Justificação é o ato
judicial de Deus através do qual Ele declara justamente e trata como justo aquele que crê em Jesus Cristo.
A pessoa culpada fica isenta da punição merecida por causa da morte
substitutiva de Jesus Cristo.
“A justificação significa realmente a reintegração do homem, na sua
verdadeira relação com Deus. É, então, considerado como justo, aceito perante
Deus como reto com respeito à lei divina, sendo, portanto, restaurado a sua primitiva posição. E deste modo a
justificação é muito mais do que o perdão, embora o perdão seja,
necessariamente, uma parte da justificação”. [1]
O tempo da justificação consiste desde toda a eternidade; presente,
passado e futuro da nossa vida: “Quem já
se banhou (justificação), não
necessita de lavar senão os pés (perdão)”
(Jo 13.10). (Sl 25.6; 103.17).
Os termos usados para
justificação, no grego, são: Dikaios
(justo); Dikaiosis (justificação,
defesa, reclamação dum direito); Dikaioo
(ter ou reconhecer como justo).
TERMOS BÍBLICOS PARA JUSTIFICAÇÃO:
No
Velho Testamento: o termo é hitsdik,
declarar judicialmente que o estado de alguém está em harmonia com as demandas
da lei (Ex 23.7; Dt 25.1; Pv 17.15; Is 5.23).
No
Novo Testamento:
1)
o
verbo dikaioo, declarar justo uma
pessoa. As vezes se refere a uma declaração pessoal de que o caráter moral de
alguém está em conformidade com a lei (Mt 12.37; Lc 7.29; Rm 3.4).
2)
a
palavra dikaios é usada a alguém
quando segundo o juízo de Deus, sua relação com a lei é a que seja conveniente,
ou quando a vida que leva é tal como requer a relação judicial que guarda com
Deus.
3)
Dikaiosis, justificação (Rm 4.25;
5.18), denota o ato de Deus que declara que os homens estão livres da culpa, e
são aceitáveis diante dEle. “Justificar” no sentido bíblico é executar uma
relação objetiva, um estado de justiça, mediante sentença judicial. O sentido
usual de justificação no Novo Testamento é: mediante imputação a uma pessoa a
justiça de outra, é dizer, contanto, como justo, mesmo que anteriormente seja
injusto.
A NATUREZA E AS CARACTERÍSTICAS DA JUSTIFICAÇÃO: a justificação é um ato
judicial de Deus no qual Ele declara, sobre a base da justiça de Jesus Cristo
que todas as demandas da lei estão satisfeitas com respeito ao pecador. Os que
são justificados tem “paz com Deus”, “Segurança da salvação” (Rm 5.1-10) e uma
herança entre os que são santificados (At 26.18).
ELEMENTOS DA JUSTIFICAÇÃO:
1)
O
elemento negativo: a remissão dos pecados sobre a base de obra expiatória de
Jesus Cristo. Este elemento se baseia em forma mais particular, se bem que não
de maneira mais exclusiva sobre a obediência passiva do Salvador.
2)
O
elemento positivo: a obediência ativa de Cristo. Se distingue em duas partes:
a)
adoção
de filhos, todos os crentes são filhos de Deus por adoção (Jo 1.12; Rm 8.15,16;
Gl 3.26,27; 4.5,6);
b)
o
direito da vida eterna (Jo 8.17,23,29,30).
A ESFERA EM QUE OCORRE A JUSTIFICAÇÃO:
1)
a
justificação ativa ou objetiva, consiste em uma declaração de Deus a respeito
do pecador e que se pronuncia no tribunal de Deus. O perdão dos pecadores.
2)
A
justificação passiva ou subjetiva, tem lugar no coração ou consciência do
pecador. A justificação passiva é consequência da fé; somos justificados pela
fé.
JUSTIFICAÇÃO
PELA FÉ: o ato da fé é
o instrumento pelo qual nos apropriamos a Cristo e sua justiça (Rm 3.25,28,30;
5.1; Gl 2.16; Fp 3.9).
BASE DA JUSTIFICAÇÃO:
1)
negativamente,
esta não pode encontrar-se em nenhuma virtude do ser humano e nem em suas boas
obras. As Escrituras nos ensinam que o homem é justificado pela graça de Deus
(Rm 3.24), e que não é possível ser justificado por obras da lei (Rm 3.28; Gl
2.16; 3.11);
2)
positivamente,
a base da justificação pode fundamentar-se em nada mais que a justiça perfeita
de Jesus Cristo (Rm 3.24; 5.9,19; 8.1; 10.4; 1Co 1.30; 6.11; 2Co 5.21; Fp 3.9).
CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA JUSTIFICAÇÃO: trata-se de um ato divino
(Rm 8.33); ela vem pela fé, independentemente das obras (At 15.1; Rm 3.28); ela
é imputada, lançada na conta (Rm 3.22); é conferida ao homem mediante a
expiação pelo sangue (Rm 5.9); ela produz a bem-aventurança espiritual (Rm
4.6-8); ela estabelece a paz com Deus (Rm 5.1).
A justificação é um ato
declarativo de Deus (Rm 3.25,26).
O QUE ESTÁ
ENVOLVIDO NA JUSTIFICAÇÃO?
A Manifestação da Justiça Divina (Rm 3.21,22a). Por meio da lei, os
pecadores nunca poderiam ter conseguido a sua justificação. Somente Deus pode
atribuir a Sua justiça ao homem: “De mim
se dirá: Tão-somente no Senhor[e não na lei] há justiça e força; até ele virão
e serão envergonhados todos os que se irritarem contra ele. Mas no Senhor será
justificada toda a descendência de Israel, e nele se gloriará”(Is
45.24,25). E ainda: “Ele verá o fruto do
penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o
seu conhecimento justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre
si”.
A Imputação da Justiça Divina (Rm 3.22b,25a). A justificação trata-se de
um ato declarativo. O único meio para isso é que Jesus Cristo levou sobre si a
culpa do pecador. Há duas coisas aqui a considerar: 1) nossos pecados são
colocados na conta de Cristo, sendo assim, a nossa condenação e culpa são
inteiramente removidos; e 2) a justiça de Deus é colocada em nossa conta, podendo
assim então obtermos a posição de justos. “Como
que lá no Céu, em nossa conta corrente, tivéssemos uma dívida – por causa de
nossos pecados. Mas Cristo pagou essa dívida; contudo, nada havia em nosso
crédito enquanto Deus não colocou ali toda a Sua própria justiça. Agora, temos
exatamente aquilo que Deus exige de nós – justiça perfeita, a justiça de nosso
Senhor Jesus Cristo!”[2]
A Vindicação da Justiça de Deus (Rm 3.25b,31). Pela morte de Cristo
podemos reclamar a justificação de Deus. Se esta justificação viesse através da
observância da lei, ela só poderia ser obtida por aqueles que tivessem a lei.
Mas, não é isso o que ocorre, pois ela é por meio da fé, o que indica que todos
tem uma oportunidade, mesmo judeus como gentios, sem qualquer tipo de preferência
ou parcialidade.
RESULTADOS DA
JUSTIFICAÇÃO: vemos
isso claramente em Romanos 5.1 e 2:
1)
Jesus
Cristo é a base da justificação;
2)
Fé
é a condição essencial exigida na justificação;
3)
A
remissão da pena traz a paz com Deus;
4)
A
restauração na graça, pela fé, por uma nova atitude para com Deus.
DEVEMOS OBEDECER À LEI DO ANTIGO TESTAMENTO OU DESPREZÁ-LA? Gl 3.1-25
A resposta a essa pergunta
não é simples. A lei consistia nos mandamentos que Deus dera a Moisés, cerca de
430 anos depois de firmar aliança com Abraão. Paulo observa que Deus havia
declarado Abraão justo antes de a lei existir. A lei, no entanto, foi dada com
o propósito de definir o pecado. Foi
dada para “revelar” e não “remover” o pecado. Portanto, sustenta Paulo,
obedecer à lei não podia ser a base do relacionamento com Deus. A fé é a única
base desse relacionamento.
A única coisa que a lei
podia fazer era “amaldiçoar”. Ela exigia obediência completa, íntegra,
irrepreensível. Aquela pessoa que se desviasse dela era passível do maior
rigor. As obras feitas por meio da lei não podiam sequer justificar a pessoa,
porque simplesmente não se conseguia cumprir toda a lei, logo todos foram
amaldiçoados.
A justificação então, por
meio das obras da lei é impossível, porque a lei traz somente maldição para
aqueles que a desobedecem.
