não estou lá, ela olha e não vê nada. Mas quando eu chego, ela
começa a ver. Que eu não posso ficar ser ir ao Hospital, pois quando
não apareço ela não fica bem. José 14 anos, entrou com malaria cerebral,
sem vida própriamente. Ontem estava fazendo visita com o Dr. chefe
do hospital, e ele me disse. Esse menino vai morrer, só estamos
colocando medicamento por colocar. Sai do hospital para ir para
casa, mas algo me disse volta e ora pelo José. Voltei com Elsa e
Fernando e quando estava orando os enfermeiros entraram com um tipo
de tratamento mais forte. Ele reagiu de imediato, ficamos todos
surpresos, inclusive os médicos, precisavam de comida, nessa hora
Rosi chegava com a sopa das crianças. Deixei ela dando sopa para
ele, e tivemos que correr para sala de emergencia, um senhor de
nome Caetano, tentara se enforcar, antes quando oramos por ele,
parecia que estava se recuperando, falei com a esposa, que era crente,
mas tinha abandonado Jesus, orei com ela... mas agora ja tinha tinha
tido trombose de um lado e estava com risco de ter do outro. Fiquei
do lado de fora com Elsa e Fernando orando, então o Dr. disse temos
que tentar salvar a vida dele,. transferindo para o Hospital da
Beira, mas não temos carro. Eu disse eu levo doutor, improvisaram
meu carro e ainda deixei o com vida no hospital. Quando cheguei
de volta no hospital, eram 17hs. Estavamos com fome, cansados, e
emocionalmente abatidos, fomos ver José, o menino ja estava no oxigenio
e estava grave de novo. Queria ir para casa estava cansada demais,
Catarina estava precisando de medicamento e não conseguiam pegar
a veia, vou a emergencia buscar a enfermeira para ajudar, estavam
cheio de pessoas. Lucia a enfermeira não podia sair, a luz da sala
de injeção se queimara, e nesse tempo chega uma mulher esfaqueada
nas mãos. Ela tem um tipo de espiritos que querem sangue, e atacam
quem estiver perto ou ela própria. Estavam dando pontos nas mãos
dela quando me avisaram que Catarina ja estava sendo medicada, eu
disse a Elsa, vamos embora, depois de conseguirmos um eletricista
para arranjar a lampada e o bocal. Quando estamos saindo, chega
Helena, membro de nossa Igreja, aquela que perdeu o bebe, e sózinha
com tensão alta, tivemos que voltar. Pedi que a vissem, pois queria
sair, ja eram quase 19hs. Eu chegara no hospital, 11 e pouco da
manhã. Quando estava esperando Helena, entra outro caso, um ataque
de nervos, e a mulher jovem gritava, como se algo prendesse o peito
dela e depois liberasse. Do lado de fora a mulher que tinha a mão
cortada, gritava por que estava levando pontos sem anestesia. Fui
atender Rivania, orar com ela, acalmar seu coração. Quando ela silenciou,
a mulher também ja estava com os pontos colocados, falei com o casal
sobre Jesus, Elsa que estava comigo a tensão tambem ja estava alta,
desde de cedo, e ela ficou comigo até o fim. Peguei Helena, fui
deixa-la perto de sua casa, oramos com ela, problemas tambem que
algumas pessoas que se dizem pelo menos membros de Igreja, andam
colocando na cabeça dela. Fernando ainda apoiou um pouco as emergencias,
e saimos. Cheguei em casa 20hs. Jeronimo jantou...eu só comi mangas.
Dormi. Hoje abri o email para dar noticias e receber, e uma delas
dizia que o filho adotivo de minha sobrinha perdeu a vida num acidente
de carro a 180Km/h , que minha tia querida esta no Brasil com serios
problemas de saude, mas feliz por que é responsavel pela parte de
Evangelismo da Sociedade F. da Igreja. Escrevi essa mensagem chorando...mas
grata a Deus por saber que Ele nos ama, nos protege e nos guarda.
Escrevi para voce que tem orado e tem sido parte da minha vida e
ministério. Escrevi para dividir, para te alertar e para te pedir
que saia da omissão e faça algo para Deus. Pois no nome dEle sei
que somos mais que vencedores. Escrevi tambem para agradecer a todos
aqueles que oraram por nós nesse tempo, e continuo contando com
voces. Agora estamos de férias das Escolinhas e do Centro, tentando
descansar e apoiando o Hospital e nos preparando para as programações
do final do ano... Continue conosco._ Noemia Cessito e familia Dondo
- Moçambique
Participe!
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