É somente pela obra de
Cristo, e não pelas nossas obras ou méritos que somos justificados. O homem
sempre tem procurado estabelecer a sua própria justiça (Rm 10.1-3), mas sempre
tem falhado e demonstrado a sua incapacidade.
A Bíblia diz: “Pela graça sois salvos,
mediante a fé, e isto não vem de vós, não de obras, para que ninguém se glorie”
(Ef 2.8,9)
A lei nunca pretendeu tomar
o lugar da fé. Nunca foi destinada a dar aos israelitas uma lista de regras
pelas quais pudessem alcançar a salvação. Antes, servia apenas para
mostrar-lhes como estavam longe dos padrões de Deus (v.19).
A lei desmascarou o pecado
para que as pessoas fossem conduzidas a Cristo como a única resposta ao pecado.
De fato, Cristo nasceu debaixo da lei e foi O Único que conseguiu cumpri-la em
todos os caminhos. Por isso, ele podia morrer por nós, a morte não tinha poder
sobre Ele. O Justo sofreu e morreu pelos injustos. Ele se fez maldição em nosso
lugar. Tudo isso, para que pudesse justificar aqueles quanto cressem. Paulo
chamou à lei santa, espiritual (Rm
7.12,14) e boa, se alguém dela se utiliza
de modo legítimo (1Tm 1.8). Porém, se a lei for usada de modo indevido –
como para alcançar a salvação ou impressionar os outros – somente servirá para
impor maldição (v.10).
Em Romanos 4, Paulo trata sobre Abraão. Ele está se
referindo ao que está escrito em Gênesis 15. Tiago também fala de Abraão, porém
se refere aos acontecimentos ocorridos no capítulo 22, o que aconteceu 25 anos
depois. Nesse espaço de tempo, Abraão fora um homem que foi justificado por sua
fé (Gn 15.6), ficando isso demonstrado quando finalmente chegou o dia da grande
prova para este grande homem de Deus (Gn 22), onde, a sua fé fora manifestado
por meio de suas obras. Paulo escreveu tendo em vista os não-cristãos e usa o capítulo 15 para evidenciar a
necessidade da fé, com isso, procura demonstrar que obras são as que vem da fé.
Tiago, ao contrário, se dirige aos cristãos e faz uso do capítulo 22 para provar
as necessidades das obras, com isso, faz ver que a fé é provada pelas obras.
Paulo faz realçar a base da justificação, ao passo que Tiago, a prova.
Todavia, não devemos
desprezar a lei do Antigo Testamento. Ela mostra o que Deus considerou
importante. Grande parte da lei contém princípios perenes para um viver
correto. Certas partes ainda são úteis para quem quiser levar uma vida santa.
Mas os cristãos não são obrigados a obedecer à lei do Antigo Testamento para
alcançar o favor de Deus. Eles levam uma vida de obediência a Cristo e aos ensinos
do Novo Testamento como ato de gratidão.
“Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei,
porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20)
“Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei” (Rm 3.28)
“Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da lei;
tropeçaram na pedra de tropeço” (Rm 9.32)
“Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em
Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela
fé de Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma
carne será justificada” (Gl 2.16)
“Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei
ou pela pregação da fé?” (Gl 3.2)
“Aquele pois que vos dá o Espírito, e que obra maravilhas entre vós,
fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?” (Gl 3.5)
“Todos aqueles pois que são das obras da lei estão debaixo da maldição;
porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas
que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl 3.10)
“Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar,
mas não diante de Deus” (Rm 4.2)
Livros Utilizados na Pesquisa:
Bíblia de Estudo Vida, Almeida Revista e Atualizada – Editora Vida
Bíblia com anotações de Scofield, Almeida Revista e Atualizada
A Sã Doutrina, Pentecost, J. Dwight.
Teologia Sistemática, Berkhof, L.
Dicionário Bíblico Universal, Buckland A. R.
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, Champlin, Russel N.
Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Brown, Colin.
Esboço de Teologia Sistemática, Langston, A. B.
A Lei e a Graça, Keen, C. M.
Chave Linguística do Novo Testamento Grego, Rienecker, Fritz.
Dicionário Grego-Português e Português-Grego, Pereira, Isidro.
Teologia Elementar, Bancroft, E. H.
A Justiça de Deus, Vol. 1, Gilder, H. O. Van.
[1] Dicionário Bíblico Universal, Buckland, p.258
[2] A Justiça de Deus, Gilder, H. O. Van. Vol. 1, p.49